summaryrefslogtreecommitdiff
diff options
context:
space:
mode:
authorRoger Frank <rfrank@pglaf.org>2025-10-15 01:38:22 -0700
committerRoger Frank <rfrank@pglaf.org>2025-10-15 01:38:22 -0700
commit288449cd83244707348e317f17247f92daba715e (patch)
tree7661e81714673ba3b05c16ad133578e29fac98a3
initial commit of ebook 21289HEADmain
-rw-r--r--.gitattributes3
-rw-r--r--21289-8.txt1437
-rw-r--r--21289-8.zipbin0 -> 21407 bytes
-rw-r--r--21289-h.zipbin0 -> 21794 bytes
-rw-r--r--21289-h/21289-h.htm1311
-rw-r--r--LICENSE.txt11
-rw-r--r--README.md2
7 files changed, 2764 insertions, 0 deletions
diff --git a/.gitattributes b/.gitattributes
new file mode 100644
index 0000000..6833f05
--- /dev/null
+++ b/.gitattributes
@@ -0,0 +1,3 @@
+* text=auto
+*.txt text
+*.md text
diff --git a/21289-8.txt b/21289-8.txt
new file mode 100644
index 0000000..13ff024
--- /dev/null
+++ b/21289-8.txt
@@ -0,0 +1,1437 @@
+The Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de receitas
+para fazer rir, by Anonymous
+
+This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
+almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
+re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
+with this eBook or online at www.gutenberg.org
+
+
+Title: Album chulo-gaiato ou collecção de receitas para fazer rir
+
+Author: Anonymous
+
+Release Date: May 4, 2007 [EBook #21289]
+
+Language: Portuguese
+
+Character set encoding: ISO-8859-1
+
+*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO ***
+
+
+
+
+Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição
+visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was
+produced from scanned images of public domain material
+from the Google Print project.)
+
+
+
+
+
+
+
+*ALBUM*
+
+*CHULO-GAIATO*
+
+OU
+
+COLLECÇÃO DE RECEITAS PARA FAZER RIR
+
+ * * * * *
+
+BRUXELLES
+TYP. BRUYLANT-CRISTOPHE ET C^ie
+Rue Blaes, 31
+1862
+
+
+
+
+*A TENTAÇÃO DE SANTO ANTONIO*
+
+FANTASIA BURLESCA
+
+
+ «O mundo acabar
+ Penso que vai,
+ Ai ai! ai ai!
+ Vou apitar!
+ Tão rodeado
+ Estou de diabos
+ Com unhas e rabos
+ D'assarapantar!
+ Raios, coriscos,
+ Bombas e traques
+ E mais petiscos
+ A rabiar
+ E a estoirar
+ Em torno de mim!
+ Zás catrapaz!
+ Se Deus piedade
+ Não tem do frade,
+ Grande caurim
+ Me vai pregar
+ Dom Satanaz!»
+
+ Todo a tremer, Santo Antonio
+ Assim se poz a gritar
+ Quando o travesso demonio
+ Em pessoa o foi tentar.
+
+ Sae do inferno
+ Troça bravia
+ De quantos demos
+ Por lá havia.
+ Em vassouras
+ Vêem montados,
+ Com tesouras
+ E machados
+ Sobraçados;
+ Bem armados
+ D'escupetas,
+ Estes coçam as carécas,
+ Aquelles fazem caretas,
+ Tocando grandes trombetas,
+ Cavaquinhos e rebecas.
+ Vem um tocando fagote,
+ E outro com um chicote
+ Já começa a sacudir
+ O habito empoeirado
+ Do alegre frei Antonio;
+ Mas o frade atomatado
+ Logo se põe a fugir
+ De tão chibante demonio,
+ Correndo conforme póde
+ E gritando todo afflicto:
+ «Aqui d'el-rei, quem m'acode!
+ Ó da guarda! Eu apito!»
+
+ Dous feios diabos
+ Mui cabelludos,
+ Cornos agudos
+ E longos rabos,
+ Entram na cella
+ Do bom santinho;
+ Vão-lhe á panella
+ Que ao lume tinha
+ C'uma gallinha
+ Paio e toucinho,
+ Tiram-lhe a tampa,
+ Comem-lhe tudo,
+ Deitam-lhe trampa;
+ Vão-lhe á borracha
+ Que tem o vinho
+ N'um esconderijo;
+ Bebem-lhe tudo
+ Deitam-lhe mijo.
+ Á tal cambada
+ Não escapa nada
+ Tudo se acha
+ Quebra e estraga
+ Mija e caga.
+
+ Uma pequena bonita
+ Tambem lh'entra na caverna
+ Toda lépida e catita,
+ E começa a levantar
+ O ballão, e linda perna
+ Logo se põe a mostrar...
+ «Ai Jesus! diz Santo Antonio
+ Vai-te d'aqui ó demonio
+ Não me estejas a tentar...»
+
+ «Façam dançar
+ Contradançar
+ Pular
+ Cantar
+ Saltar
+ Esse santinho»
+ Já diz gritando
+ Um diabinho
+ Que está tocando
+ A desgarrada
+ N'um cavaquinho.
+
+ Eis toda aquella
+ Endiabrada
+ Troça bravia
+ O bom do Santo,
+ Que já n'um canto
+ Se escondia,
+ Vai buscar.
+ E a tocar
+ N'uma panella
+ Com a tranca
+ Da janella,
+ N'uma banca
+ O faz dançar
+ Pular
+ Saltar
+ Cantar.
+
+ Até Plutão, o rei demonio,
+ Quiz assistir á funcção,
+ Pois quer ver se frei Antonio
+ Se livra da tentação;
+ E p'ro que der e vier
+ Comsigo traz a mulher.
+
+ O Santo todo encolhido
+ No meio d'aquella canalha
+ Cada vez mais se atrapalha;
+ Um demo mais atrevido,
+ Dá-lhe muita bordoada,
+ E outro feito cupido
+ Vem por traz com uma setta
+ E no coração lh'a espéta...
+ A nada se move o frade
+ Modelo de castidade!!
+
+ Vendo porém
+ Que fim não tem
+ A seringação
+ Fórma tenção
+ De s'esconder;
+ E mui callado
+ Vai-se a metter
+ Dentro da cama;
+ Mas lá recúa
+ Todo espantado
+ Pois uma dama
+ Toda janota,
+ (Ainda que nua,
+ Mesmo em pelóta)
+ Acha deitada
+ Em seu lugar...
+ A concubina
+ Com uns olhinhos
+ Muito espertinhos
+ A scintillar
+ Já o fulmina
+ E quer tentar...
+
+ A tal menina
+ É mesmo boa;
+ Se Prosepina
+ É em pessoa!
+
+ Santo Antonio atrapalhado
+ Contempla incendiado
+ Aquella erotica scena,
+ E em frente da belleza
+ De coisas que nunca viu...
+ Ao poder da natureza,
+ Com bem custo resistiu...
+ Mas quando quasi tentado
+ Com os olhos da pequena,
+ Vai a cair na esparrella
+ De saltar a cima della,
+ Lembra-lhe Deus derepente
+ Que vai cair em peccado,
+ Fica todo aforçurado
+ E como que inspirado,
+ Vai buscar muito apressado
+ D'agua benta seis canadas
+ E nos demos imponente
+ Ferra boas hysopadas.
+ Estoira que nem castanhas
+ Toda aquella diabada,
+ Cada demo dá um tiro
+ Que nem uma peça raiada;
+ E fugindo a bom fugir
+ Tudo vai em debandada,
+ Santo Antonio de contente
+ Dá tamanha gargalhada
+ Que até no traseiro sente
+ A fralda toda cagada.
+
+ «Se não vou buscar
+ Logo tão depressa
+ A tal agua benta,
+ De certo me tenta
+ Aquella travêssa...
+ Olhem que é ladina,
+ Mesmo de tentar,
+ A tal Prosepina!
+ Mal empregado pexão
+ Para o dente do Plutão!»
+
+ Lamenta tão pesaroso
+ A má sorte da pequena
+ O famoso Santo Antonio,
+ Que parece já ter pena
+ De se mostrar tão teimoso
+ Em resistir ao demonio...
+
+
+
+
+*O MARIDO E O COMETA*
+
+DIALOGO CONJUGAL
+
+
+Era uma vez um marido, anno da graça 1861, mas um marido verdadeiro modelo
+de todos os maridos. Chamava-se o sr. Carneiro; seu hymeneu fôra
+devidamente legalisado e recebera as bençãos da egreja. Era pois esposo,
+tanto quanto se póde ser, legal, social, religiosa, e christãmente, da
+amavel, bonita e joven Amelia, a quem se ligára com o intuito de perpetuar
+a raça dos Carneiros, fim este que infelizmente ainda não alcançára,
+apesar da lua de mel ter já o seu anno e meio, e este gasto nas fadigas e
+diligencias de que um marido póde dispôr para multiplicar a sua raça. O
+sr. Carneiro emagrecia a olhos vistos, e estafava-se em vão. O nosso homem
+era um modelo de bondade e simplicidade; era bom e affavel e manso, não
+como Carneiro que era, mas como um borrego; nunca fizera mal a pessoa
+alguma, e ninguem tambem no mundo podia dizer a mais pequena coisa em seu
+desabono. Com taes e quejandos titulos á estima de seus concidadãos, o sr.
+Carneiro tinha conseguido tornar-se um dos maridos mais felizes do seu
+bairro, que era o Alto.
+
+Mas o homem nunca está satisfeito sobre a face da terra: o sr. Carneiro
+era homem, e por conseguinte tinha aspirações. O seu ideal era a vida
+bucolica, amava a chicoria e o feno, adorava os rabanetes, e sonhava
+pastoras e zagallos; não podia viver na capital. Suspirava constantemente
+pelo chocalho campestre, pelas felicidades ruraes, e a sua paixão pelo
+campo não podia achar lenitivo nos esgalhos do Rocio, nas ervas do Passeio
+Publico, nas couves da praça da Figueira.
+
+Por fim os seus sonhos tiveram uma realidade, comprou uma quinta na aldea
+de Pae Pires, e transferiu para alli os seus penates. Alli, n'uma
+habitação modesta, no declive de um serro, vendo ao longe o Tejo e as suas
+faluas, passava o sr. Carneiro uma vida santa, junto de madama Carneira,
+como elle lhe chamava, cultivando as suas cebollas, regando a sua horta,
+capando o seu meloal.
+
+Ali fazia admirar á sua cara metade a grossura dos seus pepinos ou a côr
+rubicunda dos seus tomates.
+
+--Vês, menina, lhe dizia, como está lindo este meu pepino; olha para esta
+perfeição, parece que d'hontem para hoje cresceu meio palmo. Repara-me
+para a belleza d'estes tomates! que côr e que tamanho...
+
+--É verdade, cada dia estão mais vermelhos...
+
+--E este melão?
+
+--Cresce a olhos vistos, como já está redondinho!
+
+--Ah! filha! não é como tu, segue a lei da naturesa; tudo cresce e se
+arredonda cá n'este mundo... só tu, meu anjinho... apesar das minhas
+diligencias, persistes em não arredondar essa...
+
+--Que bonitas estão as batatas.
+
+--Eu sempre as tive boas.
+
+--E que bellos grãos de bico!
+
+--Os grãos são o meu forte...
+
+--Como a vinha vae arrebentando...
+
+--Tudo arrebenta e produz... só tu não me produzes nada... (dá um profundo
+suspiro).
+
+--Que animal é aquelle que está bebendo além, no rio?
+
+--Julgo que é um burro, queridinha.
+
+--Engana-se, é boi, senhor Carneiro.
+
+--Boi, boi! será... mas não lhe vejo as armas...
+
+--Jesus! que bicho tão feio que eu ia pisando! Mate-me este bicho, sr.
+Carneiro... que nojo!
+
+--Ah! ah! ah! Ora não ha uma tolinha assim! um caracol, pois mette-te medo
+um caracol?
+
+--Olhe, só os paus que elle tem; t'arrenego! não se veem senão animaes
+bicorneos por estes sitios... eu que sempre embirrei com estes bichos!
+
+--Não te zanques commigo, menina... isto é o animal mais innocente que eu
+conheço...
+
+--Que quer? não está mais na minha mão; diga lá o que disser, n'este ponto
+não posso vencer a minha repugnancia...
+
+(O marido toma o caracol entre dois dedos.)
+
+--Olha vês, não faz mal. Caracol, caracol, põe os corninhos ao sol...
+
+--Deite isso fóra... que me ataca os nervos...
+
+--Socega, filha, ja deito...
+
+--Esteja quieto! tire isso para lá!
+
+--Então não vês que já o não tenho na mão! Pobre amorsinho, que medo que
+teve... mas agora dá um beijinho... (quer abraçal-a.)
+
+--Vá primeiro lavar essas mãos; que nojo, não sei o que me parece a tal
+reima dos caracoes...
+
+--Vamos limpal-as aqui na relva... senta-te aqui ao meu lado...
+
+--Era o que faltava! para me escangalhar o balão.
+
+--Ah! trazes balão? (vae para apalpar.)
+
+--Esteja quieto que me faz cocegas!
+
+--Tem a saia cheia de nodoas verdes...
+
+--São ervas pisadas.
+
+--E n'um sitio esquisito!
+
+--Não sei quem me poz n'este estado...
+
+--Eu decerto não fui. Seria hontem na quinta do Alfeite, quando te
+perdeste no labyrintho...
+
+Ah! sim, quando o primo Montenegro me lá foi buscar... que bom rapaz que é
+este nosso primo e hospede... se não fosse elle ainda estava a estas horas
+em procura da saída...
+
+--E como elle soube entrar e saír com a mesma facilidade... como elle sabe
+d'aquelles torcicolos...
+
+--É porque sabe desenho.
+
+--Mas sentemo-nos, a erva está tão fresca. Com o calor que está ha de ser
+um prazer... pódes até levantar as saias para apanhar mais fresco...
+
+--Obrigada, fresca estou eu...
+
+--Que bella noite, que ar tão puro! como é bom ver as estrellas, assim, ao
+pé d'uma linda rapariga como tu!
+
+--Digo-lhe que tenho frio, estou fria que nem uma pedra...
+
+--Pois eu estou quente que nem uma braza...
+
+--É feliz.
+
+--Podia sel-o... se quizesse... não me resista... ora está agora com medo
+do seu Carneiro... eu sou sempre o mesmo, aqui e em casa...
+
+--Esteja quieto, senhor, agora aqui no meio da rua...
+
+--Estamos em nossa casa, não offendemos a moral publica...
+
+--Faz luar como de dia...
+
+--Melhor se vê o que se faz...
+
+--São coisas que não gosto de fazer contra vontade!
+
+--Tambem, não sei quando tem vontade!
+
+--Olhe que se espeta nos arcos do balão.
+
+--Maldita moda que cá havia de vir!
+
+--Bem sabe que sou delicada... olhe que me ataca os nervos a mais pequena
+coisa...
+
+--Pequena, pequena! pois esta não é das maiores...
+
+--Pelo que vejo quer-me ver doente... já estou com uns arripios...
+
+--Olha, embrulha-te no meu paletot... (aproxima-se ainda mais da mulher)
+apertemo-nos bem um contra o outro... assim, assim... vês? aposto que
+d'aqui a cinco minutos estás a suar em bica...
+
+--Jesus! que scena! olha se algum visinho vê... que quadro vivo este!
+
+--Estou vendo que o não fazem todos! (Amelia geme e suspira, o que faz
+suspender Carneiro.) Mas emfim, se estás incommodada...
+
+--Incommodada não é... mas... estas coisas tocam-me sempre os nervos...
+
+--É a peior coisa que ha, é uma mulher nervosa...
+
+--Sinto não sei o que, cá por dentro...
+
+--Isso é agora... o que faria se...
+
+--Sinto um peso...
+
+--Mas em que sitio? (Áparte.) Se fosse na barriga...
+
+--Por todo o corpo.
+
+--Elle em alguma parte ha de ser... no peito, na cabeça, no ventre?
+
+--É ao pé do ventre... não me sinto bem, parece-me que vou desmaiar...
+
+--Louvado seja Deus! és muito delicada... sempre perdes as forças nestas
+occasiões!
+
+--Estou como que penetrada por um raio...
+
+--Então vamos para casa.
+
+--Não, eu vou, fica tu.
+
+--Vamos ambos para a cama.
+
+--Vou-me deitar.
+
+--Deixa-me ir comsigo?
+
+--Eu não tenho medo, fique tomando o fresco...
+
+--Mas eu queria-te ir aquecer.
+
+--Eu aqueço bem sem o seu auxilio...
+
+--Isso é birra... eu como marido tenho tambem os meus direitos...
+
+--Mas eu estou doente... sinto agora um calor...
+
+--É febre talvez...
+
+--Por isso mesmo não se chegue para mim...
+
+--Vou chamar o medico.
+
+--Não é preciso. O que elle me receitava, é o que eu vou fazer... dormir
+um somno longe de meu marido... ámanha tem-me sã como um pero...
+
+--Queira Deus!
+
+--Isto passa em me deixando descançar.
+
+--Então não queres que vá ao menos ajudar-te a despir?
+
+--Nada, socego é o que eu preciso.
+
+--Mas...
+
+--É verdade não me disse hontem que, queria hoje observar o cometa?
+
+--Fazia até tenção de t'o mostrar...
+
+--Vel-o-hei em sonhos.
+
+--Ámanhã será em realidade... não é assim meu amor?
+
+--Eu faço ideia; é uma coisa muito comprida.
+
+--Qual historia! verás que não é tão grande como julgas... e então visto
+pelo meu excellente telescopio! Has de ver-lhe toda a cabelleira...
+
+--Como está tolo com o seu telescopio... tambem o primo Montenegro tem um
+que não é dos peores...
+
+--Aposto que não tem a grossura do meu!
+
+--Bom, por hoje basta...
+
+--Paciencia, não ha remedio: vae-te deitar com Deus, já que não póde ser
+comigo... Se tiveres precisão de alguma coisa de noite, chama-me... bem
+sabes como sempre sou prompto em te prestar os meus serviços, seja a que
+hora da noite fôr...
+
+--Prompto até de mais! ao menor movimento que faço, elle ahi está em cima
+de mim, a atenazar-me... Mas bem sabe o mal que me faz quando me acorda de
+noite; é ataque de nervos certo no dia seguinte, e fico mole, amarella,
+com olheiras...
+
+--Bem, bem, vá descançada que lhe não interromperei o seu somno.
+
+--Promette-m'o?
+
+--Juro-o.
+
+--Bonito! então boas noites.
+
+--Nem um beijinho me dá!
+
+--Dou, mas com a condição de cumprir o seu juramento.
+
+--Qual.
+
+--O de não entrar no meu quarto esta noite.
+
+--Está dito.
+
+--Então dê lá o beijo. (Dá-lhe a face a beijar, Carneiro beija-lh'a
+sofregamente, apertando-lhe ao mesmo tempo a cintura com avidez.)
+
+--Jesus! que cintura tão elastica!
+
+--Esteja quieto, não se adiante! o que me pediu foi um beijo...
+
+Valha-te Deus, menina! Vae-te lançar nos braços de Morpheu, e pede-lhe uma
+boa dose de sumo de dormideiras.
+
+--Adeus meu Carneirinho.
+
+--Adeus minha Carneirinha... Olha, deita-te para o lado direito... não te
+ponhas de costas, bem sabes que te faz mal...
+
+--Bem me lembro de hontem á noite...
+
+--É verdade, quando gemeste tão significativamente, que eu julguei
+estarias com algum pesadelo...
+
+--Ora! se eu parecia que estava esborrachada... nem respirar podia...
+estava a sonhar que o tinha em cima de mim...
+
+--E gritava de tal maneira, que eu no quarto contiguo, ouvi e fui
+acudir... mas felizmente o nosso primo e hospede, Montenegro, já tinha
+chegado antes de mim...
+
+--Que bom primo que é aquelle rapaz!
+
+--Se o ceu nos désse um filho, estou certo que o estimava...
+
+--Havia de amal-o como se fosse delle proprio...
+
+--Ha-de ser o padrinho do nosso primeiro _néné_...
+
+--Isso tem tempo... ainda eu...
+
+--Louvado seja Deus! muito me tem custado a fazer o tal herdeiro...
+
+--Agora tenho esperanças que brevemente...
+
+--Sim? oh grande Deus! será possivel?
+
+--Bom, deixe-me ir deitar...
+
+--Vae filha, e dorme bem, eu vou ver se bispo o cometa.
+
+E nisto, depois de acompanhar sua mulher á porta do quarto, voltou logo
+para o terrado, afim de melhor observar a passagem do astro cabelludo.
+
+Madama Carneira entrou no quarto e ahi encontrou o primo Montenegro, que a
+esperava para lhe mostrar tambem o cometa com o seu telescopio...
+
+Alguns mezes depois madama Carneira brindava seu marido com o esperado e
+desejado herdeiro, que tantas fadigas lhe custára...
+
+
+
+
+*A FRANCISCANADA*
+
+CONTO
+
+
+ Que grande franciscanda
+ Vai fazer com frei Bento
+ Frei João e frei Monteiro
+ P'ra longe do convento?
+
+ Bom alforge levam cheio,
+ Recheiado de finorio
+ Presunto, e grosso paio,
+ Furtados no refeitorio.
+
+ Frei Bento vai ajoujado
+ Com tremebunda borracha;
+ Chega o rancho a uma tasca
+ Para a horta lá se encaixa.
+
+ Frei João despindo o habito
+ E de manga arregaçada
+ Tempra e meche aforçurado
+ Um alguidar de salada.
+
+ Frei Monteiro pisca o olho
+ Á moça, que é rapariga,
+ E frei Bento sem c'rimonia
+ Um chouriço já mastiga.
+
+ Voam paios e presuntos
+ Tal é a gula e a gana,
+ Torna-se logo a borracha
+ Em famosa carraspana.
+
+ Depois alegres cantando
+ Lá se vão abarrotados
+ Ao convento recolhendo
+ Pelos muros encostados.
+
+ Chama a campa ao refeitorio,
+ Pois são horas de ceiar,
+ A fradalhada apparece
+ Mas não acha que trincar.
+
+ --«Que pouca vergonha é esta?»
+ Grita logo frei Martinho,
+ «Que é dos nossos grossos paios,
+ O presunto e mais o vinho?»
+
+ --«Fomos roubados», responde
+ O padre refeitoreiro,
+ «Tudo lambeu frei João
+ Com frei Bento e frei Monteiro!»
+
+ --«Ah! bebedos! ah glotões!
+ Ah! cambada de marotos!...»
+ Berra o padre provincial
+ Dando cinco ou seis arrotos.
+
+ --«Hão de caro pagal-o!»
+ Brada em peso o convento,
+ «Hão de levar bons açoites
+ Frei Monteiro e frei Bento;
+
+ «E tambem Dom frei João
+ Ha de leval-o o diabo!
+ Tudo quanto nos comeram
+ Ha de lhes saír do rabo!»
+
+ Todos logo bem armados
+ De sandalias gigantescas
+ Tratam de pôr á vela
+ As seis nadegas fradescas.
+
+ E depois sem mais demora
+ Pé atraz e furibundos
+ Tocam todas as matinas
+ Nos traseiros rubicundos.
+
+ Eis no meio da batalha,
+ Quando tudo em confusão
+ 'Stá batendo a bom bater,
+ Dá um peido frei João!
+
+ Mas não é peido de medo
+ É um peido tremobundo,
+ Peido de frade, que é
+ O maior que ha neste mundo.
+
+ Se o famoso Garibaldi
+ Um tiro destes lh'escapa
+ Lá se vão com mil diabos
+ Os exercitos do Papa.
+
+ Foge tudo com o estoiro
+ E ainda mais com o cheiro,
+ Aquelles que mais gritaram
+ São os que fogem primeiro.
+
+ Frei João põe em derrota
+ O resto da fradalhada,
+ Dizendo-lhe que ainda tem
+ A peça bem carregada...
+
+
+
+
+*SONETO*
+
+A UM ZELADOR DOS MIJADEIROS
+
+
+ O incauto saloio, o venal gallego
+ Espreitas esfaimado atraz da esquina,
+ Armado de catana serpentina
+ Vermelho como um paio de Lamego.
+
+ Tão ufano estás com teu sujo emprego,
+ Que pareces uma ave de rapina,
+ Prendendo a trouxe mocho quem urina
+ Com a velha chibança d'um _morcêgo_[1].
+
+ Não sejas papelão, pesa as razões,
+ Olha que se a fortuna não sorri,
+ Falta o mijo e adeus os dez tostões!
+
+ Por isso vou um conselho dar-te aqui:
+ É que respeites todos os mijões
+ Em quanto mijando forem p'ra ti.
+
+[1] Antigo soldado da policia.
+
+
+CONSEQUENCIAS DE NÃO SER BACHAREL
+
+ Quer ser guarda de commuas
+ Certo João Raphael,
+ Mas fica a chuchar no dedo
+ Visto não ser bacharel.
+
+
+UM DEPUTADO DA MODA
+
+ Hontem estava em minha casa,
+ E por signal a dormir,
+ Á porta sinto bater,
+ Levantei-me e fui abrir.
+
+ Era o doutor Gatazio,
+ Bacharel e fidalgote,
+ --Vai torta! digo comigo,
+ Vem ferrar-me algum calote!
+
+ Eis entra com ar risonho
+ E sentando-se ao meu lado,
+ «Amigo, diz, dou-te parte
+ Que estou feito deputado.»
+
+
+UMA VALENTONA
+
+ A honra de Eliza bella
+ Atacam quinze soldados,
+ Vence um a cidadella
+ Quatorze são derrotados.
+
+
+ NOZ E A MULHERA
+
+ Como a noz foi a mulher
+ Neste mundo fabricada,
+ Não se conhece que é podre
+ Senão depois de rachada.
+
+
+EPITAPHIO PARA UM PAE DA PATRIA
+
+ Aqui jaz dormindo a sesta
+ Um bacharel formado,
+ Foi barbeiro, deputado,
+ Caloteiro e grande besta.
+
+
+OUTRO PARA UMA MULHER FELIZ
+
+ Dona Justina de Sousa
+ Nesta campa aqui repousa,
+ Foi no mundo afortunada
+ Visto que até morrer
+ Passou sempre por honrada
+ Tendo a dita de o não ser...
+
+
+UMA MULHER COMO TODAS DEVIAM DE SER
+
+ Das miserias deste mundo
+ Se compadece Maria,
+ E cheia de dó profundo
+ Seis ditosos faz por dia...
+
+
+UMA VIUVA JUDICIOSA
+
+ A viuva d'um entrevado
+ Já novo marido tomar
+ Queria, passados dois mezes
+ Do velho marido enterrar.
+
+ É cedo, lhe diz um visinho,
+ Homem de agudo pensar,
+ Sem estar uns dez mezes viuva
+ Assento não deve casar.
+
+ Essa é boa! diz a matrona,
+ Então não se devem contar
+ Oito mezes que estuporado
+ Na cama elle esteve a penar?
+
+
+
+
+*Pratica feita á missa do dia pelo muito reverendo prior de...*
+
+ «_Deus dixit Petro ubi sunt oves meæ;
+ nescio, respondit autem Petrus_»
+
+
+Deus disse a Pedro «que é das minhas ovelhas?» e Pedro respondeu «eu não
+sei d'ellas.»
+
+Que bondade, que prudencia, que sabedoria, meus queridos irmãos, não
+devemos nós admirar em Pedro; que, mesmo no momento em que seu Divino
+Mestre lhe pergunta, onde estão as minhas ovelhas; responde com toda a
+delicadeza que não sabe d'ellas, porque essas ovelhas não estavam em
+estado de apparecerem perante o seu Senhor. Asneiras, meus caros ouvintes,
+eu não tinha esse genio, não sou mentiroso nem falso, não tenho papas na
+lingua, e se o Mestre me pergutasse, como a Pedro, onde estão as minhas
+ovelhas, eu logo lhe dizia sem mais cerimonia, foram pastar para casa do
+diabo, Senhor.
+
+E com effeito, se Elle tivesse vindo hontem á noite perguntar-me pelas
+minhas ovelhas, que lhe havia eu de responder?
+
+Elle que recommenda tanto no seu Evangelho, que as ovelhas se conservem
+sempre separadas dos competentes bodes, o que teria Elle dito se visse
+essas mesmas ovelhas misturadas com os bodes, saltando uns em cima dos
+outros, e a fazerem gaifonas ao seu pastor!
+
+Sim, amados irmãos, foi grande a balburdia, e ao aspecto de tal desordem,
+o amor pelo meu rebanho animou-se de um santo zelo e ardendo em fogo,
+corri de cajado na mão, para arrancar as minhas innocentes ovelhas das
+dentuças dos lobos encarniçados. Mas, ó dôr, ó desdita, ó patifaria! as
+minhas ricas ovelhinhas já não escutam a minha voz; já penetradas pelos
+agudos dardos d'aquelles diabos e inundadas pelos seus liquidos venenosos
+e seductores, estavam indoceis e levadas da breca. O meu cajado, outr'ora
+tão poderoso, não póde juntar senão um pequeno numero, que trago para o
+meu curral, onde as hei de ter fechadas e guardadas até que deem os
+fructos do seu arrependimento.
+
+Mas vós, amados ouvintes, vós, os que fostes fieis, lamentae a desgraça de
+vossos irmãos; comportae-vos sempre bem, e tomae para exemplo esses
+grandes santos da antiguidade; menos um tal santo Agostinho, que, segundo
+dizem, foi um grande pandigo, quando moço, e é por esse motivo que eu
+nunca vos fallo d'elle.
+
+Fallemos antes d'aquelle santo Chrisologo, que diz que um cura é um sol, e
+os seus freguezes são uns átomos. Mas eu não sei que diabo de átomos vocês
+são! não me pagam a congrua, querem que os case de graça e ainda em cima
+dizem: «ora, estamos nas malvas para o _seu_ padre cura, elle não tem
+filhos para sustentar!» Vocês sabem la disso? Não sabem que nós outros
+padres, temos mais trabalho em os esconder, do que vocês em os fazer?...
+
+Mas voltando á vacca fria, pensemos na vossa conversão, se ella é
+possivel.
+
+Julgo que a melhor maneira de o conseguir é fallando-vos das maroteiras
+que se fazem na freguezia.
+
+Por exemplo: o João da Canhota, regedor, sae á noite e se ha de vir ao
+sermão, vai-se metter em casa da Felicia do Frade, e não sae de lá senão
+de madrugada. Diz que vae tomar chá, mas imaginem os ouvintes que
+qualidade de chá elle não tomará...
+
+Aqui não ha senão desordem e immoralidade. Immoralidade nos velhos,
+immoralidade nos moços, immoralidade nos grandes, immoralidade nos
+pequenos.
+
+Digo immoralidade nos velhos, porque esses velhos, raça damnada de Caim,
+depois de haverem passado toda a vida... em patuscadas e pandigas, ainda
+mesmo arrumados ao bordão e de cabeça calva, se vão metter em logares
+suspeitos! Infames velhos de Suzana! quando é que lhes acabarão as furias
+carnaes e burriçaes?
+
+Immoralidade nos moços. Os rapazes e as raparigas andam por essas ruas aos
+beijos e abraços, cantando cantigas indecentes e immoraes; ainda eu hontem
+ouvi a filha do Thomaz da Horta e o filho do Ignacio do Dente a cantarem o
+Pirolito que bate que bate! Ora não ha maior pouca vergonha, uns fedelhos
+que ainda cheiram a coeiros e já sabem o que isto quer dizer!
+
+Immoralidade nos grandes. Esses mariolões e essas mocetonas que vão todos
+os dias para o matto, sob pretexto de que vão buscar lenha, e por fim
+fazem por lá couzas do arco da velha... Lenha no forno queriam ellas,
+malditas!
+
+E quando vão aos figos! O que acontece?
+
+As raparigas sobem para cima das arvores e os mariolões ficam em baixo, a
+olhar para cima e a dizer: Olha Antonia vejo-te os calcanhares, e as
+pernas, e os joelhos, e o...
+
+Ponham cobro a este escandal-o, amados irmãos, são couzas que se não devem
+ver senão em certas occasiões. Eu não pego aos rapazes e ás raparigas que
+vão ao matto e comam por lá o seu figuinho e mesmo que subam ás figueiras,
+mas para evitar indecencias, as raparigas fiquem debaixo e os rapazes que
+lhes vão acima.
+
+Immoralidade nos pequenos. Essa gaiatada miuda que anda todos os dias a
+correr pelo adro cá da freguezia, onde estão as campas dos nossos
+antepassados, e que depois vão fazer as suas necessidades mesmo á porta da
+sachristia. Se não teem respeito pelos mortos, tenham ao menos compaixão
+pelos vivos, não póde uma pessoa entrar na egreja pela porta de traz sem
+ficar a bem dizer atolado até o nariz. Já disse ao sr. regedor da
+freguezia que pozesse mão n'estas cousas, mas por ora continúa a mesma
+marmelada á porta da sachristia.
+
+Tambem é digno de reprehensão o comportamento d'essas mulheres casadas,
+que sem nenhuma consideração pelos seus maridos, se levantam do leito
+conjugal de madrugada, sob pretexto de levarem o gado ao campo, e depois
+de andarem lá por fóra a laurear, em pernas, recolhem-se para casa frias
+de neve, e vão-se outra vez metter na cama com os maridos e arripial-os
+sem piedade! Pobres homens! Se fosse comigo, que coça que ellas não
+levavam...
+
+Tambem ha certa moça cá na freguezia, que eu trago d'olho ha dias, cá por
+certa cousa. Eu devia já dizer quem é, mas emfim por hoje limitar-me-hei
+só a mettel-a na sachristia e arrumar-lhe um lembrete... domingo direi
+quem é, se não tomar juizo... por agora saibam unicamente que é a unica na
+freguezia que usa ligas encarnadas... (_Pausa, rumor na egreja._)
+
+Domingo, de hoje a oito dias, me alargarei mais sobre os homens, coçarei
+as mulheres casadas, e caírei em cima das solteiras, se não tomarem juizo
+d'aqui até lá.
+
+Sendo hoje dia de festa e estando a chuver far-se-ha a procissão só por
+baixo da egreja, pois eu não estou para apanhar alguma porrada d'agua. Não
+precisa vir toda a gente a ella, basta que de cada familia venha um varão.
+
+A proposito de procissão, tenho a dizer-vos, amados ouvintes, que os
+santos cá da freguezia vão estando muito chimfrins. Eu não dava tres
+vintens por elles. O São Miguel é que está assim mais direitinho, mas o
+diabo que está por baixo já não tem cornos; pois olhem, não ha na
+freguezia poucos homens ricos no caso de lh'os darem. O calvario tambem
+não está mau; todos os instrumentos da paixão estão em bom estado,
+falta-lhe só o gallo, mas a isso não direi nada, porque ha poucos na
+freguezia e as gallinhas precisam d'elles: no entanto se houver por ahi
+alguma dona de casa que tenha dois, que me mande para cá um.
+
+Esta semana não ha jejum, podem comer tudo quanto quizerem e bebam-lhe
+melhor; ha só a bemaventurada santa rainha, que cura a tinha; é quinta
+feira, sexta feira ha feira e domingo é a festa de São Simão e São Judas.
+Tambem, não sei quem foi o diabo do animal que se lembrou de pôr Judas no
+calendario. Juro-vos, amados ouvintes, que se não fosse domingo não lhe
+fazia festa, era o que merecia o senhor S. Simão por caír na asneira de se
+ir metter com similhante tratante.
+
+Mas acabemos com esta maçada.
+
+Ó _seu Zé_, accenda os sinos e mande tocar as vellas, accenda a agua benta
+e bote agua no thuribulo... não, enganei-me, faça o contrario de tudo
+isto.
+
+No entretanto façamos as nossas costumadas e ordinarias orações.
+
+Oremos pela conservação da nossa bemaventurada mãe catholica, apostolica e
+romana; pela _estripação_ da _cisma_ e abaixamento da hydropisia; oremos
+tambem pelos ricassos cá da freguezia, a fim de que Deus os mantenha na
+sua honesta pobreza; pois se fossem mais ricos punham-nos o pé no pescoço.
+Oremos pelos ausentes e pelos viajantes, afim de se deixarem por lá estar,
+se estão bem; oremos pelo feliz successo das mulheres pejadas, afim de que
+Deus lhes faça a mercê de largarem o fructo com a mesma facilidade e
+doçura com que o comeram. Oremos, n'uma palavra, pela conservação dos bens
+da terra, como salada, couves, batatas, pepinos e tomates, e pela
+extincção dos seus males, como formigas, lagartos, ortigas, pulgões e
+ratazanas... etc.
+
+
+
+
+*A opinião publica*
+
+
+ Depois de longo derriço
+ Casou João com Maria,
+ E passados quatro mezes
+ Tem um filho já Maria.
+ Fallam do caso as visinhas
+ Chora João, ri Maria.
+ «Casei bem tarde, já vejo»,
+ Diz o coitado a Maria,
+ «Fui eu que cedo pari»
+ Ao marido diz Maria.
+ O mundo ri de João
+ E acha razão a Maria.
+
+
+
+
+*Carta corographica do reino do hymeneu*
+
+
+Esta carta, resultado das pesquizas e estudos dos viajantes que teem
+visitado aquelle reino, é de muita utilidade para aquelles que se quizerem
+abalançar a emprehender viagem para sítios tão amenos e escabrosos ao
+mesmo tempo. Eil-a:
+
+O reino do hymeneu, fica a dois graus de longitude e cincoenta e um de
+latitude, meridiano de Pariz, de sorte que fica justamente sobre a zona
+dos Paizes Baixos. Não obstante, o seu clima, principalmente o das
+provincias mais ferteis, é o da zona torrida.
+
+O aspecto do paiz é encantador, visto de longe, mas vae perdendo a belleza
+á medida que uma pessoa se aproxima das suas costas. A primeira terra que
+se encontra, logo nas fraldas das suas montanhas, chama-se o _porto
+desejado_, o qual dá entrada para o _cabo da saciedade_, cabo este mui
+difficil de dobrar, e todos aquelles que emprehendem esta viagem, se
+espedaçam muitas vezes nos baixios do aborrecimento. Aquelles que escapam
+ao perigo, ficam por muito tempo em calmaria primeiro que cheguem á _bahia
+da conveniencia mutua_.
+
+Os campos aqui apresentam de fóra um aspecto muito insipido. Antes de
+chegar a este porto é frequente experimentar os violentos safanões dos
+ventos do ciume e do mau humor. A maior parte dos navegantes, chegados que
+são a esta ultima bahia, desejam voltar para traz, mas em taes alturas
+isso é cousa inteiramente impossivel. Abordando á _bahia da conveniencia
+mutua_ muitos soffrem terriveis furacões e correntes rapidas, que os
+lançam nos gurgulhões da velhice prematura, onde geralmente os navegantes
+perdem as agulhas e ficam com agua aberta á mercê das ondas, appellando
+todos os dias para o favor dos ventos.
+
+Felizes d'aquelles que podem constantemente conservar-se nas alturas da
+_affeição mutua_, as quaes ficam entre o _porto do desejo_ e o _cabo da
+saciedade_.
+
+
+
+
+
+End of the Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de
+receitas para fazer rir, by Anonymous
+
+*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO ***
+
+***** This file should be named 21289-8.txt or 21289-8.zip *****
+This and all associated files of various formats will be found in:
+ http://www.gutenberg.org/2/1/2/8/21289/
+
+Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição
+visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was
+produced from scanned images of public domain material
+from the Google Print project.)
+
+
+Updated editions will replace the previous one--the old editions
+will be renamed.
+
+Creating the works from public domain print editions means that no
+one owns a United States copyright in these works, so the Foundation
+(and you!) can copy and distribute it in the United States without
+permission and without paying copyright royalties. Special rules,
+set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to
+copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to
+protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project
+Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you
+charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you
+do not charge anything for copies of this eBook, complying with the
+rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose
+such as creation of derivative works, reports, performances and
+research. They may be modified and printed and given away--you may do
+practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is
+subject to the trademark license, especially commercial
+redistribution.
+
+
+
+*** START: FULL LICENSE ***
+
+THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE
+PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK
+
+To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free
+distribution of electronic works, by using or distributing this work
+(or any other work associated in any way with the phrase "Project
+Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project
+Gutenberg-tm License (available with this file or online at
+http://gutenberg.org/license).
+
+
+Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm
+electronic works
+
+1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm
+electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to
+and accept all the terms of this license and intellectual property
+(trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all
+the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy
+all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession.
+If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project
+Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the
+terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or
+entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8.
+
+1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be
+used on or associated in any way with an electronic work by people who
+agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few
+things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works
+even without complying with the full terms of this agreement. See
+paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project
+Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement
+and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic
+works. See paragraph 1.E below.
+
+1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation"
+or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project
+Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the
+collection are in the public domain in the United States. If an
+individual work is in the public domain in the United States and you are
+located in the United States, we do not claim a right to prevent you from
+copying, distributing, performing, displaying or creating derivative
+works based on the work as long as all references to Project Gutenberg
+are removed. Of course, we hope that you will support the Project
+Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by
+freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of
+this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with
+the work. You can easily comply with the terms of this agreement by
+keeping this work in the same format with its attached full Project
+Gutenberg-tm License when you share it without charge with others.
+
+1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern
+what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in
+a constant state of change. If you are outside the United States, check
+the laws of your country in addition to the terms of this agreement
+before downloading, copying, displaying, performing, distributing or
+creating derivative works based on this work or any other Project
+Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning
+the copyright status of any work in any country outside the United
+States.
+
+1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg:
+
+1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate
+access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently
+whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the
+phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project
+Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed,
+copied or distributed:
+
+This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
+almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
+re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
+with this eBook or online at www.gutenberg.org
+
+1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived
+from the public domain (does not contain a notice indicating that it is
+posted with permission of the copyright holder), the work can be copied
+and distributed to anyone in the United States without paying any fees
+or charges. If you are redistributing or providing access to a work
+with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the
+work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1
+through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the
+Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or
+1.E.9.
+
+1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted
+with the permission of the copyright holder, your use and distribution
+must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional
+terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked
+to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the
+permission of the copyright holder found at the beginning of this work.
+
+1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm
+License terms from this work, or any files containing a part of this
+work or any other work associated with Project Gutenberg-tm.
+
+1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this
+electronic work, or any part of this electronic work, without
+prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with
+active links or immediate access to the full terms of the Project
+Gutenberg-tm License.
+
+1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary,
+compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any
+word processing or hypertext form. However, if you provide access to or
+distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than
+"Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version
+posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org),
+you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a
+copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon
+request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other
+form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm
+License as specified in paragraph 1.E.1.
+
+1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying,
+performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works
+unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9.
+
+1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing
+access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided
+that
+
+- You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from
+ the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method
+ you already use to calculate your applicable taxes. The fee is
+ owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he
+ has agreed to donate royalties under this paragraph to the
+ Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments
+ must be paid within 60 days following each date on which you
+ prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax
+ returns. Royalty payments should be clearly marked as such and
+ sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the
+ address specified in Section 4, "Information about donations to
+ the Project Gutenberg Literary Archive Foundation."
+
+- You provide a full refund of any money paid by a user who notifies
+ you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he
+ does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm
+ License. You must require such a user to return or
+ destroy all copies of the works possessed in a physical medium
+ and discontinue all use of and all access to other copies of
+ Project Gutenberg-tm works.
+
+- You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any
+ money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the
+ electronic work is discovered and reported to you within 90 days
+ of receipt of the work.
+
+- You comply with all other terms of this agreement for free
+ distribution of Project Gutenberg-tm works.
+
+1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm
+electronic work or group of works on different terms than are set
+forth in this agreement, you must obtain permission in writing from
+both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael
+Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the
+Foundation as set forth in Section 3 below.
+
+1.F.
+
+1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable
+effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread
+public domain works in creating the Project Gutenberg-tm
+collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic
+works, and the medium on which they may be stored, may contain
+"Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or
+corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual
+property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a
+computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by
+your equipment.
+
+1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right
+of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project
+Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project
+Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project
+Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all
+liability to you for damages, costs and expenses, including legal
+fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT
+LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE
+PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE
+TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE
+LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR
+INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH
+DAMAGE.
+
+1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a
+defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can
+receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a
+written explanation to the person you received the work from. If you
+received the work on a physical medium, you must return the medium with
+your written explanation. The person or entity that provided you with
+the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a
+refund. If you received the work electronically, the person or entity
+providing it to you may choose to give you a second opportunity to
+receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy
+is also defective, you may demand a refund in writing without further
+opportunities to fix the problem.
+
+1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth
+in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER
+WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO
+WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE.
+
+1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied
+warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages.
+If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the
+law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be
+interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by
+the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any
+provision of this agreement shall not void the remaining provisions.
+
+1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the
+trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone
+providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance
+with this agreement, and any volunteers associated with the production,
+promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works,
+harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees,
+that arise directly or indirectly from any of the following which you do
+or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm
+work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any
+Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause.
+
+
+Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm
+
+Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
+electronic works in formats readable by the widest variety of computers
+including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists
+because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
+people in all walks of life.
+
+Volunteers and financial support to provide volunteers with the
+assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's
+goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
+remain freely available for generations to come. In 2001, the Project
+Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
+and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
+To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
+and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
+and the Foundation web page at http://www.pglaf.org.
+
+
+Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive
+Foundation
+
+The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
+501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
+state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
+Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification
+number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at
+http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
+permitted by U.S. federal laws and your state's laws.
+
+The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
+Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
+throughout numerous locations. Its business office is located at
+809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
+business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact
+information can be found at the Foundation's web site and official
+page at http://pglaf.org
+
+For additional contact information:
+ Dr. Gregory B. Newby
+ Chief Executive and Director
+ gbnewby@pglaf.org
+
+
+Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation
+
+Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
+spread public support and donations to carry out its mission of
+increasing the number of public domain and licensed works that can be
+freely distributed in machine readable form accessible by the widest
+array of equipment including outdated equipment. Many small donations
+($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
+status with the IRS.
+
+The Foundation is committed to complying with the laws regulating
+charities and charitable donations in all 50 states of the United
+States. Compliance requirements are not uniform and it takes a
+considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
+with these requirements. We do not solicit donations in locations
+where we have not received written confirmation of compliance. To
+SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any
+particular state visit http://pglaf.org
+
+While we cannot and do not solicit contributions from states where we
+have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
+against accepting unsolicited donations from donors in such states who
+approach us with offers to donate.
+
+International donations are gratefully accepted, but we cannot make
+any statements concerning tax treatment of donations received from
+outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff.
+
+Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
+methods and addresses. Donations are accepted in a number of other
+ways including checks, online payments and credit card donations.
+To donate, please visit: http://pglaf.org/donate
+
+
+Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic
+works.
+
+Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm
+concept of a library of electronic works that could be freely shared
+with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project
+Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support.
+
+
+Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
+editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S.
+unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily
+keep eBooks in compliance with any particular paper edition.
+
+
+Most people start at our Web site which has the main PG search facility:
+
+ http://www.gutenberg.org
+
+This Web site includes information about Project Gutenberg-tm,
+including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
+Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to
+subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.
diff --git a/21289-8.zip b/21289-8.zip
new file mode 100644
index 0000000..ba37148
--- /dev/null
+++ b/21289-8.zip
Binary files differ
diff --git a/21289-h.zip b/21289-h.zip
new file mode 100644
index 0000000..04c24c4
--- /dev/null
+++ b/21289-h.zip
Binary files differ
diff --git a/21289-h/21289-h.htm b/21289-h/21289-h.htm
new file mode 100644
index 0000000..888b5fe
--- /dev/null
+++ b/21289-h/21289-h.htm
@@ -0,0 +1,1311 @@
+<!DOCTYPE html
+ PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN"
+ "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-transitional.dtd">
+<html>
+
+<head>
+ <title>ALBUM CHULO-GAIATO</title>
+ <meta name="AUTHOR" content="Anonimo" />
+ <meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1" />
+ <style type="text/css">
+
+ body {width: 80%; margin-left:10%}
+
+ h1, h2, h4 { text-align: left}
+ h1 {margin: 2em; text-align: center}
+ h2, h4 {margin-top: 2em}
+
+ .author {font-family: serif; font-style:italic; font-weight: bold}
+
+ pre {font-family: serif}
+
+ .ficha_tecnica {text-align:center}
+
+ .indice {text-align:left; margin-left: 40%}
+
+ .quote {
+ margin-left: 20%;
+ }
+
+ .small-caps {
+ font-variant: small-caps;
+ margin-left: 20%;
+ }
+
+ .small-hr {
+ width: 10%;
+ margin-left: 45%;
+ border: solid 1px #c0c0c0;
+ }
+ </style>
+
+</head>
+<body>
+
+
+<pre>
+
+The Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de receitas
+para fazer rir, by Anonymous
+
+This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
+almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
+re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
+with this eBook or online at www.gutenberg.org
+
+
+Title: Album chulo-gaiato ou collecção de receitas para fazer rir
+
+Author: Anonymous
+
+Release Date: May 4, 2007 [EBook #21289]
+
+Language: Portuguese
+
+Character set encoding: ISO-8859-1
+
+*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO ***
+
+
+
+
+Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição
+visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was
+produced from scanned images of public domain material
+from the Google Print project.)
+
+
+
+
+
+
+</pre>
+
+
+<div class="ficha_tecnica">
+
+<h1>ALBUM</h1>
+
+<h1>CHULO-GAIATO</h1>
+
+OU<br />
+
+<h3>COLLECÇÃO DE RECEITAS PARA FAZER RIR</h3>
+
+<hr />
+
+<p>BRUXELLES<br />
+TYP. BRUYLANT-CRISTOPHE ET C^ie<br />
+Rue Blaes, 31<br />
+1862</p>
+</div>
+
+
+
+
+<h2>A TENTAÇÃO DE SANTO ANTONIO</h2>
+
+<h4>FANTASIA BURLESCA</h4>
+
+
+<pre>«O mundo acabar
+Penso que vai,
+Ai ai! ai ai!
+Vou apitar!
+Tão rodeado
+Estou de diabos
+Com unhas e rabos
+D'assarapantar!
+Raios, coriscos,
+Bombas e traques
+E mais petiscos
+ A rabiar
+ E a estoirar
+Em torno de mim!
+ Zás catrapaz!
+Se Deus piedade
+Não tem do frade,
+Grande caurim
+Me vai pregar
+Dom Satanaz!»</pre>
+
+<pre>Todo a tremer, Santo Antonio
+Assim se poz a gritar
+Quando o travesso demonio
+Em pessoa o foi tentar.</pre>
+
+<pre> Sae do inferno
+ Troça bravia
+ De quantos demos
+ Por lá havia.
+ Em vassouras
+ Vêem montados,
+ Com tesouras
+ E machados
+ Sobraçados;
+ Bem armados
+ D'escupetas,
+Estes coçam as carécas,
+Aquelles fazem caretas,
+Tocando grandes trombetas,
+Cavaquinhos e rebecas.
+Vem um tocando fagote,
+E outro com um chicote
+Já começa a sacudir
+O habito empoeirado
+Do alegre frei Antonio;
+Mas o frade atomatado
+Logo se põe a fugir
+De tão chibante demonio,
+Correndo conforme póde
+E gritando todo afflicto:
+«Aqui d'el-rei, quem m'acode!
+Ó da guarda! Eu apito!»</pre>
+
+<pre> Dous feios diabos
+ Mui cabelludos,
+ Cornos agudos
+ E longos rabos,
+ Entram na cella
+ Do bom santinho;
+ Vão-lhe á panella
+ Que ao lume tinha
+ C'uma gallinha
+ Paio e toucinho,
+ Tiram-lhe a tampa,
+ Comem-lhe tudo,
+ Deitam-lhe trampa;
+ Vão-lhe á borracha
+ Que tem o vinho
+ N'um esconderijo;
+ Bebem-lhe tudo
+ Deitam-lhe mijo.
+ Á tal cambada
+ Não escapa nada
+ Tudo se acha
+ Quebra e estraga
+ Mija e caga.</pre>
+
+<pre>Uma pequena bonita
+Tambem lh'entra na caverna
+Toda lépida e catita,
+E começa a levantar
+O ballão, e linda perna
+Logo se põe a mostrar...
+«Ai Jesus! diz Santo Antonio
+Vai-te d'aqui ó demonio
+Não me estejas a tentar...»</pre>
+
+<pre> «Façam dançar
+ Contradançar
+ Pular
+ Cantar
+ Saltar
+ Esse santinho»
+ Já diz gritando
+ Um diabinho
+ Que está tocando
+ A desgarrada
+ N'um cavaquinho.</pre>
+
+<pre> Eis toda aquella
+ Endiabrada
+ Troça bravia
+ O bom do Santo,
+ Que já n'um canto
+ Se escondia,
+ Vai buscar.
+ E a tocar
+ N'uma panella
+ Com a tranca
+ Da janella,
+ N'uma banca
+ O faz dançar
+ Pular
+ Saltar
+ Cantar.</pre>
+
+<pre>Até Plutão, o rei demonio,
+Quiz assistir á funcção,
+Pois quer ver se frei Antonio
+Se livra da tentação;
+E p'ro que der e vier
+Comsigo traz a mulher.</pre>
+
+<pre>O Santo todo encolhido
+No meio d'aquella canalha
+Cada vez mais se atrapalha;
+Um demo mais atrevido,
+Dá-lhe muita bordoada,
+E outro feito cupido
+Vem por traz com uma setta
+E no coração lh'a espéta...
+A nada se move o frade
+Modelo de castidade!!</pre>
+
+<pre> Vendo porém
+ Que fim não tem
+ A seringação
+ Fórma tenção
+ De s'esconder;
+ E mui callado
+ Vai-se a metter
+ Dentro da cama;
+ Mas lá recúa
+ Todo espantado
+ Pois uma dama
+ Toda janota,
+ (Ainda que nua,
+ Mesmo em pelóta)
+ Acha deitada
+ Em seu lugar...
+ A concubina
+ Com uns olhinhos
+ Muito espertinhos
+ A scintillar
+ Já o fulmina
+ E quer tentar...</pre>
+
+<pre> A tal menina
+ É mesmo boa;
+ Se Prosepina
+ É em pessoa!</pre>
+
+<pre>Santo Antonio atrapalhado
+Contempla incendiado
+Aquella erotica scena,
+E em frente da belleza
+De coisas que nunca viu...
+Ao poder da natureza,
+Com bem custo resistiu...
+Mas quando quasi tentado
+Com os olhos da pequena,
+Vai a cair na esparrella
+De saltar a cima della,
+Lembra-lhe Deus derepente
+Que vai cair em peccado,
+Fica todo aforçurado
+E como que inspirado,
+Vai buscar muito apressado
+D'agua benta seis canadas
+E nos demos imponente
+Ferra boas hysopadas.
+Estoira que nem castanhas
+Toda aquella diabada,
+Cada demo dá um tiro
+Que nem uma peça raiada;
+E fugindo a bom fugir
+Tudo vai em debandada,
+Santo Antonio de contente
+Dá tamanha gargalhada
+Que até no traseiro sente
+A fralda toda cagada.</pre>
+
+<pre>«Se não vou buscar
+Logo tão depressa
+A tal agua benta,
+De certo me tenta
+Aquella travêssa...
+Olhem que é ladina,
+Mesmo de tentar,
+A tal Prosepina!
+Mal empregado pexão
+Para o dente do Plutão!»</pre>
+
+<pre>Lamenta tão pesaroso
+A má sorte da pequena
+O famoso Santo Antonio,
+Que parece já ter pena
+De se mostrar tão teimoso
+Em resistir ao demonio...</pre>
+
+
+
+
+<h2>O MARIDO E O COMETA</h2>
+
+<h4>DIALOGO CONJUGAL</h4>
+
+
+<p>Era uma vez um marido, anno da graça 1861, mas um marido verdadeiro modelo de todos os maridos. Chamava-se o sr. Carneiro; seu hymeneu fôra devidamente legalisado e recebera as bençãos da egreja. Era pois esposo, tanto quanto se póde ser, legal, social, religiosa, e christãmente, da amavel, bonita e joven Amelia, a quem se ligára com o intuito de perpetuar a raça dos Carneiros, fim este que infelizmente ainda não alcançára, apesar da lua de mel ter já o seu anno e meio, e este gasto nas fadigas e diligencias de que um marido póde dispôr para multiplicar a sua raça. O sr. Carneiro emagrecia a olhos vistos, e estafava-se em vão. O nosso homem era um modelo de bondade e simplicidade; era bom e affavel e manso, não como Carneiro que era, mas como um borrego; nunca fizera mal a pessoa alguma, e ninguem tambem no mundo podia dizer a mais pequena coisa em seu desabono. Com taes e quejandos titulos á estima de seus concidadãos, o sr. Carneiro tinha conseguido tornar-se um dos maridos mais felizes do seu bairro, que era o Alto.</p>
+
+<p>Mas o homem nunca está satisfeito sobre a face da terra: o sr. Carneiro era homem, e por conseguinte tinha aspirações. O seu ideal era a vida bucolica, amava a chicoria e o feno, adorava os rabanetes, e sonhava pastoras e zagallos; não podia viver na capital. Suspirava constantemente pelo chocalho campestre, pelas felicidades ruraes, e a sua paixão pelo campo não podia achar lenitivo nos esgalhos do Rocio, nas ervas do Passeio Publico, nas couves da praça da Figueira.</p>
+
+<p>Por fim os seus sonhos tiveram uma realidade, comprou uma quinta na aldea de Pae Pires, e transferiu para alli os seus penates. Alli, n'uma habitação modesta, no declive de um serro, vendo ao longe o Tejo e as suas faluas, passava o sr. Carneiro uma vida santa, junto de madama Carneira, como elle lhe chamava, cultivando as suas cebollas, regando a sua horta, capando o seu meloal.</p>
+
+<p>Ali fazia admirar á sua cara metade a grossura dos seus pepinos ou a côr rubicunda dos seus tomates.</p>
+
+<p>--Vês, menina, lhe dizia, como está lindo este meu pepino; olha para esta perfeição, parece que d'hontem para hoje cresceu meio palmo. Repara-me para a belleza d'estes tomates! que côr e que tamanho...</p>
+
+<p>--É verdade, cada dia estão mais vermelhos...</p>
+
+<p>--E este melão?</p>
+
+<p>--Cresce a olhos vistos, como já está redondinho!</p>
+
+<p>--Ah! filha! não é como tu, segue a lei da naturesa; tudo cresce e se arredonda cá n'este mundo... só tu, meu anjinho... apesar das minhas diligencias, persistes em não arredondar essa...</p>
+
+<p>--Que bonitas estão as batatas.</p>
+
+<p>--Eu sempre as tive boas.</p>
+
+<p>--E que bellos grãos de bico!</p>
+
+<p>--Os grãos são o meu forte...</p>
+
+<p>--Como a vinha vae arrebentando...</p>
+
+<p>--Tudo arrebenta e produz... só tu não me produzes nada... (dá um profundo suspiro).</p>
+
+<p>--Que animal é aquelle que está bebendo além, no rio?</p>
+
+<p>--Julgo que é um burro, queridinha.</p>
+
+<p>--Engana-se, é boi, senhor Carneiro.</p>
+
+<p>--Boi, boi! será... mas não lhe vejo as armas...</p>
+
+<p>--Jesus! que bicho tão feio que eu ia pisando! Mate-me este bicho, sr. Carneiro... que nojo!</p>
+
+<p>--Ah! ah! ah! Ora não ha uma tolinha assim! um caracol, pois mette-te medo um caracol?</p>
+
+<p>--Olhe, só os paus que elle tem; t'arrenego! não se veem senão animaes bicorneos por estes sitios... eu que sempre embirrei com estes bichos!</p>
+
+<p>--Não te zanques commigo, menina... isto é o animal mais innocente que eu conheço...</p>
+
+<p>--Que quer? não está mais na minha mão; diga lá o que disser, n'este ponto não posso vencer a minha repugnancia...</p>
+
+<p>(O marido toma o caracol entre dois dedos.)</p>
+
+<p>--Olha vês, não faz mal. Caracol, caracol, põe os corninhos ao sol...</p>
+
+<p>--Deite isso fóra... que me ataca os nervos...</p>
+
+<p>--Socega, filha, ja deito...</p>
+
+<p>--Esteja quieto! tire isso para lá!</p>
+
+<p>--Então não vês que já o não tenho na mão! Pobre amorsinho, que medo que teve... mas agora dá um beijinho... (quer abraçal-a.)</p>
+
+<p>--Vá primeiro lavar essas mãos; que nojo, não sei o que me parece a tal reima dos caracoes...</p>
+
+<p>--Vamos limpal-as aqui na relva... senta-te aqui ao meu lado...</p>
+
+<p>--Era o que faltava! para me escangalhar o balão.</p>
+
+<p>--Ah! trazes balão? (vae para apalpar.)</p>
+
+<p>--Esteja quieto que me faz cocegas!</p>
+
+<p>--Tem a saia cheia de nodoas verdes...</p>
+
+<p>--São ervas pisadas.</p>
+
+<p>--E n'um sitio esquisito!</p>
+
+<p>--Não sei quem me poz n'este estado...</p>
+
+<p>--Eu decerto não fui. Seria hontem na quinta do Alfeite, quando te perdeste no labyrintho...</p>
+
+<p>Ah! sim, quando o primo Montenegro me lá foi buscar... que bom rapaz que é este nosso primo e hospede... se não fosse elle ainda estava a estas horas em procura da saída...</p>
+
+<p>--E como elle soube entrar e saír com a mesma facilidade... como elle sabe d'aquelles torcicolos...</p>
+
+<p>--É porque sabe desenho.</p>
+
+<p>--Mas sentemo-nos, a erva está tão fresca. Com o calor que está ha de ser um prazer... pódes até levantar as saias para apanhar mais fresco...</p>
+
+<p>--Obrigada, fresca estou eu...</p>
+
+<p>--Que bella noite, que ar tão puro! como é bom ver as estrellas, assim, ao pé d'uma linda rapariga como tu!</p>
+
+<p>--Digo-lhe que tenho frio, estou fria que nem uma pedra...</p>
+
+<p>--Pois eu estou quente que nem uma braza...</p>
+
+<p>--É feliz.</p>
+
+<p>--Podia sel-o... se quizesse... não me resista... ora está agora com medo do seu Carneiro... eu sou sempre o mesmo, aqui e em casa...</p>
+
+<p>--Esteja quieto, senhor, agora aqui no meio da rua...</p>
+
+<p>--Estamos em nossa casa, não offendemos a moral publica...</p>
+
+<p>--Faz luar como de dia...</p>
+
+<p>--Melhor se vê o que se faz...</p>
+
+<p>--São coisas que não gosto de fazer contra vontade!</p>
+
+<p>--Tambem, não sei quando tem vontade!</p>
+
+<p>--Olhe que se espeta nos arcos do balão.</p>
+
+<p>--Maldita moda que cá havia de vir!</p>
+
+<p>--Bem sabe que sou delicada... olhe que me ataca os nervos a mais pequena coisa...</p>
+
+<p>--Pequena, pequena! pois esta não é das maiores...</p>
+
+<p>--Pelo que vejo quer-me ver doente... já estou com uns arripios...</p>
+
+<p>--Olha, embrulha-te no meu paletot... (aproxima-se ainda mais da mulher) apertemo-nos bem um contra o outro... assim, assim... vês? aposto que d'aqui a cinco minutos estás a suar em bica...</p>
+
+<p>--Jesus! que scena! olha se algum visinho vê... que quadro vivo este!</p>
+
+<p>--Estou vendo que o não fazem todos! (Amelia geme e suspira, o que faz suspender Carneiro.) Mas emfim, se estás incommodada...</p>
+
+<p>--Incommodada não é... mas... estas coisas tocam-me sempre os nervos...</p>
+
+<p>--É a peior coisa que ha, é uma mulher nervosa...</p>
+
+<p>--Sinto não sei o que, cá por dentro...</p>
+
+<p>--Isso é agora... o que faria se...</p>
+
+<p>--Sinto um peso...</p>
+
+<p>--Mas em que sitio? (Áparte.) Se fosse na barriga...</p>
+
+<p>--Por todo o corpo.</p>
+
+<p>--Elle em alguma parte ha de ser... no peito, na cabeça, no ventre?</p>
+
+<p>--É ao pé do ventre... não me sinto bem, parece-me que vou desmaiar...</p>
+
+<p>--Louvado seja Deus! és muito delicada... sempre perdes as forças nestas occasiões!</p>
+
+<p>--Estou como que penetrada por um raio...</p>
+
+<p>--Então vamos para casa.</p>
+
+<p>--Não, eu vou, fica tu.</p>
+
+<p>--Vamos ambos para a cama.</p>
+
+<p>--Vou-me deitar.</p>
+
+<p>--Deixa-me ir comsigo?</p>
+
+<p>--Eu não tenho medo, fique tomando o fresco...</p>
+
+<p>--Mas eu queria-te ir aquecer.</p>
+
+<p>--Eu aqueço bem sem o seu auxilio...</p>
+
+<p>--Isso é birra... eu como marido tenho tambem os meus direitos...</p>
+
+<p>--Mas eu estou doente... sinto agora um calor...</p>
+
+<p>--É febre talvez...</p>
+
+<p>--Por isso mesmo não se chegue para mim...</p>
+
+<p>--Vou chamar o medico.</p>
+
+<p>--Não é preciso. O que elle me receitava, é o que eu vou fazer... dormir um somno longe de meu marido... ámanha tem-me sã como um pero...</p>
+
+<p>--Queira Deus!</p>
+
+<p>--Isto passa em me deixando descançar.</p>
+
+<p>--Então não queres que vá ao menos ajudar-te a despir?</p>
+
+<p>--Nada, socego é o que eu preciso.</p>
+
+<p>--Mas...</p>
+
+<p>--É verdade não me disse hontem que, queria hoje observar o cometa?</p>
+
+<p>--Fazia até tenção de t'o mostrar...</p>
+
+<p>--Vel-o-hei em sonhos.</p>
+
+<p>--Ámanhã será em realidade... não é assim meu amor?</p>
+
+<p>--Eu faço ideia; é uma coisa muito comprida.</p>
+
+<p>--Qual historia! verás que não é tão grande como julgas... e então visto pelo meu excellente telescopio! Has de ver-lhe toda a cabelleira...</p>
+
+<p>--Como está tolo com o seu telescopio... tambem o primo Montenegro tem um que não é dos peores...</p>
+
+<p>--Aposto que não tem a grossura do meu!</p>
+
+<p>--Bom, por hoje basta...</p>
+
+<p>--Paciencia, não ha remedio: vae-te deitar com Deus, já que não póde ser comigo... Se tiveres precisão de alguma coisa de noite, chama-me... bem sabes como sempre sou prompto em te prestar os meus serviços, seja a que hora da noite fôr...</p>
+
+<p>--Prompto até de mais! ao menor movimento que faço, elle ahi está em cima de mim, a atenazar-me... Mas bem sabe o mal que me faz quando me acorda de noite; é ataque de nervos certo no dia seguinte, e fico mole, amarella, com olheiras...</p>
+
+<p>--Bem, bem, vá descançada que lhe não interromperei o seu somno.</p>
+
+<p>--Promette-m'o?</p>
+
+<p>--Juro-o.</p>
+
+<p>--Bonito! então boas noites.</p>
+
+<p>--Nem um beijinho me dá!</p>
+
+<p>--Dou, mas com a condição de cumprir o seu juramento.</p>
+
+<p>--Qual.</p>
+
+<p>--O de não entrar no meu quarto esta noite.</p>
+
+<p>--Está dito.</p>
+
+<p>--Então dê lá o beijo. (Dá-lhe a face a beijar, Carneiro beija-lh'a sofregamente, apertando-lhe ao mesmo tempo a cintura com avidez.)</p>
+
+<p>--Jesus! que cintura tão elastica!</p>
+
+<p>--Esteja quieto, não se adiante! o que me pediu foi um beijo...</p>
+
+<p>Valha-te Deus, menina! Vae-te lançar nos braços de Morpheu, e pede-lhe uma boa dose de sumo de dormideiras.</p>
+
+<p>--Adeus meu Carneirinho.</p>
+
+<p>--Adeus minha Carneirinha... Olha, deita-te para o lado direito... não te ponhas de costas, bem sabes que te faz mal...</p>
+
+<p>--Bem me lembro de hontem á noite...</p>
+
+<p>--É verdade, quando gemeste tão significativamente, que eu julguei estarias com algum pesadelo...</p>
+
+<p>--Ora! se eu parecia que estava esborrachada... nem respirar podia... estava a sonhar que o tinha em cima de mim...</p>
+
+<p>--E gritava de tal maneira, que eu no quarto contiguo, ouvi e fui acudir... mas felizmente o nosso primo e hospede, Montenegro, já tinha chegado antes de mim...</p>
+
+<p>--Que bom primo que é aquelle rapaz!</p>
+
+<p>--Se o ceu nos désse um filho, estou certo que o estimava...</p>
+
+<p>--Havia de amal-o como se fosse delle proprio...</p>
+
+<p>--Ha-de ser o padrinho do nosso primeiro <i>néné</i>...</p>
+
+<p>--Isso tem tempo... ainda eu...</p>
+
+<p>--Louvado seja Deus! muito me tem custado a fazer o tal herdeiro...</p>
+
+<p>--Agora tenho esperanças que brevemente...</p>
+
+<p>--Sim? oh grande Deus! será possivel?</p>
+
+<p>--Bom, deixe-me ir deitar...</p>
+
+<p>--Vae filha, e dorme bem, eu vou ver se bispo o cometa.</p>
+
+<p>E nisto, depois de acompanhar sua mulher á porta do quarto, voltou logo para o terrado, afim de melhor observar a passagem do astro cabelludo.</p>
+
+<p>Madama Carneira entrou no quarto e ahi encontrou o primo Montenegro, que a esperava para lhe mostrar tambem o cometa com o seu telescopio...</p>
+
+<p>Alguns mezes depois madama Carneira brindava seu marido com o esperado e desejado herdeiro, que tantas fadigas lhe custára...</p>
+
+
+
+
+<h2>A FRANCISCANADA</h2>
+
+<h4>CONTO</h4>
+
+
+<pre>Que grande franciscanda
+Vai fazer com frei Bento
+Frei João e frei Monteiro
+P'ra longe do convento?</pre>
+
+<pre>Bom alforge levam cheio,
+Recheiado de finorio
+Presunto, e grosso paio,
+Furtados no refeitorio.</pre>
+
+<pre>Frei Bento vai ajoujado
+Com tremebunda borracha;
+Chega o rancho a uma tasca
+Para a horta lá se encaixa.</pre>
+
+<pre>Frei João despindo o habito
+E de manga arregaçada
+Tempra e meche aforçurado
+Um alguidar de salada.</pre>
+
+<pre>Frei Monteiro pisca o olho
+Á moça, que é rapariga,
+E frei Bento sem c'rimonia
+Um chouriço já mastiga.</pre>
+
+<pre>Voam paios e presuntos
+Tal é a gula e a gana,
+Torna-se logo a borracha
+Em famosa carraspana.</pre>
+
+<pre>Depois alegres cantando
+Lá se vão abarrotados
+Ao convento recolhendo
+Pelos muros encostados.</pre>
+
+<pre>Chama a campa ao refeitorio,
+Pois são horas de ceiar,
+A fradalhada apparece
+Mas não acha que trincar.</pre>
+
+<pre>--«Que pouca vergonha é esta?»
+Grita logo frei Martinho,
+«Que é dos nossos grossos paios,
+O presunto e mais o vinho?»</pre>
+
+<pre>--«Fomos roubados», responde
+O padre refeitoreiro,
+«Tudo lambeu frei João
+Com frei Bento e frei Monteiro!»</pre>
+
+<pre>--«Ah! bebedos! ah glotões!
+Ah! cambada de marotos!...»
+Berra o padre provincial
+Dando cinco ou seis arrotos.</pre>
+
+<pre>--«Hão de caro pagal-o!»
+Brada em peso o convento,
+«Hão de levar bons açoites
+Frei Monteiro e frei Bento;</pre>
+
+<pre>«E tambem Dom frei João
+Ha de leval-o o diabo!
+Tudo quanto nos comeram
+Ha de lhes saír do rabo!»</pre>
+
+<pre>Todos logo bem armados
+De sandalias gigantescas
+Tratam de pôr á vela
+As seis nadegas fradescas.</pre>
+
+<pre>E depois sem mais demora
+Pé atraz e furibundos
+Tocam todas as matinas
+Nos traseiros rubicundos.</pre>
+
+<pre>Eis no meio da batalha,
+Quando tudo em confusão
+'Stá batendo a bom bater,
+Dá um peido frei João!</pre>
+
+<pre>Mas não é peido de medo
+É um peido tremobundo,
+Peido de frade, que é
+O maior que ha neste mundo.</pre>
+
+<pre>Se o famoso Garibaldi
+Um tiro destes lh'escapa
+Lá se vão com mil diabos
+Os exercitos do Papa.</pre>
+
+<pre>Foge tudo com o estoiro
+E ainda mais com o cheiro,
+Aquelles que mais gritaram
+São os que fogem primeiro.</pre>
+
+<pre>Frei João põe em derrota
+O resto da fradalhada,
+Dizendo-lhe que ainda tem
+A peça bem carregada...</pre>
+
+
+
+
+<h2>SONETO</h2>
+
+<h4>A UM ZELADOR DOS MIJADEIROS</h4>
+
+
+<pre>O incauto saloio, o venal gallego
+Espreitas esfaimado atraz da esquina,
+Armado de catana serpentina
+Vermelho como um paio de Lamego.</pre>
+
+<pre>Tão ufano estás com teu sujo emprego,
+Que pareces uma ave de rapina,
+Prendendo a trouxe mocho quem urina
+Com a velha chibança d'um <em>morcêgo</em>[1].</pre>
+
+<pre>Não sejas papelão, pesa as razões,
+Olha que se a fortuna não sorri,
+Falta o mijo e adeus os dez tostões!</pre>
+
+<pre>Por isso vou um conselho dar-te aqui:
+É que respeites todos os mijões
+Em quanto mijando forem p'ra ti.</pre>
+
+<p>[1] Antigo soldado da policia.</p>
+
+
+<h4>CONSEQUENCIAS DE NÃO SER BACHAREL</h4>
+
+<pre>Quer ser guarda de commuas
+Certo João Raphael,
+Mas fica a chuchar no dedo
+Visto não ser bacharel.</pre>
+
+
+<h4>UM DEPUTADO DA MODA</h4>
+
+<pre>Hontem estava em minha casa,
+E por signal a dormir,
+Á porta sinto bater,
+Levantei-me e fui abrir.</pre>
+
+<pre>Era o doutor Gatazio,
+Bacharel e fidalgote,
+--Vai torta! digo comigo,
+Vem ferrar-me algum calote!</pre>
+
+<pre>Eis entra com ar risonho
+E sentando-se ao meu lado,
+«Amigo, diz, dou-te parte
+Que estou feito deputado.»</pre>
+
+
+<h4>UMA VALENTONA</h4>
+
+<pre>A honra de Eliza bella
+Atacam quinze soldados,
+Vence um a cidadella
+Quatorze são derrotados.</pre>
+
+
+<h4> NOZ E A MULHER</h4>A
+
+<pre>Como a noz foi a mulher
+Neste mundo fabricada,
+Não se conhece que é podre
+Senão depois de rachada.</pre>
+
+
+<h4>EPITAPHIO PARA UM PAE DA PATRIA</h4>
+
+<pre>Aqui jaz dormindo a sesta
+Um bacharel formado,
+Foi barbeiro, deputado,
+Caloteiro e grande besta.</pre>
+
+
+<h4>OUTRO PARA UMA MULHER FELIZ</h4>
+
+<pre>Dona Justina de Sousa
+Nesta campa aqui repousa,
+Foi no mundo afortunada
+Visto que até morrer
+Passou sempre por honrada
+Tendo a dita de o não ser...</pre>
+
+
+<h4>UMA MULHER COMO TODAS DEVIAM DE SER</h4>
+
+<pre>Das miserias deste mundo
+Se compadece Maria,
+E cheia de dó profundo
+Seis ditosos faz por dia...</pre>
+
+
+<h4>UMA VIUVA JUDICIOSA</h4>
+
+<pre>A viuva d'um entrevado
+Já novo marido tomar
+Queria, passados dois mezes
+Do velho marido enterrar.</pre>
+
+<pre>É cedo, lhe diz um visinho,
+Homem de agudo pensar,
+Sem estar uns dez mezes viuva
+Assento não deve casar.</pre>
+
+<pre>Essa é boa! diz a matrona,
+Então não se devem contar
+Oito mezes que estuporado
+Na cama elle esteve a penar?</pre>
+
+
+
+
+<h2>Pratica feita á missa do dia pelo muito reverendo prior de...</h2>
+
+<div class="quote">
+«<em>Deus dixit Petro ubi sunt oves meæ;
+nescio, respondit autem Petrus</em>»
+</div>
+
+
+<p>Deus disse a Pedro «que é das minhas ovelhas?» e Pedro respondeu «eu não sei d'ellas.»</p>
+
+<p>Que bondade, que prudencia, que sabedoria, meus queridos irmãos, não devemos nós admirar em Pedro; que, mesmo no momento em que seu Divino Mestre lhe pergunta, onde estão as minhas ovelhas; responde com toda a delicadeza que não sabe d'ellas, porque essas ovelhas não estavam em estado de apparecerem perante o seu Senhor. Asneiras, meus caros ouvintes, eu não tinha esse genio, não sou mentiroso nem falso, não tenho papas na lingua, e se o Mestre me pergutasse, como a Pedro, onde estão as minhas ovelhas, eu logo lhe dizia sem mais cerimonia, foram pastar para casa do diabo, Senhor.</p>
+
+<p>E com effeito, se Elle tivesse vindo hontem á noite perguntar-me pelas minhas ovelhas, que lhe havia eu de responder?</p>
+
+<p>Elle que recommenda tanto no seu Evangelho, que as ovelhas se conservem sempre separadas dos competentes bodes, o que teria Elle dito se visse essas mesmas ovelhas misturadas com os bodes, saltando uns em cima dos outros, e a fazerem gaifonas ao seu pastor!</p>
+
+<p>Sim, amados irmãos, foi grande a balburdia, e ao aspecto de tal desordem, o amor pelo meu rebanho animou-se de um santo zelo e ardendo em fogo, corri de cajado na mão, para arrancar as minhas innocentes ovelhas das dentuças dos lobos encarniçados. Mas, ó dôr, ó desdita, ó patifaria! as minhas ricas ovelhinhas já não escutam a minha voz; já penetradas pelos agudos dardos d'aquelles diabos e inundadas pelos seus liquidos venenosos e seductores, estavam indoceis e levadas da breca. O meu cajado, outr'ora tão poderoso, não póde juntar senão um pequeno numero, que trago para o meu curral, onde as hei de ter fechadas e guardadas até que deem os fructos do seu arrependimento.</p>
+
+<p>Mas vós, amados ouvintes, vós, os que fostes fieis, lamentae a desgraça de vossos irmãos; comportae-vos sempre bem, e tomae para exemplo esses grandes santos da antiguidade; menos um tal santo Agostinho, que, segundo dizem, foi um grande pandigo, quando moço, e é por esse motivo que eu nunca vos fallo d'elle.</p>
+
+<p>Fallemos antes d'aquelle santo Chrisologo, que diz que um cura é um sol, e os seus freguezes são uns átomos. Mas eu não sei que diabo de átomos vocês são! não me pagam a congrua, querem que os case de graça e ainda em cima dizem: «ora, estamos nas malvas para o <i>seu</i> padre cura, elle não tem filhos para sustentar!» Vocês sabem la disso? Não sabem que nós outros padres, temos mais trabalho em os esconder, do que vocês em os fazer?...</p>
+
+<p>Mas voltando á vacca fria, pensemos na vossa conversão, se ella é possivel.</p>
+
+<p>Julgo que a melhor maneira de o conseguir é fallando-vos das maroteiras que se fazem na freguezia.</p>
+
+<p>Por exemplo: o João da Canhota, regedor, sae á noite e se ha de vir ao sermão, vai-se metter em casa da Felicia do Frade, e não sae de lá senão de madrugada. Diz que vae tomar chá, mas imaginem os ouvintes que qualidade de chá elle não tomará...</p>
+
+<p>Aqui não ha senão desordem e immoralidade. Immoralidade nos velhos, immoralidade nos moços, immoralidade nos grandes, immoralidade nos pequenos.</p>
+
+<p>Digo immoralidade nos velhos, porque esses velhos, raça damnada de Caim, depois de haverem passado toda a vida... em patuscadas e pandigas, ainda mesmo arrumados ao bordão e de cabeça calva, se vão metter em logares suspeitos! Infames velhos de Suzana! quando é que lhes acabarão as furias carnaes e burriçaes?</p>
+
+<p>Immoralidade nos moços. Os rapazes e as raparigas andam por essas ruas aos beijos e abraços, cantando cantigas indecentes e immoraes; ainda eu hontem ouvi a filha do Thomaz da Horta e o filho do Ignacio do Dente a cantarem o Pirolito que bate que bate! Ora não ha maior pouca vergonha, uns fedelhos que ainda cheiram a coeiros e já sabem o que isto quer dizer!</p>
+
+<p>Immoralidade nos grandes. Esses mariolões e essas mocetonas que vão todos os dias para o matto, sob pretexto de que vão buscar lenha, e por fim fazem por lá couzas do arco da velha... Lenha no forno queriam ellas, malditas!</p>
+
+<p>E quando vão aos figos! O que acontece?</p>
+
+<p>As raparigas sobem para cima das arvores e os mariolões ficam em baixo, a olhar para cima e a dizer: Olha Antonia vejo-te os calcanhares, e as pernas, e os joelhos, e o...</p>
+
+<p>Ponham cobro a este escandal-o, amados irmãos, são couzas que se não devem ver senão em certas occasiões. Eu não pego aos rapazes e ás raparigas que vão ao matto e comam por lá o seu figuinho e mesmo que subam ás figueiras, mas para evitar indecencias, as raparigas fiquem debaixo e os rapazes que lhes vão acima.</p>
+
+<p>Immoralidade nos pequenos. Essa gaiatada miuda que anda todos os dias a correr pelo adro cá da freguezia, onde estão as campas dos nossos antepassados, e que depois vão fazer as suas necessidades mesmo á porta da sachristia. Se não teem respeito pelos mortos, tenham ao menos compaixão pelos vivos, não póde uma pessoa entrar na egreja pela porta de traz sem ficar a bem dizer atolado até o nariz. Já disse ao sr. regedor da freguezia que pozesse mão n'estas cousas, mas por ora continúa a mesma marmelada á porta da sachristia.</p>
+
+<p>Tambem é digno de reprehensão o comportamento d'essas mulheres casadas, que sem nenhuma consideração pelos seus maridos, se levantam do leito conjugal de madrugada, sob pretexto de levarem o gado ao campo, e depois de andarem lá por fóra a laurear, em pernas, recolhem-se para casa frias de neve, e vão-se outra vez metter na cama com os maridos e arripial-os sem piedade! Pobres homens! Se fosse comigo, que coça que ellas não levavam...</p>
+
+<p>Tambem ha certa moça cá na freguezia, que eu trago d'olho ha dias, cá por certa cousa. Eu devia já dizer quem é, mas emfim por hoje limitar-me-hei só a mettel-a na sachristia e arrumar-lhe um lembrete... domingo direi quem é, se não tomar juizo... por agora saibam unicamente que é a unica na freguezia que usa ligas encarnadas... (<i>Pausa, rumor na egreja.</i>)</p>
+
+<p>Domingo, de hoje a oito dias, me alargarei mais sobre os homens, coçarei as mulheres casadas, e caírei em cima das solteiras, se não tomarem juizo d'aqui até lá.</p>
+
+<p>Sendo hoje dia de festa e estando a chuver far-se-ha a procissão só por baixo da egreja, pois eu não estou para apanhar alguma porrada d'agua. Não precisa vir toda a gente a ella, basta que de cada familia venha um varão.</p>
+
+<p>A proposito de procissão, tenho a dizer-vos, amados ouvintes, que os santos cá da freguezia vão estando muito chimfrins. Eu não dava tres vintens por elles. O São Miguel é que está assim mais direitinho, mas o diabo que está por baixo já não tem cornos; pois olhem, não ha na freguezia poucos homens ricos no caso de lh'os darem. O calvario tambem não está mau; todos os instrumentos da paixão estão em bom estado, falta-lhe só o gallo, mas a isso não direi nada, porque ha poucos na freguezia e as gallinhas precisam d'elles: no entanto se houver por ahi alguma dona de casa que tenha dois, que me mande para cá um.</p>
+
+<p>Esta semana não ha jejum, podem comer tudo quanto quizerem e bebam-lhe melhor; ha só a bemaventurada santa rainha, que cura a tinha; é quinta feira, sexta feira ha feira e domingo é a festa de São Simão e São Judas. Tambem, não sei quem foi o diabo do animal que se lembrou de pôr Judas no calendario. Juro-vos, amados ouvintes, que se não fosse domingo não lhe fazia festa, era o que merecia o senhor S. Simão por caír na asneira de se ir metter com similhante tratante.</p>
+
+<p>Mas acabemos com esta maçada.</p>
+
+<p>Ó <i>seu Zé</i>, accenda os sinos e mande tocar as vellas, accenda a agua benta e bote agua no thuribulo... não, enganei-me, faça o contrario de tudo isto.</p>
+
+<p>No entretanto façamos as nossas costumadas e ordinarias orações.</p>
+
+<p>Oremos pela conservação da nossa bemaventurada mãe catholica, apostolica e romana; pela <i>estripação</i> da <i>cisma</i> e abaixamento da hydropisia; oremos tambem pelos ricassos cá da freguezia, a fim de que Deus os mantenha na sua honesta pobreza; pois se fossem mais ricos punham-nos o pé no pescoço. Oremos pelos ausentes e pelos viajantes, afim de se deixarem por lá estar, se estão bem; oremos pelo feliz successo das mulheres pejadas, afim de que Deus lhes faça a mercê de largarem o fructo com a mesma facilidade e doçura com que o comeram. Oremos, n'uma palavra, pela conservação dos bens da terra, como salada, couves, batatas, pepinos e tomates, e pela extincção dos seus males, como formigas, lagartos, ortigas, pulgões e ratazanas... etc.</p>
+
+
+
+
+<h2>A opinião publica</h2>
+
+
+<pre>Depois de longo derriço
+Casou João com Maria,
+E passados quatro mezes
+Tem um filho já Maria.
+Fallam do caso as visinhas
+Chora João, ri Maria.
+«Casei bem tarde, já vejo»,
+Diz o coitado a Maria,
+«Fui eu que cedo pari»
+Ao marido diz Maria.
+O mundo ri de João
+E acha razão a Maria.</pre>
+
+
+
+
+<h2>Carta corographica do reino do hymeneu</h2>
+
+
+<p>Esta carta, resultado das pesquizas e estudos dos viajantes que teem visitado aquelle reino, é de muita utilidade para aquelles que se quizerem abalançar a emprehender viagem para sítios tão amenos e escabrosos ao mesmo tempo. Eil-a:</p>
+
+<p>O reino do hymeneu, fica a dois graus de longitude e cincoenta e um de latitude, meridiano de Pariz, de sorte que fica justamente sobre a zona dos Paizes Baixos. Não obstante, o seu clima, principalmente o das provincias mais ferteis, é o da zona torrida.</p>
+
+<p>O aspecto do paiz é encantador, visto de longe, mas vae perdendo a belleza á medida que uma pessoa se aproxima das suas costas. A primeira terra que se encontra, logo nas fraldas das suas montanhas, chama-se o <i>porto desejado</i>, o qual dá entrada para o <i>cabo da saciedade</i>, cabo este mui difficil de dobrar, e todos aquelles que emprehendem esta viagem, se espedaçam muitas vezes nos baixios do aborrecimento. Aquelles que escapam ao perigo, ficam por muito tempo em calmaria primeiro que cheguem á <i>bahia da conveniencia mutua</i>.</p>
+
+<p>Os campos aqui apresentam de fóra um aspecto muito insipido. Antes de chegar a este porto é frequente experimentar os violentos safanões dos ventos do ciume e do mau humor. A maior parte dos navegantes, chegados que são a esta ultima bahia, desejam voltar para traz, mas em taes alturas isso é cousa inteiramente impossivel. Abordando á <i>bahia da conveniencia mutua</i> muitos soffrem terriveis furacões e correntes rapidas, que os lançam nos gurgulhões da velhice prematura, onde geralmente os navegantes perdem as agulhas e ficam com agua aberta á mercê das ondas, appellando todos os dias para o favor dos ventos.</p>
+
+<p>Felizes d'aquelles que podem constantemente conservar-se nas alturas da <i>affeição mutua</i>, as quaes ficam entre o <i>porto do desejo</i> e o <i>cabo da saciedade</i>.</p>
+
+
+
+
+
+
+
+<pre>
+
+
+
+
+
+End of the Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de
+receitas para fazer rir, by Anonymous
+
+*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO ***
+
+***** This file should be named 21289-h.htm or 21289-h.zip *****
+This and all associated files of various formats will be found in:
+ http://www.gutenberg.org/2/1/2/8/21289/
+
+Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição
+visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was
+produced from scanned images of public domain material
+from the Google Print project.)
+
+
+Updated editions will replace the previous one--the old editions
+will be renamed.
+
+Creating the works from public domain print editions means that no
+one owns a United States copyright in these works, so the Foundation
+(and you!) can copy and distribute it in the United States without
+permission and without paying copyright royalties. Special rules,
+set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to
+copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to
+protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project
+Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you
+charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you
+do not charge anything for copies of this eBook, complying with the
+rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose
+such as creation of derivative works, reports, performances and
+research. They may be modified and printed and given away--you may do
+practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is
+subject to the trademark license, especially commercial
+redistribution.
+
+
+
+*** START: FULL LICENSE ***
+
+THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE
+PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK
+
+To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free
+distribution of electronic works, by using or distributing this work
+(or any other work associated in any way with the phrase "Project
+Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project
+Gutenberg-tm License (available with this file or online at
+http://gutenberg.org/license).
+
+
+Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm
+electronic works
+
+1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm
+electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to
+and accept all the terms of this license and intellectual property
+(trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all
+the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy
+all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession.
+If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project
+Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the
+terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or
+entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8.
+
+1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be
+used on or associated in any way with an electronic work by people who
+agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few
+things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works
+even without complying with the full terms of this agreement. See
+paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project
+Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement
+and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic
+works. See paragraph 1.E below.
+
+1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation"
+or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project
+Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the
+collection are in the public domain in the United States. If an
+individual work is in the public domain in the United States and you are
+located in the United States, we do not claim a right to prevent you from
+copying, distributing, performing, displaying or creating derivative
+works based on the work as long as all references to Project Gutenberg
+are removed. Of course, we hope that you will support the Project
+Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by
+freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of
+this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with
+the work. You can easily comply with the terms of this agreement by
+keeping this work in the same format with its attached full Project
+Gutenberg-tm License when you share it without charge with others.
+
+1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern
+what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in
+a constant state of change. If you are outside the United States, check
+the laws of your country in addition to the terms of this agreement
+before downloading, copying, displaying, performing, distributing or
+creating derivative works based on this work or any other Project
+Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning
+the copyright status of any work in any country outside the United
+States.
+
+1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg:
+
+1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate
+access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently
+whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the
+phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project
+Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed,
+copied or distributed:
+
+This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
+almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
+re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
+with this eBook or online at www.gutenberg.org
+
+1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived
+from the public domain (does not contain a notice indicating that it is
+posted with permission of the copyright holder), the work can be copied
+and distributed to anyone in the United States without paying any fees
+or charges. If you are redistributing or providing access to a work
+with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the
+work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1
+through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the
+Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or
+1.E.9.
+
+1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted
+with the permission of the copyright holder, your use and distribution
+must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional
+terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked
+to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the
+permission of the copyright holder found at the beginning of this work.
+
+1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm
+License terms from this work, or any files containing a part of this
+work or any other work associated with Project Gutenberg-tm.
+
+1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this
+electronic work, or any part of this electronic work, without
+prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with
+active links or immediate access to the full terms of the Project
+Gutenberg-tm License.
+
+1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary,
+compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any
+word processing or hypertext form. However, if you provide access to or
+distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than
+"Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version
+posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org),
+you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a
+copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon
+request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other
+form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm
+License as specified in paragraph 1.E.1.
+
+1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying,
+performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works
+unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9.
+
+1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing
+access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided
+that
+
+- You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from
+ the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method
+ you already use to calculate your applicable taxes. The fee is
+ owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he
+ has agreed to donate royalties under this paragraph to the
+ Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments
+ must be paid within 60 days following each date on which you
+ prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax
+ returns. Royalty payments should be clearly marked as such and
+ sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the
+ address specified in Section 4, "Information about donations to
+ the Project Gutenberg Literary Archive Foundation."
+
+- You provide a full refund of any money paid by a user who notifies
+ you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he
+ does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm
+ License. You must require such a user to return or
+ destroy all copies of the works possessed in a physical medium
+ and discontinue all use of and all access to other copies of
+ Project Gutenberg-tm works.
+
+- You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any
+ money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the
+ electronic work is discovered and reported to you within 90 days
+ of receipt of the work.
+
+- You comply with all other terms of this agreement for free
+ distribution of Project Gutenberg-tm works.
+
+1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm
+electronic work or group of works on different terms than are set
+forth in this agreement, you must obtain permission in writing from
+both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael
+Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the
+Foundation as set forth in Section 3 below.
+
+1.F.
+
+1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable
+effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread
+public domain works in creating the Project Gutenberg-tm
+collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic
+works, and the medium on which they may be stored, may contain
+"Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or
+corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual
+property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a
+computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by
+your equipment.
+
+1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right
+of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project
+Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project
+Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project
+Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all
+liability to you for damages, costs and expenses, including legal
+fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT
+LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE
+PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE
+TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE
+LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR
+INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH
+DAMAGE.
+
+1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a
+defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can
+receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a
+written explanation to the person you received the work from. If you
+received the work on a physical medium, you must return the medium with
+your written explanation. The person or entity that provided you with
+the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a
+refund. If you received the work electronically, the person or entity
+providing it to you may choose to give you a second opportunity to
+receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy
+is also defective, you may demand a refund in writing without further
+opportunities to fix the problem.
+
+1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth
+in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER
+WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO
+WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE.
+
+1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied
+warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages.
+If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the
+law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be
+interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by
+the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any
+provision of this agreement shall not void the remaining provisions.
+
+1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the
+trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone
+providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance
+with this agreement, and any volunteers associated with the production,
+promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works,
+harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees,
+that arise directly or indirectly from any of the following which you do
+or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm
+work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any
+Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause.
+
+
+Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm
+
+Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
+electronic works in formats readable by the widest variety of computers
+including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists
+because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
+people in all walks of life.
+
+Volunteers and financial support to provide volunteers with the
+assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's
+goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
+remain freely available for generations to come. In 2001, the Project
+Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
+and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
+To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
+and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
+and the Foundation web page at http://www.pglaf.org.
+
+
+Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive
+Foundation
+
+The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
+501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
+state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
+Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification
+number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at
+http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
+permitted by U.S. federal laws and your state's laws.
+
+The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
+Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
+throughout numerous locations. Its business office is located at
+809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
+business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact
+information can be found at the Foundation's web site and official
+page at http://pglaf.org
+
+For additional contact information:
+ Dr. Gregory B. Newby
+ Chief Executive and Director
+ gbnewby@pglaf.org
+
+
+Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation
+
+Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
+spread public support and donations to carry out its mission of
+increasing the number of public domain and licensed works that can be
+freely distributed in machine readable form accessible by the widest
+array of equipment including outdated equipment. Many small donations
+($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
+status with the IRS.
+
+The Foundation is committed to complying with the laws regulating
+charities and charitable donations in all 50 states of the United
+States. Compliance requirements are not uniform and it takes a
+considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
+with these requirements. We do not solicit donations in locations
+where we have not received written confirmation of compliance. To
+SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any
+particular state visit http://pglaf.org
+
+While we cannot and do not solicit contributions from states where we
+have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
+against accepting unsolicited donations from donors in such states who
+approach us with offers to donate.
+
+International donations are gratefully accepted, but we cannot make
+any statements concerning tax treatment of donations received from
+outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff.
+
+Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
+methods and addresses. Donations are accepted in a number of other
+ways including checks, online payments and credit card donations.
+To donate, please visit: http://pglaf.org/donate
+
+
+Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic
+works.
+
+Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm
+concept of a library of electronic works that could be freely shared
+with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project
+Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support.
+
+
+Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
+editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S.
+unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily
+keep eBooks in compliance with any particular paper edition.
+
+
+Most people start at our Web site which has the main PG search facility:
+
+ http://www.gutenberg.org
+
+This Web site includes information about Project Gutenberg-tm,
+including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
+Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to
+subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.
+
+
+</pre>
+
+</body>
+</html>
diff --git a/LICENSE.txt b/LICENSE.txt
new file mode 100644
index 0000000..6312041
--- /dev/null
+++ b/LICENSE.txt
@@ -0,0 +1,11 @@
+This eBook, including all associated images, markup, improvements,
+metadata, and any other content or labor, has been confirmed to be
+in the PUBLIC DOMAIN IN THE UNITED STATES.
+
+Procedures for determining public domain status are described in
+the "Copyright How-To" at https://www.gutenberg.org.
+
+No investigation has been made concerning possible copyrights in
+jurisdictions other than the United States. Anyone seeking to utilize
+this eBook outside of the United States should confirm copyright
+status under the laws that apply to them.
diff --git a/README.md b/README.md
new file mode 100644
index 0000000..4b880d3
--- /dev/null
+++ b/README.md
@@ -0,0 +1,2 @@
+Project Gutenberg (https://www.gutenberg.org) public repository for
+eBook #21289 (https://www.gutenberg.org/ebooks/21289)