diff options
| -rw-r--r-- | .gitattributes | 3 | ||||
| -rw-r--r-- | 21289-8.txt | 1437 | ||||
| -rw-r--r-- | 21289-8.zip | bin | 0 -> 21407 bytes | |||
| -rw-r--r-- | 21289-h.zip | bin | 0 -> 21794 bytes | |||
| -rw-r--r-- | 21289-h/21289-h.htm | 1311 | ||||
| -rw-r--r-- | LICENSE.txt | 11 | ||||
| -rw-r--r-- | README.md | 2 |
7 files changed, 2764 insertions, 0 deletions
diff --git a/.gitattributes b/.gitattributes new file mode 100644 index 0000000..6833f05 --- /dev/null +++ b/.gitattributes @@ -0,0 +1,3 @@ +* text=auto +*.txt text +*.md text diff --git a/21289-8.txt b/21289-8.txt new file mode 100644 index 0000000..13ff024 --- /dev/null +++ b/21289-8.txt @@ -0,0 +1,1437 @@ +The Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de receitas +para fazer rir, by Anonymous + +This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with +almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or +re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included +with this eBook or online at www.gutenberg.org + + +Title: Album chulo-gaiato ou collecção de receitas para fazer rir + +Author: Anonymous + +Release Date: May 4, 2007 [EBook #21289] + +Language: Portuguese + +Character set encoding: ISO-8859-1 + +*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO *** + + + + +Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição +visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was +produced from scanned images of public domain material +from the Google Print project.) + + + + + + + +*ALBUM* + +*CHULO-GAIATO* + +OU + +COLLECÇÃO DE RECEITAS PARA FAZER RIR + + * * * * * + +BRUXELLES +TYP. BRUYLANT-CRISTOPHE ET C^ie +Rue Blaes, 31 +1862 + + + + +*A TENTAÇÃO DE SANTO ANTONIO* + +FANTASIA BURLESCA + + + «O mundo acabar + Penso que vai, + Ai ai! ai ai! + Vou apitar! + Tão rodeado + Estou de diabos + Com unhas e rabos + D'assarapantar! + Raios, coriscos, + Bombas e traques + E mais petiscos + A rabiar + E a estoirar + Em torno de mim! + Zás catrapaz! + Se Deus piedade + Não tem do frade, + Grande caurim + Me vai pregar + Dom Satanaz!» + + Todo a tremer, Santo Antonio + Assim se poz a gritar + Quando o travesso demonio + Em pessoa o foi tentar. + + Sae do inferno + Troça bravia + De quantos demos + Por lá havia. + Em vassouras + Vêem montados, + Com tesouras + E machados + Sobraçados; + Bem armados + D'escupetas, + Estes coçam as carécas, + Aquelles fazem caretas, + Tocando grandes trombetas, + Cavaquinhos e rebecas. + Vem um tocando fagote, + E outro com um chicote + Já começa a sacudir + O habito empoeirado + Do alegre frei Antonio; + Mas o frade atomatado + Logo se põe a fugir + De tão chibante demonio, + Correndo conforme póde + E gritando todo afflicto: + «Aqui d'el-rei, quem m'acode! + Ó da guarda! Eu apito!» + + Dous feios diabos + Mui cabelludos, + Cornos agudos + E longos rabos, + Entram na cella + Do bom santinho; + Vão-lhe á panella + Que ao lume tinha + C'uma gallinha + Paio e toucinho, + Tiram-lhe a tampa, + Comem-lhe tudo, + Deitam-lhe trampa; + Vão-lhe á borracha + Que tem o vinho + N'um esconderijo; + Bebem-lhe tudo + Deitam-lhe mijo. + Á tal cambada + Não escapa nada + Tudo se acha + Quebra e estraga + Mija e caga. + + Uma pequena bonita + Tambem lh'entra na caverna + Toda lépida e catita, + E começa a levantar + O ballão, e linda perna + Logo se põe a mostrar... + «Ai Jesus! diz Santo Antonio + Vai-te d'aqui ó demonio + Não me estejas a tentar...» + + «Façam dançar + Contradançar + Pular + Cantar + Saltar + Esse santinho» + Já diz gritando + Um diabinho + Que está tocando + A desgarrada + N'um cavaquinho. + + Eis toda aquella + Endiabrada + Troça bravia + O bom do Santo, + Que já n'um canto + Se escondia, + Vai buscar. + E a tocar + N'uma panella + Com a tranca + Da janella, + N'uma banca + O faz dançar + Pular + Saltar + Cantar. + + Até Plutão, o rei demonio, + Quiz assistir á funcção, + Pois quer ver se frei Antonio + Se livra da tentação; + E p'ro que der e vier + Comsigo traz a mulher. + + O Santo todo encolhido + No meio d'aquella canalha + Cada vez mais se atrapalha; + Um demo mais atrevido, + Dá-lhe muita bordoada, + E outro feito cupido + Vem por traz com uma setta + E no coração lh'a espéta... + A nada se move o frade + Modelo de castidade!! + + Vendo porém + Que fim não tem + A seringação + Fórma tenção + De s'esconder; + E mui callado + Vai-se a metter + Dentro da cama; + Mas lá recúa + Todo espantado + Pois uma dama + Toda janota, + (Ainda que nua, + Mesmo em pelóta) + Acha deitada + Em seu lugar... + A concubina + Com uns olhinhos + Muito espertinhos + A scintillar + Já o fulmina + E quer tentar... + + A tal menina + É mesmo boa; + Se Prosepina + É em pessoa! + + Santo Antonio atrapalhado + Contempla incendiado + Aquella erotica scena, + E em frente da belleza + De coisas que nunca viu... + Ao poder da natureza, + Com bem custo resistiu... + Mas quando quasi tentado + Com os olhos da pequena, + Vai a cair na esparrella + De saltar a cima della, + Lembra-lhe Deus derepente + Que vai cair em peccado, + Fica todo aforçurado + E como que inspirado, + Vai buscar muito apressado + D'agua benta seis canadas + E nos demos imponente + Ferra boas hysopadas. + Estoira que nem castanhas + Toda aquella diabada, + Cada demo dá um tiro + Que nem uma peça raiada; + E fugindo a bom fugir + Tudo vai em debandada, + Santo Antonio de contente + Dá tamanha gargalhada + Que até no traseiro sente + A fralda toda cagada. + + «Se não vou buscar + Logo tão depressa + A tal agua benta, + De certo me tenta + Aquella travêssa... + Olhem que é ladina, + Mesmo de tentar, + A tal Prosepina! + Mal empregado pexão + Para o dente do Plutão!» + + Lamenta tão pesaroso + A má sorte da pequena + O famoso Santo Antonio, + Que parece já ter pena + De se mostrar tão teimoso + Em resistir ao demonio... + + + + +*O MARIDO E O COMETA* + +DIALOGO CONJUGAL + + +Era uma vez um marido, anno da graça 1861, mas um marido verdadeiro modelo +de todos os maridos. Chamava-se o sr. Carneiro; seu hymeneu fôra +devidamente legalisado e recebera as bençãos da egreja. Era pois esposo, +tanto quanto se póde ser, legal, social, religiosa, e christãmente, da +amavel, bonita e joven Amelia, a quem se ligára com o intuito de perpetuar +a raça dos Carneiros, fim este que infelizmente ainda não alcançára, +apesar da lua de mel ter já o seu anno e meio, e este gasto nas fadigas e +diligencias de que um marido póde dispôr para multiplicar a sua raça. O +sr. Carneiro emagrecia a olhos vistos, e estafava-se em vão. O nosso homem +era um modelo de bondade e simplicidade; era bom e affavel e manso, não +como Carneiro que era, mas como um borrego; nunca fizera mal a pessoa +alguma, e ninguem tambem no mundo podia dizer a mais pequena coisa em seu +desabono. Com taes e quejandos titulos á estima de seus concidadãos, o sr. +Carneiro tinha conseguido tornar-se um dos maridos mais felizes do seu +bairro, que era o Alto. + +Mas o homem nunca está satisfeito sobre a face da terra: o sr. Carneiro +era homem, e por conseguinte tinha aspirações. O seu ideal era a vida +bucolica, amava a chicoria e o feno, adorava os rabanetes, e sonhava +pastoras e zagallos; não podia viver na capital. Suspirava constantemente +pelo chocalho campestre, pelas felicidades ruraes, e a sua paixão pelo +campo não podia achar lenitivo nos esgalhos do Rocio, nas ervas do Passeio +Publico, nas couves da praça da Figueira. + +Por fim os seus sonhos tiveram uma realidade, comprou uma quinta na aldea +de Pae Pires, e transferiu para alli os seus penates. Alli, n'uma +habitação modesta, no declive de um serro, vendo ao longe o Tejo e as suas +faluas, passava o sr. Carneiro uma vida santa, junto de madama Carneira, +como elle lhe chamava, cultivando as suas cebollas, regando a sua horta, +capando o seu meloal. + +Ali fazia admirar á sua cara metade a grossura dos seus pepinos ou a côr +rubicunda dos seus tomates. + +--Vês, menina, lhe dizia, como está lindo este meu pepino; olha para esta +perfeição, parece que d'hontem para hoje cresceu meio palmo. Repara-me +para a belleza d'estes tomates! que côr e que tamanho... + +--É verdade, cada dia estão mais vermelhos... + +--E este melão? + +--Cresce a olhos vistos, como já está redondinho! + +--Ah! filha! não é como tu, segue a lei da naturesa; tudo cresce e se +arredonda cá n'este mundo... só tu, meu anjinho... apesar das minhas +diligencias, persistes em não arredondar essa... + +--Que bonitas estão as batatas. + +--Eu sempre as tive boas. + +--E que bellos grãos de bico! + +--Os grãos são o meu forte... + +--Como a vinha vae arrebentando... + +--Tudo arrebenta e produz... só tu não me produzes nada... (dá um profundo +suspiro). + +--Que animal é aquelle que está bebendo além, no rio? + +--Julgo que é um burro, queridinha. + +--Engana-se, é boi, senhor Carneiro. + +--Boi, boi! será... mas não lhe vejo as armas... + +--Jesus! que bicho tão feio que eu ia pisando! Mate-me este bicho, sr. +Carneiro... que nojo! + +--Ah! ah! ah! Ora não ha uma tolinha assim! um caracol, pois mette-te medo +um caracol? + +--Olhe, só os paus que elle tem; t'arrenego! não se veem senão animaes +bicorneos por estes sitios... eu que sempre embirrei com estes bichos! + +--Não te zanques commigo, menina... isto é o animal mais innocente que eu +conheço... + +--Que quer? não está mais na minha mão; diga lá o que disser, n'este ponto +não posso vencer a minha repugnancia... + +(O marido toma o caracol entre dois dedos.) + +--Olha vês, não faz mal. Caracol, caracol, põe os corninhos ao sol... + +--Deite isso fóra... que me ataca os nervos... + +--Socega, filha, ja deito... + +--Esteja quieto! tire isso para lá! + +--Então não vês que já o não tenho na mão! Pobre amorsinho, que medo que +teve... mas agora dá um beijinho... (quer abraçal-a.) + +--Vá primeiro lavar essas mãos; que nojo, não sei o que me parece a tal +reima dos caracoes... + +--Vamos limpal-as aqui na relva... senta-te aqui ao meu lado... + +--Era o que faltava! para me escangalhar o balão. + +--Ah! trazes balão? (vae para apalpar.) + +--Esteja quieto que me faz cocegas! + +--Tem a saia cheia de nodoas verdes... + +--São ervas pisadas. + +--E n'um sitio esquisito! + +--Não sei quem me poz n'este estado... + +--Eu decerto não fui. Seria hontem na quinta do Alfeite, quando te +perdeste no labyrintho... + +Ah! sim, quando o primo Montenegro me lá foi buscar... que bom rapaz que é +este nosso primo e hospede... se não fosse elle ainda estava a estas horas +em procura da saída... + +--E como elle soube entrar e saír com a mesma facilidade... como elle sabe +d'aquelles torcicolos... + +--É porque sabe desenho. + +--Mas sentemo-nos, a erva está tão fresca. Com o calor que está ha de ser +um prazer... pódes até levantar as saias para apanhar mais fresco... + +--Obrigada, fresca estou eu... + +--Que bella noite, que ar tão puro! como é bom ver as estrellas, assim, ao +pé d'uma linda rapariga como tu! + +--Digo-lhe que tenho frio, estou fria que nem uma pedra... + +--Pois eu estou quente que nem uma braza... + +--É feliz. + +--Podia sel-o... se quizesse... não me resista... ora está agora com medo +do seu Carneiro... eu sou sempre o mesmo, aqui e em casa... + +--Esteja quieto, senhor, agora aqui no meio da rua... + +--Estamos em nossa casa, não offendemos a moral publica... + +--Faz luar como de dia... + +--Melhor se vê o que se faz... + +--São coisas que não gosto de fazer contra vontade! + +--Tambem, não sei quando tem vontade! + +--Olhe que se espeta nos arcos do balão. + +--Maldita moda que cá havia de vir! + +--Bem sabe que sou delicada... olhe que me ataca os nervos a mais pequena +coisa... + +--Pequena, pequena! pois esta não é das maiores... + +--Pelo que vejo quer-me ver doente... já estou com uns arripios... + +--Olha, embrulha-te no meu paletot... (aproxima-se ainda mais da mulher) +apertemo-nos bem um contra o outro... assim, assim... vês? aposto que +d'aqui a cinco minutos estás a suar em bica... + +--Jesus! que scena! olha se algum visinho vê... que quadro vivo este! + +--Estou vendo que o não fazem todos! (Amelia geme e suspira, o que faz +suspender Carneiro.) Mas emfim, se estás incommodada... + +--Incommodada não é... mas... estas coisas tocam-me sempre os nervos... + +--É a peior coisa que ha, é uma mulher nervosa... + +--Sinto não sei o que, cá por dentro... + +--Isso é agora... o que faria se... + +--Sinto um peso... + +--Mas em que sitio? (Áparte.) Se fosse na barriga... + +--Por todo o corpo. + +--Elle em alguma parte ha de ser... no peito, na cabeça, no ventre? + +--É ao pé do ventre... não me sinto bem, parece-me que vou desmaiar... + +--Louvado seja Deus! és muito delicada... sempre perdes as forças nestas +occasiões! + +--Estou como que penetrada por um raio... + +--Então vamos para casa. + +--Não, eu vou, fica tu. + +--Vamos ambos para a cama. + +--Vou-me deitar. + +--Deixa-me ir comsigo? + +--Eu não tenho medo, fique tomando o fresco... + +--Mas eu queria-te ir aquecer. + +--Eu aqueço bem sem o seu auxilio... + +--Isso é birra... eu como marido tenho tambem os meus direitos... + +--Mas eu estou doente... sinto agora um calor... + +--É febre talvez... + +--Por isso mesmo não se chegue para mim... + +--Vou chamar o medico. + +--Não é preciso. O que elle me receitava, é o que eu vou fazer... dormir +um somno longe de meu marido... ámanha tem-me sã como um pero... + +--Queira Deus! + +--Isto passa em me deixando descançar. + +--Então não queres que vá ao menos ajudar-te a despir? + +--Nada, socego é o que eu preciso. + +--Mas... + +--É verdade não me disse hontem que, queria hoje observar o cometa? + +--Fazia até tenção de t'o mostrar... + +--Vel-o-hei em sonhos. + +--Ámanhã será em realidade... não é assim meu amor? + +--Eu faço ideia; é uma coisa muito comprida. + +--Qual historia! verás que não é tão grande como julgas... e então visto +pelo meu excellente telescopio! Has de ver-lhe toda a cabelleira... + +--Como está tolo com o seu telescopio... tambem o primo Montenegro tem um +que não é dos peores... + +--Aposto que não tem a grossura do meu! + +--Bom, por hoje basta... + +--Paciencia, não ha remedio: vae-te deitar com Deus, já que não póde ser +comigo... Se tiveres precisão de alguma coisa de noite, chama-me... bem +sabes como sempre sou prompto em te prestar os meus serviços, seja a que +hora da noite fôr... + +--Prompto até de mais! ao menor movimento que faço, elle ahi está em cima +de mim, a atenazar-me... Mas bem sabe o mal que me faz quando me acorda de +noite; é ataque de nervos certo no dia seguinte, e fico mole, amarella, +com olheiras... + +--Bem, bem, vá descançada que lhe não interromperei o seu somno. + +--Promette-m'o? + +--Juro-o. + +--Bonito! então boas noites. + +--Nem um beijinho me dá! + +--Dou, mas com a condição de cumprir o seu juramento. + +--Qual. + +--O de não entrar no meu quarto esta noite. + +--Está dito. + +--Então dê lá o beijo. (Dá-lhe a face a beijar, Carneiro beija-lh'a +sofregamente, apertando-lhe ao mesmo tempo a cintura com avidez.) + +--Jesus! que cintura tão elastica! + +--Esteja quieto, não se adiante! o que me pediu foi um beijo... + +Valha-te Deus, menina! Vae-te lançar nos braços de Morpheu, e pede-lhe uma +boa dose de sumo de dormideiras. + +--Adeus meu Carneirinho. + +--Adeus minha Carneirinha... Olha, deita-te para o lado direito... não te +ponhas de costas, bem sabes que te faz mal... + +--Bem me lembro de hontem á noite... + +--É verdade, quando gemeste tão significativamente, que eu julguei +estarias com algum pesadelo... + +--Ora! se eu parecia que estava esborrachada... nem respirar podia... +estava a sonhar que o tinha em cima de mim... + +--E gritava de tal maneira, que eu no quarto contiguo, ouvi e fui +acudir... mas felizmente o nosso primo e hospede, Montenegro, já tinha +chegado antes de mim... + +--Que bom primo que é aquelle rapaz! + +--Se o ceu nos désse um filho, estou certo que o estimava... + +--Havia de amal-o como se fosse delle proprio... + +--Ha-de ser o padrinho do nosso primeiro _néné_... + +--Isso tem tempo... ainda eu... + +--Louvado seja Deus! muito me tem custado a fazer o tal herdeiro... + +--Agora tenho esperanças que brevemente... + +--Sim? oh grande Deus! será possivel? + +--Bom, deixe-me ir deitar... + +--Vae filha, e dorme bem, eu vou ver se bispo o cometa. + +E nisto, depois de acompanhar sua mulher á porta do quarto, voltou logo +para o terrado, afim de melhor observar a passagem do astro cabelludo. + +Madama Carneira entrou no quarto e ahi encontrou o primo Montenegro, que a +esperava para lhe mostrar tambem o cometa com o seu telescopio... + +Alguns mezes depois madama Carneira brindava seu marido com o esperado e +desejado herdeiro, que tantas fadigas lhe custára... + + + + +*A FRANCISCANADA* + +CONTO + + + Que grande franciscanda + Vai fazer com frei Bento + Frei João e frei Monteiro + P'ra longe do convento? + + Bom alforge levam cheio, + Recheiado de finorio + Presunto, e grosso paio, + Furtados no refeitorio. + + Frei Bento vai ajoujado + Com tremebunda borracha; + Chega o rancho a uma tasca + Para a horta lá se encaixa. + + Frei João despindo o habito + E de manga arregaçada + Tempra e meche aforçurado + Um alguidar de salada. + + Frei Monteiro pisca o olho + Á moça, que é rapariga, + E frei Bento sem c'rimonia + Um chouriço já mastiga. + + Voam paios e presuntos + Tal é a gula e a gana, + Torna-se logo a borracha + Em famosa carraspana. + + Depois alegres cantando + Lá se vão abarrotados + Ao convento recolhendo + Pelos muros encostados. + + Chama a campa ao refeitorio, + Pois são horas de ceiar, + A fradalhada apparece + Mas não acha que trincar. + + --«Que pouca vergonha é esta?» + Grita logo frei Martinho, + «Que é dos nossos grossos paios, + O presunto e mais o vinho?» + + --«Fomos roubados», responde + O padre refeitoreiro, + «Tudo lambeu frei João + Com frei Bento e frei Monteiro!» + + --«Ah! bebedos! ah glotões! + Ah! cambada de marotos!...» + Berra o padre provincial + Dando cinco ou seis arrotos. + + --«Hão de caro pagal-o!» + Brada em peso o convento, + «Hão de levar bons açoites + Frei Monteiro e frei Bento; + + «E tambem Dom frei João + Ha de leval-o o diabo! + Tudo quanto nos comeram + Ha de lhes saír do rabo!» + + Todos logo bem armados + De sandalias gigantescas + Tratam de pôr á vela + As seis nadegas fradescas. + + E depois sem mais demora + Pé atraz e furibundos + Tocam todas as matinas + Nos traseiros rubicundos. + + Eis no meio da batalha, + Quando tudo em confusão + 'Stá batendo a bom bater, + Dá um peido frei João! + + Mas não é peido de medo + É um peido tremobundo, + Peido de frade, que é + O maior que ha neste mundo. + + Se o famoso Garibaldi + Um tiro destes lh'escapa + Lá se vão com mil diabos + Os exercitos do Papa. + + Foge tudo com o estoiro + E ainda mais com o cheiro, + Aquelles que mais gritaram + São os que fogem primeiro. + + Frei João põe em derrota + O resto da fradalhada, + Dizendo-lhe que ainda tem + A peça bem carregada... + + + + +*SONETO* + +A UM ZELADOR DOS MIJADEIROS + + + O incauto saloio, o venal gallego + Espreitas esfaimado atraz da esquina, + Armado de catana serpentina + Vermelho como um paio de Lamego. + + Tão ufano estás com teu sujo emprego, + Que pareces uma ave de rapina, + Prendendo a trouxe mocho quem urina + Com a velha chibança d'um _morcêgo_[1]. + + Não sejas papelão, pesa as razões, + Olha que se a fortuna não sorri, + Falta o mijo e adeus os dez tostões! + + Por isso vou um conselho dar-te aqui: + É que respeites todos os mijões + Em quanto mijando forem p'ra ti. + +[1] Antigo soldado da policia. + + +CONSEQUENCIAS DE NÃO SER BACHAREL + + Quer ser guarda de commuas + Certo João Raphael, + Mas fica a chuchar no dedo + Visto não ser bacharel. + + +UM DEPUTADO DA MODA + + Hontem estava em minha casa, + E por signal a dormir, + Á porta sinto bater, + Levantei-me e fui abrir. + + Era o doutor Gatazio, + Bacharel e fidalgote, + --Vai torta! digo comigo, + Vem ferrar-me algum calote! + + Eis entra com ar risonho + E sentando-se ao meu lado, + «Amigo, diz, dou-te parte + Que estou feito deputado.» + + +UMA VALENTONA + + A honra de Eliza bella + Atacam quinze soldados, + Vence um a cidadella + Quatorze são derrotados. + + + NOZ E A MULHERA + + Como a noz foi a mulher + Neste mundo fabricada, + Não se conhece que é podre + Senão depois de rachada. + + +EPITAPHIO PARA UM PAE DA PATRIA + + Aqui jaz dormindo a sesta + Um bacharel formado, + Foi barbeiro, deputado, + Caloteiro e grande besta. + + +OUTRO PARA UMA MULHER FELIZ + + Dona Justina de Sousa + Nesta campa aqui repousa, + Foi no mundo afortunada + Visto que até morrer + Passou sempre por honrada + Tendo a dita de o não ser... + + +UMA MULHER COMO TODAS DEVIAM DE SER + + Das miserias deste mundo + Se compadece Maria, + E cheia de dó profundo + Seis ditosos faz por dia... + + +UMA VIUVA JUDICIOSA + + A viuva d'um entrevado + Já novo marido tomar + Queria, passados dois mezes + Do velho marido enterrar. + + É cedo, lhe diz um visinho, + Homem de agudo pensar, + Sem estar uns dez mezes viuva + Assento não deve casar. + + Essa é boa! diz a matrona, + Então não se devem contar + Oito mezes que estuporado + Na cama elle esteve a penar? + + + + +*Pratica feita á missa do dia pelo muito reverendo prior de...* + + «_Deus dixit Petro ubi sunt oves meæ; + nescio, respondit autem Petrus_» + + +Deus disse a Pedro «que é das minhas ovelhas?» e Pedro respondeu «eu não +sei d'ellas.» + +Que bondade, que prudencia, que sabedoria, meus queridos irmãos, não +devemos nós admirar em Pedro; que, mesmo no momento em que seu Divino +Mestre lhe pergunta, onde estão as minhas ovelhas; responde com toda a +delicadeza que não sabe d'ellas, porque essas ovelhas não estavam em +estado de apparecerem perante o seu Senhor. Asneiras, meus caros ouvintes, +eu não tinha esse genio, não sou mentiroso nem falso, não tenho papas na +lingua, e se o Mestre me pergutasse, como a Pedro, onde estão as minhas +ovelhas, eu logo lhe dizia sem mais cerimonia, foram pastar para casa do +diabo, Senhor. + +E com effeito, se Elle tivesse vindo hontem á noite perguntar-me pelas +minhas ovelhas, que lhe havia eu de responder? + +Elle que recommenda tanto no seu Evangelho, que as ovelhas se conservem +sempre separadas dos competentes bodes, o que teria Elle dito se visse +essas mesmas ovelhas misturadas com os bodes, saltando uns em cima dos +outros, e a fazerem gaifonas ao seu pastor! + +Sim, amados irmãos, foi grande a balburdia, e ao aspecto de tal desordem, +o amor pelo meu rebanho animou-se de um santo zelo e ardendo em fogo, +corri de cajado na mão, para arrancar as minhas innocentes ovelhas das +dentuças dos lobos encarniçados. Mas, ó dôr, ó desdita, ó patifaria! as +minhas ricas ovelhinhas já não escutam a minha voz; já penetradas pelos +agudos dardos d'aquelles diabos e inundadas pelos seus liquidos venenosos +e seductores, estavam indoceis e levadas da breca. O meu cajado, outr'ora +tão poderoso, não póde juntar senão um pequeno numero, que trago para o +meu curral, onde as hei de ter fechadas e guardadas até que deem os +fructos do seu arrependimento. + +Mas vós, amados ouvintes, vós, os que fostes fieis, lamentae a desgraça de +vossos irmãos; comportae-vos sempre bem, e tomae para exemplo esses +grandes santos da antiguidade; menos um tal santo Agostinho, que, segundo +dizem, foi um grande pandigo, quando moço, e é por esse motivo que eu +nunca vos fallo d'elle. + +Fallemos antes d'aquelle santo Chrisologo, que diz que um cura é um sol, e +os seus freguezes são uns átomos. Mas eu não sei que diabo de átomos vocês +são! não me pagam a congrua, querem que os case de graça e ainda em cima +dizem: «ora, estamos nas malvas para o _seu_ padre cura, elle não tem +filhos para sustentar!» Vocês sabem la disso? Não sabem que nós outros +padres, temos mais trabalho em os esconder, do que vocês em os fazer?... + +Mas voltando á vacca fria, pensemos na vossa conversão, se ella é +possivel. + +Julgo que a melhor maneira de o conseguir é fallando-vos das maroteiras +que se fazem na freguezia. + +Por exemplo: o João da Canhota, regedor, sae á noite e se ha de vir ao +sermão, vai-se metter em casa da Felicia do Frade, e não sae de lá senão +de madrugada. Diz que vae tomar chá, mas imaginem os ouvintes que +qualidade de chá elle não tomará... + +Aqui não ha senão desordem e immoralidade. Immoralidade nos velhos, +immoralidade nos moços, immoralidade nos grandes, immoralidade nos +pequenos. + +Digo immoralidade nos velhos, porque esses velhos, raça damnada de Caim, +depois de haverem passado toda a vida... em patuscadas e pandigas, ainda +mesmo arrumados ao bordão e de cabeça calva, se vão metter em logares +suspeitos! Infames velhos de Suzana! quando é que lhes acabarão as furias +carnaes e burriçaes? + +Immoralidade nos moços. Os rapazes e as raparigas andam por essas ruas aos +beijos e abraços, cantando cantigas indecentes e immoraes; ainda eu hontem +ouvi a filha do Thomaz da Horta e o filho do Ignacio do Dente a cantarem o +Pirolito que bate que bate! Ora não ha maior pouca vergonha, uns fedelhos +que ainda cheiram a coeiros e já sabem o que isto quer dizer! + +Immoralidade nos grandes. Esses mariolões e essas mocetonas que vão todos +os dias para o matto, sob pretexto de que vão buscar lenha, e por fim +fazem por lá couzas do arco da velha... Lenha no forno queriam ellas, +malditas! + +E quando vão aos figos! O que acontece? + +As raparigas sobem para cima das arvores e os mariolões ficam em baixo, a +olhar para cima e a dizer: Olha Antonia vejo-te os calcanhares, e as +pernas, e os joelhos, e o... + +Ponham cobro a este escandal-o, amados irmãos, são couzas que se não devem +ver senão em certas occasiões. Eu não pego aos rapazes e ás raparigas que +vão ao matto e comam por lá o seu figuinho e mesmo que subam ás figueiras, +mas para evitar indecencias, as raparigas fiquem debaixo e os rapazes que +lhes vão acima. + +Immoralidade nos pequenos. Essa gaiatada miuda que anda todos os dias a +correr pelo adro cá da freguezia, onde estão as campas dos nossos +antepassados, e que depois vão fazer as suas necessidades mesmo á porta da +sachristia. Se não teem respeito pelos mortos, tenham ao menos compaixão +pelos vivos, não póde uma pessoa entrar na egreja pela porta de traz sem +ficar a bem dizer atolado até o nariz. Já disse ao sr. regedor da +freguezia que pozesse mão n'estas cousas, mas por ora continúa a mesma +marmelada á porta da sachristia. + +Tambem é digno de reprehensão o comportamento d'essas mulheres casadas, +que sem nenhuma consideração pelos seus maridos, se levantam do leito +conjugal de madrugada, sob pretexto de levarem o gado ao campo, e depois +de andarem lá por fóra a laurear, em pernas, recolhem-se para casa frias +de neve, e vão-se outra vez metter na cama com os maridos e arripial-os +sem piedade! Pobres homens! Se fosse comigo, que coça que ellas não +levavam... + +Tambem ha certa moça cá na freguezia, que eu trago d'olho ha dias, cá por +certa cousa. Eu devia já dizer quem é, mas emfim por hoje limitar-me-hei +só a mettel-a na sachristia e arrumar-lhe um lembrete... domingo direi +quem é, se não tomar juizo... por agora saibam unicamente que é a unica na +freguezia que usa ligas encarnadas... (_Pausa, rumor na egreja._) + +Domingo, de hoje a oito dias, me alargarei mais sobre os homens, coçarei +as mulheres casadas, e caírei em cima das solteiras, se não tomarem juizo +d'aqui até lá. + +Sendo hoje dia de festa e estando a chuver far-se-ha a procissão só por +baixo da egreja, pois eu não estou para apanhar alguma porrada d'agua. Não +precisa vir toda a gente a ella, basta que de cada familia venha um varão. + +A proposito de procissão, tenho a dizer-vos, amados ouvintes, que os +santos cá da freguezia vão estando muito chimfrins. Eu não dava tres +vintens por elles. O São Miguel é que está assim mais direitinho, mas o +diabo que está por baixo já não tem cornos; pois olhem, não ha na +freguezia poucos homens ricos no caso de lh'os darem. O calvario tambem +não está mau; todos os instrumentos da paixão estão em bom estado, +falta-lhe só o gallo, mas a isso não direi nada, porque ha poucos na +freguezia e as gallinhas precisam d'elles: no entanto se houver por ahi +alguma dona de casa que tenha dois, que me mande para cá um. + +Esta semana não ha jejum, podem comer tudo quanto quizerem e bebam-lhe +melhor; ha só a bemaventurada santa rainha, que cura a tinha; é quinta +feira, sexta feira ha feira e domingo é a festa de São Simão e São Judas. +Tambem, não sei quem foi o diabo do animal que se lembrou de pôr Judas no +calendario. Juro-vos, amados ouvintes, que se não fosse domingo não lhe +fazia festa, era o que merecia o senhor S. Simão por caír na asneira de se +ir metter com similhante tratante. + +Mas acabemos com esta maçada. + +Ó _seu Zé_, accenda os sinos e mande tocar as vellas, accenda a agua benta +e bote agua no thuribulo... não, enganei-me, faça o contrario de tudo +isto. + +No entretanto façamos as nossas costumadas e ordinarias orações. + +Oremos pela conservação da nossa bemaventurada mãe catholica, apostolica e +romana; pela _estripação_ da _cisma_ e abaixamento da hydropisia; oremos +tambem pelos ricassos cá da freguezia, a fim de que Deus os mantenha na +sua honesta pobreza; pois se fossem mais ricos punham-nos o pé no pescoço. +Oremos pelos ausentes e pelos viajantes, afim de se deixarem por lá estar, +se estão bem; oremos pelo feliz successo das mulheres pejadas, afim de que +Deus lhes faça a mercê de largarem o fructo com a mesma facilidade e +doçura com que o comeram. Oremos, n'uma palavra, pela conservação dos bens +da terra, como salada, couves, batatas, pepinos e tomates, e pela +extincção dos seus males, como formigas, lagartos, ortigas, pulgões e +ratazanas... etc. + + + + +*A opinião publica* + + + Depois de longo derriço + Casou João com Maria, + E passados quatro mezes + Tem um filho já Maria. + Fallam do caso as visinhas + Chora João, ri Maria. + «Casei bem tarde, já vejo», + Diz o coitado a Maria, + «Fui eu que cedo pari» + Ao marido diz Maria. + O mundo ri de João + E acha razão a Maria. + + + + +*Carta corographica do reino do hymeneu* + + +Esta carta, resultado das pesquizas e estudos dos viajantes que teem +visitado aquelle reino, é de muita utilidade para aquelles que se quizerem +abalançar a emprehender viagem para sítios tão amenos e escabrosos ao +mesmo tempo. Eil-a: + +O reino do hymeneu, fica a dois graus de longitude e cincoenta e um de +latitude, meridiano de Pariz, de sorte que fica justamente sobre a zona +dos Paizes Baixos. Não obstante, o seu clima, principalmente o das +provincias mais ferteis, é o da zona torrida. + +O aspecto do paiz é encantador, visto de longe, mas vae perdendo a belleza +á medida que uma pessoa se aproxima das suas costas. A primeira terra que +se encontra, logo nas fraldas das suas montanhas, chama-se o _porto +desejado_, o qual dá entrada para o _cabo da saciedade_, cabo este mui +difficil de dobrar, e todos aquelles que emprehendem esta viagem, se +espedaçam muitas vezes nos baixios do aborrecimento. Aquelles que escapam +ao perigo, ficam por muito tempo em calmaria primeiro que cheguem á _bahia +da conveniencia mutua_. + +Os campos aqui apresentam de fóra um aspecto muito insipido. Antes de +chegar a este porto é frequente experimentar os violentos safanões dos +ventos do ciume e do mau humor. A maior parte dos navegantes, chegados que +são a esta ultima bahia, desejam voltar para traz, mas em taes alturas +isso é cousa inteiramente impossivel. Abordando á _bahia da conveniencia +mutua_ muitos soffrem terriveis furacões e correntes rapidas, que os +lançam nos gurgulhões da velhice prematura, onde geralmente os navegantes +perdem as agulhas e ficam com agua aberta á mercê das ondas, appellando +todos os dias para o favor dos ventos. + +Felizes d'aquelles que podem constantemente conservar-se nas alturas da +_affeição mutua_, as quaes ficam entre o _porto do desejo_ e o _cabo da +saciedade_. + + + + + +End of the Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de +receitas para fazer rir, by Anonymous + +*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO *** + +***** This file should be named 21289-8.txt or 21289-8.zip ***** +This and all associated files of various formats will be found in: + http://www.gutenberg.org/2/1/2/8/21289/ + +Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição +visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was +produced from scanned images of public domain material +from the Google Print project.) + + +Updated editions will replace the previous one--the old editions +will be renamed. + +Creating the works from public domain print editions means that no +one owns a United States copyright in these works, so the Foundation +(and you!) can copy and distribute it in the United States without +permission and without paying copyright royalties. Special rules, +set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to +copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to +protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project +Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you +charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you +do not charge anything for copies of this eBook, complying with the +rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose +such as creation of derivative works, reports, performances and +research. They may be modified and printed and given away--you may do +practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is +subject to the trademark license, especially commercial +redistribution. + + + +*** START: FULL LICENSE *** + +THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE +PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK + +To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free +distribution of electronic works, by using or distributing this work +(or any other work associated in any way with the phrase "Project +Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project +Gutenberg-tm License (available with this file or online at +http://gutenberg.org/license). + + +Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm +electronic works + +1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm +electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to +and accept all the terms of this license and intellectual property +(trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all +the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy +all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession. +If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project +Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the +terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or +entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8. + +1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be +used on or associated in any way with an electronic work by people who +agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few +things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works +even without complying with the full terms of this agreement. See +paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project +Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement +and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic +works. See paragraph 1.E below. + +1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation" +or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project +Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the +collection are in the public domain in the United States. If an +individual work is in the public domain in the United States and you are +located in the United States, we do not claim a right to prevent you from +copying, distributing, performing, displaying or creating derivative +works based on the work as long as all references to Project Gutenberg +are removed. Of course, we hope that you will support the Project +Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by +freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of +this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with +the work. You can easily comply with the terms of this agreement by +keeping this work in the same format with its attached full Project +Gutenberg-tm License when you share it without charge with others. + +1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern +what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in +a constant state of change. If you are outside the United States, check +the laws of your country in addition to the terms of this agreement +before downloading, copying, displaying, performing, distributing or +creating derivative works based on this work or any other Project +Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning +the copyright status of any work in any country outside the United +States. + +1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg: + +1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate +access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently +whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the +phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project +Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed, +copied or distributed: + +This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with +almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or +re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included +with this eBook or online at www.gutenberg.org + +1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived +from the public domain (does not contain a notice indicating that it is +posted with permission of the copyright holder), the work can be copied +and distributed to anyone in the United States without paying any fees +or charges. If you are redistributing or providing access to a work +with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the +work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1 +through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the +Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or +1.E.9. + +1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted +with the permission of the copyright holder, your use and distribution +must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional +terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked +to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the +permission of the copyright holder found at the beginning of this work. + +1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm +License terms from this work, or any files containing a part of this +work or any other work associated with Project Gutenberg-tm. + +1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this +electronic work, or any part of this electronic work, without +prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with +active links or immediate access to the full terms of the Project +Gutenberg-tm License. + +1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary, +compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any +word processing or hypertext form. However, if you provide access to or +distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than +"Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version +posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org), +you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a +copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon +request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other +form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm +License as specified in paragraph 1.E.1. + +1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying, +performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works +unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9. + +1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing +access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided +that + +- You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from + the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method + you already use to calculate your applicable taxes. The fee is + owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he + has agreed to donate royalties under this paragraph to the + Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments + must be paid within 60 days following each date on which you + prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax + returns. Royalty payments should be clearly marked as such and + sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the + address specified in Section 4, "Information about donations to + the Project Gutenberg Literary Archive Foundation." + +- You provide a full refund of any money paid by a user who notifies + you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he + does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm + License. You must require such a user to return or + destroy all copies of the works possessed in a physical medium + and discontinue all use of and all access to other copies of + Project Gutenberg-tm works. + +- You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any + money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the + electronic work is discovered and reported to you within 90 days + of receipt of the work. + +- You comply with all other terms of this agreement for free + distribution of Project Gutenberg-tm works. + +1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm +electronic work or group of works on different terms than are set +forth in this agreement, you must obtain permission in writing from +both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael +Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the +Foundation as set forth in Section 3 below. + +1.F. + +1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable +effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread +public domain works in creating the Project Gutenberg-tm +collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic +works, and the medium on which they may be stored, may contain +"Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or +corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual +property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a +computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by +your equipment. + +1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right +of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project +Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project +Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project +Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all +liability to you for damages, costs and expenses, including legal +fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT +LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE +PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE +TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE +LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR +INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH +DAMAGE. + +1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a +defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can +receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a +written explanation to the person you received the work from. If you +received the work on a physical medium, you must return the medium with +your written explanation. The person or entity that provided you with +the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a +refund. If you received the work electronically, the person or entity +providing it to you may choose to give you a second opportunity to +receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy +is also defective, you may demand a refund in writing without further +opportunities to fix the problem. + +1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth +in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER +WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO +WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE. + +1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied +warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages. +If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the +law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be +interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by +the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any +provision of this agreement shall not void the remaining provisions. + +1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the +trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone +providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance +with this agreement, and any volunteers associated with the production, +promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works, +harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees, +that arise directly or indirectly from any of the following which you do +or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm +work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any +Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause. + + +Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm + +Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of +electronic works in formats readable by the widest variety of computers +including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists +because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from +people in all walks of life. + +Volunteers and financial support to provide volunteers with the +assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's +goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will +remain freely available for generations to come. In 2001, the Project +Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure +and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. +To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation +and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 +and the Foundation web page at http://www.pglaf.org. + + +Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive +Foundation + +The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit +501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the +state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal +Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification +number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at +http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg +Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent +permitted by U.S. federal laws and your state's laws. + +The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. +Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered +throughout numerous locations. Its business office is located at +809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email +business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact +information can be found at the Foundation's web site and official +page at http://pglaf.org + +For additional contact information: + Dr. Gregory B. Newby + Chief Executive and Director + gbnewby@pglaf.org + + +Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg +Literary Archive Foundation + +Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide +spread public support and donations to carry out its mission of +increasing the number of public domain and licensed works that can be +freely distributed in machine readable form accessible by the widest +array of equipment including outdated equipment. Many small donations +($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt +status with the IRS. + +The Foundation is committed to complying with the laws regulating +charities and charitable donations in all 50 states of the United +States. Compliance requirements are not uniform and it takes a +considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up +with these requirements. We do not solicit donations in locations +where we have not received written confirmation of compliance. To +SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any +particular state visit http://pglaf.org + +While we cannot and do not solicit contributions from states where we +have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition +against accepting unsolicited donations from donors in such states who +approach us with offers to donate. + +International donations are gratefully accepted, but we cannot make +any statements concerning tax treatment of donations received from +outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. + +Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation +methods and addresses. Donations are accepted in a number of other +ways including checks, online payments and credit card donations. +To donate, please visit: http://pglaf.org/donate + + +Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic +works. + +Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm +concept of a library of electronic works that could be freely shared +with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project +Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. + + +Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed +editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. +unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily +keep eBooks in compliance with any particular paper edition. + + +Most people start at our Web site which has the main PG search facility: + + http://www.gutenberg.org + +This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, +including how to make donations to the Project Gutenberg Literary +Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to +subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks. diff --git a/21289-8.zip b/21289-8.zip Binary files differnew file mode 100644 index 0000000..ba37148 --- /dev/null +++ b/21289-8.zip diff --git a/21289-h.zip b/21289-h.zip Binary files differnew file mode 100644 index 0000000..04c24c4 --- /dev/null +++ b/21289-h.zip diff --git a/21289-h/21289-h.htm b/21289-h/21289-h.htm new file mode 100644 index 0000000..888b5fe --- /dev/null +++ b/21289-h/21289-h.htm @@ -0,0 +1,1311 @@ +<!DOCTYPE html + PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN" + "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-transitional.dtd"> +<html> + +<head> + <title>ALBUM CHULO-GAIATO</title> + <meta name="AUTHOR" content="Anonimo" /> + <meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1" /> + <style type="text/css"> + + body {width: 80%; margin-left:10%} + + h1, h2, h4 { text-align: left} + h1 {margin: 2em; text-align: center} + h2, h4 {margin-top: 2em} + + .author {font-family: serif; font-style:italic; font-weight: bold} + + pre {font-family: serif} + + .ficha_tecnica {text-align:center} + + .indice {text-align:left; margin-left: 40%} + + .quote { + margin-left: 20%; + } + + .small-caps { + font-variant: small-caps; + margin-left: 20%; + } + + .small-hr { + width: 10%; + margin-left: 45%; + border: solid 1px #c0c0c0; + } + </style> + +</head> +<body> + + +<pre> + +The Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de receitas +para fazer rir, by Anonymous + +This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with +almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or +re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included +with this eBook or online at www.gutenberg.org + + +Title: Album chulo-gaiato ou collecção de receitas para fazer rir + +Author: Anonymous + +Release Date: May 4, 2007 [EBook #21289] + +Language: Portuguese + +Character set encoding: ISO-8859-1 + +*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO *** + + + + +Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição +visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was +produced from scanned images of public domain material +from the Google Print project.) + + + + + + +</pre> + + +<div class="ficha_tecnica"> + +<h1>ALBUM</h1> + +<h1>CHULO-GAIATO</h1> + +OU<br /> + +<h3>COLLECÇÃO DE RECEITAS PARA FAZER RIR</h3> + +<hr /> + +<p>BRUXELLES<br /> +TYP. BRUYLANT-CRISTOPHE ET C^ie<br /> +Rue Blaes, 31<br /> +1862</p> +</div> + + + + +<h2>A TENTAÇÃO DE SANTO ANTONIO</h2> + +<h4>FANTASIA BURLESCA</h4> + + +<pre>«O mundo acabar +Penso que vai, +Ai ai! ai ai! +Vou apitar! +Tão rodeado +Estou de diabos +Com unhas e rabos +D'assarapantar! +Raios, coriscos, +Bombas e traques +E mais petiscos + A rabiar + E a estoirar +Em torno de mim! + Zás catrapaz! +Se Deus piedade +Não tem do frade, +Grande caurim +Me vai pregar +Dom Satanaz!»</pre> + +<pre>Todo a tremer, Santo Antonio +Assim se poz a gritar +Quando o travesso demonio +Em pessoa o foi tentar.</pre> + +<pre> Sae do inferno + Troça bravia + De quantos demos + Por lá havia. + Em vassouras + Vêem montados, + Com tesouras + E machados + Sobraçados; + Bem armados + D'escupetas, +Estes coçam as carécas, +Aquelles fazem caretas, +Tocando grandes trombetas, +Cavaquinhos e rebecas. +Vem um tocando fagote, +E outro com um chicote +Já começa a sacudir +O habito empoeirado +Do alegre frei Antonio; +Mas o frade atomatado +Logo se põe a fugir +De tão chibante demonio, +Correndo conforme póde +E gritando todo afflicto: +«Aqui d'el-rei, quem m'acode! +Ó da guarda! Eu apito!»</pre> + +<pre> Dous feios diabos + Mui cabelludos, + Cornos agudos + E longos rabos, + Entram na cella + Do bom santinho; + Vão-lhe á panella + Que ao lume tinha + C'uma gallinha + Paio e toucinho, + Tiram-lhe a tampa, + Comem-lhe tudo, + Deitam-lhe trampa; + Vão-lhe á borracha + Que tem o vinho + N'um esconderijo; + Bebem-lhe tudo + Deitam-lhe mijo. + Á tal cambada + Não escapa nada + Tudo se acha + Quebra e estraga + Mija e caga.</pre> + +<pre>Uma pequena bonita +Tambem lh'entra na caverna +Toda lépida e catita, +E começa a levantar +O ballão, e linda perna +Logo se põe a mostrar... +«Ai Jesus! diz Santo Antonio +Vai-te d'aqui ó demonio +Não me estejas a tentar...»</pre> + +<pre> «Façam dançar + Contradançar + Pular + Cantar + Saltar + Esse santinho» + Já diz gritando + Um diabinho + Que está tocando + A desgarrada + N'um cavaquinho.</pre> + +<pre> Eis toda aquella + Endiabrada + Troça bravia + O bom do Santo, + Que já n'um canto + Se escondia, + Vai buscar. + E a tocar + N'uma panella + Com a tranca + Da janella, + N'uma banca + O faz dançar + Pular + Saltar + Cantar.</pre> + +<pre>Até Plutão, o rei demonio, +Quiz assistir á funcção, +Pois quer ver se frei Antonio +Se livra da tentação; +E p'ro que der e vier +Comsigo traz a mulher.</pre> + +<pre>O Santo todo encolhido +No meio d'aquella canalha +Cada vez mais se atrapalha; +Um demo mais atrevido, +Dá-lhe muita bordoada, +E outro feito cupido +Vem por traz com uma setta +E no coração lh'a espéta... +A nada se move o frade +Modelo de castidade!!</pre> + +<pre> Vendo porém + Que fim não tem + A seringação + Fórma tenção + De s'esconder; + E mui callado + Vai-se a metter + Dentro da cama; + Mas lá recúa + Todo espantado + Pois uma dama + Toda janota, + (Ainda que nua, + Mesmo em pelóta) + Acha deitada + Em seu lugar... + A concubina + Com uns olhinhos + Muito espertinhos + A scintillar + Já o fulmina + E quer tentar...</pre> + +<pre> A tal menina + É mesmo boa; + Se Prosepina + É em pessoa!</pre> + +<pre>Santo Antonio atrapalhado +Contempla incendiado +Aquella erotica scena, +E em frente da belleza +De coisas que nunca viu... +Ao poder da natureza, +Com bem custo resistiu... +Mas quando quasi tentado +Com os olhos da pequena, +Vai a cair na esparrella +De saltar a cima della, +Lembra-lhe Deus derepente +Que vai cair em peccado, +Fica todo aforçurado +E como que inspirado, +Vai buscar muito apressado +D'agua benta seis canadas +E nos demos imponente +Ferra boas hysopadas. +Estoira que nem castanhas +Toda aquella diabada, +Cada demo dá um tiro +Que nem uma peça raiada; +E fugindo a bom fugir +Tudo vai em debandada, +Santo Antonio de contente +Dá tamanha gargalhada +Que até no traseiro sente +A fralda toda cagada.</pre> + +<pre>«Se não vou buscar +Logo tão depressa +A tal agua benta, +De certo me tenta +Aquella travêssa... +Olhem que é ladina, +Mesmo de tentar, +A tal Prosepina! +Mal empregado pexão +Para o dente do Plutão!»</pre> + +<pre>Lamenta tão pesaroso +A má sorte da pequena +O famoso Santo Antonio, +Que parece já ter pena +De se mostrar tão teimoso +Em resistir ao demonio...</pre> + + + + +<h2>O MARIDO E O COMETA</h2> + +<h4>DIALOGO CONJUGAL</h4> + + +<p>Era uma vez um marido, anno da graça 1861, mas um marido verdadeiro modelo de todos os maridos. Chamava-se o sr. Carneiro; seu hymeneu fôra devidamente legalisado e recebera as bençãos da egreja. Era pois esposo, tanto quanto se póde ser, legal, social, religiosa, e christãmente, da amavel, bonita e joven Amelia, a quem se ligára com o intuito de perpetuar a raça dos Carneiros, fim este que infelizmente ainda não alcançára, apesar da lua de mel ter já o seu anno e meio, e este gasto nas fadigas e diligencias de que um marido póde dispôr para multiplicar a sua raça. O sr. Carneiro emagrecia a olhos vistos, e estafava-se em vão. O nosso homem era um modelo de bondade e simplicidade; era bom e affavel e manso, não como Carneiro que era, mas como um borrego; nunca fizera mal a pessoa alguma, e ninguem tambem no mundo podia dizer a mais pequena coisa em seu desabono. Com taes e quejandos titulos á estima de seus concidadãos, o sr. Carneiro tinha conseguido tornar-se um dos maridos mais felizes do seu bairro, que era o Alto.</p> + +<p>Mas o homem nunca está satisfeito sobre a face da terra: o sr. Carneiro era homem, e por conseguinte tinha aspirações. O seu ideal era a vida bucolica, amava a chicoria e o feno, adorava os rabanetes, e sonhava pastoras e zagallos; não podia viver na capital. Suspirava constantemente pelo chocalho campestre, pelas felicidades ruraes, e a sua paixão pelo campo não podia achar lenitivo nos esgalhos do Rocio, nas ervas do Passeio Publico, nas couves da praça da Figueira.</p> + +<p>Por fim os seus sonhos tiveram uma realidade, comprou uma quinta na aldea de Pae Pires, e transferiu para alli os seus penates. Alli, n'uma habitação modesta, no declive de um serro, vendo ao longe o Tejo e as suas faluas, passava o sr. Carneiro uma vida santa, junto de madama Carneira, como elle lhe chamava, cultivando as suas cebollas, regando a sua horta, capando o seu meloal.</p> + +<p>Ali fazia admirar á sua cara metade a grossura dos seus pepinos ou a côr rubicunda dos seus tomates.</p> + +<p>--Vês, menina, lhe dizia, como está lindo este meu pepino; olha para esta perfeição, parece que d'hontem para hoje cresceu meio palmo. Repara-me para a belleza d'estes tomates! que côr e que tamanho...</p> + +<p>--É verdade, cada dia estão mais vermelhos...</p> + +<p>--E este melão?</p> + +<p>--Cresce a olhos vistos, como já está redondinho!</p> + +<p>--Ah! filha! não é como tu, segue a lei da naturesa; tudo cresce e se arredonda cá n'este mundo... só tu, meu anjinho... apesar das minhas diligencias, persistes em não arredondar essa...</p> + +<p>--Que bonitas estão as batatas.</p> + +<p>--Eu sempre as tive boas.</p> + +<p>--E que bellos grãos de bico!</p> + +<p>--Os grãos são o meu forte...</p> + +<p>--Como a vinha vae arrebentando...</p> + +<p>--Tudo arrebenta e produz... só tu não me produzes nada... (dá um profundo suspiro).</p> + +<p>--Que animal é aquelle que está bebendo além, no rio?</p> + +<p>--Julgo que é um burro, queridinha.</p> + +<p>--Engana-se, é boi, senhor Carneiro.</p> + +<p>--Boi, boi! será... mas não lhe vejo as armas...</p> + +<p>--Jesus! que bicho tão feio que eu ia pisando! Mate-me este bicho, sr. Carneiro... que nojo!</p> + +<p>--Ah! ah! ah! Ora não ha uma tolinha assim! um caracol, pois mette-te medo um caracol?</p> + +<p>--Olhe, só os paus que elle tem; t'arrenego! não se veem senão animaes bicorneos por estes sitios... eu que sempre embirrei com estes bichos!</p> + +<p>--Não te zanques commigo, menina... isto é o animal mais innocente que eu conheço...</p> + +<p>--Que quer? não está mais na minha mão; diga lá o que disser, n'este ponto não posso vencer a minha repugnancia...</p> + +<p>(O marido toma o caracol entre dois dedos.)</p> + +<p>--Olha vês, não faz mal. Caracol, caracol, põe os corninhos ao sol...</p> + +<p>--Deite isso fóra... que me ataca os nervos...</p> + +<p>--Socega, filha, ja deito...</p> + +<p>--Esteja quieto! tire isso para lá!</p> + +<p>--Então não vês que já o não tenho na mão! Pobre amorsinho, que medo que teve... mas agora dá um beijinho... (quer abraçal-a.)</p> + +<p>--Vá primeiro lavar essas mãos; que nojo, não sei o que me parece a tal reima dos caracoes...</p> + +<p>--Vamos limpal-as aqui na relva... senta-te aqui ao meu lado...</p> + +<p>--Era o que faltava! para me escangalhar o balão.</p> + +<p>--Ah! trazes balão? (vae para apalpar.)</p> + +<p>--Esteja quieto que me faz cocegas!</p> + +<p>--Tem a saia cheia de nodoas verdes...</p> + +<p>--São ervas pisadas.</p> + +<p>--E n'um sitio esquisito!</p> + +<p>--Não sei quem me poz n'este estado...</p> + +<p>--Eu decerto não fui. Seria hontem na quinta do Alfeite, quando te perdeste no labyrintho...</p> + +<p>Ah! sim, quando o primo Montenegro me lá foi buscar... que bom rapaz que é este nosso primo e hospede... se não fosse elle ainda estava a estas horas em procura da saída...</p> + +<p>--E como elle soube entrar e saír com a mesma facilidade... como elle sabe d'aquelles torcicolos...</p> + +<p>--É porque sabe desenho.</p> + +<p>--Mas sentemo-nos, a erva está tão fresca. Com o calor que está ha de ser um prazer... pódes até levantar as saias para apanhar mais fresco...</p> + +<p>--Obrigada, fresca estou eu...</p> + +<p>--Que bella noite, que ar tão puro! como é bom ver as estrellas, assim, ao pé d'uma linda rapariga como tu!</p> + +<p>--Digo-lhe que tenho frio, estou fria que nem uma pedra...</p> + +<p>--Pois eu estou quente que nem uma braza...</p> + +<p>--É feliz.</p> + +<p>--Podia sel-o... se quizesse... não me resista... ora está agora com medo do seu Carneiro... eu sou sempre o mesmo, aqui e em casa...</p> + +<p>--Esteja quieto, senhor, agora aqui no meio da rua...</p> + +<p>--Estamos em nossa casa, não offendemos a moral publica...</p> + +<p>--Faz luar como de dia...</p> + +<p>--Melhor se vê o que se faz...</p> + +<p>--São coisas que não gosto de fazer contra vontade!</p> + +<p>--Tambem, não sei quando tem vontade!</p> + +<p>--Olhe que se espeta nos arcos do balão.</p> + +<p>--Maldita moda que cá havia de vir!</p> + +<p>--Bem sabe que sou delicada... olhe que me ataca os nervos a mais pequena coisa...</p> + +<p>--Pequena, pequena! pois esta não é das maiores...</p> + +<p>--Pelo que vejo quer-me ver doente... já estou com uns arripios...</p> + +<p>--Olha, embrulha-te no meu paletot... (aproxima-se ainda mais da mulher) apertemo-nos bem um contra o outro... assim, assim... vês? aposto que d'aqui a cinco minutos estás a suar em bica...</p> + +<p>--Jesus! que scena! olha se algum visinho vê... que quadro vivo este!</p> + +<p>--Estou vendo que o não fazem todos! (Amelia geme e suspira, o que faz suspender Carneiro.) Mas emfim, se estás incommodada...</p> + +<p>--Incommodada não é... mas... estas coisas tocam-me sempre os nervos...</p> + +<p>--É a peior coisa que ha, é uma mulher nervosa...</p> + +<p>--Sinto não sei o que, cá por dentro...</p> + +<p>--Isso é agora... o que faria se...</p> + +<p>--Sinto um peso...</p> + +<p>--Mas em que sitio? (Áparte.) Se fosse na barriga...</p> + +<p>--Por todo o corpo.</p> + +<p>--Elle em alguma parte ha de ser... no peito, na cabeça, no ventre?</p> + +<p>--É ao pé do ventre... não me sinto bem, parece-me que vou desmaiar...</p> + +<p>--Louvado seja Deus! és muito delicada... sempre perdes as forças nestas occasiões!</p> + +<p>--Estou como que penetrada por um raio...</p> + +<p>--Então vamos para casa.</p> + +<p>--Não, eu vou, fica tu.</p> + +<p>--Vamos ambos para a cama.</p> + +<p>--Vou-me deitar.</p> + +<p>--Deixa-me ir comsigo?</p> + +<p>--Eu não tenho medo, fique tomando o fresco...</p> + +<p>--Mas eu queria-te ir aquecer.</p> + +<p>--Eu aqueço bem sem o seu auxilio...</p> + +<p>--Isso é birra... eu como marido tenho tambem os meus direitos...</p> + +<p>--Mas eu estou doente... sinto agora um calor...</p> + +<p>--É febre talvez...</p> + +<p>--Por isso mesmo não se chegue para mim...</p> + +<p>--Vou chamar o medico.</p> + +<p>--Não é preciso. O que elle me receitava, é o que eu vou fazer... dormir um somno longe de meu marido... ámanha tem-me sã como um pero...</p> + +<p>--Queira Deus!</p> + +<p>--Isto passa em me deixando descançar.</p> + +<p>--Então não queres que vá ao menos ajudar-te a despir?</p> + +<p>--Nada, socego é o que eu preciso.</p> + +<p>--Mas...</p> + +<p>--É verdade não me disse hontem que, queria hoje observar o cometa?</p> + +<p>--Fazia até tenção de t'o mostrar...</p> + +<p>--Vel-o-hei em sonhos.</p> + +<p>--Ámanhã será em realidade... não é assim meu amor?</p> + +<p>--Eu faço ideia; é uma coisa muito comprida.</p> + +<p>--Qual historia! verás que não é tão grande como julgas... e então visto pelo meu excellente telescopio! Has de ver-lhe toda a cabelleira...</p> + +<p>--Como está tolo com o seu telescopio... tambem o primo Montenegro tem um que não é dos peores...</p> + +<p>--Aposto que não tem a grossura do meu!</p> + +<p>--Bom, por hoje basta...</p> + +<p>--Paciencia, não ha remedio: vae-te deitar com Deus, já que não póde ser comigo... Se tiveres precisão de alguma coisa de noite, chama-me... bem sabes como sempre sou prompto em te prestar os meus serviços, seja a que hora da noite fôr...</p> + +<p>--Prompto até de mais! ao menor movimento que faço, elle ahi está em cima de mim, a atenazar-me... Mas bem sabe o mal que me faz quando me acorda de noite; é ataque de nervos certo no dia seguinte, e fico mole, amarella, com olheiras...</p> + +<p>--Bem, bem, vá descançada que lhe não interromperei o seu somno.</p> + +<p>--Promette-m'o?</p> + +<p>--Juro-o.</p> + +<p>--Bonito! então boas noites.</p> + +<p>--Nem um beijinho me dá!</p> + +<p>--Dou, mas com a condição de cumprir o seu juramento.</p> + +<p>--Qual.</p> + +<p>--O de não entrar no meu quarto esta noite.</p> + +<p>--Está dito.</p> + +<p>--Então dê lá o beijo. (Dá-lhe a face a beijar, Carneiro beija-lh'a sofregamente, apertando-lhe ao mesmo tempo a cintura com avidez.)</p> + +<p>--Jesus! que cintura tão elastica!</p> + +<p>--Esteja quieto, não se adiante! o que me pediu foi um beijo...</p> + +<p>Valha-te Deus, menina! Vae-te lançar nos braços de Morpheu, e pede-lhe uma boa dose de sumo de dormideiras.</p> + +<p>--Adeus meu Carneirinho.</p> + +<p>--Adeus minha Carneirinha... Olha, deita-te para o lado direito... não te ponhas de costas, bem sabes que te faz mal...</p> + +<p>--Bem me lembro de hontem á noite...</p> + +<p>--É verdade, quando gemeste tão significativamente, que eu julguei estarias com algum pesadelo...</p> + +<p>--Ora! se eu parecia que estava esborrachada... nem respirar podia... estava a sonhar que o tinha em cima de mim...</p> + +<p>--E gritava de tal maneira, que eu no quarto contiguo, ouvi e fui acudir... mas felizmente o nosso primo e hospede, Montenegro, já tinha chegado antes de mim...</p> + +<p>--Que bom primo que é aquelle rapaz!</p> + +<p>--Se o ceu nos désse um filho, estou certo que o estimava...</p> + +<p>--Havia de amal-o como se fosse delle proprio...</p> + +<p>--Ha-de ser o padrinho do nosso primeiro <i>néné</i>...</p> + +<p>--Isso tem tempo... ainda eu...</p> + +<p>--Louvado seja Deus! muito me tem custado a fazer o tal herdeiro...</p> + +<p>--Agora tenho esperanças que brevemente...</p> + +<p>--Sim? oh grande Deus! será possivel?</p> + +<p>--Bom, deixe-me ir deitar...</p> + +<p>--Vae filha, e dorme bem, eu vou ver se bispo o cometa.</p> + +<p>E nisto, depois de acompanhar sua mulher á porta do quarto, voltou logo para o terrado, afim de melhor observar a passagem do astro cabelludo.</p> + +<p>Madama Carneira entrou no quarto e ahi encontrou o primo Montenegro, que a esperava para lhe mostrar tambem o cometa com o seu telescopio...</p> + +<p>Alguns mezes depois madama Carneira brindava seu marido com o esperado e desejado herdeiro, que tantas fadigas lhe custára...</p> + + + + +<h2>A FRANCISCANADA</h2> + +<h4>CONTO</h4> + + +<pre>Que grande franciscanda +Vai fazer com frei Bento +Frei João e frei Monteiro +P'ra longe do convento?</pre> + +<pre>Bom alforge levam cheio, +Recheiado de finorio +Presunto, e grosso paio, +Furtados no refeitorio.</pre> + +<pre>Frei Bento vai ajoujado +Com tremebunda borracha; +Chega o rancho a uma tasca +Para a horta lá se encaixa.</pre> + +<pre>Frei João despindo o habito +E de manga arregaçada +Tempra e meche aforçurado +Um alguidar de salada.</pre> + +<pre>Frei Monteiro pisca o olho +Á moça, que é rapariga, +E frei Bento sem c'rimonia +Um chouriço já mastiga.</pre> + +<pre>Voam paios e presuntos +Tal é a gula e a gana, +Torna-se logo a borracha +Em famosa carraspana.</pre> + +<pre>Depois alegres cantando +Lá se vão abarrotados +Ao convento recolhendo +Pelos muros encostados.</pre> + +<pre>Chama a campa ao refeitorio, +Pois são horas de ceiar, +A fradalhada apparece +Mas não acha que trincar.</pre> + +<pre>--«Que pouca vergonha é esta?» +Grita logo frei Martinho, +«Que é dos nossos grossos paios, +O presunto e mais o vinho?»</pre> + +<pre>--«Fomos roubados», responde +O padre refeitoreiro, +«Tudo lambeu frei João +Com frei Bento e frei Monteiro!»</pre> + +<pre>--«Ah! bebedos! ah glotões! +Ah! cambada de marotos!...» +Berra o padre provincial +Dando cinco ou seis arrotos.</pre> + +<pre>--«Hão de caro pagal-o!» +Brada em peso o convento, +«Hão de levar bons açoites +Frei Monteiro e frei Bento;</pre> + +<pre>«E tambem Dom frei João +Ha de leval-o o diabo! +Tudo quanto nos comeram +Ha de lhes saír do rabo!»</pre> + +<pre>Todos logo bem armados +De sandalias gigantescas +Tratam de pôr á vela +As seis nadegas fradescas.</pre> + +<pre>E depois sem mais demora +Pé atraz e furibundos +Tocam todas as matinas +Nos traseiros rubicundos.</pre> + +<pre>Eis no meio da batalha, +Quando tudo em confusão +'Stá batendo a bom bater, +Dá um peido frei João!</pre> + +<pre>Mas não é peido de medo +É um peido tremobundo, +Peido de frade, que é +O maior que ha neste mundo.</pre> + +<pre>Se o famoso Garibaldi +Um tiro destes lh'escapa +Lá se vão com mil diabos +Os exercitos do Papa.</pre> + +<pre>Foge tudo com o estoiro +E ainda mais com o cheiro, +Aquelles que mais gritaram +São os que fogem primeiro.</pre> + +<pre>Frei João põe em derrota +O resto da fradalhada, +Dizendo-lhe que ainda tem +A peça bem carregada...</pre> + + + + +<h2>SONETO</h2> + +<h4>A UM ZELADOR DOS MIJADEIROS</h4> + + +<pre>O incauto saloio, o venal gallego +Espreitas esfaimado atraz da esquina, +Armado de catana serpentina +Vermelho como um paio de Lamego.</pre> + +<pre>Tão ufano estás com teu sujo emprego, +Que pareces uma ave de rapina, +Prendendo a trouxe mocho quem urina +Com a velha chibança d'um <em>morcêgo</em>[1].</pre> + +<pre>Não sejas papelão, pesa as razões, +Olha que se a fortuna não sorri, +Falta o mijo e adeus os dez tostões!</pre> + +<pre>Por isso vou um conselho dar-te aqui: +É que respeites todos os mijões +Em quanto mijando forem p'ra ti.</pre> + +<p>[1] Antigo soldado da policia.</p> + + +<h4>CONSEQUENCIAS DE NÃO SER BACHAREL</h4> + +<pre>Quer ser guarda de commuas +Certo João Raphael, +Mas fica a chuchar no dedo +Visto não ser bacharel.</pre> + + +<h4>UM DEPUTADO DA MODA</h4> + +<pre>Hontem estava em minha casa, +E por signal a dormir, +Á porta sinto bater, +Levantei-me e fui abrir.</pre> + +<pre>Era o doutor Gatazio, +Bacharel e fidalgote, +--Vai torta! digo comigo, +Vem ferrar-me algum calote!</pre> + +<pre>Eis entra com ar risonho +E sentando-se ao meu lado, +«Amigo, diz, dou-te parte +Que estou feito deputado.»</pre> + + +<h4>UMA VALENTONA</h4> + +<pre>A honra de Eliza bella +Atacam quinze soldados, +Vence um a cidadella +Quatorze são derrotados.</pre> + + +<h4> NOZ E A MULHER</h4>A + +<pre>Como a noz foi a mulher +Neste mundo fabricada, +Não se conhece que é podre +Senão depois de rachada.</pre> + + +<h4>EPITAPHIO PARA UM PAE DA PATRIA</h4> + +<pre>Aqui jaz dormindo a sesta +Um bacharel formado, +Foi barbeiro, deputado, +Caloteiro e grande besta.</pre> + + +<h4>OUTRO PARA UMA MULHER FELIZ</h4> + +<pre>Dona Justina de Sousa +Nesta campa aqui repousa, +Foi no mundo afortunada +Visto que até morrer +Passou sempre por honrada +Tendo a dita de o não ser...</pre> + + +<h4>UMA MULHER COMO TODAS DEVIAM DE SER</h4> + +<pre>Das miserias deste mundo +Se compadece Maria, +E cheia de dó profundo +Seis ditosos faz por dia...</pre> + + +<h4>UMA VIUVA JUDICIOSA</h4> + +<pre>A viuva d'um entrevado +Já novo marido tomar +Queria, passados dois mezes +Do velho marido enterrar.</pre> + +<pre>É cedo, lhe diz um visinho, +Homem de agudo pensar, +Sem estar uns dez mezes viuva +Assento não deve casar.</pre> + +<pre>Essa é boa! diz a matrona, +Então não se devem contar +Oito mezes que estuporado +Na cama elle esteve a penar?</pre> + + + + +<h2>Pratica feita á missa do dia pelo muito reverendo prior de...</h2> + +<div class="quote"> +«<em>Deus dixit Petro ubi sunt oves meæ; +nescio, respondit autem Petrus</em>» +</div> + + +<p>Deus disse a Pedro «que é das minhas ovelhas?» e Pedro respondeu «eu não sei d'ellas.»</p> + +<p>Que bondade, que prudencia, que sabedoria, meus queridos irmãos, não devemos nós admirar em Pedro; que, mesmo no momento em que seu Divino Mestre lhe pergunta, onde estão as minhas ovelhas; responde com toda a delicadeza que não sabe d'ellas, porque essas ovelhas não estavam em estado de apparecerem perante o seu Senhor. Asneiras, meus caros ouvintes, eu não tinha esse genio, não sou mentiroso nem falso, não tenho papas na lingua, e se o Mestre me pergutasse, como a Pedro, onde estão as minhas ovelhas, eu logo lhe dizia sem mais cerimonia, foram pastar para casa do diabo, Senhor.</p> + +<p>E com effeito, se Elle tivesse vindo hontem á noite perguntar-me pelas minhas ovelhas, que lhe havia eu de responder?</p> + +<p>Elle que recommenda tanto no seu Evangelho, que as ovelhas se conservem sempre separadas dos competentes bodes, o que teria Elle dito se visse essas mesmas ovelhas misturadas com os bodes, saltando uns em cima dos outros, e a fazerem gaifonas ao seu pastor!</p> + +<p>Sim, amados irmãos, foi grande a balburdia, e ao aspecto de tal desordem, o amor pelo meu rebanho animou-se de um santo zelo e ardendo em fogo, corri de cajado na mão, para arrancar as minhas innocentes ovelhas das dentuças dos lobos encarniçados. Mas, ó dôr, ó desdita, ó patifaria! as minhas ricas ovelhinhas já não escutam a minha voz; já penetradas pelos agudos dardos d'aquelles diabos e inundadas pelos seus liquidos venenosos e seductores, estavam indoceis e levadas da breca. O meu cajado, outr'ora tão poderoso, não póde juntar senão um pequeno numero, que trago para o meu curral, onde as hei de ter fechadas e guardadas até que deem os fructos do seu arrependimento.</p> + +<p>Mas vós, amados ouvintes, vós, os que fostes fieis, lamentae a desgraça de vossos irmãos; comportae-vos sempre bem, e tomae para exemplo esses grandes santos da antiguidade; menos um tal santo Agostinho, que, segundo dizem, foi um grande pandigo, quando moço, e é por esse motivo que eu nunca vos fallo d'elle.</p> + +<p>Fallemos antes d'aquelle santo Chrisologo, que diz que um cura é um sol, e os seus freguezes são uns átomos. Mas eu não sei que diabo de átomos vocês são! não me pagam a congrua, querem que os case de graça e ainda em cima dizem: «ora, estamos nas malvas para o <i>seu</i> padre cura, elle não tem filhos para sustentar!» Vocês sabem la disso? Não sabem que nós outros padres, temos mais trabalho em os esconder, do que vocês em os fazer?...</p> + +<p>Mas voltando á vacca fria, pensemos na vossa conversão, se ella é possivel.</p> + +<p>Julgo que a melhor maneira de o conseguir é fallando-vos das maroteiras que se fazem na freguezia.</p> + +<p>Por exemplo: o João da Canhota, regedor, sae á noite e se ha de vir ao sermão, vai-se metter em casa da Felicia do Frade, e não sae de lá senão de madrugada. Diz que vae tomar chá, mas imaginem os ouvintes que qualidade de chá elle não tomará...</p> + +<p>Aqui não ha senão desordem e immoralidade. Immoralidade nos velhos, immoralidade nos moços, immoralidade nos grandes, immoralidade nos pequenos.</p> + +<p>Digo immoralidade nos velhos, porque esses velhos, raça damnada de Caim, depois de haverem passado toda a vida... em patuscadas e pandigas, ainda mesmo arrumados ao bordão e de cabeça calva, se vão metter em logares suspeitos! Infames velhos de Suzana! quando é que lhes acabarão as furias carnaes e burriçaes?</p> + +<p>Immoralidade nos moços. Os rapazes e as raparigas andam por essas ruas aos beijos e abraços, cantando cantigas indecentes e immoraes; ainda eu hontem ouvi a filha do Thomaz da Horta e o filho do Ignacio do Dente a cantarem o Pirolito que bate que bate! Ora não ha maior pouca vergonha, uns fedelhos que ainda cheiram a coeiros e já sabem o que isto quer dizer!</p> + +<p>Immoralidade nos grandes. Esses mariolões e essas mocetonas que vão todos os dias para o matto, sob pretexto de que vão buscar lenha, e por fim fazem por lá couzas do arco da velha... Lenha no forno queriam ellas, malditas!</p> + +<p>E quando vão aos figos! O que acontece?</p> + +<p>As raparigas sobem para cima das arvores e os mariolões ficam em baixo, a olhar para cima e a dizer: Olha Antonia vejo-te os calcanhares, e as pernas, e os joelhos, e o...</p> + +<p>Ponham cobro a este escandal-o, amados irmãos, são couzas que se não devem ver senão em certas occasiões. Eu não pego aos rapazes e ás raparigas que vão ao matto e comam por lá o seu figuinho e mesmo que subam ás figueiras, mas para evitar indecencias, as raparigas fiquem debaixo e os rapazes que lhes vão acima.</p> + +<p>Immoralidade nos pequenos. Essa gaiatada miuda que anda todos os dias a correr pelo adro cá da freguezia, onde estão as campas dos nossos antepassados, e que depois vão fazer as suas necessidades mesmo á porta da sachristia. Se não teem respeito pelos mortos, tenham ao menos compaixão pelos vivos, não póde uma pessoa entrar na egreja pela porta de traz sem ficar a bem dizer atolado até o nariz. Já disse ao sr. regedor da freguezia que pozesse mão n'estas cousas, mas por ora continúa a mesma marmelada á porta da sachristia.</p> + +<p>Tambem é digno de reprehensão o comportamento d'essas mulheres casadas, que sem nenhuma consideração pelos seus maridos, se levantam do leito conjugal de madrugada, sob pretexto de levarem o gado ao campo, e depois de andarem lá por fóra a laurear, em pernas, recolhem-se para casa frias de neve, e vão-se outra vez metter na cama com os maridos e arripial-os sem piedade! Pobres homens! Se fosse comigo, que coça que ellas não levavam...</p> + +<p>Tambem ha certa moça cá na freguezia, que eu trago d'olho ha dias, cá por certa cousa. Eu devia já dizer quem é, mas emfim por hoje limitar-me-hei só a mettel-a na sachristia e arrumar-lhe um lembrete... domingo direi quem é, se não tomar juizo... por agora saibam unicamente que é a unica na freguezia que usa ligas encarnadas... (<i>Pausa, rumor na egreja.</i>)</p> + +<p>Domingo, de hoje a oito dias, me alargarei mais sobre os homens, coçarei as mulheres casadas, e caírei em cima das solteiras, se não tomarem juizo d'aqui até lá.</p> + +<p>Sendo hoje dia de festa e estando a chuver far-se-ha a procissão só por baixo da egreja, pois eu não estou para apanhar alguma porrada d'agua. Não precisa vir toda a gente a ella, basta que de cada familia venha um varão.</p> + +<p>A proposito de procissão, tenho a dizer-vos, amados ouvintes, que os santos cá da freguezia vão estando muito chimfrins. Eu não dava tres vintens por elles. O São Miguel é que está assim mais direitinho, mas o diabo que está por baixo já não tem cornos; pois olhem, não ha na freguezia poucos homens ricos no caso de lh'os darem. O calvario tambem não está mau; todos os instrumentos da paixão estão em bom estado, falta-lhe só o gallo, mas a isso não direi nada, porque ha poucos na freguezia e as gallinhas precisam d'elles: no entanto se houver por ahi alguma dona de casa que tenha dois, que me mande para cá um.</p> + +<p>Esta semana não ha jejum, podem comer tudo quanto quizerem e bebam-lhe melhor; ha só a bemaventurada santa rainha, que cura a tinha; é quinta feira, sexta feira ha feira e domingo é a festa de São Simão e São Judas. Tambem, não sei quem foi o diabo do animal que se lembrou de pôr Judas no calendario. Juro-vos, amados ouvintes, que se não fosse domingo não lhe fazia festa, era o que merecia o senhor S. Simão por caír na asneira de se ir metter com similhante tratante.</p> + +<p>Mas acabemos com esta maçada.</p> + +<p>Ó <i>seu Zé</i>, accenda os sinos e mande tocar as vellas, accenda a agua benta e bote agua no thuribulo... não, enganei-me, faça o contrario de tudo isto.</p> + +<p>No entretanto façamos as nossas costumadas e ordinarias orações.</p> + +<p>Oremos pela conservação da nossa bemaventurada mãe catholica, apostolica e romana; pela <i>estripação</i> da <i>cisma</i> e abaixamento da hydropisia; oremos tambem pelos ricassos cá da freguezia, a fim de que Deus os mantenha na sua honesta pobreza; pois se fossem mais ricos punham-nos o pé no pescoço. Oremos pelos ausentes e pelos viajantes, afim de se deixarem por lá estar, se estão bem; oremos pelo feliz successo das mulheres pejadas, afim de que Deus lhes faça a mercê de largarem o fructo com a mesma facilidade e doçura com que o comeram. Oremos, n'uma palavra, pela conservação dos bens da terra, como salada, couves, batatas, pepinos e tomates, e pela extincção dos seus males, como formigas, lagartos, ortigas, pulgões e ratazanas... etc.</p> + + + + +<h2>A opinião publica</h2> + + +<pre>Depois de longo derriço +Casou João com Maria, +E passados quatro mezes +Tem um filho já Maria. +Fallam do caso as visinhas +Chora João, ri Maria. +«Casei bem tarde, já vejo», +Diz o coitado a Maria, +«Fui eu que cedo pari» +Ao marido diz Maria. +O mundo ri de João +E acha razão a Maria.</pre> + + + + +<h2>Carta corographica do reino do hymeneu</h2> + + +<p>Esta carta, resultado das pesquizas e estudos dos viajantes que teem visitado aquelle reino, é de muita utilidade para aquelles que se quizerem abalançar a emprehender viagem para sítios tão amenos e escabrosos ao mesmo tempo. Eil-a:</p> + +<p>O reino do hymeneu, fica a dois graus de longitude e cincoenta e um de latitude, meridiano de Pariz, de sorte que fica justamente sobre a zona dos Paizes Baixos. Não obstante, o seu clima, principalmente o das provincias mais ferteis, é o da zona torrida.</p> + +<p>O aspecto do paiz é encantador, visto de longe, mas vae perdendo a belleza á medida que uma pessoa se aproxima das suas costas. A primeira terra que se encontra, logo nas fraldas das suas montanhas, chama-se o <i>porto desejado</i>, o qual dá entrada para o <i>cabo da saciedade</i>, cabo este mui difficil de dobrar, e todos aquelles que emprehendem esta viagem, se espedaçam muitas vezes nos baixios do aborrecimento. Aquelles que escapam ao perigo, ficam por muito tempo em calmaria primeiro que cheguem á <i>bahia da conveniencia mutua</i>.</p> + +<p>Os campos aqui apresentam de fóra um aspecto muito insipido. Antes de chegar a este porto é frequente experimentar os violentos safanões dos ventos do ciume e do mau humor. A maior parte dos navegantes, chegados que são a esta ultima bahia, desejam voltar para traz, mas em taes alturas isso é cousa inteiramente impossivel. Abordando á <i>bahia da conveniencia mutua</i> muitos soffrem terriveis furacões e correntes rapidas, que os lançam nos gurgulhões da velhice prematura, onde geralmente os navegantes perdem as agulhas e ficam com agua aberta á mercê das ondas, appellando todos os dias para o favor dos ventos.</p> + +<p>Felizes d'aquelles que podem constantemente conservar-se nas alturas da <i>affeição mutua</i>, as quaes ficam entre o <i>porto do desejo</i> e o <i>cabo da saciedade</i>.</p> + + + + + + + +<pre> + + + + + +End of the Project Gutenberg EBook of Album chulo-gaiato ou collecção de +receitas para fazer rir, by Anonymous + +*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ALBUM CHULO-GAIATO *** + +***** This file should be named 21289-h.htm or 21289-h.zip ***** +This and all associated files of various formats will be found in: + http://www.gutenberg.org/2/1/2/8/21289/ + +Produced by Pedro Saborano. Para comentários à transcrição +visite http://pt-scriba.blogspot.com/ (This book was +produced from scanned images of public domain material +from the Google Print project.) + + +Updated editions will replace the previous one--the old editions +will be renamed. + +Creating the works from public domain print editions means that no +one owns a United States copyright in these works, so the Foundation +(and you!) can copy and distribute it in the United States without +permission and without paying copyright royalties. Special rules, +set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to +copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to +protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project +Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you +charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you +do not charge anything for copies of this eBook, complying with the +rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose +such as creation of derivative works, reports, performances and +research. They may be modified and printed and given away--you may do +practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is +subject to the trademark license, especially commercial +redistribution. + + + +*** START: FULL LICENSE *** + +THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE +PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK + +To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free +distribution of electronic works, by using or distributing this work +(or any other work associated in any way with the phrase "Project +Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project +Gutenberg-tm License (available with this file or online at +http://gutenberg.org/license). + + +Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm +electronic works + +1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm +electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to +and accept all the terms of this license and intellectual property +(trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all +the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy +all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession. +If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project +Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the +terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or +entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8. + +1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be +used on or associated in any way with an electronic work by people who +agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few +things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works +even without complying with the full terms of this agreement. See +paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project +Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement +and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic +works. See paragraph 1.E below. + +1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation" +or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project +Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the +collection are in the public domain in the United States. If an +individual work is in the public domain in the United States and you are +located in the United States, we do not claim a right to prevent you from +copying, distributing, performing, displaying or creating derivative +works based on the work as long as all references to Project Gutenberg +are removed. Of course, we hope that you will support the Project +Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by +freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of +this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with +the work. You can easily comply with the terms of this agreement by +keeping this work in the same format with its attached full Project +Gutenberg-tm License when you share it without charge with others. + +1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern +what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in +a constant state of change. If you are outside the United States, check +the laws of your country in addition to the terms of this agreement +before downloading, copying, displaying, performing, distributing or +creating derivative works based on this work or any other Project +Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning +the copyright status of any work in any country outside the United +States. + +1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg: + +1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate +access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently +whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the +phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project +Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed, +copied or distributed: + +This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with +almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or +re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included +with this eBook or online at www.gutenberg.org + +1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived +from the public domain (does not contain a notice indicating that it is +posted with permission of the copyright holder), the work can be copied +and distributed to anyone in the United States without paying any fees +or charges. If you are redistributing or providing access to a work +with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the +work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1 +through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the +Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or +1.E.9. + +1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted +with the permission of the copyright holder, your use and distribution +must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional +terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked +to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the +permission of the copyright holder found at the beginning of this work. + +1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm +License terms from this work, or any files containing a part of this +work or any other work associated with Project Gutenberg-tm. + +1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this +electronic work, or any part of this electronic work, without +prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with +active links or immediate access to the full terms of the Project +Gutenberg-tm License. + +1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary, +compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any +word processing or hypertext form. However, if you provide access to or +distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than +"Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version +posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org), +you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a +copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon +request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other +form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm +License as specified in paragraph 1.E.1. + +1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying, +performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works +unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9. + +1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing +access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided +that + +- You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from + the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method + you already use to calculate your applicable taxes. The fee is + owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he + has agreed to donate royalties under this paragraph to the + Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments + must be paid within 60 days following each date on which you + prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax + returns. Royalty payments should be clearly marked as such and + sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the + address specified in Section 4, "Information about donations to + the Project Gutenberg Literary Archive Foundation." + +- You provide a full refund of any money paid by a user who notifies + you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he + does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm + License. You must require such a user to return or + destroy all copies of the works possessed in a physical medium + and discontinue all use of and all access to other copies of + Project Gutenberg-tm works. + +- You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any + money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the + electronic work is discovered and reported to you within 90 days + of receipt of the work. + +- You comply with all other terms of this agreement for free + distribution of Project Gutenberg-tm works. + +1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm +electronic work or group of works on different terms than are set +forth in this agreement, you must obtain permission in writing from +both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael +Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the +Foundation as set forth in Section 3 below. + +1.F. + +1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable +effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread +public domain works in creating the Project Gutenberg-tm +collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic +works, and the medium on which they may be stored, may contain +"Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or +corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual +property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a +computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by +your equipment. + +1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right +of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project +Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project +Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project +Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all +liability to you for damages, costs and expenses, including legal +fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT +LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE +PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE +TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE +LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR +INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH +DAMAGE. + +1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a +defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can +receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a +written explanation to the person you received the work from. If you +received the work on a physical medium, you must return the medium with +your written explanation. The person or entity that provided you with +the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a +refund. If you received the work electronically, the person or entity +providing it to you may choose to give you a second opportunity to +receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy +is also defective, you may demand a refund in writing without further +opportunities to fix the problem. + +1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth +in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER +WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO +WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE. + +1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied +warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages. +If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the +law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be +interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by +the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any +provision of this agreement shall not void the remaining provisions. + +1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the +trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone +providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance +with this agreement, and any volunteers associated with the production, +promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works, +harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees, +that arise directly or indirectly from any of the following which you do +or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm +work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any +Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause. + + +Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm + +Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of +electronic works in formats readable by the widest variety of computers +including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists +because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from +people in all walks of life. + +Volunteers and financial support to provide volunteers with the +assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's +goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will +remain freely available for generations to come. In 2001, the Project +Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure +and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. +To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation +and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 +and the Foundation web page at http://www.pglaf.org. + + +Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive +Foundation + +The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit +501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the +state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal +Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification +number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at +http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg +Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent +permitted by U.S. federal laws and your state's laws. + +The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. +Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered +throughout numerous locations. Its business office is located at +809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email +business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact +information can be found at the Foundation's web site and official +page at http://pglaf.org + +For additional contact information: + Dr. Gregory B. Newby + Chief Executive and Director + gbnewby@pglaf.org + + +Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg +Literary Archive Foundation + +Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide +spread public support and donations to carry out its mission of +increasing the number of public domain and licensed works that can be +freely distributed in machine readable form accessible by the widest +array of equipment including outdated equipment. Many small donations +($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt +status with the IRS. + +The Foundation is committed to complying with the laws regulating +charities and charitable donations in all 50 states of the United +States. Compliance requirements are not uniform and it takes a +considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up +with these requirements. We do not solicit donations in locations +where we have not received written confirmation of compliance. To +SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any +particular state visit http://pglaf.org + +While we cannot and do not solicit contributions from states where we +have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition +against accepting unsolicited donations from donors in such states who +approach us with offers to donate. + +International donations are gratefully accepted, but we cannot make +any statements concerning tax treatment of donations received from +outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. + +Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation +methods and addresses. Donations are accepted in a number of other +ways including checks, online payments and credit card donations. +To donate, please visit: http://pglaf.org/donate + + +Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic +works. + +Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm +concept of a library of electronic works that could be freely shared +with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project +Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. + + +Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed +editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. +unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily +keep eBooks in compliance with any particular paper edition. + + +Most people start at our Web site which has the main PG search facility: + + http://www.gutenberg.org + +This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, +including how to make donations to the Project Gutenberg Literary +Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to +subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks. + + +</pre> + +</body> +</html> diff --git a/LICENSE.txt b/LICENSE.txt new file mode 100644 index 0000000..6312041 --- /dev/null +++ b/LICENSE.txt @@ -0,0 +1,11 @@ +This eBook, including all associated images, markup, improvements, +metadata, and any other content or labor, has been confirmed to be +in the PUBLIC DOMAIN IN THE UNITED STATES. + +Procedures for determining public domain status are described in +the "Copyright How-To" at https://www.gutenberg.org. + +No investigation has been made concerning possible copyrights in +jurisdictions other than the United States. Anyone seeking to utilize +this eBook outside of the United States should confirm copyright +status under the laws that apply to them. diff --git a/README.md b/README.md new file mode 100644 index 0000000..4b880d3 --- /dev/null +++ b/README.md @@ -0,0 +1,2 @@ +Project Gutenberg (https://www.gutenberg.org) public repository for +eBook #21289 (https://www.gutenberg.org/ebooks/21289) |
