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| author | Roger Frank <rfrank@pglaf.org> | 2025-10-14 19:56:20 -0700 |
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You may copy it, give it away or +re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included +with this eBook or online at www.gutenberg.org + + +Title: O Oraculo do Passado, do presente e do Futuro (7/7) + Parte Setima: O oraculo dos Astros + +Author: Bento Serrano + +Release Date: March 23, 2010 [EBook #31742] + +Language: Portuguese + +Character set encoding: ISO-8859-1 + +*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O ORACULO DO PASSADO (7/7) *** + + + + +Produced by Mike Silva (produced from scanned images of +public domain material from Google Book Search) + + + + + +O ORACULO + +DO + +PASSADO, DO PRESENTE E DO FUTURO + +OU O + +Verdadeiro modo de aprender no passado +a prevenir o presente, e a adivinhar o futuro + +POR + +BENTO SERRANO + +ASTROLOGO DA SERRA DA ESTRELLA, + +_Onde reside ha perto de trinta annos, sendo a sua habitação uma estreita +gruta que lhe serve de gabinete dos seus assiduos estudos astronomicos_ + + +OBRA DIVIDIDA EM SETE PARTES, CONTENDO CADA UMA O SEGUINTE: + + Parte primeira--O ORACULO DA NOITE + Parte Segunda--O ORACULO DAS SALAS + Parte Terceira--O ORACULO DOS SEGREDOS + Parte Quarta--O ORACULO DAS FLORES + Parte Quinta--O ORACULO DAS SINAS + Parte Sexta--O ORACULO DA MAGICA + Parte Setima--O ORACULO DOS ASTROS + + +PORTO +LIVRARIA PORTUGUEZA--EDITORA +55, Largo dos Loyos, 56 +1883 + + + + +PARTE SETIMA + + +O ORACULO DOS ASTROS + +OU + +A verdadeira arte de conhecer os segredos dos Astros pela regular +rotação, e pelos signaes que se observam de noite e dia durante as +quatro estações do anno + + + + +PORTO +LIVRARIA PORTUGUEZA--EDITORA +55, Largo dos Loyos, 56 +1883 + + + +Porto: 1883--Imprensa Commercial--Lavadouros, 16. + + + + +O ORACULO DOS ASTROS + + +ASTRONOMIA POPULAR + +_A astronomia na antiguidade._--É antiquissima esta sciencia e parece +que aos pastores do Himalaya se devem as primeiras observações +astronomicas, unicamente fundadas nos movimentos apparentes dos corpos +celestes, e nos phenomenos que mais impressionavam a imaginação do +homem, taes como a passagem dos planetas atravez das constellações, as +estrellas cadentes, os cometas, os eclipses, etc. Como não podia deixar +de ser, todas as theorias de então, fundadas em apparencias falsas, eram +falsas tambem, tendo sido modificadas e corrigidas gradualmente, segundo +o exigia o caminhar progressivo das outras sciencias. A primeira +hypothese consistia em imaginar a Terra rodeada de agua por todos os +lados, hypothese que ainda existia no tempo de Homero, pois que então +acreditava-se que o Sol _se apagava_ ao mergulhar no Oceano, +reaccendendo-se no dia seguinte depois de demorado banho. Os astronomos +gregos, ha dois mil annos, julgavam que as estrellas eram chammas +alimentadas pelas exhalações da Terra! + +Todavia, quando se observou que o Sol, a Lua, as estrellas e os +planetas, se escondiam todos os dias no horizonte, surgindo no immediato +do lado opposto, força foi admittir que passavam sob a Terra,--e d'aqui +uma revolução immensa, completa, na maneira de considerar o nosso +planeta, que até então o homem tinha como solidamente assente debaixo +dos pés, prolongando-se até ao infinito. Para explicar aquella passagem, +inventaram-se hypotheses sobre hypotheses, qual d'ellas mais +extraordinaria, qual d'ellas mais absurda. Um deu á Terra a forma de +meza circular sustentada por doze columnas, outro a de uma cupula +descançando em cima de quatro gigantescos elephantes de bronze, etc., +etc.; mas nada d'isto satisfazia o espirito. Columnas e elephantes, a +seu turno, sobre que é que descançavam? Sendo impossivel responder +satisfactoriamente a tal pergunta, aquellas theorias foram completamente +abandonadas, admittindo-se por fim que a Terra se mantinha livre no +espaço. Era um passo para o descobrimento da verdade, mas o erro +subsistia ainda. Segundo a nova doutrina, o nosso planeta +conservar-se-ia quieto no espaço, occupando o centro de todos os corpos +celestes, que giravam em torno d'elle. Isto, que só tinha de bom +explicar a rotação das estrellas chamadas fixas, deixava sem explicação +os movimentos dos planetas por entre as constellações, e foi alterado, +ou antes substituido, pelo systema de Ptolomeu, o qual consistia em +imaginar o universo composto de globos uns dentro dos outros. O +exterior era o Empyreo, isto é, o logar para onde iam as almas dos +bemaventurados. Ao immediato estavam presas as estrellas fixas, e a cada +um dos sete seguintes, os sete planetas então conhecidos, no numero dos +quaes entravam (erradamente, como veremos mais adeante) o Sol e a Lua. +No centro d'esta machina complicadissima, a Terra! Tão prodigioso +edificio era construido do mais fino crystal, para que o brilho dos +corpos celestes podesse chegar até cá. O espirito humano, uma vez no +caminho do absurdo e do maravilhoso, não pára facilmente. Assim, houve +quem asseverasse com a maior seriedade que os aerolithos eram pedaços de +algumas das espheras, que, de velhas, cahiam sobre a Terra; que o +movimento dos planetas era mais vagaroso quando se achavam mais +distantes do Sol, porque não _viam_ tão bem o caminho! etc. etc. + +Á medida, porém, que as observações astronomicas se tornaram mais +frequentes, e que as outras sciencias se foram aperfeiçoando, fornecendo +novos meios de comparação, o systema de Ptolomeu era a cada passo +alterado, para dar a explicação de um novo phenomeno descoberto; e por +fim tornou-se de tal fórma complicado, que já nem os proprios astronomos +se entendiam com elle, o que não o impediu de encontrar defensores +exaltados e de ser conservado muito tempo nas escolas superiores. + + +_Systema de Copernico._--Foi nos seculos XV e XVI que se estabeleceram +as verdadeiras bases da astronomia. O espirito humano começou então a +libertar-se das falsas theorias a que um fanatismo barbaro o trazia +acorrentado, succedendo-se uns após outros os mais bellos +emprehendimentos e as empresas mais arrojadas. Copernico lança então +corajosamente por terra as falsas doutrinas de Ptolomeu e apresenta aos +olhos maravilhados do homem, tal qual é, o principio fundamental da +astronomia; quasi ao mesmo tempo o nosso compatriota Fernão de +Magalhães, effectuando a primeira viagem de circum-navegação, prova +praticamente, aos que ainda duvidavam, a espheroicidade do planeta que +habitamos. + +Uma vez conhecida a verdadeira posição da Terra em relação aos outros +planetas e ao Sol, as descobertas succederam-se umas após outras. A +Copernico demonstrando que todos os planetas se moviam em torno do Sol, +seguiu-se Képler descobrindo as tres leis que regem os movimentos dos +corpos celestes,--Galileu inventando o telescopio,--Halley calculando a +volta de um cometa e Newton descobrindo a força que mantem em equilibrio +todos os astros. + +Actualmente a sciencia póde vangloriar-se de conhecer não só a posição +de cada um dos corpos que constitue o systema solar, mas de saber qual a +distancia de uns aos outros, quaes os seus volumes, e até o peso de cada +um. + +A relação das distancias de uns aos outros planetas está feita na razão +de 1 millimetro para 10 milhões de leguas. Não ha, porém, proporção +alguma no que respeita ás suas dimensões; se quizessemos conservar á +Terra o tamanho, aliás pequenissimo, que alli tem, haveriamos de +representar o Sol por uma esphera do tamanho approximado de uma pequena +laranja e de distanciar proporcionalmente os planetas uns dos outros. + +O caminho percorrido por cada astro, isto é, a sua orbita, acha-se +indicado por traços e os planetas e satellites por pequenos pontos. + +Partindo do Sol, vemos que o primeiro planeta que lhe gira em torno é +Mercurio, em seguida Venus e depois a Terra. Em volta do nosso planeta, +acompanhando-o fielmente, gira um outro globo ou satellite, a Lua. +Segue-se depois Marte com dois satellites. Estes quatro primeiros +planetas, Mercurio, Venus, Terra e Marte, são chamados por alguns +astronomos planetas medios em razão do seu tamanho. Segue-se depois uma +infinidade de planetas de pequenas dimensões, cuja orbita media se acha +tambem alli indicada. São os pequenos planetas que, segundo a hypothese +mais geralmente acceita, constituem os despojos de um grande planeta que +uma causa desconhecida haja despedaçado. Contam-se actualmente cerca de +220 d'estes astros, mas é provavel que o seu numero seja muito maior. +Aos pequenos planetas seguem-se os grandes:--primeiramente Jupiter tendo +em torno quatro satellites; depois Saturno com oito satellites; Urano +com quatro, e finalmente Neptuno com um só. Além dos planetas, que giram +quasi circularmente em torno do Sol, no mesmo sentido e em planos não +muito differente uns dos outros, e dos salellites que acompanham os +planetas,--outros corpos, cuja quantidade é impossivel calcular, +caminham tambem em volta do Sol seguindo orbitas muito alongadas e +movendo-se em todos os sentidos e em planos variadissimos: são os cometas. + +Independentemente dos planetas, satelliles e cometas, o systema solar é +povoado ainda por myriades de outros corpos muito mais pequenos e que +viajam em diversas regiões do céu, umas vezes isolados, outras aos +enxames, voltando periodicamente ao mesmo ponto, e dos quaes só temos +conhecimento quando por acaso atravessam a atmosphera terrestre, ao +contacto da qual se tornam incandescentes, ou quando mesmo são +attrahidos pelo nosso planeta, onde caem. São as estrellas cadentes, os +aerolithos, etc. + +Finalmente um immenso annel luminoso, composto provavelmente de milhões +de milhões d'estes pequenos corpos illuminados pelo Sol, rodeia este +astro, extendendo-se muito além da orbita da Terra. Vê-se n'algumas +epochas do anno elevar-se acima do horisonte, ao pôr ou ao nascer do +Sol. É a luz zodiacal. + +Reunindo, temos o systema solar composto de:--1.º um corpo central, +muito maior que todos os outros, e relativamente immovel, o Sol;--2.º +diversos corpos girando todos no mesmo sentido, e quasi circularmente em +torno d'aquelle astro (são os planetas);--3.º varios corpos mais +pequenos caminhando em volta de alguns planetas (os satellites);--4.º os +cometas, que teem orbita muito alongada, e caminham em todas as +direcções;--5.º as estrellas cadentes, aerolithos, etc., myriades de +pequenas aggregações percorrendo todos os pontos do espaço;--6.º a luz +zodiacal (reunião em volta do Sol de pequenos corpos, illuminados por +elle). + + + + +I + +Do Creador + + +Nós não vemos o Creador; mas sentimos, e reconhecemos o seu poder até ao +menor insecto perdido no pó. Tudo nos mostra um Deus Creador, o céo, a +terra, as aguas, o homem, os animaes, as plantas, e os mineraes; em fim +toda a Natureza. Foi elle quem formou todas as maravilhas, que se +offerecem á nossa vista. + +Meus caros meninos, escutai com attenção o seguinte: Se vós achasseis em +uma planicie, uma casa bonita, de uma architectura regular com quartos +dispostos commodamente, e decorados com magnificencia, dirieis logo: +Esta casa foi construida pelos homens; foram elles quem a mobilou e +decorou. + +Foi um relojoeiro que fez este relogio, é impossivel que elle se fizesse +a si mesmo, dirieis vós se da mesma maneira visseis um relogio indicando +regularmente os minutos, e as horas. Pois assim, meus meninos, olhando +para o céo, as estrellas, o sol, que brilha com tanto resplendor, e a +terra que está coberta de prodigios, dizei vós da mesma maneira: Estas +cousas não poderam produzir-se a si mesmas, o homem não pôde fazel-as. +Ha pois, um ente todo Poderoso que as creou: este ente é Deus, author de +tudo quanto existe, Deus é um Pae terno e vigilante o qual nos não +abandona, nem um só momento. Envia-nos todos os dias a luz que nos +alumia, e o pão que nos sustenta. E que nos pede elle por tantos +beneficios? Quer que o amemos. Ah! meus caros meninos, quanto seriamos +ingratos, e culpados, se não obedecessemos aos seus desejos, se lhe +fechassemos o nosso coração! É d'elle que nos vem tudo o que temos; e é +a elle, a quem devemos todos os nossos sentimentos, e todo o nosso amor. + + + + +II + +O Mundo + + +Declara-se pelo nome de Mundo ou Universo, tudo quanto existe desde o +espaço dos Céos á Terra. Isto é, o sol, as estrellas, a terra, tudo o +que a nossa vista apercebe nas profundidades do ar, da terra e das +aguas, e o que está alem do que podemos alcançar com a vista. Ainda que +a vossa vista é muito fraca e ainda sois mui pequenos, meus meninos, +podeis admirar uma parte d'este immenso espectaculo. O sol, ao meio +d'esses numerosos globos que brilham em todas as abobadas dos céos, é de +todas as obras de Deus aquella, que se apresenta com mais brilhantismo, +e magestade: é um facho, como, eternamente, posto no centro do mundo +para derramar ondas de luz para todos os lados, e a uma distancia que +nos não é permittido determinar: dir-se-hia que é o rei dos astros. +Comecemos pois por elle no artigo seguinte. + + + + +III + +O Sol + + +O calor, e a luz que elle derrama no universo, nos fazem vêr que a sua +materia está continuamente inflammada, e que elle é o proprio fogo. O +sol, o qual nos parece tam pequeno por causa da sua extrema distancia, é +(segundo os astronomos) um milhão e quatro centas vezes maior que a +terra. A sua forma é a de um globo. + +Todas as manhãs o vêdes apparecer no oriente, elevar-se no céo até o +meio dia, e depois descer, e desapparecer abaixo do horisonte ao +occidente. Talvez vos persuadais que elle faz verdadeiramente esse +movimento e que nasce d'um lado para ir pôr-se ao outro; mas seria um +erro. Não é o sol que se volve á roda da terra, mas a terra que se volve +sobre si mesma. O sol não muda de logar, está sempre no centro do mundo +para alumiar tudo quanto o rodeia. Observaram-se por meio das lunetas +manchas sobre este corpo tam brilhante, e por meio d'estas manchas, +descobriu-se que elle se volvia sobre si mesmo, como se volveria uma +bolla atravessada por um prego. + +Estas manchas veem-se em primeiro lugar n'uma extremidade d'este astro; +avançam, vêem-se depois na outra extremidade; e emfim desapparecem para +traz, para tornarem a apparecer, passado algum tempo. Observou-se que +para voltar ao ponto, donde tinha partido, eram-lhe necessarios +vinte e sete dias; e que por consequencia era necessario esse espaço +para que o sol fizesse uma volta sobre o seu eixo. Julga-se que o sol +dista de nós trinta e quatro milhões trezentas e cincoenta e sete mil +quatro centas, e oitenta leguas. + + + + +IV + +As Estrellas + + +Distinguem-se estes astros tam numerosos em «estrellas fixas,» porque se +não vêem mudar de lugar, e em «planetas,» ou «estrellas errantes» porque +estas se volvem em mais ou menos tempo á roda do sol. Ha por ventura +cousa magnifica, e que dê uma idêa maior de Deus do que esta multidão de +estrellas que brilham no firmamento durante as trevas da noite? +Vel-as-hiamos em igual numero durante o dia se o resplendor da luz as +não fizesse desapparecer. Presume-se que as estrellas fixas são globos +luminosos similhantes ao sol, os quaes allumiam outros mundos +demasiadamente distantes para que a nossa vista possa percebêl-os. Se +nos parecem mais pequenas do que o astro que nos alumia é porque estão +infinitamente mais distantes de nós. Julgae da sua grandeza, e da sua +immensa distancia pela que está mais proxima da terra, a que chamam +«Sirio». Crê-se que esta estrella fixa está quatro centas vezes mais +distante de nós do que o sol, e que o seu diametro, ou a sua largura, é +de trinta e tres milhões de leguas. Isso porém, meus meninos, é +superior á concepção da vossa idade; porém com as explicações que vossos +paes ou mestres tiverem a complacencia de vos dar, heis de comprehender +alguma cousa. + + + + +V + +Os Planetas + + +São (fóra os modernos que mais se tem descoberto ha poucos annos) +_Mercurio_, _Venus_, _Terra_, _Marte_, _Jupiter_, _Herschell_ (ao todo +7). Este ultimo só se conhece desde 1785; e foi descoberto por um sabio +astronomo inglez do mesmo nome o qual tambem conservou. + +As estrellas fixas differem dos planetas, por quanto estes (e não +aquellas) se volvem á roda do sol, e não tem luz por si mesmos; pois +aquella, com que elles brilham lhes vem do mesmo sol. Presume-se que +estes immensos globos são, como a terra, mundos habitados. + +O planeta mais pequeno é Mercurio, e o mais visinho do sol. Crê-se que é +quinze vezes mais pequeno que a terra. Venus; á qual tambem chamam ora +«estrella da manhã» (ou da «alva»), ora «vespera» (estrella da tarde,) +vem depois, e tem uma nona parte menos que a terra. Volve-se sobre si +mesma em vinte e tres horas, e vinte minutos. A terra a qual nos parece +tam grande, por que nós somos pequenos, não é (como já vos disse) mais +que um planeta, ou uma estrella errante. Se vós habitasseis Venus ou +Mercurio, ve-la-hieis ao meio do céo, como as outras estrellas e não +vos pareceria maior que a ponta de um dedo. Com algum detalhe, n'ella +logo fallaremos. Marte, é muito menos que a terra; elle não tem mais que +tres quintos do seu diametro. Jupiter, é muito maior. Os astronomos +asseguram que tem treze vezes a grossura da terra. Volve-se sobre si +mesmo em nove horas, e cincoenta e seis minutos. Tem em torno de si +quatro luas. Saturno, é quasi mil vezes maior que a terra. Tem tambem +cinco luas ou satellites. Está, alem d'isso, rodeado por um grande annel +de luz que se descobre por meio das lunetas. Dista do sol trezentos e +vinte e sete milhões, e setecentas mil leguas. Herschell está ainda mais +distante. Parece affastado para a extremidade do mundo. São-lhe +necessarios noventa annos, para se volver á roda do sol. + + + + +VI + +A Terra + + +A terra é redonda como uma bolla. Os seus vales, e montanhas, os quaes +nos parecem tam consideraveis não são nada relativamente á sua grossura; +podem-se apenas comparar com as desigualdades, que se observa sobre a +casca de uma laranja, as quaes não impedem que este fructo tenha uma +forma redonda. A terra tem nove mil leguas de circumferencia ou +circuito. Já se disse que ella se volve sobre si mesma, como uma bolla +que está atravessada por um prego de ferro. Este movimento, a que chamam +«rotação», occasiona-lhe alternativamente o dia, e a noite, isto é, +a parte que está virada para o sol gosa da luz, em quanto a parte +opposta se acha na escuridão. Ora como a terra faz este movimento sobre +si mesma em vinte e quatro horas, resulta d'ahi que n'esse mesmo espaço +tem o dia e a noite. Quereis vós ter uma ideia bem clara do que vos +digo? Pegai n'uma bolla e volvei-a entre vossos dedos diante d'uma luz: +a bolla será a terra, e a luz o sol. Além d'este movimento quotidiano, a +terra tem outro que se executa no espaço d'um anno: ella faz um circulo +immenso á volta do sol. É este ultimo movimento o que produz as +differentes estações do anno. Porém isto é demasiadamente superior á +concepção da vossa idade; para agora vos dar a sua explicação, devo +todavia fazer-vos uma facil observação sobre um effeito notavel +produzido pelo movimento da terra. Como não é nenhuma das duas +extremidades, sobre que ella se volve que se apresenta ao sol, mas sim o +meio, segue-se que esse meio recebendo em toda a circumferencia os raios +do sol, perpendicularmente, sente una calor consideravel, em quanto as +duas extremidades, as quaes recebem os raios obliquamente (de lado) +ficam em um inverno continuo e estão sempre cobertas de gello. Porém +como a terra inclina um pouco para o sol durante seis mezes uma das suas +extremidades, e durante os outros seis mezes a extremidade opposta, +vê-se que cada uma d'ellas gosa alternativamente de um verão rapido, o +qual não tem tempo para derreter aquelles enormes montões de gello. +Estas duas differentes e successivas inclinações, produzem outro effeito +muito extraordinario: é darem a estas tristes regiões dias e noites de +seis mezes. Chama-se «Equador» a facha do meio, a qual se acha debaixo +do sol; e «pólos» as extremidades sobre as quaes se volve a terra. +Ha um polo do meio dia, e outro do Norte. + +N. B.--Advirta-se que em taes objectos é difficultoso fallar á +intelligencia dos meninos; por isso dirigi-vos aos seus olhos; pegai +n'uma bolla, e n'uma luz; e em um quarto d'hora, hade ficar sabendo mais +com essa pequena demonstração, do que com tudo quanto poderieis dizer +n'um mez. Por isso ainda quando a explicação que acabamos de dar, fosse +mil vezes mais clara, e mais extensa, nem por isso deixaria de ser muito +obscura, e muito incompleta para um menino. + + + + +VII + +A Lua + + +Ao reparar no sol de dia, não podereis de noite deixar de attender á sua +rival a lua, que onde vêdes esse magnifico astro que de noite nos dá uma +luz tam doce, e que é tam propicio, crêdes sem duvida, que é um rival do +sol, e um globo mil vezes maior que as estrellas? Desenganai-vos mais +esta vez. A lua parece-nos maior que as estrellas somente por que está +mais perto de nós. Ella não dista da terra mais que oitenta e seis mil +trezentas e vinte e quatro leguas; e o seu volume é quasi cinco mezes +menor que o da terra. É mui pequena comparativamente a Saturno e a +Jupiter, os quaes todavia não vos parecem maiores que a luz d'uma vella. +A lua não faz como os outros planetas a sua revolução á roda do sol, mas +sim, á roda da terra. É a esta que se referem os seus movimentos; +acompanha-a na sua revolução annual á roda do sol; e n'esse espaço +volve-se treze vezes em torno da terra. Em cada um d'estes circulos +gasta vinte e sete dias sete horas e quarenta e tres minutos. + +Ella não tem luz alguma por si mesma, posto que com tudo vos pareça mui +resplandecente de noite. Ella recebe o seu brilhantismo do sol; e por +isso nunca vemos mais que a sua parte alumiada segundo estas differentes +posições, parece-nos uma vez meia lua, um quarto etc. A parte que não +podemos vêr se acha na escuridão. Como ella esclarece a terra com a luz +que recebe, da mesma sorte a terra lhe envia a luz que lhe vem do sol, +porém em muito maior quantidade vista sua grandeza. Ora, nas luas novas, +o lado da terra alumiado está inteiramente virado para a lua, e por +consequencia alumia a sua parte obscura: os habitantes da lua (se ella +os tem) gosam então da terra cheia, como nós em uma posição similhante a +esta gosamos da lua cheia. Não é preciso que eu vos diga que a lua é +redonda; já vol-o disseram os vossos olhos. Notae porém que não é +redonda plana, mas redonda espherica, ou como uma bolla. + + + + +VIII + +Eclipses da Lua e do Sol + + +Eclipse quer dizer privação da lua por meio d'um corpo intermedio. Ha +circunstancias em que a terra priva a lua da luz do sol (a que +chamamos «eclipse da lua»,) e em que a lua priva a terra da mesma luz +solar, (a que chamamos «eclipse do sol»). O eclipse da lua (em que ella +se eclipsa e desapparece aos nossos olhos) é causado pois pela passagem +do corpo da terra directamente entre o sol e a lua. A terra intercepta +então os raios do sol, e a lua fica algum tempo na sombra da terra +privada da luz. O eclipse do sol (em que elle se eclipsa e desapparece +aos nossos olhos) é da mesma sorte causado pela passagem do corpo da lua +directamente entre o sol e a terra. A lua tira-nos então os raios do +sol, e a terra fica algum tempo na sombra da lua, privada da luz. + +Quando a lua está eclipsada, está-o geralmente para todos os povos, que +a podem ver, por que não tem luz por si mesma; porém não acontece o +mesmo a respeito do sol; a lua só o pode occultar a certos povos, onde +chega a sua sombra, e durante este tempo os outros gozam da sua luz, sem +perceberem mudança alguma. + + + + +IV + +Os Elementos + + +Damos a antiga divisão dos elementos, como se fez até ás ultimas +descobertas de chimica, pois é o unico meio de fazer comprehendel-os á +infancia. Elemento, quer dizer constitutivo (ou reunião de forças, +qualidades, ou objectos) que formam qualquer cousa ou parte de um todo +(animado, inanimado, ou intellectual) os elementos, ou simplices, ou +compostos, em geral reduzem-se a quatro principaes elementos todas as +cousas, de tudo quanto existe com corpo; estes elementos são--«o fogo, o +ar, a terra, e a agua.» O primeiro d'estes é unicamente simplicissimo: +os outros tres restantes são compostos d'outros simplicissimos +elementos; razão porque os chimicos reduzindo todo o numero dos +elementos, á sua simplicidade, admittem muito maior numero d'elementos +(ou elementos simplices.) + + + + +X + +O Fogo + + +Meus caros meninos, vós não conheceis outro fogo, que aquelle que +resplandece no fogão, ou na lareira; porém o fogo, ainda que invisivel, +está derramado por toda a natureza. Feri dois seixos e do seu choque +resultará uma faisca; esfregai com força dois bocados de páo, +aquentar-se-hão, e acabarão por allumiar-se; pondo ao sol uma lente, +esta reunindo, e apertando os raios, dar-vos-ha fogo; a mesma luz é fogo +(posto que tenuissimo.) O fogo é necessario á vida de tudo quanto existe +corporeo; e o seu primeiro manancial parece vir do sol. Como o calor é +sempre fraco no inverno tudo languece, tudo parece morto, e as aguas não +podem correr: ellas tornam-se gelo; felizmente a primavera torna a +animar tudo com um novo calor. Se pois o fogo não se fizesse mais sentir +tudo pereceria, gelar-se-hia tudo. + + + + +XI + +O Ar + + +O ar é tam necessario á nossa existencia que se nos achassemos privados +d'elle, morreriamos immediatamente. O ar é este fluido invisivel que +respiramos, continuamente, e que sentimos á roda de nós. Quando é +impellido com força, constitue o «vento». Está derramado em torno do +globo da terra, até uma certa altura, e forma o que chamamos +«atmosphera,» isto é, este espaço onde andam as nuvens. + + + + +XII + +A Agua + + +Todos os paizes, onde não se acha a agua, são estereis, desertos, e não +apresentam mais que tristes planicies de areia. Levada pelo seu proprio +pezo desce sempre, até ser retida nos abismos do mar. De ordinario é nos +montes que se acham as nascentes dos rios. A agua cobre uma parte da +terra, e circula por todos os lados. Vemol-a sahir debaixo da terra, +formar ribeiras, e rios, e encher o immenso lago dos mares. Ella +humecta as terras, alimenta os vegetaes, anima as paisagens e exaltera +os homens, e os animaes. + + + + +XIII + +As Nuvens + + +Uma nuvem é absolutamente similhante aos nevoeiros, que se formam á +noite sobre as margens das ribeiras, e nos sitios pantanosos; o que a +distingue é ter-se formado no ar, e ser impellida pelos ventos até ao +momento em que torna a cahir em chuva sobre a Terra. A agua não corre +sómente sobre a Terra; tambem se alevanta aos ares, e se sustem alli +debaixo da forma das nuvens. O calor do sol faz subir a agua para o céo +em vapores invisiveis. Os rios, os lagos, e os mares fornecem +continuamente (e mais no verão do que no inverno) esses vapores, os +quaes vão reunir-se nos ares em forma de nuvens. Pondo ao sol um panno +molhado, a humidade desapparecerá, e o panno seccará, collocae uma bacia +cheia de agua ao ar, a agua desapparecerá insensivelmente, e não ficará +nem uma só gotta. Que foi feito d'essa agua? Reduziu-se pelo calor em +vapores, e estes elevaram-se até ás nuvens, que vêdes passar sobre +vossas cabeças. + +Quereis ver uma prova mais clara? Examinae a agua, que ferve sobre o +fogo; sahe d'ella um fumo espesso, e o vaso diminue cada vez mais. +Porque rasão diminue esse vaso? É porque a agua se vai em fumo, ou (para +melhor dizer) em vapores. Ponde por um instante a vossa mão sobre +esse fumo, e tiral-a-heis toda molhada. As nuvens não andam muito alto: +os cumes de differentes montanhas são-lhes sobranceiros. Quando se está +sobre essas montanhas, vê-se por baixo as nuvens esclarecidas pelo sol, +o qual as faz parecer brancas, como um montão confuso de algodão. Quando +se passa pelo meio d'ellas, crê-se que se atravessa um nevoeiro, mais ou +menos espesso. + + + + +XIV + +A Chuva + + +Já sabeis como se formam as nuvens; sabeis que se compõem de pequenas +partes d'agua, tão leves, que se tomariam como um pouco de pó: o ar +sustem-as em quanto estão n'este estado. Mas quando estas partes se +approximam, e as unem, tornam-se em gotas, as quaes, sendo mais pesadas +que o ar, que as sustem, começam a cahir, e eis ahi a chuva. Esta chuva +rega os campos, penetra nas terras, e alimenta as nascentes; estas vão +para os rios, e estes para o mar; o sol faz outra vez subir estas aguas +ao ar, donde são restituidas á terra; de sorte que estão continuamente +em movimento, e viajam em todas as partes do mundo, umas vezes +impellidas pelos ventos, e outras vezes arrastadas pelo declive dos +terrenos. + + + + +XV + +A Neve e a Saraiva + + +Deve-se advertir que existe a neve, e se forma quando os vapores humidos +que cahem d'uma nuvem se trasformam na sua queda, pelo gelo que os +penetra, em longos filamentos, os quaes constituem flocos +differentemente arranjados. Se estes vapores tiveram tempo para formar +gotas, que o frio condensa immediatamente, cahe, em logar de neve, +saraiva. Esta saraiva tem, de ordinario, a forma, e a grossura das gotas +da chuva; comtudo algumas cahem como grossos pedaços de gelo; mas +pode-se observar, que esses pedaços, são, n'este caso, compostos de +muitos grãos, que se reuniram na sua queda. + + + + +XVI + +O Mar + + +Chamamos com este nome de «Mar» todas essas immensas qualidades de agua, +que cobrem uma grande parte da Terra. Os homens chegaram a ultrapassar +(pela sua industria) esses abismos que pareciam abertos para os reter, +construiram navios, e viajaram sobre as ondas, que podiam tragal-os, +com mais commodidade, e mesmo com mais segurança do que sobre as terras. +Não é doce, e boa para beber a agua do mar, como a das nascentes, e +rios; ao contrario é acre, amarga e tão salgada, que excita nauseas +violentas. É d'esta agua que se tira o sal, de que se usa na cosinha. +Para isso faz-se entrar a agua do mar em grandes tanques, que tem +sómente algumas polegadas de profundidade; o sol faz evaporar a agua, e +o sal fica em secco no fundo do tanque. + + + + +XVII + +O Homem + + +Das creaturas mais perfeitas que Deus creou, é o Homem; ainda que vive +como todos os animaes, e está sujeito ás mesmas necessidades é-lhes +comtudo tão superior, que não se deve estabelecer comparação alguma +entre elles e o homem. Elle é o chefe de tudo quanto abaixo de Deus, +recebeu a existencia, e o dominador da Terra. E donde lhe vem a sua +superioridade? Da alma; d'esta intelligencia celeste que Deus lhe deu. +Os animaes pensam sómente em satisfazerem as suas necessidades; o homem +é o unico que reflecte, e sabe elevar-se ao conhecimento da Divindade. +Por isso chama-se Razão o sentimento, que dirige as suas acções; e dá-se +somente o nome de «Instincto» ao que faz obrar os animaes; posto que +esse instincto em varias cousas se torna superior ás nosas forças, e +razão, com o proprio influxo e direcção das sabias determinações que +ora coarctam ora dirigem as acções dos animaes. Porém se o homem recebeu +uma prerogativa tão bella, é para se conduzir livremente com mais +sabedoria; quando abusa dos seus meios, quando obra mal, sabe-o, +torna-se culpado para Deus, o qual lhe deu luzes geraes para o +esclarecer no caminho da vida. + +Os deveres dos homens para com Deus estão consignados na verdadeira +Religião Natural ou Universal, a qual se tem dividido em tres idades +«Religião Ante-Moysaica, Religião Moysaica» (ou escripta) «Religião e +Christã» (ou Revelada). Em todas estas tres idades a Religião Natural é +sempre a mesma: representando na 1.ª idade o verdadeiro culto á +Divindade na esperança do Salvador; na 2.ª a confirmação, e mais +magestosa ractificação d'esse culto; e na 3.ª o complemento final d'esse +culto na pessoa do mesmo verdadeiro e esperado Messias, Nosso Senhor +Jesus Christo. Os deveres da Religião em todas as suas idades basea-se +em tres principaes deveres para com Deus, directa ou indirectamente. +Deveres «directos» (para com Deus), «e indirectos» (para comnosco, ou +nossos similhantes). Estes deveres são obrigatorios, ou prohibitivos, +aos quaes se oppoem o crime de commissão para com os primeiros, ou de +omissão para com os segundos. Em estes deveres se contam a celebração do +Sacerdocio, e mais sacramentos da Igreja, e seus deveres; os mandamentos +do Decalogo e da Igreja. + +A vida do homem divide-se em quatro epocas; a saber:--«A Infancia» até +os 15 annos; «A Juventude» até os 35; «A Virilidade» (ou idade viril) +até os 55; e «A Velhice» d'ahi por diante até o muito 100 annos. + + + + +XVIII + +Homens de differentes cores + + +Os homens variam de cor conforme os climas, ou regiões, e terras que +diversamente habitam; por isso não são os homens todos brancos, como os +vemos na Europa. Nos paizes quentes são trigueiros, e mesmo pretos. É +principalmente em Africa que se acham povos inteiros, e numerosos, cuja +pelle é tam preta como o carvão; chamamo-lhes «negros.» Os «Hotentotes,» +os quaes habitam tambem esta parte do mundo, tem uma cor bronzeada. As +differentes cores americanas são as de cobre, e laranja. Os homens de +maior estatura são os «Patagoens,» os quaes habitam a extremidade da +America Meridional: tem commumente seis pés, a seis e meio. Os +«Laponios» são ao contrario os mais pequenos: não tem ordinariamente +mais de quatro pés e meio, é esta a sua estatura ordinaria: porém são +fortes e robustos. Habitam um paiz frio, e coberto quasi sempre de neve +na extremidade septentrional da Europa. + + + + +XIX + +Os Mineraes + + +Dá-se o nome de _mineraes_ ás substancias que se tiram das minas, +isto é, das excavacões que se fazem no seio da Terra. Entre estas +substancias é necessario observar os metaes, que nos são de grandissima +utilidade. Estes metaes são o _ferro, cobre, estanho, chumbo, ouro, e +prata_. O homem não só tornou em vantagem sua tudo quanto a Terra produz +na superficie; mas até o que ella tem occulto nas suas entranhas. + + + + +XX + +O Ferro + + +O homem não tem necessidade senão de purificar o ouro, e a prata; e +é-lhe necessario, para assim dizer, crear o ferro. Este metal, tal qual +a natureza nol-o dá, é mui differente d'aquelle de que as artes usam. +Esta arte sobe á mais remota antiguidade, e pode-se crêr que o ente +creador de todas as cousas o qual o faz nascer com tanta profusão por +toda a terra, suggeriu elle mesmo ao homem os meios de o adoptar ás suas +necessidades, e de o fazer gozar de todas as vantagens, que elle +occulta; pois que este metal tão util apresenta-se debaixo de mil formas +diversas na natureza; e o que vós nunca pensaveis, acha-se quasi em toda +a parte; acham-se partes d'elle na combustão de muitos vegetaes, e +pertende-se mesmo que o sangue que circula nas nossas veias, lhe deve +este vermelho, que o cora. É por meio do fogo que se separa o ferro da +terra com que está misturado; e é igualmente por meio do fogo que se +trabalha, e que se fazem com elle vasos, alavancas, pregos, e mil outros +instrumentos, que nos são de grande utilidade; sem o ferro nunca +existiria um numero infinito d'objectos que augmentam as commodidades da +vida. + +O ouro, que nós procuramos com tanta avidez, é muito menos precioso, que +este metal, que nos parece tão grosseiro. O aço é um ferro refinado. + + + + +XXI + +O Cobre + + +De todos os metaes imperfeitos é o cobre o que mais se aproxima do ouro, +e da prata; se o não tivessemos, haveria um grande vacuo nas producções +as mais interessantes das artes. Porém as suas vantagens são bem +compensadas pelas suas qualidades malfazejas: exposto ao ar, ou á +humanidade, e muitas vezes por si mesmo, cobre-se d'esta ferrugem +conhecida pelo nome de _Verdete_, a qual muitas vezes converte nos vasos +da cosinha em um veneno extremamente perigoso os alimentos que contem. A +estanhadura pallía o perigo, porem não o annulla inteiramente. O mais +prudente é não usar d'este metal sem muito resguardo, e limpeza. O cobre +derretido e purificado, chama-se _Cobre vermelho_. Ligando-o com o zinco +que é outra substancia mineral, obtem-se o _Cobre amarello_, ou o +_Latão_; misturando-lhe uma certa qualidade d'estanho produz-se o +_Bronze_, ou o _Arame_. + + + + +XXII + +O Estanho + + +Emprega-se o estanho de mil maneiras: fazem-se com elle pratos, +colheres, e vasos, usa-se d'elle misturando-o com o chumbo para a +estanhadura; applica-se por traz dos espelhos para lhes dar este +brilhantismo, que lhe faz reflectir as imagens de todos os objectos. + + + + +XXIII + +O Chumbo + + +As minas de chumbo são como as de ferro as mais communs em a Natureza. +Elle é o menos precioso dos metaes. Como é molle e facil a derreter, +fazem-se com elle os canos para conduzir as aguas, e outras obras +semelhantes a esta; fazem-se tambem com elle as ballas de espingarda. + + + + +XXIV + +A Prata + + +As principaes minas da prata em França são as de Santa Maria nos Vosges; +as de Baigóry nos Altos Pyreneus; e as de Chalanches perto de Allemont +no Delphinado. As minas da Noruega são as mais importantes; porem as +mais ricas do mundo são as que se acham no cume das cordilheiras; a +Natureza derramou ahi este metal com uma verdadeira profusão; quasi +todos os paizes da terra possuem minas d'este precioso metal, porem +observa-se que quanto as minas de ouro abundam nos paizes quentes, tanto +a prata parece amar as regiões frias. + + + + +XXV + +O Ouro + + +Não porque nos seja o mais util, mas porque o fizemos, como a prata, +representativa de tudo quanto se pode comparar, eis aqui em fim o metal +que nós estimamos mais. Com tudo é o ouro o mais perfeito, por si mesmo +dos metaes, é o mais pezado, o mais denso, e o mais ductil. Podem-se-lhe +dar todas as formas, pode-se applicar, e extender em folha sobre +superficies, cuja grandeza comparada á pouca materia de que se usou, +admira a imaginação. O fogo, menos que não seja excessivamente violento, +não produz sobre elle impressão alguma. As minas mais abundantes de ouro +são as do Mexico, e Peru, ultimamente as da California na America; bem +como tambem na Austria, Siberia; e acha-se tambem na area de algum rio +em forma de palhetas. + + + + +XXVI + +Das cinco partes do Mundo + + +A terra a qual já dissemos que era redonda divide-se em cinco partes, a +saber: _Europa_, _Asia_, _Africa_, _America_, e novamente descoberta a +Oceánia. A parte do mundo que nós habitamos é a Europa; é a menos +extensa mas a mais povoada, é aquella onde as sciencias e artes são +mais cultivadas. Os seus povos são brancos. A parte meridional é +temperada, e a do norte é fria. A Asia é tres vezes maior que a Europa; +mas não tem povoações proporcionaes. Os seus paizes meridionaes sentem +calores muito grandes, os do norte estão cobertos pelo gelo do inverno +nos tres quartos do anno. Esta parte do mundo é a mais rica em +producções naturaes, pedras preciosas, perolas, especiarias, aromas, e +animaes. A Africa cortada ao meio pelo Equador, isto é, achando-se +directamente debaixo dos raios do sol offerece os climas mais quentes, e +por consequencia mui desertos. Veem-se ahi espaços immensos sem arvores, +e sem verdura onde cobre a terra uma areia secca. É n'ella onde se acham +os homens mais pretos, e os animaes mais ferozes. A America é a +parte maior do mundo. A Asia, a Africa, e a Europa não a conheceram +durante muito tempo; os povos antigos nem ao menos suspeitaram a sua +existencia. Foi somente no curso do decimo quinto seculo, isto é ha +pouco mais de trezentos annos, que Christovão Colombo teve a gloria de +fazer conhecer esta metade do mundo á outra. A America produz uma +quantidade infinita de metaes, e mineraes; o oiro que os europeos tem +tirado d'ella é incalculavel. Ha alli alguns paizes mui povoados, mas ha +outros onde se acha mui pouca povoação. É n'esta parte do mundo que +existem os maiores rios da terra; o maior de todos é o dos Amazonas, o +qual tem mil leguas de curso. + + + + +XXVII + +Divisão do Tempo + + +Os homens sentiram a necessidade de estabelecer as divisões do tempo +para regular os seus trabalhos, recordar os acontecimentos, e combinar, +e designar os dias futuros. A propria natureza indica essas divisões. Já +vos disse que a terra se volve sobre si mesma no espaço de vinte e +quatro horas, e que é esse movimento quem nos dá alternativamente o dia, +e a noite. Essas 24 horas fazem o que se chama um dia. Este achou-se +naturalmente dividido em quatro partes: _a manhã, o meio dia, a tarde e +a meia noite_. Inventaram-se outras divisões, para maior commodidade: +são as _horas_. Contam-se 24 n'um dia, isto é, durante o tempo da luz, e +das trevas; porém estas 24 horas estão divididas em duas vezes doze: +eis de têl-o visto em todos os mostradores, os quaes não tem mais que +esse numero de horas. A hora foi subdividida em 60 minutos, e o minuto +em 60 segundos, etc. + +As 4 estações são: a _Primavera_, em que nascem a verdura e as flores; o +_Estio_, em que se amadurecem os fructos da terra; o _Outono_, em que se +fazem as colheitas; e o _Inverno_ tempo em o qual a terra em repouso +toma novas forças soffrendo a intemperie dos ares (pelos ventos, frios, +neves, gelos, e tempestades). Dividem-se estas estações mais +simplesmente em duas partes, a saber: _Verão e Inverno_, cada uma com +seis mezes; contando o verão desde o meio da primavera, todo o estio, e +primeira parte do Outono (isto é, meio de Maio, a meio de Novembro,) e +contando o inverno desde o meio de Novembro e todo e inverno +propriamente dito, até meio de Maio. + +Além d'esta divisão natural divide-se o anno em doze mezes. O mez é um +espaço de 30 a 31 dias (pouco mais ou menos;) o que se ve n'estes versos: + + Trinta dias tem Novembro; + Abril, Junho e Setembro; + Vinte e oito, ou nove, um + e os demais trinta e um. + +Elles são, pois _Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, +Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, e Dezembro_. + +O inverno começa a vinte e tantos de Dezembro, acabando a vinte e tantos +de Março. A primavera a vinte e tantos de Março a vinte tantos de Junho. +O Estio a vinte e tantos de Junho a vinte e tantos de Setembro. O +outono a vinte e tantos de Setembro até vinte, e tantos de Dezembro. + +Os mezes tambem se dividem em 4 semanas; as quaes não o completam porque +dão somente 28 dias, e os mezes tem 30 a 31; excepto fevereiro _o_ qual +tem 28, e nos annos bissextos, isto é, de 4 em 4, 29. + +A semana contém 7 dias que são: _Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, +Sabbado, e Domingo_. Os Christãos começam a sua semana pela segunda +feira, e o domingo é o setimo dia de repouso. Os Judeus tomam o Sabbado +por seu setimo dia de repouso, contando o domingo como seu primeiro dia +da semana. Os mahometanos tomam o seu primeiro dia no sabbado e o seu +ultimo e setimo na sexta. + +Temos dois equinoxios, e 2 solsticios: Os primeiros em que as noites são +iguaes aos dias em doze horas: os segundos em que os dias e as noites +entre si são ora maiores ora menores. + +De 21 a 22 de Março é o _equinoxio da primavera_. + +De 23 a 24 de Setembro o _equinoxio do Outono_. + +De 23 a 24 de Junho é o _solsticio do estio_, em que os dias são maiores +do anno (isto é, perto das 3 até ás 9 da noite). De 20 a 23 de Dezembro +é o _solsticio de inverno_, em que as noites são as maiores do anno +(isto é, desde perto das 5 da tarde até perto das 7 da manhã). + +Entende-se por um _seculo_ o espaço de cem annos. + +Por lustre o espaço de 5. Por olympiada o espaço de 4. + +O nome, a epocha d'este ultimo, vem das festas que os gregos celebravam +cada 4 annos junto d'Olympia na Grecia. + + + + +XXVIII + +Principaes povos e cidades da Asia + + +A Asia tem mil e setecentas leguas de comprido, e mil e quinhentas de +largo. Seus principaes estados são: Turquia Asiatica, Arabia, Persia, +India, Tartaria (chineza, independente, e russiana, na maior extensão e +pouco povoada,) a China, e o Japão. + +A Turquia Asiatica, é consideravel; e tem a _Persia_ ao oriente; o +Mediterraneo, e o Archipelago ao occidente; ao meio dia a _Arabia_, e ao +norte o _Mar-negro e Persia_. Tem magnificos fragmentos do seu antigo +esplendor. + +A Arabia é a maior peninsula do mundo, de norte a sul com quinhentas +leguas, e de oriente a occidente quatrocentas, _Meca e Medina_ suas +principaes cidades. + +O grande imperio da Persia, cuja capital é _Ispahan_. A India, cujos +principaes estados são o _Indostão, Visapor, Golonda, Bisnagar, Ava, +Pegu, Aracão, Sião, Camboje, Tunquim, Cochinchina._ + +O mais bello poderoso e antigo imperio da China, com quinhentas leguas +d'oriente a occidente; e tresentas e cincoenta de norte a sul. Tem como +immensa povoação as principaes cidades de _Pekin e Nankin_. + + + + +PROPHECIA + + +De um Lavrador velho e cego, da freguezia da Maia, a qual foi achada +debaixo do travesseiro, depois do seu fallecimento. + + + Cessem todos os estrondos + Para em bella harmonia + Ouçam todos mais attentos + Esta real prophecia. + + De um authentico Soberano + Distincto e inspirado + Que alem de ser Monarcha + Tambem tem prophetisado. + + Cujo Soberano escreveu + A qual me mandou lêr + Do que no futuro anno + N'este reino se ha de vêr. + + Prophetisou que para o anno + Tudo o que fôr vegetal, + Causará terror e espanto + No reino de Portugal. + + Toda a terra portugueza + Dará fructo desmarcado + Como nunca se tem visto + Desde que o mundo foi creado. + + As nabiças darão grellos + Tão altos e engrumados, + Que dê mastros de navios, + E serrando-os taboados. + + Cada nabo será tal + Que se o escavar por dentro + Possa dar casa bastante + Para córte d'um jumento. + + Taes repolhos vereis creados + Em todos os repolhaes, + Que o menor seja bastante + P'ra pezar vinte quintaes. + + Pois só as folhas de fóra + D'aquelles mais bem creados + Poderão servir de vellas + Para estender nos eirados. + + As couveiras crearão + Tão altos pés e grossos; + Que d'elles se farão bombas + Para tirar agua dos poços. + + Vereis cebollas como pipas + Batatas como toneis + Tomates como gigas + Alhos como canistreis. + + Que só os dentes dos alhos + Tão volumosos serão, + Como que fossem quartos + De aboboras ou de melão. + + As pereiras darão peras + Tão grandes e tão bastas + Que uma só pera aos pedaços + Encha bem sete canastras. + + Taes limões vereis creados + Nos limoeiros azedos, + Que um limão seja bastante + P'ra carregar seis gallegos. + + E que nozes tão grandes + Se hão de ver pelas Nogueiras, + Que das cascas d'uma só + Se farão duas maceiras. + + E do que tiver por dentro + Gostosos doces farão, + E muitas se hão de moer + Que não hão de dar mau pão. + + Tambem promette abundancia + De pão trigo e centeio + Porque só cada espiga + Dará alqueire e meio. + + As mulheres farão fogueiras + Queimarão fuzos e rocas + Por que ha de nascer linho + Prompto já em maçarocas. + + Pois só cada melancia + Tão grande ha de ser, + Que precisem de dez homens + Com pancas para a mover. + + Da tona grossa e dura + Com talos tão bem creados + Que só possam ser partidos + Com alviões ou machados. + + Cada videira do Douro + Tantos cachos ha de dar + Que de vinho e bagaço + Possa encher um lagar. + + A cinco reis o almude + Quem quizer beberá vinho + Do melhor do Alto Douro + N'esta provincia do Minho. + + No tempo que o vinho fôr + A cinco reis o almude + Muito ha de haver quem diga: + «Cá vae á sua saude.» + + Velhos e velhas vereis + Dar saltinhos de contentes + Porque até terceira vez + Lhe hão de nascer novos dentes. + + Até os brancos cabellos + Vereis tomar novas côres, + Iguaes ás d'aquelle tempo + Em que tinham seus amores. + + Os que forem corcovados + A corcova hão de perder, + Até cegos vereis com vista, + Que já não esperavam vêr. + + Tudo quanto tenho dito + Afianço e asseguro, + Que se nada fôr verdade + Ha de ser mentira tudo. + + D'esta forma terminou + Esta real prophecia, + Só a todos desejo + Vida, paz e alegria. + + + + +HORAS PLANETARIAS + + +Nomes dos Planetas Saturno, Jupiter, Marte, Sol, Venus, Mercurio e Lua. + +_Domingo_ + +A 1.ª hora é quando nasce o Sol, e é hora Solar. + +2.ª--de Venus. + +3.ª--de Mercurio. + +4.ª--de Lua. + +5.ª--de Saturno. + +6.ª--de Jupiter. + +7.ª--de Marte. + +8.ª--do Sol. + +9.ª--de Venus. + +10.ª--de Mercurio. + +11.ª--de Lua. + +12.ª--de Saturno. + +E assim continuará, segundo os nomes dos Planetas; isto é, conforme o +que se segue pelos nomes acima indicados. + +_Segunda-feira_ + +1.ª--esta primeira hora como se tem dito, é da Lua. + +2.ª--de Saturno. + +3.ª--de Jupiter. + +4.ª--de Marte. + +5.ª--do Sol. + +6.ª--de Venus. + +7.ª--de Mercurio. + +8.ª--da Lua. + +E assim se vai proseguindo até pôr-se o Sol. + +_Terça-feira_ + +1.ª--de Marte. + +2.ª--do Sol. + +3.ª--de Venus. + +4.ª--de Mercurio. + +5.ª--da Lua. + +6.ª--de Saturno. + +7.ª--de Jupiter. + +8.ª--de Marte. + +_Quarta-feira_ + +1.ª--de Mercurio. + +2.ª--da Lua. + +3.ª--de Saturno. + +4.ª--de Jupiter. + +5.ª--de Marte. + +6.ª--do Sol. + +7.ª--de Venus. + +8.ª--de Mercurio. + +_Quinta-feira_ + +1.ª--de Jupiter. + +2.ª--de Marte. + +3.ª--do Sol. + +4.ª--de Venus. + +5.ª--de Mercurio. + +6.ª--da Lua. + +7.ª--de Saturno. + +8.ª--de Jupiter. + +_Sexta-feira_ + +1.ª--de Venus. + +2.ª--de Mercurio. + +3.ª--da Lua. + +4.ª--de Saturno. + +5.ª--de Jupiter. + +6.ª--de Marte. + +7.ª--do Sol. + +8.ª--de Venus. + +_Sabbado_ + +1.ª--de Saturno. + +2.ª--de Jupiter. + +3.ª--de Marte. + +4.ª--do Sol. + +5.ª--de Venus. + +6.ª--de Mercurio. + +7.ª--da Lua. + +8.ª--de Saturno. + +E assim vae proseguindo, dando á hora do nascer do Sol de cada dia o +Planeta d'aquelle dia, assim como a oitava depois de ter nascido. + + + + +CONHECIMENTOS UTEIS + + +No Crescente da Lua é que se devem fazer as sementeiras e enxertias, pôr +bacellos, transplantar arvores, e crestar colmeias, tudo em dias de bom +tempo, antes que rebentem as arvores, e o que mais se deve escolher é a +occasião da maré cheia. As sementeiras não só devem ser feitas no +Crescente de Lua, mas é bom que sejam feitas nos dias em que a Lua anda +ou faça conjunção nos signos de Tauro, Cancer, Virgo, Libra ou +Capricornio e maré cheia. + +No Minguante da Lua devem cortar-se as madeiras na força do Sol, colher +fructas para guardar, cavar e podar as vinhas; o melhor corte de +madeiras é quando está a maré cheia. + +Os melhores dias de caça são um dia antes e outro depois de qualquer +aspecto de Lua. Para caçar aves, lebres ou coelhos são bons os dias em +que a Lua ande ou faça conjunção nos signos d'Aries, Tauro, Geminis, +Leo, Virgo, Libra, Sagitario, Capricornio e Aquario. Para pescar é bom o +quarto de Lua em Piscis, Cancer e Escorpio. + + +_Nevoeiro._--São nuvens terrestes que se levantam de lugares humidos, e +ficam espalhadas na atmosphera cuja transparencia toldam. + + +_Nuvens._--São aggregados de vapores mais ou menos espessos e encamados +na atmosphera aonde se condensam formando as nuvens e as chuvas. + + +_Chuva._--As chuvas são nuvens grossas que se evaporam dos rios e do +mar, as quaes são elevadas pelos ventos a uma distancia immensa, +derramando sobre nossos campos a felicidade e a abundancia, quando os +regam e alimentam as fontes. + + +_Neve._--A neve forma-se quando os vapores que cahem das nuvens se +congelam pelo frio que os surprehendem, e cahem então em flocos mui alvos. + + +_Saraiva._--Se os vapores que cahem das nuvens teem tempo de formar +pingas que o frio condensa, cahem então em granisos, ou pedras d'agua +com a mesma configuração e grossura, que haviam de ter as pingas d'agua +como chuva na sua queda. + + +_Orvalhos._--É um vapor subtil que se observa durante as noites e manhãs +da Primavera, Verão e Outomno, e não é mais do que um resfriamento que a +terra experimenta quando cessa de estar exposta aos raios do Sol. + + +_Relampagos._--Dá-se este nome ao clarão que precede o estampido dos +trovões, e tem lugar todas as vezes que o fluido electrico passa d'um +lugar para outro, ou que duas nuvens carregadas d'electricidade chegam a +encontrar-se. + + +_Trovão._--É o estrondo produzido pelo abalo que o ar recente no momento +em que o fluido electrico se descarrega sobre uma nuvem ou sobre a +terra. Pode ajuizar-se da distancia d'uma trovoada pelo espaço que ha +entre o relampago, e o trovão ou por uma pulsação regular; porque se o +pulso bate quatro vezes entre o relampago e o som do trovão, é signal de +que a trovoada está a quatro mil pés de distancia, e se bate cinco +vezes, está a cinco mil pés etc. + + +_Raio._--É o fluido electrico espalhado na atmosphera, que sahe com o +estrondo da trovoada sobre a forma de fogo da parte da atmosphera em que +estava accumulado, e derruba, mata e polvorisa aquillo em que toca ou +acha com resistencia. Recommenda-se para seu defensivo a pelle do lobo +marinho, o loureiro, e o _agnus dei_. + + +_Terra._--A Terra é um globo achatado nos dous polos, prova-se que é +redonda por que navegando-se de E. para O. volta-se ao mesmo ponto. Tem +a Terra 7200 leguas de circumferencia, e é 1,330,000 vezes mais pequena +do que o Sol, e tem não obstante uma superficie de terras habitadas ou +habitaveis, e aguas, que comprehende 24 milhões de leguas quadradas, +julga-se que as aguas cobrem mais das duas terças partes da superficie +da terra. Divide-se o globo em cinco partes, a saber: Europa, Asia, +Africa, America e Oceania. + +Mr. Letrome, segundo um calculo assás exacto, pretende que em 700 +milhões d'homens, pouco mais ou menos, que povoam a terra, ha perto de +230 milhões de christãos, 115 milhões de mahometanos, 5 milhões de +judeus, e 350 milhões de politheistas, povos que admittem mais d'um +Deus, e grande numero d'absurdos. + + +_Atmosphera._--Dá-se este nome á massa d'ar que cerca a terra até á +altura de 20 leguas pouco mais ou menos, e é aonde se formam varios +phenomenos e se reunem os gazes e exalações seccas ou humidas, e aonde +se condensam e precipitam, e é finalmente aonde se formam as chuvas, +ventos, saraivas, trovões etc. + + +_Anno Solar._--É o tempo que decorre desde um Equinocio até outro +Equinocio, isto é, 365 dias, 5 horas e 49 minutos. + + +_Anno Civil._--É aquelle de que usam quasi todas as nações, para +contarem o tempo e as idades, é de 365 dias, e os bissextos de 366 dias. + + +_Mez Lunar._--É o espaço de tempo que decorre d'uma Lua Nova até outra +Lua Nova, e consta termo medio de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2 +segundos. + + +_Cometas._--O numero de Cometas que se teem observado é de algumas +centenas e consistem em uma massa luminosa em fórma de cabeça, +acompanhada de um rasto luminoso, chamado cauda; o seu movimento é +irregular e tudo o que a respeito d'elles se tem calculado é puramente +hypothetico, ha comtudo cometas cuja apparição á nossa vista se acha +calculada. Os antigos consideravam os cometas como presagio de alguma +grande desgraça, hoje, porém, só algum ignorante poderá de tal +presuadir-se. + + +_Marés._--Ha dous fluxos e dous refluxos do mar no intervalo de cada 24 +horas e 49 minutos, estes 49 minutos é o que as marés tardam em subir, +isto é, 24 minutos cada maré, juntando pois 24 minutos á hora de cada +maré teremos a hora da maré. + + +_Velocidade da luz do Sol._--Gasta a luz do Sol 8', para chegar á +terra, isto é, para percorrer os 34 milhões de leguas que nos separam +d'aquelle astro. + + +_Norte._--Para se achar a estrella do Norte, prolonga-se em linha recta +as duas estrellas a que chamam o leme e o prolongamento d'estas irá +mostrar a estrella do Norte. + + +_Methodo facil para observar os Eclipses do Sol._--Defuma-se em cima +d'uma luz um pedaço de vidro de vidraça, até que se não veja nada por +elle, faça-se-lhe depois um pequeno buraco no meio, descubrindo-lhe o +fumo com a ponta do dedo pelo qual se pode observar o Eclipse sem que +faça mal á vista. + + +Sommar:-- + +Signos, gráos e minutos + 9 24 38 + 11 32 47 + 9 27 25 + + +FIM DA SETIMA E ULTIMA PARTE + + + + + +End of the Project Gutenberg EBook of O Oraculo do Passado, do presente e do +Futuro (7/7), by Bento Serrano + +*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O ORACULO DO PASSADO (7/7) *** + +***** This file should be named 31742-8.txt or 31742-8.zip ***** +This and all associated files of various formats will be found in: + https://www.gutenberg.org/3/1/7/4/31742/ + +Produced by Mike Silva (produced from scanned images of +public domain material from Google Book Search) + + +Updated editions will replace the previous one--the old editions +will be renamed. + +Creating the works from public domain print editions means that no +one owns a United States copyright in these works, so the Foundation +(and you!) can copy and distribute it in the United States without +permission and without paying copyright royalties. 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Redistribution is +subject to the trademark license, especially commercial +redistribution. + + + +*** START: FULL LICENSE *** + +THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE +PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK + +To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free +distribution of electronic works, by using or distributing this work +(or any other work associated in any way with the phrase "Project +Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project +Gutenberg-tm License (available with this file or online at +https://gutenberg.org/license). + + +Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm +electronic works + +1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm +electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to +and accept all the terms of this license and intellectual property +(trademark/copyright) agreement. 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It exists +because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from +people in all walks of life. + +Volunteers and financial support to provide volunteers with the +assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's +goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will +remain freely available for generations to come. In 2001, the Project +Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure +and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. +To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation +and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 +and the Foundation web page at https://www.pglaf.org. + + +Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive +Foundation + +The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit +501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the +state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal +Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification +number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at +https://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg +Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent +permitted by U.S. federal laws and your state's laws. + +The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. +Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered +throughout numerous locations. Its business office is located at +809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email +business@pglaf.org. 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You may copy it, give it away or +re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included +with this eBook or online at www.gutenberg.org + + +Title: O Oraculo do Passado, do presente e do Futuro (7/7) + Parte Setima: O oraculo dos Astros + +Author: Bento Serrano + +Release Date: March 23, 2010 [EBook #31742] + +Language: Portuguese + +Character set encoding: ISO-8859-1 + +*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O ORACULO DO PASSADO (7/7) *** + + + + +Produced by Mike Silva (produced from scanned images of +public domain material from Google Book Search) + + + + + + +</pre> + + +<div class="capa"> +<p style="font-size: 3em;">O ORACULO</p> + +<p>DO</p> + +<p style="font-size: 1.5em;">PASSADO, DO PRESENTE E DO FUTURO</p> + +<p style="font-size: 0.8em;">OU O</p> + +<p>Verdadeiro modo de aprender no passado a prevenir o presente, e a adivinhar +o futuro</p> + +<p style="font-size: 0.8em;">POR</p> + +<p style="font-size: 1.5em;">BENTO SERRANO</p> + +<p> </p> + +<p>ASTROLOGO DA SERRA DA ESTRELLA,</p> + +<p><i>Onde reside ha perto de trinta annos, sendo a sua habitação uma estreita +gruta que lhe serve de gabinete dos seus assiduos estudos astronomicos</i></p> + +<p> </p> + +<p> </p> + +<div +style="font-size: 0.9em;margin-left:20%; text-align: left; width: 60%; border: solid 2px #000000;padding: 0.5em;"> +<h4>OBRA DIVIDIDA EM SETE PARTES, CONTENDO CADA UMA O SEGUINTE:</h4> + +<p>Parte primeira—O ORACULO DA NOITE<br> +Parte Segunda—O ORACULO DAS SALAS<br> +Parte Terceira—O ORACULO DOS SEGREDOS<br> +Parte Quarta—O ORACULO DAS FLORES<br> +Parte Quinta—O ORACULO DAS SINAS<br> +Parte Sexta—O ORACULO DA MAGICA<br> +Parte Setima—O ORACULO DOS ASTROS</p> +</div> + +<p> </p> + +<p style="font-size: 0.8em;">PORTO<br> +LIVRARIA PORTUGUEZA—EDITORA<br> +55, Largo dos Loyos, 56<br> +1883</p> +</div> + +<div style="text-align:center;"> +<p style="font-size: 1.5em;">PARTE SETIMA</p> + +<p> </p> + +<p> </p> + +<p style="font-size: 3em;">O ORACULO DOS ASTROS</p> + +<p> </p> + +<p>OU</p> + +<p> </p> + +<p style="font-size: 1.5em;">A verdadeira arte de conhecer os segredos dos Astros pela regular rotação, e +pelos signaes que se observam de noite e dia durante as quatro estações do anno</p> + +<p> </p> + +<p> </p> + +<p> </p> + +<p> </p> + +<p style="font-size: 0.8em;">PORTO</p> + +<p>LIVRARIA PORTUGUEZA—EDITORA<br> +55, Largo dos Loyos, 56<br> +1883</p> + +<p> </p> + +<p> </p> + +<p> </p> + +<p> </p> + +<p align="center">Porto: 1883—Imprensa Commercial—Lavadouros, +16.</p> +</div> + +<p> </p> + +<div id="corpo"> + +<h1><a name="SECTION0010000">O ORACULO DOS ASTROS</a></h1> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0011000">ASTRONOMIA POPULAR</a></h1> + +<p><em>A astronomia na antiguidade.</em>—É antiquissima esta sciencia e parece +que aos pastores do Himalaya se devem as primeiras observações astronomicas, +unicamente fundadas nos movimentos apparentes dos corpos celestes, e nos +phenomenos que mais impressionavam a imaginação do homem, taes como a passagem +dos planetas atravez das constellações, as estrellas cadentes, os cometas, os +eclipses, etc. Como não podia deixar de ser, todas as theorias de então, +fundadas em apparencias falsas, eram falsas tambem, tendo sido modificadas e +corrigidas gradualmente, segundo o exigia o caminhar progressivo das outras +sciencias. A primeira hypothese consistia em imaginar a Terra rodeada de agua +por todos os lados, hypothese<span class="pn">{4}</span> que ainda existia no +tempo de Homero, pois que então acreditava-se que o Sol <em>se apagava</em> ao +mergulhar no Oceano, reaccendendo-se no dia seguinte depois de demorado banho. +Os astronomos gregos, ha dois mil annos, julgavam que as estrellas eram chammas +alimentadas pelas exhalações da Terra!</p> + +<p>Todavia, quando se observou que o Sol, a Lua, as estrellas e os planetas, se +escondiam todos os dias no horizonte, surgindo no immediato do lado opposto, +força foi admittir que passavam sob a Terra,—e d'aqui uma revolução immensa, +completa, na maneira de considerar o nosso planeta, que até então o homem tinha +como solidamente assente debaixo dos pés, prolongando-se até ao infinito. Para +explicar aquella passagem, inventaram-se hypotheses sobre hypotheses, qual +d'ellas mais extraordinaria, qual d'ellas mais absurda. Um deu á Terra a forma +de meza circular sustentada por doze columnas, outro a de uma cupula +descançando em cima de quatro gigantescos elephantes de bronze, etc., etc.; mas +nada d'isto satisfazia o espirito. Columnas e elephantes, a seu turno, sobre +que é que descançavam? Sendo impossivel responder satisfactoriamente a tal +pergunta, aquellas theorias foram completamente abandonadas, admittindo-se por +fim que a Terra se mantinha livre no espaço. Era um passo para o descobrimento +da verdade, mas o erro subsistia ainda. Segundo a nova doutrina, o nosso +planeta conservar-se-ia quieto no espaço, occupando o centro de todos os corpos +celestes, que giravam em torno d'elle. Isto, que só tinha de bom explicar a +rotação das estrellas chamadas fixas, deixava sem explicação os movimentos dos +planetas por entre as constellações, e foi alterado, ou antes substituido, pelo +systema de Ptolomeu, o qual consistia em imaginar o universo composto<span +class="pn">{5}</span> de globos uns dentro dos outros. O exterior era o +Empyreo, isto é, o logar para onde iam as almas dos bemaventurados. Ao +immediato estavam presas as estrellas fixas, e a cada um dos sete seguintes, os +sete planetas então conhecidos, no numero dos quaes entravam (erradamente, como +veremos mais adeante) o Sol e a Lua. No centro d'esta machina complicadissima, +a Terra! Tão prodigioso edificio era construido do mais fino crystal, para que +o brilho dos corpos celestes podesse chegar até cá. O espirito humano, uma vez +no caminho do absurdo e do maravilhoso, não pára facilmente. Assim, houve quem +asseverasse com a maior seriedade que os aerolithos eram pedaços de algumas das +espheras, que, de velhas, cahiam sobre a Terra; que o movimento dos planetas +era mais vagaroso quando se achavam mais distantes do Sol, porque não +<em>viam</em> tão bem o caminho! etc. etc.</p> + +<p>Á medida, porém, que as observações astronomicas se tornaram mais +frequentes, e que as outras sciencias se foram aperfeiçoando, fornecendo novos +meios de comparação, o systema de Ptolomeu era a cada passo alterado, para dar +a explicação de um novo phenomeno descoberto; e por fim tornou-se de tal fórma +complicado, que já nem os proprios astronomos se entendiam com elle, o que não +o impediu de encontrar defensores exaltados e de ser conservado muito tempo nas +escolas superiores.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Systema de Copernico.</em>—Foi nos seculos <small>XV</small> e +<small>XVI</small> que se estabeleceram as verdadeiras bases da astronomia. O +espirito humano começou então a libertar-se das falsas theorias a que um +fanatismo barbaro o trazia acorrentado, succedendo-se uns após outros os mais +bellos emprehendimentos e as empresas mais arrojadas.<span +class="pn">{6}</span> Copernico lança então corajosamente por terra as falsas +doutrinas de Ptolomeu e apresenta aos olhos maravilhados do homem, tal qual é, +o principio fundamental da astronomia; quasi ao mesmo tempo o nosso compatriota +Fernão de Magalhães, effectuando a primeira viagem de circum-navegação, prova +praticamente, aos que ainda duvidavam, a espheroicidade do planeta que +habitamos.</p> + +<p>Uma vez conhecida a verdadeira posição da Terra em relação aos outros +planetas e ao Sol, as descobertas succederam-se umas após outras. A Copernico +demonstrando que todos os planetas se moviam em torno do Sol, seguiu-se Képler +descobrindo as tres leis que regem os movimentos dos corpos celestes,—Galileu +inventando o telescopio,—Halley calculando a volta de um cometa e Newton +descobrindo a força que mantem em equilibrio todos os astros.</p> + +<p>Actualmente a sciencia póde vangloriar-se de conhecer não só a posição de +cada um dos corpos que constitue o systema solar, mas de saber qual a distancia +de uns aos outros, quaes os seus volumes, e até o peso de cada um.</p> + +<p>A relação das distancias de uns aos outros planetas está feita na razão de 1 +millimetro para 10 milhões de leguas. Não ha, porém, proporção alguma no que +respeita ás suas dimensões; se quizessemos conservar á Terra o tamanho, aliás +pequenissimo, que alli tem, haveriamos de representar o Sol por uma esphera do +tamanho approximado de uma pequena laranja e de distanciar proporcionalmente os +planetas uns dos outros.</p> + +<p>O caminho percorrido por cada astro, isto é, a sua orbita, acha-se indicado +por traços e os planetas e satellites por pequenos pontos.<span +class="pn">{7}</span> </p> + +<p>Partindo do Sol, vemos que o primeiro planeta que lhe gira em torno é +Mercurio, em seguida Venus e depois a Terra. Em volta do nosso planeta, +acompanhando-o fielmente, gira um outro globo ou satellite, a Lua. Segue-se +depois Marte com dois satellites. Estes quatro primeiros planetas, Mercurio, +Venus, Terra e Marte, são chamados por alguns astronomos planetas medios em +razão do seu tamanho. Segue-se depois uma infinidade de planetas de pequenas +dimensões, cuja orbita media se acha tambem alli indicada. São os pequenos +planetas que, segundo a hypothese mais geralmente acceita, constituem os +despojos de um grande planeta que uma causa desconhecida haja despedaçado. +Contam-se actualmente cerca de 220 d'estes astros, mas é provavel que o seu +numero seja muito maior. Aos pequenos planetas seguem-se os +grandes:—primeiramente Jupiter tendo em torno quatro satellites; depois +Saturno com oito satellites; Urano com quatro, e finalmente Neptuno com um só. +Além dos planetas, que giram quasi circularmente em torno do Sol, no mesmo +sentido e em planos não muito differente uns dos outros, e dos salellites que +acompanham os planetas,—outros corpos, cuja quantidade é impossivel calcular, +caminham tambem em volta do Sol seguindo orbitas muito alongadas e movendo-se +em todos os sentidos e em planos variadissimos: são os cometas.</p> + +<p>Independentemente dos planetas, satelliles e cometas, o systema solar é +povoado ainda por myriades de outros corpos muito mais pequenos e que viajam em +diversas regiões do céu, umas vezes isolados, outras aos enxames, voltando +periodicamente ao mesmo ponto, e dos quaes só temos conhecimento quando por +acaso atravessam a atmosphera terrestre, ao contacto<span class="pn">{8}</span> +da qual se tornam incandescentes, ou quando mesmo são attrahidos pelo nosso +planeta, onde caem. São as estrellas cadentes, os aerolithos, etc.</p> + +<p>Finalmente um immenso annel luminoso, composto provavelmente de milhões de +milhões d'estes pequenos corpos illuminados pelo Sol, rodeia este astro, extendendo-se muito além da orbita da Terra. Vê-se n'algumas epochas do anno +elevar-se acima do horisonte, ao pôr ou ao nascer do Sol. É a luz zodiacal.</p> + +<p>Reunindo, temos o systema solar composto de:—1.º um corpo central, muito +maior que todos os outros, e relativamente immovel, o Sol;—2.º diversos corpos +girando todos no mesmo sentido, e quasi circularmente em torno d'aquelle astro +(são os planetas);—3.º varios corpos mais pequenos caminhando em volta de +alguns planetas (os satellites);—4.º os cometas, que teem orbita muito +alongada, e caminham em todas as direcções;—5.º as estrellas cadentes, +aerolithos, etc., myriades de pequenas aggregações percorrendo todos os pontos +do espaço;—6.º a luz zodiacal (reunião em volta do Sol de pequenos corpos, +illuminados por elle).<span class="pn">{9}</span> </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0012000">I</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION0012100">Do Creador</a> </h2> + +<p>Nós não vemos o Creador; mas sentimos, e reconhecemos o seu poder até ao +menor insecto perdido no pó. Tudo nos mostra um Deus Creador, o céo, a terra, +as aguas, o homem, os animaes, as plantas, e os mineraes; em fim toda a +Natureza. Foi elle quem formou todas as maravilhas, que se offerecem á nossa +vista.</p> + +<p>Meus caros meninos, escutai com attenção o seguinte: Se vós achasseis em uma +planicie, uma casa bonita, de uma architectura regular com quartos dispostos +commodamente, e decorados com magnificencia, dirieis logo: Esta casa foi +construida pelos homens; foram elles quem a mobilou e decorou.</p> + +<p>Foi um relojoeiro que fez este relogio, é impossivel que elle se fizesse a +si mesmo, dirieis vós se da mesma maneira visseis um relogio indicando +regularmente os minutos, e as horas. Pois assim, meus meninos, olhando para o +céo, as estrellas, o sol, que brilha com tanto resplendor, e a terra que está +coberta de prodigios, dizei vós da mesma maneira: Estas cousas não poderam +produzir-se a si mesmas, o homem não pôde fazel-as. Ha pois, um ente todo +Poderoso que as creou: este ente é Deus, author de tudo quanto existe, Deus é +um Pae terno e vigilante o qual nos não abandona, nem um só momento. Envia-nos +todos os dias a luz que nos alumia, e o pão que nos sustenta.<span +class="pn">{10}</span> E que nos pede elle por tantos beneficios? Quer que o +amemos. Ah! meus caros meninos, quanto seriamos ingratos, e culpados, se não +obedecessemos aos seus desejos, se lhe fechassemos o nosso coração! É d'elle +que nos vem tudo o que temos; e é a elle, a quem devemos todos os nossos +sentimentos, e todo o nosso amor.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0013000">II</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION0013100">O Mundo</a> </h2> + +<p>Declara-se pelo nome de Mundo ou Universo, tudo quanto existe desde o espaço +dos Céos á Terra. Isto é, o sol, as estrellas, a terra, tudo o que a nossa +vista apercebe nas profundidades do ar, da terra e das aguas, e o que está alem +do que podemos alcançar com a vista. Ainda que a vossa vista é muito fraca e +ainda sois mui pequenos, meus meninos, podeis admirar uma parte d'este immenso +espectaculo. O sol, ao meio d'esses numerosos globos que brilham em todas as +abobadas dos céos, é de todas as obras de Deus aquella, que se apresenta com +mais brilhantismo, e magestade: é um facho, como, eternamente, posto no centro +do mundo para derramar ondas de luz para todos os lados, e a uma distancia que +nos não é permittido determinar: dir-se-hia que é o rei dos astros. Comecemos +pois por elle no artigo seguinte.<span class="pn">{11}</span> </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0014000">III</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION0014100">O Sol</a> </h2> + +<p>O calor, e a luz que elle derrama no universo, nos fazem vêr que a sua +materia está continuamente inflammada, e que elle é o proprio fogo. O sol, o +qual nos parece tam pequeno por causa da sua extrema distancia, é (segundo os +astronomos) um milhão e quatro centas vezes maior que a terra. A sua forma é a +de um globo.</p> + +<p>Todas as manhãs o vêdes apparecer no oriente, elevar-se no céo até o meio +dia, e depois descer, e desapparecer abaixo do horisonte ao occidente. Talvez +vos persuadais que elle faz verdadeiramente esse movimento e que nasce d'um +lado para ir pôr-se ao outro; mas seria um erro. Não é o sol que se volve á +roda da terra, mas a terra que se volve sobre si mesma. O sol não muda de +logar, está sempre no centro do mundo para alumiar tudo quanto o rodeia. +Observaram-se por meio das lunetas manchas sobre este corpo tam brilhante, e +por meio d'estas manchas, descobriu-se que elle se volvia sobre si mesmo, como +se volveria uma bolla atravessada por um prego.</p> + +<p>Estas manchas veem-se em primeiro lugar n'uma extremidade d'este astro; +avançam, vêem-se depois na outra extremidade; e emfim desapparecem para traz, +para tornarem a apparecer, passado algum tempo. Observou-se que para voltar ao +ponto, donde tinha<span class="pn">{12}</span> partido, eram-lhe necessarios +vinte e sete dias; e que por consequencia era necessario esse espaço para que o +sol fizesse uma volta sobre o seu eixo. Julga-se que o sol dista de nós trinta +e quatro milhões trezentas e cincoenta e sete mil quatro centas, e oitenta +leguas.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0015000">IV</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION0015100">As Estrellas</a> </h2> + +<p>Distinguem-se estes astros tam numerosos em «estrellas fixas,» porque se não +vêem mudar de lugar, e em «planetas,» ou «estrellas errantes» porque estas se +volvem em mais ou menos tempo á roda do sol. Ha por ventura cousa magnifica, e +que dê uma idêa maior de Deus do que esta multidão de estrellas que brilham no +firmamento durante as trevas da noite? Vel-as-hiamos em igual numero durante o +dia se o resplendor da luz as não fizesse desapparecer. Presume-se que as +estrellas fixas são globos luminosos similhantes ao sol, os quaes allumiam +outros mundos demasiadamente distantes para que a nossa vista possa +percebêl-os. Se nos parecem mais pequenas do que o astro que nos alumia é +porque estão infinitamente mais distantes de nós. Julgae da sua grandeza, e da +sua immensa distancia pela que está mais proxima da terra, a que chamam +«Sirio». Crê-se que esta estrella fixa está quatro centas vezes mais distante +de nós do que o sol, e que o seu diametro, ou a sua largura, é de trinta e tres +milhões de leguas. Isso porém, meus meninos,<span class="pn">{13}</span> é +superior á concepção da vossa idade; porém com as explicações que vossos paes +ou mestres tiverem a complacencia de vos dar, heis de comprehender alguma +cousa.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0016000">V</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION0016100">Os Planetas</a> </h2> + +<p>São (fóra os modernos que mais se tem descoberto ha poucos annos) +<em>Mercurio</em>, <em>Venus</em>, <em>Terra</em>, <em>Marte</em>, +<em>Jupiter</em>, <em>Herschell</em> (ao todo 7). Este ultimo só se conhece +desde 1785; e foi descoberto por um sabio astronomo inglez do mesmo nome o qual +tambem conservou.</p> + +<p>As estrellas fixas differem dos planetas, por quanto estes (e não aquellas) +se volvem á roda do sol, e não tem luz por si mesmos; pois aquella, com que +elles brilham lhes vem do mesmo sol. Presume-se que estes immensos globos são, +como a terra, mundos habitados.</p> + +<p>O planeta mais pequeno é Mercurio, e o mais visinho do sol. Crê-se que é +quinze vezes mais pequeno que a terra. Venus; á qual tambem chamam ora +«estrella da manhã» (ou da «alva»), ora «vespera» (estrella da tarde,) vem +depois, e tem uma nona parte menos que a terra. Volve-se sobre si mesma em +vinte e tres horas, e vinte minutos. A terra a qual nos parece tam grande, por +que nós somos pequenos, não é (como já vos disse) mais que um planeta, ou uma +estrella errante. Se vós habitasseis Venus ou Mercurio, ve-la-hieis ao meio do +céo, como<span class="pn">{14}</span> as outras estrellas e não vos pareceria +maior que a ponta de um dedo. Com algum detalhe, n'ella logo fallaremos. Marte, +é muito menos que a terra; elle não tem mais que tres quintos do seu diametro. +Jupiter, é muito maior. Os astronomos asseguram que tem treze vezes a grossura +da terra. Volve-se sobre si mesmo em nove horas, e cincoenta e seis minutos. +Tem em torno de si quatro luas. Saturno, é quasi mil vezes maior que a terra. +Tem tambem cinco luas ou satellites. Está, alem d'isso, rodeado por um grande +annel de luz que se descobre por meio das lunetas. Dista do sol trezentos e +vinte e sete milhões, e setecentas mil leguas. Herschell está ainda mais +distante. Parece affastado para a extremidade do mundo. São-lhe necessarios +noventa annos, para se volver á roda do sol.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0017000">VI</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION0017100">A Terra</a> </h2> + +<p>A terra é redonda como uma bolla. Os seus vales, e montanhas, os quaes nos +parecem tam consideraveis não são nada relativamente á sua grossura; podem-se +apenas comparar com as desigualdades, que se observa sobre a casca de uma +laranja, as quaes não impedem que este fructo tenha uma forma redonda. A terra +tem nove mil leguas de circumferencia ou circuito. Já se disse que ella se +volve sobre si mesma, como uma bolla que está atravessada por um prego de +ferro. Este movimento, a que chamam «rotação»,<span class="pn">{15}</span> +occasiona-lhe alternativamente o dia, e a noite, isto é, a parte que está +virada para o sol gosa da luz, em quanto a parte opposta se acha na escuridão. +Ora como a terra faz este movimento sobre si mesma em vinte e quatro horas, +resulta d'ahi que n'esse mesmo espaço tem o dia e a noite. Quereis vós ter uma +ideia bem clara do que vos digo? Pegai n'uma bolla e volvei-a entre vossos +dedos diante d'uma luz: a bolla será a terra, e a luz o sol. Além d'este +movimento quotidiano, a terra tem outro que se executa no espaço d'um anno: +ella faz um circulo immenso á volta do sol. É este ultimo movimento o que +produz as differentes estações do anno. Porém isto é demasiadamente superior á +concepção da vossa idade; para agora vos dar a sua explicação, devo todavia +fazer-vos uma facil observação sobre um effeito notavel produzido pelo +movimento da terra. Como não é nenhuma das duas extremidades, sobre que ella se +volve que se apresenta ao sol, mas sim o meio, segue-se que esse meio recebendo +em toda a circumferencia os raios do sol, perpendicularmente, sente una calor +consideravel, em quanto as duas extremidades, as quaes recebem os raios +obliquamente (de lado) ficam em um inverno continuo e estão sempre cobertas de +gello. Porém como a terra inclina um pouco para o sol durante seis mezes uma +das suas extremidades, e durante os outros seis mezes a extremidade opposta, +vê-se que cada uma d'ellas gosa alternativamente de um verão rapido, o qual não +tem tempo para derreter aquelles enormes montões de gello. Estas duas +differentes e successivas inclinações, produzem outro effeito muito +extraordinario: é darem a estas tristes regiões dias e noites de seis mezes. +Chama-se «Equador» a facha do meio, a qual se acha debaixo do sol; e «pólos» +as<span class="pn">{16}</span> extremidades sobre as quaes se volve a terra. Ha +um polo do meio dia, e outro do Norte.</p> + +<p>N. B.—Advirta-se que em taes objectos é difficultoso fallar á intelligencia +dos meninos; por isso dirigi-vos aos seus olhos; pegai n'uma bolla, e n'uma +luz; e em um quarto d'hora, hade ficar sabendo mais com essa pequena +demonstração, do que com tudo quanto poderieis dizer n'um mez. Por isso ainda +quando a explicação que acabamos de dar, fosse mil vezes mais clara, e mais +extensa, nem por isso deixaria de ser muito obscura, e muito incompleta para um +menino.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0018000">VII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION0018100">A Lua</a> </h2> + +<p>Ao reparar no sol de dia, não podereis de noite deixar de attender á sua +rival a lua, que onde vêdes esse magnifico astro que de noite nos dá uma luz +tam doce, e que é tam propicio, crêdes sem duvida, que é um rival do sol, e um +globo mil vezes maior que as estrellas? Desenganai-vos mais esta vez. A lua +parece-nos maior que as estrellas somente por que está mais perto de nós. Ella +não dista da terra mais que oitenta e seis mil trezentas e vinte e quatro +leguas; e o seu volume é quasi cinco mezes menor que o da terra. É mui pequena +comparativamente a Saturno e a Jupiter, os quaes todavia não vos parecem +maiores que a luz d'uma vella. A lua não faz como os outros planetas a sua +revolução á roda do sol, mas sim, á<span class="pn">{17}</span> roda da terra. +É a esta que se referem os seus movimentos; acompanha-a na sua revolução annual +á roda do sol; e n'esse espaço volve-se treze vezes em torno da terra. Em cada +um d'estes circulos gasta vinte e sete dias sete horas e quarenta e tres +minutos. </p> + +<p>Ella não tem luz alguma por si mesma, posto que com tudo vos pareça mui +resplandecente de noite. Ella recebe o seu brilhantismo do sol; e por isso +nunca vemos mais que a sua parte alumiada segundo estas differentes posições, +parece-nos uma vez meia lua, um quarto etc. A parte que não podemos vêr se acha +na escuridão. Como ella esclarece a terra com a luz que recebe, da mesma sorte +a terra lhe envia a luz que lhe vem do sol, porém em muito maior quantidade +vista sua grandeza. Ora, nas luas novas, o lado da terra alumiado está +inteiramente virado para a lua, e por consequencia alumia a sua parte obscura: +os habitantes da lua (se ella os tem) gosam então da terra cheia, como nós em +uma posição similhante a esta gosamos da lua cheia. Não é preciso que eu vos +diga que a lua é redonda; já vol-o disseram os vossos olhos. Notae porém que +não é redonda plana, mas redonda espherica, ou como uma bolla.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0019000">VIII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION0019100">Eclipses da Lua e do Sol</a> </h2> + +<p>Eclipse quer dizer privação da lua por meio d'um corpo intermedio. Ha +circunstancias em que a terra<span class="pn">{18}</span> priva a lua da luz do +sol (a que chamamos «eclipse da lua»,) e em que a lua priva a terra da mesma +luz solar, (a que chamamos «eclipse do sol»). O eclipse da lua (em que ella se +eclipsa e desapparece aos nossos olhos) é causado pois pela passagem do corpo +da terra directamente entre o sol e a lua. A terra intercepta então os raios do +sol, e a lua fica algum tempo na sombra da terra privada da luz. O eclipse do +sol (em que elle se eclipsa e desapparece aos nossos olhos) é da mesma sorte +causado pela passagem do corpo da lua directamente entre o sol e a terra. A lua +tira-nos então os raios do sol, e a terra fica algum tempo na sombra da lua, +privada da luz.</p> + +<p>Quando a lua está eclipsada, está-o geralmente para todos os povos, que a +podem ver, por que não tem luz por si mesma; porém não acontece o mesmo a +respeito do sol; a lua só o pode occultar a certos povos, onde chega a sua +sombra, e durante este tempo os outros gozam da sua luz, sem perceberem mudança +alguma.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00110000">IV</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00110100">Os Elementos</a> </h2> + +<p>Damos a antiga divisão dos elementos, como se fez até ás ultimas descobertas +de chimica, pois é o unico meio de fazer comprehendel-os á infancia. Elemento, +quer dizer constitutivo (ou reunião de forças, qualidades, ou objectos) que +formam qualquer cousa ou parte de um todo (animado, inanimado, ou<span +class="pn">{19}</span> intellectual) os elementos, ou simplices, ou compostos, +em geral reduzem-se a quatro principaes elementos todas as cousas, de tudo +quanto existe com corpo; estes elementos são—«o fogo, o ar, a terra, e a +agua.» O primeiro d'estes é unicamente simplicissimo: os outros tres restantes +são compostos d'outros simplicissimos elementos; razão porque os chimicos +reduzindo todo o numero dos elementos, á sua simplicidade, admittem muito maior +numero d'elementos (ou elementos simplices.)</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00111000">X</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00111100">O Fogo</a> </h2> + +<p>Meus caros meninos, vós não conheceis outro fogo, que aquelle que +resplandece no fogão, ou na lareira; porém o fogo, ainda que invisivel, está +derramado por toda a natureza. Feri dois seixos e do seu choque resultará uma +faisca; esfregai com força dois bocados de páo, aquentar-se-hão, e acabarão por +allumiar-se; pondo ao sol uma lente, esta reunindo, e apertando os raios, +dar-vos-ha fogo; a mesma luz é fogo (posto que tenuissimo.) O fogo é necessario +á vida de tudo quanto existe corporeo; e o seu primeiro manancial parece vir do +sol. Como o calor é sempre fraco no inverno tudo languece, tudo parece morto, e +as aguas não podem correr: ellas tornam-se gelo; felizmente a primavera torna a +animar tudo com um novo calor. Se pois o fogo não se fizesse mais sentir tudo +pereceria, gelar-se-hia tudo.<span class="pn">{20}</span> </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00112000">XI</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00112100">O Ar</a> </h2> + +<p>O ar é tam necessario á nossa existencia que se nos achassemos privados +d'elle, morreriamos immediatamente. O ar é este fluido invisivel que +respiramos, continuamente, e que sentimos á roda de nós. Quando é impellido com +força, constitue o «vento». Está derramado em torno do globo da terra, até uma +certa altura, e forma o que chamamos «atmosphera,» isto é, este espaço onde +andam as nuvens.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00113000">XII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00113100">A Agua</a> </h2> + +<p>Todos os paizes, onde não se acha a agua, são estereis, desertos, e não +apresentam mais que tristes planicies de areia. Levada pelo seu proprio pezo +desce sempre, até ser retida nos abismos do mar. De ordinario é nos montes que +se acham as nascentes dos rios. A agua cobre uma parte da terra, e circula por +todos os lados. Vemol-a sahir debaixo da terra, formar ribeiras, e rios, e +encher o immenso lago dos mares.<span class="pn">{21}</span> Ella humecta as +terras, alimenta os vegetaes, anima as paisagens e exaltera os homens, e os +animaes. </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00114000">XIII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00114100">As Nuvens</a> </h2> + +<p>Uma nuvem é absolutamente similhante aos nevoeiros, que se formam á noite +sobre as margens das ribeiras, e nos sitios pantanosos; o que a distingue é +ter-se formado no ar, e ser impellida pelos ventos até ao momento em que torna +a cahir em chuva sobre a Terra. A agua não corre sómente sobre a Terra; tambem +se alevanta aos ares, e se sustem alli debaixo da forma das nuvens. O calor do +sol faz subir a agua para o céo em vapores invisiveis. Os rios, os lagos, e os +mares fornecem continuamente (e mais no verão do que no inverno) esses vapores, +os quaes vão reunir-se nos ares em forma de nuvens. Pondo ao sol um panno +molhado, a humidade desapparecerá, e o panno seccará, collocae uma bacia cheia +de agua ao ar, a agua desapparecerá insensivelmente, e não ficará nem uma só +gotta. Que foi feito d'essa agua? Reduziu-se pelo calor em vapores, e estes +elevaram-se até ás nuvens, que vêdes passar sobre vossas cabeças.</p> + +<p>Quereis ver uma prova mais clara? Examinae a agua, que ferve sobre o fogo; +sahe d'ella um fumo espesso, e o vaso diminue cada vez mais. Porque rasão +diminue esse vaso? É porque a agua se vai em fumo, ou (para melhor dizer) em +vapores. Ponde por um instante<span class="pn">{22}</span> a vossa mão sobre +esse fumo, e tiral-a-heis toda molhada. As nuvens não andam muito alto: os +cumes de differentes montanhas são-lhes sobranceiros. Quando se está sobre +essas montanhas, vê-se por baixo as nuvens esclarecidas pelo sol, o qual as faz +parecer brancas, como um montão confuso de algodão. Quando se passa pelo meio +d'ellas, crê-se que se atravessa um nevoeiro, mais ou menos espesso.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00115000">XIV</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00115100">A Chuva</a> </h2> + +<p>Já sabeis como se formam as nuvens; sabeis que se compõem de pequenas partes +d'agua, tão leves, que se tomariam como um pouco de pó: o ar sustem-as em +quanto estão n'este estado. Mas quando estas partes se approximam, e as unem, +tornam-se em gotas, as quaes, sendo mais pesadas que o ar, que as sustem, +começam a cahir, e eis ahi a chuva. Esta chuva rega os campos, penetra nas +terras, e alimenta as nascentes; estas vão para os rios, e estes para o mar; o +sol faz outra vez subir estas aguas ao ar, donde são restituidas á terra; de +sorte que estão continuamente em movimento, e viajam em todas as partes do +mundo, umas vezes impellidas pelos ventos, e outras vezes arrastadas pelo +declive dos terrenos.<span class="pn">{23}</span> </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00116000">XV</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00116100">A Neve e a Saraiva</a> </h2> + +<p>Deve-se advertir que existe a neve, e se forma quando os vapores humidos que +cahem d'uma nuvem se trasformam na sua queda, pelo gelo que os penetra, em +longos filamentos, os quaes constituem flocos differentemente arranjados. Se +estes vapores tiveram tempo para formar gotas, que o frio condensa +immediatamente, cahe, em logar de neve, saraiva. Esta saraiva tem, de +ordinario, a forma, e a grossura das gotas da chuva; comtudo algumas cahem como +grossos pedaços de gelo; mas pode-se observar, que esses pedaços, são, n'este +caso, compostos de muitos grãos, que se reuniram na sua queda.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00117000">XVI</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00117100">O Mar</a> </h2> + +<p>Chamamos com este nome de «Mar» todas essas immensas qualidades de agua, que +cobrem uma grande parte da Terra. Os homens chegaram a ultrapassar (pela sua +industria) esses abismos que pareciam abertos para os reter, construiram +navios, e viajaram sobre<span class="pn">{24}</span> as ondas, que podiam +tragal-os, com mais commodidade, e mesmo com mais segurança do que sobre as +terras. Não é doce, e boa para beber a agua do mar, como a das nascentes, e +rios; ao contrario é acre, amarga e tão salgada, que excita nauseas violentas. +É d'esta agua que se tira o sal, de que se usa na cosinha. Para isso faz-se +entrar a agua do mar em grandes tanques, que tem sómente algumas polegadas de +profundidade; o sol faz evaporar a agua, e o sal fica em secco no fundo do +tanque.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00118000">XVII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00118100">O Homem</a> </h2> + +<p>Das creaturas mais perfeitas que Deus creou, é o Homem; ainda que vive como +todos os animaes, e está sujeito ás mesmas necessidades é-lhes comtudo tão +superior, que não se deve estabelecer comparação alguma entre elles e o homem. +Elle é o chefe de tudo quanto abaixo de Deus, recebeu a existencia, e o +dominador da Terra. E donde lhe vem a sua superioridade? Da alma; d'esta +intelligencia celeste que Deus lhe deu. Os animaes pensam sómente em +satisfazerem as suas necessidades; o homem é o unico que reflecte, e sabe +elevar-se ao conhecimento da Divindade. Por isso chama-se Razão o sentimento, +que dirige as suas acções; e dá-se somente o nome de «Instincto» ao que faz +obrar os animaes; posto que esse instincto em varias cousas se torna superior +ás nosas forças, e razão, com<span class="pn">{25}</span> o proprio influxo e +direcção das sabias determinações que ora coarctam ora dirigem as acções dos +animaes. Porém se o homem recebeu uma prerogativa tão bella, é para se conduzir +livremente com mais sabedoria; quando abusa dos seus meios, quando obra mal, +sabe-o, torna-se culpado para Deus, o qual lhe deu luzes geraes para o +esclarecer no caminho da vida.</p> + +<p>Os deveres dos homens para com Deus estão consignados na verdadeira Religião +Natural ou Universal, a qual se tem dividido em tres idades «Religião +Ante-Moysaica, Religião Moysaica» (ou escripta) «Religião e Christã» (ou +Revelada). Em todas estas tres idades a Religião Natural é sempre a mesma: +representando na 1.ª idade o verdadeiro culto á Divindade na esperança do +Salvador; na 2.ª a confirmação, e mais magestosa ractificação d'esse culto; e +na 3.ª o complemento final d'esse culto na pessoa do mesmo verdadeiro e +esperado Messias, Nosso Senhor Jesus Christo. Os deveres da Religião em todas +as suas idades basea-se em tres principaes deveres para com Deus, directa ou +indirectamente. Deveres «directos» (para com Deus), «e indirectos» (para +comnosco, ou nossos similhantes). Estes deveres são obrigatorios, ou +prohibitivos, aos quaes se oppoem o crime de commissão para com os primeiros, +ou de omissão para com os segundos. Em estes deveres se contam a celebração do +Sacerdocio, e mais sacramentos da Igreja, e seus deveres; os mandamentos do +Decalogo e da Igreja.</p> + +<p>A vida do homem divide-se em quatro epocas; a saber:—«A Infancia» até os 15 +annos; «A Juventude» até os 35; «A Virilidade» (ou idade viril) até os 55; e «A +Velhice» d'ahi por diante até o muito 100 annos.<span class="pn">{26}</span> +</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00119000">XVIII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00119100">Homens de differentes cores</a> </h2> + +<p>Os homens variam de cor conforme os climas, ou regiões, e terras que +diversamente habitam; por isso não são os homens todos brancos, como os vemos +na Europa. Nos paizes quentes são trigueiros, e mesmo pretos. É principalmente +em Africa que se acham povos inteiros, e numerosos, cuja pelle é tam preta como +o carvão; chamamo-lhes «negros.» Os «Hotentotes,» os quaes habitam tambem esta +parte do mundo, tem uma cor bronzeada. As differentes cores americanas são as +de cobre, e laranja. Os homens de maior estatura são os «Patagoens,» os quaes +habitam a extremidade da America Meridional: tem commumente seis pés, a seis e +meio. Os «Laponios» são ao contrario os mais pequenos: não tem ordinariamente +mais de quatro pés e meio, é esta a sua estatura ordinaria: porém são fortes e +robustos. Habitam um paiz frio, e coberto quasi sempre de neve na extremidade +septentrional da Europa.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00120000">XIX</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00120100">Os Mineraes</a> </h2> + +<p>Dá-se o nome de <em>mineraes</em> ás substancias que se tiram das minas, isto +é, das excavacões que se fazem<span class="pn">{27}</span> no seio da Terra. +Entre estas substancias é necessario observar os metaes, que nos são de +grandissima utilidade. Estes metaes são o <em>ferro, cobre, estanho, chumbo, +ouro, e prata</em>. O homem não só tornou em vantagem sua tudo quanto a Terra +produz na superficie; mas até o que ella tem occulto nas suas entranhas.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00121000">XX</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00121100">O Ferro</a> </h2> + +<p>O homem não tem necessidade senão de purificar o ouro, e a prata; e é-lhe +necessario, para assim dizer, crear o ferro. Este metal, tal qual a natureza +nol-o dá, é mui differente d'aquelle de que as artes usam. Esta arte sobe á +mais remota antiguidade, e pode-se crêr que o ente creador de todas as cousas o +qual o faz nascer com tanta profusão por toda a terra, suggeriu elle mesmo ao +homem os meios de o adoptar ás suas necessidades, e de o fazer gozar de todas +as vantagens, que elle occulta; pois que este metal tão util apresenta-se +debaixo de mil formas diversas na natureza; e o que vós nunca pensaveis, +acha-se quasi em toda a parte; acham-se partes d'elle na combustão de muitos +vegetaes, e pertende-se mesmo que o sangue que circula nas nossas veias, lhe +deve este vermelho, que o cora. É por meio do fogo que se separa o ferro da +terra com que está misturado; e é igualmente por meio do fogo que se trabalha, +e que se fazem com elle vasos, alavancas, pregos, e mil outros +instrumentos,<span class="pn">{28}</span> que nos são de grande utilidade; sem +o ferro nunca existiria um numero infinito d'objectos que augmentam as +commodidades da vida.</p> + +<p>O ouro, que nós procuramos com tanta avidez, é muito menos precioso, que +este metal, que nos parece tão grosseiro. O aço é um ferro refinado.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00122000">XXI</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00122100">O Cobre</a> </h2> + +<p>De todos os metaes imperfeitos é o cobre o que mais se aproxima do ouro, e +da prata; se o não tivessemos, haveria um grande vacuo nas producções as mais +interessantes das artes. Porém as suas vantagens são bem compensadas pelas suas +qualidades malfazejas: exposto ao ar, ou á humanidade, e muitas vezes por si +mesmo, cobre-se d'esta ferrugem conhecida pelo nome de <em>Verdete</em>, a qual +muitas vezes converte nos vasos da cosinha em um veneno extremamente perigoso +os alimentos que contem. A estanhadura pallía o perigo, porem não o annulla +inteiramente. O mais prudente é não usar d'este metal sem muito resguardo, e +limpeza. O cobre derretido e purificado, chama-se <em>Cobre vermelho</em>. +Ligando-o com o zinco que é outra substancia mineral, obtem-se o <em>Cobre +amarello</em>, ou o <em>Latão</em>; misturando-lhe uma certa qualidade +d'estanho produz-se o <em>Bronze</em>, ou o <em>Arame</em>.<span +class="pn">{29}</span> </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00123000">XXII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00123100">O Estanho</a> </h2> + +<p>Emprega-se o estanho de mil maneiras: fazem-se com elle pratos, colheres, e +vasos, usa-se d'elle misturando-o com o chumbo para a estanhadura; applica-se +por traz dos espelhos para lhes dar este brilhantismo, que lhe faz reflectir as +imagens de todos os objectos.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00124000">XXIII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00124100">O Chumbo</a> </h2> + +<p>As minas de chumbo são como as de ferro as mais communs em a Natureza. Elle +é o menos precioso dos metaes. Como é molle e facil a derreter, fazem-se com +elle os canos para conduzir as aguas, e outras obras semelhantes a esta; +fazem-se tambem com elle as ballas de espingarda.<span class="pn">{30}</span> +</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00125000">XXIV</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00125100">A Prata </a> </h2> + +<p>As principaes minas da prata em França são as de Santa Maria nos Vosges; as +de Baigóry nos Altos Pyreneus; e as de Chalanches perto de Allemont no +Delphinado. As minas da Noruega são as mais importantes; porem as mais ricas do +mundo são as que se acham no cume das cordilheiras; a Natureza derramou ahi +este metal com uma verdadeira profusão; quasi todos os paizes da terra possuem +minas d'este precioso metal, porem observa-se que quanto as minas de ouro +abundam nos paizes quentes, tanto a prata parece amar as regiões frias.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00126000">XXV</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00126100">O Ouro</a> </h2> + +<p>Não porque nos seja o mais util, mas porque o fizemos, como a prata, +representativa de tudo quanto se pode comparar, eis aqui em fim o metal que nós +estimamos mais. Com tudo é o ouro o mais perfeito, por si mesmo dos metaes, é o +mais pezado, o mais denso, e o mais ductil. Podem-se-lhe dar todas as formas, +pode-se applicar, e extender em folha sobre superficies, cuja grandeza +comparada á pouca materia<span class="pn">{31}</span> de que se usou, admira a +imaginação. O fogo, menos que não seja excessivamente violento, não produz +sobre elle impressão alguma. As minas mais abundantes de ouro são as do Mexico, +e Peru, ultimamente as da California na America; bem como tambem na Austria, +Siberia; e acha-se tambem na area de algum rio em forma de palhetas.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00127000">XXVI</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00127100">Das cinco partes do Mundo</a> </h2> + +<p>A terra a qual já dissemos que era redonda divide-se em cinco partes, a +saber: <em>Europa</em>, <em>Asia</em>, <em>Africa</em>, <em>America</em>, e +novamente descoberta a Oceánia. A parte do mundo que nós habitamos é a Europa; +é a menos extensa mas a mais povoada, é aquella onde as sciencias e artes são +mais cultivadas. Os seus povos são brancos. A parte meridional é temperada, e a +do norte é fria. A Asia é tres vezes maior que a Europa; mas não tem povoações +proporcionaes. Os seus paizes meridionaes sentem calores muito grandes, os do +norte estão cobertos pelo gelo do inverno nos tres quartos do anno. Esta parte +do mundo é a mais rica em producções naturaes, pedras preciosas, perolas, +especiarias, aromas, e animaes. A Africa cortada ao meio pelo Equador, isto é, +achando-se directamente debaixo dos raios do sol offerece os climas mais +quentes, e por consequencia mui desertos. Veem-se ahi espaços immensos sem +arvores, e sem verdura onde cobre a terra uma areia secca. É n'ella onde se +acham os homens mais pretos, e os animaes mais ferozes. A America é a +parte<span class="pn">{32}</span> maior do mundo. A Asia, a Africa, e a Europa +não a conheceram durante muito tempo; os povos antigos nem ao menos suspeitaram +a sua existencia. Foi somente no curso do decimo quinto seculo, isto é ha pouco +mais de trezentos annos, que Christovão Colombo teve a gloria de fazer conhecer +esta metade do mundo á outra. A America produz uma quantidade infinita de +metaes, e mineraes; o oiro que os europeos tem tirado d'ella é incalculavel. Ha +alli alguns paizes mui povoados, mas ha outros onde se acha mui pouca povoação. +É n'esta parte do mundo que existem os maiores rios da terra; o maior de todos +é o dos Amazonas, o qual tem mil leguas de curso.</p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00128000">XXVII</a> </h1> + +<h2><a name="SECTION00128100">Divisão do Tempo </a> </h2> + +<p>Os homens sentiram a necessidade de estabelecer as divisões do tempo para +regular os seus trabalhos, recordar os acontecimentos, e combinar, e designar +os dias futuros. A propria natureza indica essas divisões. Já vos disse que a +terra se volve sobre si mesma no espaço de vinte e quatro horas, e que é esse +movimento quem nos dá alternativamente o dia, e a noite. Essas 24 horas fazem o +que se chama um dia. Este achou-se naturalmente dividido em quatro partes: +<em>a manhã, o meio dia, a tarde e a meia noite</em>. Inventaram-se outras +divisões, para maior commodidade: são as <em>horas</em>. Contam-se 24 n'um dia, +isto é, durante o tempo da luz, e das trevas; porém estas 24 horas estão +divididas<span class="pn">{33}</span> em duas vezes doze: eis de têl-o visto em +todos os mostradores, os quaes não tem mais que esse numero de horas. A hora +foi subdividida em 60 minutos, e o minuto em 60 segundos, etc.</p> + +<p>As 4 estações são: a <em>Primavera</em>, em que nascem a verdura e as +flores; o <em>Estio</em>, em que se amadurecem os fructos da terra; o +<em>Outono</em>, em que se fazem as colheitas; e o <em>Inverno</em> tempo em o +qual a terra em repouso toma novas forças soffrendo a intemperie dos ares +(pelos ventos, frios, neves, gelos, e tempestades). Dividem-se estas estações +mais simplesmente em duas partes, a saber: <em>Verão e Inverno</em>, cada uma +com seis mezes; contando o verão desde o meio da primavera, todo o estio, e +primeira parte do Outono (isto é, meio de Maio, a meio de Novembro,) e contando +o inverno desde o meio de Novembro e todo e inverno propriamente dito, até meio +de Maio.</p> + +<p>Além d'esta divisão natural divide-se o anno em doze mezes. O mez é um +espaço de 30 a 31 dias (pouco mais ou menos;) o que se ve n'estes versos:</p> + + +<blockquote> + Trinta dias tem Novembro; <br> + Abril, Junho e Setembro; <br> + Vinte e oito, ou nove, um <br> + e os demais trinta e um. </blockquote> + + +<p>Elles são, pois <em>Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, +Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, e Dezembro</em>.</p> + +<p>O inverno começa a vinte e tantos de Dezembro, acabando a vinte e tantos de +Março. A primavera a vinte e tantos de Março a vinte tantos de Junho. O Estio a +vinte e tantos de Junho a vinte e tantos de<span class="pn">{34}</span> +Setembro. O outono a vinte e tantos de Setembro até vinte, e tantos de +Dezembro.</p> + +<p>Os mezes tambem se dividem em 4 semanas; as quaes não o completam porque dão +somente 28 dias, e os mezes tem 30 a 31; excepto fevereiro <em>o</em> qual tem +28, e nos annos bissextos, isto é, de 4 em 4, 29.</p> + +<p>A semana contém 7 dias que são: <em>Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, +Sabbado, e Domingo</em>. Os Christãos começam a sua semana pela segunda feira, +e o domingo é o setimo dia de repouso. Os Judeus tomam o Sabbado por seu setimo +dia de repouso, contando o domingo como seu primeiro dia da semana. Os +mahometanos tomam o seu primeiro dia no sabbado e o seu ultimo e setimo na +sexta.</p> + +<p>Temos dois equinoxios, e 2 solsticios: Os primeiros em que as noites são +iguaes aos dias em doze horas: os segundos em que os dias e as noites entre si +são ora maiores ora menores.</p> + +<p>De 21 a 22 de Março é o <em>equinoxio da primavera</em>.</p> + +<p>De 23 a 24 de Setembro o <em>equinoxio do Outono</em>.</p> + +<p>De 23 a 24 de Junho é o <em>solsticio do estio</em>, em que os dias são +maiores do anno (isto é, perto das 3 até ás 9 da noite). De 20 a 23 de Dezembro +é o <em>solsticio de inverno</em>, em que as noites são as maiores do anno +(isto é, desde perto das 5 da tarde até perto das 7 da manhã).</p> + +<p>Entende-se por um <em>seculo</em> o espaço de cem annos.</p> + +<p>Por lustre o espaço de 5. Por olympiada o espaço de 4.</p> + +<p>O nome, a epocha d'este ultimo, vem das festas que os gregos celebravam cada +4 annos junto d'Olympia na Grecia.<span class="pn">{35}</span> </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION00129000">XXVIII</a> </h1> + + +<h2><a name="SECTION00129100">Principaes povos e cidades da Asia</a> </h2> + +<p>A Asia tem mil e setecentas leguas de comprido, e mil e quinhentas de largo. +Seus principaes estados são: Turquia Asiatica, Arabia, Persia, India, Tartaria +(chineza, independente, e russiana, na maior extensão e pouco povoada,) a +China, e o Japão.</p> + +<p>A Turquia Asiatica, é consideravel; e tem a <em>Persia</em> ao oriente; o +Mediterraneo, e o Archipelago ao occidente; ao meio dia a <em>Arabia</em>, e ao +norte o <em>Mar-negro e Persia</em>. Tem magnificos fragmentos do seu antigo +esplendor.</p> + +<p>A Arabia é a maior peninsula do mundo, de norte a sul com quinhentas leguas, +e de oriente a occidente quatrocentas, <em>Meca e Medina</em> suas principaes +cidades.</p> + +<p>O grande imperio da Persia, cuja capital é <em>Ispahan</em>. A India, cujos +principaes estados são o <em>Indostão, Visapor, Golonda, Bisnagar, Ava, Pegu, +Aracão, Sião, Camboje, Tunquim, Cochinchina.</em></p> + +<p>O mais bello poderoso e antigo imperio da China, com quinhentas leguas +d'oriente a occidente; e tresentas e cincoenta de norte a sul. Tem como immensa +povoação as principaes cidades de <em>Pekin e Nankin</em>.<span +class="pn">{36}</span> </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0020000">PROPHECIA</a> </h1> + +<p>De um Lavrador velho e cego, da freguezia da Maia, a qual foi achada debaixo +do travesseiro, depois do seu fallecimento.</p> + + +<blockquote> + Cessem todos os estrondos <br> + Para em bella harmonia <br> + Ouçam todos mais attentos <br> + Esta real prophecia. <br> + <br> + De um authentico Soberano <br> + Distincto e inspirado <br> + Que alem de ser Monarcha <br> + Tambem tem prophetisado. <br> + <br> + Cujo Soberano escreveu <br> + A qual me mandou lêr <br> + Do que no futuro anno <br> + N'este reino se ha de vêr.<span class="pn">{37}</span> <br> + <br> +Prophetisou que para o anno <br> +Tudo o que fôr vegetal, <br> +Causará terror e espanto <br> +No reino de Portugal. <br> + <br> + Toda a terra portugueza <br> +Dará fructo desmarcado <br> +Como nunca se tem visto <br> +Desde que o mundo foi creado. <br> + <br> +As nabiças darão grellos <br> +Tão altos e engrumados, <br> +Que dê mastros de navios, <br> +E serrando-os taboados. <br> + <br> +Cada nabo será tal <br> +Que se o escavar por dentro <br> +Possa dar casa bastante <br> +Para córte d'um jumento. <br> + <br> +Taes repolhos vereis creados <br> +Em todos os repolhaes, <br> +Que o menor seja bastante <br> +P'ra pezar vinte quintaes. <br> + <br> +Pois só as folhas de fóra <br> +D'aquelles mais bem creados <br> +Poderão servir de vellas <br> +Para estender nos eirados. <br> + <br> +As couveiras crearão <br> +Tão altos pés e grossos; <br> +Que d'elles se farão bombas <br> +Para tirar agua dos poços.<span class="pn">{38}</span> <br> + <br> +Vereis cebollas como pipas <br> +Batatas como toneis <br> +Tomates como gigas <br> +Alhos como canistreis. <br> + <br> +Que só os dentes dos alhos <br> +Tão volumosos serão, <br> +Como que fossem quartos <br> +De aboboras ou de melão. <br> + <br> +As pereiras darão peras <br> +Tão grandes e tão bastas <br> +Que uma só pera aos pedaços <br> +Encha bem sete canastras. <br> + <br> +Taes limões vereis creados <br> +Nos limoeiros azedos, <br> +Que um limão seja bastante <br> +P'ra carregar seis gallegos. <br> + <br> +E que nozes tão grandes <br> +Se hão de ver pelas Nogueiras, <br> +Que das cascas d'uma só <br> +Se farão duas maceiras. <br> + <br> +E do que tiver por dentro <br> +Gostosos doces farão, <br> +E muitas se hão de moer <br> +Que não hão de dar mau pão. <br> + <br> +Tambem promette abundancia <br> +De pão trigo e centeio <br> +Porque só cada espiga <br> +Dará alqueire e meio.<span class="pn">{39}</span> <br> + <br> +As mulheres farão fogueiras <br> +Queimarão fuzos e rocas <br> +Por que ha de nascer linho <br> +Prompto já em maçarocas. <br> + <br> +Pois só cada melancia <br> +Tão grande ha de ser, <br> +Que precisem de dez homens <br> +Com pancas para a mover. <br> + <br> +Da tona grossa e dura <br> +Com talos tão bem creados <br> +Que só possam ser partidos <br> +Com alviões ou machados. <br> + <br> +Cada videira do Douro <br> +Tantos cachos ha de dar <br> +Que de vinho e bagaço <br> +Possa encher um lagar. <br> + <br> +A cinco reis o almude <br> +Quem quizer beberá vinho <br> +Do melhor do Alto Douro <br> +N'esta provincia do Minho. <br> + <br> +No tempo que o vinho fôr <br> +A cinco reis o almude <br> +Muito ha de haver quem diga: <br> +«Cá vae á sua saude.» <br> + <br> +Velhos e velhas vereis <br> +Dar saltinhos de contentes <br> +Porque até terceira vez <br> +Lhe hão de nascer novos dentes.<span class="pn">{40}</span> <br> + <br> +Até os brancos cabellos <br> +Vereis tomar novas côres, <br> +Iguaes ás d'aquelle tempo <br> +Em que tinham seus amores. <br> + <br> +Os que forem corcovados <br> +A corcova hão de perder, <br> +Até cegos vereis com vista, <br> +Que já não esperavam vêr. <br> + <br> +Tudo quanto tenho dito <br> +Afianço e asseguro, <br> +Que se nada fôr verdade <br> +Ha de ser mentira tudo. <br> + <br> +D'esta forma terminou <br> +Esta real prophecia, <br> +Só a todos desejo <br> +Vida, paz e alegria.<span class="pn">{41}</span></blockquote> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0021000">HORAS PLANETARIAS</a> </h1> + +<p>Nomes dos Planetas Saturno, Jupiter, Marte, Sol, Venus, Mercurio e Lua.</p> + +<p style="text-align: center;"><em>Domingo</em></p> + +<p>A 1.ª hora é quando nasce o Sol, e é hora Solar.</p> + +<p>2.ª—de Venus.</p> + +<p>3.ª—de Mercurio.</p> + +<p>4.ª—de Lua.</p> + +<p>5.ª—de Saturno.</p> + +<p>6.ª—de Jupiter.</p> + +<p>7.ª—de Marte.</p> + +<p>8.ª—do Sol.</p> + +<p>9.ª—de Venus.</p> + +<p>10.ª—de Mercurio.</p> + +<p>11.ª—de Lua.</p> + +<p>12.ª—de Saturno.</p> + +<p>E assim continuará, segundo os nomes dos Planetas; isto é, conforme o que se +segue pelos nomes acima indicados.</p> + +<p style="text-align: center;"><em>Segunda-feira</em></p> + +<p>1.ª—esta primeira hora como se tem dito, é da Lua.</p> + +<p>2.ª—de Saturno.</p> + +<p>3.ª—de Jupiter.<span class="pn">{42}</span> </p> + +<p>4.ª—de Marte.</p> + +<p>5.ª—do Sol.</p> + +<p>6.ª—de Venus.</p> + +<p>7.ª—de Mercurio.</p> + +<p>8.ª—da Lua.</p> + +<p>E assim se vai proseguindo até pôr-se o Sol.</p> + +<p style="text-align: center;"><em>Terça-feira</em></p> + +<p>1.ª—de Marte.</p> + +<p>2.ª—do Sol.</p> + +<p>3.ª—de Venus.</p> + +<p>4.ª—de Mercurio.</p> + +<p>5.ª—da Lua.</p> + +<p>6.ª—de Saturno.</p> + +<p>7.ª—de Jupiter.</p> + +<p>8.ª—de Marte.</p> + +<p style="text-align: center;"><em>Quarta-feira</em></p> + +<p>1.ª—de Mercurio.</p> + +<p>2.ª—da Lua.</p> + +<p>3.ª—de Saturno.</p> + +<p>4.ª—de Jupiter.</p> + +<p>5.ª—de Marte.</p> + +<p>6.ª—do Sol.</p> + +<p>7.ª—de Venus.</p> + +<p>8.ª—de Mercurio.</p> + +<p style="text-align: center;"><em>Quinta-feira</em></p> + +<p>1.ª—de Jupiter.</p> + +<p>2.ª—de Marte.</p> + +<p>3.ª—do Sol.</p> + +<p>4.ª—de Venus.<span class="pn">{43}</span> </p> + +<p>5.ª—de Mercurio.</p> + +<p>6.ª—da Lua.</p> + +<p>7.ª—de Saturno.</p> + +<p>8.ª—de Jupiter.</p> + +<p style="text-align: center;"><em>Sexta-feira</em></p> + +<p>1.ª—de Venus.</p> + +<p>2.ª—de Mercurio.</p> + +<p>3.ª—da Lua.</p> + +<p>4.ª—de Saturno.</p> + +<p>5.ª—de Jupiter.</p> + +<p>6.ª—de Marte.</p> + +<p>7.ª—do Sol.</p> + +<p>8.ª—de Venus.</p> + +<p style="text-align: center;"><em>Sabbado</em></p> + +<p>1.ª—de Saturno.</p> + +<p>2.ª—de Jupiter.</p> + +<p>3.ª—de Marte.</p> + +<p>4.ª—do Sol.</p> + +<p>5.ª—de Venus.</p> + +<p>6.ª—de Mercurio.</p> + +<p>7.ª—da Lua.</p> + +<p>8.ª—de Saturno.</p> + +<p>E assim vae proseguindo, dando á hora do nascer do Sol de cada dia o Planeta +d'aquelle dia, assim como a oitava depois de ter nascido.<span +class="pn">{44}</span> </p> + +<p> </p> + + +<h1><a name="SECTION0022000">CONHECIMENTOS UTEIS</a> </h1> + +<p>No Crescente da Lua é que se devem fazer as sementeiras e enxertias, pôr +bacellos, transplantar arvores, e crestar colmeias, tudo em dias de bom tempo, +antes que rebentem as arvores, e o que mais se deve escolher é a occasião da +maré cheia. As sementeiras não só devem ser feitas no Crescente de Lua, mas é +bom que sejam feitas nos dias em que a Lua anda ou faça conjunção nos signos de +Tauro, Cancer, Virgo, Libra ou Capricornio e maré cheia.</p> + +<p>No Minguante da Lua devem cortar-se as madeiras na força do Sol, colher +fructas para guardar, cavar e podar as vinhas; o melhor corte de madeiras é +quando está a maré cheia.</p> + +<p>Os melhores dias de caça são um dia antes e outro depois de qualquer aspecto +de Lua. Para caçar aves, lebres ou coelhos são bons os dias em que a Lua ande +ou faça conjunção nos signos d'Aries, Tauro, Geminis, Leo, Virgo, Libra, +Sagitario, Capricornio e Aquario. Para pescar é bom o quarto de Lua em Piscis, +Cancer e Escorpio.<span class="pn">{45}</span> </p> + +<p> </p> + + +<p><em>Nevoeiro.</em>—São nuvens terrestes que se levantam de lugares humidos, +e ficam espalhadas na atmosphera cuja transparencia toldam.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Nuvens.</em>—São aggregados de vapores mais ou menos espessos e +encamados na atmosphera aonde se condensam formando as nuvens e as chuvas.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Chuva.</em>—As chuvas são nuvens grossas que se evaporam dos rios e do +mar, as quaes são elevadas pelos ventos a uma distancia immensa, derramando +sobre nossos campos a felicidade e a abundancia, quando os regam e alimentam as +fontes.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Neve.</em>—A neve forma-se quando os vapores que cahem das nuvens se +congelam pelo frio que os surprehendem, e cahem então em flocos mui alvos.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Saraiva.</em>—Se os vapores que cahem das nuvens teem tempo de formar +pingas que o frio condensa, cahem então em granisos, ou pedras d'agua com a +mesma configuração e grossura, que haviam de ter as pingas d'agua como chuva na +sua queda.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Orvalhos.</em>—É um vapor subtil que se observa durante as noites e +manhãs da Primavera, Verão e Outomno, e não é mais do que um resfriamento que a +terra experimenta quando cessa de estar exposta aos raios do Sol.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Relampagos.</em>—Dá-se este nome ao clarão que precede o estampido dos +trovões, e tem lugar todas as vezes que o fluido electrico passa d'um lugar +para outro, ou que duas nuvens carregadas d'electricidade chegam a +encontrar-se.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Trovão.</em>—É o estrondo produzido pelo abalo que o ar recente no +momento em que o fluido electrico se<span class="pn">{46}</span> descarrega +sobre uma nuvem ou sobre a terra. Pode ajuizar-se da distancia d'uma trovoada +pelo espaço que ha entre o relampago, e o trovão ou por uma pulsação regular; +porque se o pulso bate quatro vezes entre o relampago e o som do trovão, é +signal de que a trovoada está a quatro mil pés de distancia, e se bate cinco +vezes, está a cinco mil pés etc.</p> + +<p> </p> + +<p><em>Raio.</em>—É o fluido electrico espalhado na atmosphera, que sahe com o +estrondo da trovoada sobre a forma de fogo da parte da atmosphera em que estava +accumulado, e derruba, mata e polvorisa aquillo em que toca ou acha com +resistencia. Recommenda-se para seu defensivo a pelle do lobo marinho, o +loureiro, e o <em>agnus dei</em>.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Terra.</em>—A Terra é um globo achatado nos dous polos, prova-se que é +redonda por que navegando-se de E. para O. volta-se ao mesmo ponto. Tem a Terra +7200 leguas de circumferencia, e é 1,330,000 vezes mais pequena do que o Sol, e +tem não obstante uma superficie de terras habitadas ou habitaveis, e aguas, que +comprehende 24 milhões de leguas quadradas, julga-se que as aguas cobrem mais +das duas terças partes da superficie da terra. Divide-se o globo em cinco +partes, a saber: Europa, Asia, Africa, America e Oceania.</p> + +<p>Mr. Letrome, segundo um calculo assás exacto, pretende que em 700 milhões +d'homens, pouco mais ou menos, que povoam a terra, ha perto de 230 milhões de +christãos, 115 milhões de mahometanos, 5 milhões de judeus, e 350 milhões de +politheistas, povos que admittem mais d'um Deus, e grande numero d'absurdos. +</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Atmosphera.</em>—Dá-se este nome á massa d'ar que<span +class="pn">{47}</span> cerca a terra até á altura de 20 leguas pouco mais ou +menos, e é aonde se formam varios phenomenos e se reunem os gazes e exalações +seccas ou humidas, e aonde se condensam e precipitam, e é finalmente aonde se +formam as chuvas, ventos, saraivas, trovões etc.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Anno Solar.</em>—É o tempo que decorre desde um Equinocio até outro +Equinocio, isto é, 365 dias, 5 horas e 49 minutos.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Anno Civil.</em>—É aquelle de que usam quasi todas as nações, para +contarem o tempo e as idades, é de 365 dias, e os bissextos de 366 dias.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Mez Lunar.</em>—É o espaço de tempo que decorre d'uma Lua Nova até +outra Lua Nova, e consta termo medio de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2 +segundos.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Cometas.</em>—O numero de Cometas que se teem observado é de algumas +centenas e consistem em uma massa luminosa em fórma de cabeça, acompanhada de +um rasto luminoso, chamado cauda; o seu movimento é irregular e tudo o que a +respeito d'elles se tem calculado é puramente hypothetico, ha comtudo cometas +cuja apparição á nossa vista se acha calculada. Os antigos consideravam os +cometas como presagio de alguma grande desgraça, hoje, porém, só algum +ignorante poderá de tal presuadir-se.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Marés.</em>—Ha dous fluxos e dous refluxos do mar no intervalo de cada +24 horas e 49 minutos, estes 49 minutos é o que as marés tardam em subir, isto +é, 24 minutos cada maré, juntando pois 24 minutos á hora de cada maré teremos a +hora da maré.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Velocidade da luz do Sol.</em>—Gasta a luz do Sol 8',<span +class="pn">{48}</span> para chegar á terra, isto é, para percorrer os 34 +milhões de leguas que nos separam d'aquelle astro.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Norte.</em>—Para se achar a estrella do Norte, prolonga-se em linha +recta as duas estrellas a que chamam o leme e o prolongamento d'estas irá +mostrar a estrella do Norte.</p> + +<p> </p> + + +<p><em>Methodo facil para observar os Eclipses do Sol.</em>—Defuma-se em cima +d'uma luz um pedaço de vidro de vidraça, até que se não veja nada por elle, +faça-se-lhe depois um pequeno buraco no meio, descubrindo-lhe o fumo com a +ponta do dedo pelo qual se pode observar o Eclipse sem que faça mal á vista.</p> + +<p> </p> + + +<p>Sommar:—</p> + +<table cellpadding="3" border="1" cellspacing="0" summary="Tabela de Calculo" align="center"> + <tbody> + <tr style="text-align: center;"> + <td align="center">Signos,</td> + <td align="center">gráos</td> + <td align="center">e minutos</td> + </tr> + <tr style="text-align: center;"> + <td>9</td> + <td>24</td> + <td>38</td> + </tr> + <tr style="text-align: center;"> + <td>11</td> + <td>32</td> + <td>47</td> + </tr> + <tr style="text-align: center;"> + <td>9</td> + <td>27</td> + <td>25</td> + </tr> + </tbody> +</table> + +<p> </p> + + +<p style="text-align: center;">FIM DA SETIMA E ULTIMA PARTE</p> + +</div> + + + + + + + + +<pre> + + + + + +End of the Project Gutenberg EBook of O Oraculo do Passado, do presente e do +Futuro (7/7), by Bento Serrano + +*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O ORACULO DO PASSADO (7/7) *** + +***** This file should be named 31742-h.htm or 31742-h.zip ***** +This and all associated files of various formats will be found in: + https://www.gutenberg.org/3/1/7/4/31742/ + +Produced by Mike Silva (produced from scanned images of +public domain material from Google Book Search) + + +Updated editions will replace the previous one--the old editions +will be renamed. + +Creating the works from public domain print editions means that no +one owns a United States copyright in these works, so the Foundation +(and you!) can copy and distribute it in the United States without +permission and without paying copyright royalties. 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It exists +because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from +people in all walks of life. + +Volunteers and financial support to provide volunteers with the +assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's +goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will +remain freely available for generations to come. In 2001, the Project +Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure +and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. +To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation +and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 +and the Foundation web page at https://www.pglaf.org. + + +Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive +Foundation + +The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit +501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the +state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal +Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification +number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at +https://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg +Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent +permitted by U.S. federal laws and your state's laws. + +The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. +Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered +throughout numerous locations. Its business office is located at +809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email +business@pglaf.org. 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Thus, we do not necessarily +keep eBooks in compliance with any particular paper edition. + + +Most people start at our Web site which has the main PG search facility: + + https://www.gutenberg.org + +This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, +including how to make donations to the Project Gutenberg Literary +Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to +subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks. + + +</pre> + +</body> +</html> diff --git a/LICENSE.txt b/LICENSE.txt new file mode 100644 index 0000000..6312041 --- /dev/null +++ b/LICENSE.txt @@ -0,0 +1,11 @@ +This eBook, including all associated images, markup, improvements, +metadata, and any other content or labor, has been confirmed to be +in the PUBLIC DOMAIN IN THE UNITED STATES. + +Procedures for determining public domain status are described in +the "Copyright How-To" at https://www.gutenberg.org. + +No investigation has been made concerning possible copyrights in +jurisdictions other than the United States. 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