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authorRoger Frank <rfrank@pglaf.org>2025-10-14 19:56:20 -0700
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+The Project Gutenberg EBook of O Oraculo do Passado, do presente e do
+Futuro (7/7), by Bento Serrano
+
+This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
+almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
+re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
+with this eBook or online at www.gutenberg.org
+
+
+Title: O Oraculo do Passado, do presente e do Futuro (7/7)
+ Parte Setima: O oraculo dos Astros
+
+Author: Bento Serrano
+
+Release Date: March 23, 2010 [EBook #31742]
+
+Language: Portuguese
+
+Character set encoding: ISO-8859-1
+
+*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O ORACULO DO PASSADO (7/7) ***
+
+
+
+
+Produced by Mike Silva (produced from scanned images of
+public domain material from Google Book Search)
+
+
+
+
+
+O ORACULO
+
+DO
+
+PASSADO, DO PRESENTE E DO FUTURO
+
+OU O
+
+Verdadeiro modo de aprender no passado
+a prevenir o presente, e a adivinhar o futuro
+
+POR
+
+BENTO SERRANO
+
+ASTROLOGO DA SERRA DA ESTRELLA,
+
+_Onde reside ha perto de trinta annos, sendo a sua habitação uma estreita
+gruta que lhe serve de gabinete dos seus assiduos estudos astronomicos_
+
+
+OBRA DIVIDIDA EM SETE PARTES, CONTENDO CADA UMA O SEGUINTE:
+
+ Parte primeira--O ORACULO DA NOITE
+ Parte Segunda--O ORACULO DAS SALAS
+ Parte Terceira--O ORACULO DOS SEGREDOS
+ Parte Quarta--O ORACULO DAS FLORES
+ Parte Quinta--O ORACULO DAS SINAS
+ Parte Sexta--O ORACULO DA MAGICA
+ Parte Setima--O ORACULO DOS ASTROS
+
+
+PORTO
+LIVRARIA PORTUGUEZA--EDITORA
+55, Largo dos Loyos, 56
+1883
+
+
+
+
+PARTE SETIMA
+
+
+O ORACULO DOS ASTROS
+
+OU
+
+A verdadeira arte de conhecer os segredos dos Astros pela regular
+rotação, e pelos signaes que se observam de noite e dia durante as
+quatro estações do anno
+
+
+
+
+PORTO
+LIVRARIA PORTUGUEZA--EDITORA
+55, Largo dos Loyos, 56
+1883
+
+
+
+Porto: 1883--Imprensa Commercial--Lavadouros, 16.
+
+
+
+
+O ORACULO DOS ASTROS
+
+
+ASTRONOMIA POPULAR
+
+_A astronomia na antiguidade._--É antiquissima esta sciencia e parece
+que aos pastores do Himalaya se devem as primeiras observações
+astronomicas, unicamente fundadas nos movimentos apparentes dos corpos
+celestes, e nos phenomenos que mais impressionavam a imaginação do
+homem, taes como a passagem dos planetas atravez das constellações, as
+estrellas cadentes, os cometas, os eclipses, etc. Como não podia deixar
+de ser, todas as theorias de então, fundadas em apparencias falsas, eram
+falsas tambem, tendo sido modificadas e corrigidas gradualmente, segundo
+o exigia o caminhar progressivo das outras sciencias. A primeira
+hypothese consistia em imaginar a Terra rodeada de agua por todos os
+lados, hypothese que ainda existia no tempo de Homero, pois que então
+acreditava-se que o Sol _se apagava_ ao mergulhar no Oceano,
+reaccendendo-se no dia seguinte depois de demorado banho. Os astronomos
+gregos, ha dois mil annos, julgavam que as estrellas eram chammas
+alimentadas pelas exhalações da Terra!
+
+Todavia, quando se observou que o Sol, a Lua, as estrellas e os
+planetas, se escondiam todos os dias no horizonte, surgindo no immediato
+do lado opposto, força foi admittir que passavam sob a Terra,--e d'aqui
+uma revolução immensa, completa, na maneira de considerar o nosso
+planeta, que até então o homem tinha como solidamente assente debaixo
+dos pés, prolongando-se até ao infinito. Para explicar aquella passagem,
+inventaram-se hypotheses sobre hypotheses, qual d'ellas mais
+extraordinaria, qual d'ellas mais absurda. Um deu á Terra a forma de
+meza circular sustentada por doze columnas, outro a de uma cupula
+descançando em cima de quatro gigantescos elephantes de bronze, etc.,
+etc.; mas nada d'isto satisfazia o espirito. Columnas e elephantes, a
+seu turno, sobre que é que descançavam? Sendo impossivel responder
+satisfactoriamente a tal pergunta, aquellas theorias foram completamente
+abandonadas, admittindo-se por fim que a Terra se mantinha livre no
+espaço. Era um passo para o descobrimento da verdade, mas o erro
+subsistia ainda. Segundo a nova doutrina, o nosso planeta
+conservar-se-ia quieto no espaço, occupando o centro de todos os corpos
+celestes, que giravam em torno d'elle. Isto, que só tinha de bom
+explicar a rotação das estrellas chamadas fixas, deixava sem explicação
+os movimentos dos planetas por entre as constellações, e foi alterado,
+ou antes substituido, pelo systema de Ptolomeu, o qual consistia em
+imaginar o universo composto de globos uns dentro dos outros. O
+exterior era o Empyreo, isto é, o logar para onde iam as almas dos
+bemaventurados. Ao immediato estavam presas as estrellas fixas, e a cada
+um dos sete seguintes, os sete planetas então conhecidos, no numero dos
+quaes entravam (erradamente, como veremos mais adeante) o Sol e a Lua.
+No centro d'esta machina complicadissima, a Terra! Tão prodigioso
+edificio era construido do mais fino crystal, para que o brilho dos
+corpos celestes podesse chegar até cá. O espirito humano, uma vez no
+caminho do absurdo e do maravilhoso, não pára facilmente. Assim, houve
+quem asseverasse com a maior seriedade que os aerolithos eram pedaços de
+algumas das espheras, que, de velhas, cahiam sobre a Terra; que o
+movimento dos planetas era mais vagaroso quando se achavam mais
+distantes do Sol, porque não _viam_ tão bem o caminho! etc. etc.
+
+Á medida, porém, que as observações astronomicas se tornaram mais
+frequentes, e que as outras sciencias se foram aperfeiçoando, fornecendo
+novos meios de comparação, o systema de Ptolomeu era a cada passo
+alterado, para dar a explicação de um novo phenomeno descoberto; e por
+fim tornou-se de tal fórma complicado, que já nem os proprios astronomos
+se entendiam com elle, o que não o impediu de encontrar defensores
+exaltados e de ser conservado muito tempo nas escolas superiores.
+
+
+_Systema de Copernico._--Foi nos seculos XV e XVI que se estabeleceram
+as verdadeiras bases da astronomia. O espirito humano começou então a
+libertar-se das falsas theorias a que um fanatismo barbaro o trazia
+acorrentado, succedendo-se uns após outros os mais bellos
+emprehendimentos e as empresas mais arrojadas. Copernico lança então
+corajosamente por terra as falsas doutrinas de Ptolomeu e apresenta aos
+olhos maravilhados do homem, tal qual é, o principio fundamental da
+astronomia; quasi ao mesmo tempo o nosso compatriota Fernão de
+Magalhães, effectuando a primeira viagem de circum-navegação, prova
+praticamente, aos que ainda duvidavam, a espheroicidade do planeta que
+habitamos.
+
+Uma vez conhecida a verdadeira posição da Terra em relação aos outros
+planetas e ao Sol, as descobertas succederam-se umas após outras. A
+Copernico demonstrando que todos os planetas se moviam em torno do Sol,
+seguiu-se Képler descobrindo as tres leis que regem os movimentos dos
+corpos celestes,--Galileu inventando o telescopio,--Halley calculando a
+volta de um cometa e Newton descobrindo a força que mantem em equilibrio
+todos os astros.
+
+Actualmente a sciencia póde vangloriar-se de conhecer não só a posição
+de cada um dos corpos que constitue o systema solar, mas de saber qual a
+distancia de uns aos outros, quaes os seus volumes, e até o peso de cada
+um.
+
+A relação das distancias de uns aos outros planetas está feita na razão
+de 1 millimetro para 10 milhões de leguas. Não ha, porém, proporção
+alguma no que respeita ás suas dimensões; se quizessemos conservar á
+Terra o tamanho, aliás pequenissimo, que alli tem, haveriamos de
+representar o Sol por uma esphera do tamanho approximado de uma pequena
+laranja e de distanciar proporcionalmente os planetas uns dos outros.
+
+O caminho percorrido por cada astro, isto é, a sua orbita, acha-se
+indicado por traços e os planetas e satellites por pequenos pontos.
+
+Partindo do Sol, vemos que o primeiro planeta que lhe gira em torno é
+Mercurio, em seguida Venus e depois a Terra. Em volta do nosso planeta,
+acompanhando-o fielmente, gira um outro globo ou satellite, a Lua.
+Segue-se depois Marte com dois satellites. Estes quatro primeiros
+planetas, Mercurio, Venus, Terra e Marte, são chamados por alguns
+astronomos planetas medios em razão do seu tamanho. Segue-se depois uma
+infinidade de planetas de pequenas dimensões, cuja orbita media se acha
+tambem alli indicada. São os pequenos planetas que, segundo a hypothese
+mais geralmente acceita, constituem os despojos de um grande planeta que
+uma causa desconhecida haja despedaçado. Contam-se actualmente cerca de
+220 d'estes astros, mas é provavel que o seu numero seja muito maior.
+Aos pequenos planetas seguem-se os grandes:--primeiramente Jupiter tendo
+em torno quatro satellites; depois Saturno com oito satellites; Urano
+com quatro, e finalmente Neptuno com um só. Além dos planetas, que giram
+quasi circularmente em torno do Sol, no mesmo sentido e em planos não
+muito differente uns dos outros, e dos salellites que acompanham os
+planetas,--outros corpos, cuja quantidade é impossivel calcular,
+caminham tambem em volta do Sol seguindo orbitas muito alongadas e
+movendo-se em todos os sentidos e em planos variadissimos: são os cometas.
+
+Independentemente dos planetas, satelliles e cometas, o systema solar é
+povoado ainda por myriades de outros corpos muito mais pequenos e que
+viajam em diversas regiões do céu, umas vezes isolados, outras aos
+enxames, voltando periodicamente ao mesmo ponto, e dos quaes só temos
+conhecimento quando por acaso atravessam a atmosphera terrestre, ao
+contacto da qual se tornam incandescentes, ou quando mesmo são
+attrahidos pelo nosso planeta, onde caem. São as estrellas cadentes, os
+aerolithos, etc.
+
+Finalmente um immenso annel luminoso, composto provavelmente de milhões
+de milhões d'estes pequenos corpos illuminados pelo Sol, rodeia este
+astro, extendendo-se muito além da orbita da Terra. Vê-se n'algumas
+epochas do anno elevar-se acima do horisonte, ao pôr ou ao nascer do
+Sol. É a luz zodiacal.
+
+Reunindo, temos o systema solar composto de:--1.º um corpo central,
+muito maior que todos os outros, e relativamente immovel, o Sol;--2.º
+diversos corpos girando todos no mesmo sentido, e quasi circularmente em
+torno d'aquelle astro (são os planetas);--3.º varios corpos mais
+pequenos caminhando em volta de alguns planetas (os satellites);--4.º os
+cometas, que teem orbita muito alongada, e caminham em todas as
+direcções;--5.º as estrellas cadentes, aerolithos, etc., myriades de
+pequenas aggregações percorrendo todos os pontos do espaço;--6.º a luz
+zodiacal (reunião em volta do Sol de pequenos corpos, illuminados por
+elle).
+
+
+
+
+I
+
+Do Creador
+
+
+Nós não vemos o Creador; mas sentimos, e reconhecemos o seu poder até ao
+menor insecto perdido no pó. Tudo nos mostra um Deus Creador, o céo, a
+terra, as aguas, o homem, os animaes, as plantas, e os mineraes; em fim
+toda a Natureza. Foi elle quem formou todas as maravilhas, que se
+offerecem á nossa vista.
+
+Meus caros meninos, escutai com attenção o seguinte: Se vós achasseis em
+uma planicie, uma casa bonita, de uma architectura regular com quartos
+dispostos commodamente, e decorados com magnificencia, dirieis logo:
+Esta casa foi construida pelos homens; foram elles quem a mobilou e
+decorou.
+
+Foi um relojoeiro que fez este relogio, é impossivel que elle se fizesse
+a si mesmo, dirieis vós se da mesma maneira visseis um relogio indicando
+regularmente os minutos, e as horas. Pois assim, meus meninos, olhando
+para o céo, as estrellas, o sol, que brilha com tanto resplendor, e a
+terra que está coberta de prodigios, dizei vós da mesma maneira: Estas
+cousas não poderam produzir-se a si mesmas, o homem não pôde fazel-as.
+Ha pois, um ente todo Poderoso que as creou: este ente é Deus, author de
+tudo quanto existe, Deus é um Pae terno e vigilante o qual nos não
+abandona, nem um só momento. Envia-nos todos os dias a luz que nos
+alumia, e o pão que nos sustenta. E que nos pede elle por tantos
+beneficios? Quer que o amemos. Ah! meus caros meninos, quanto seriamos
+ingratos, e culpados, se não obedecessemos aos seus desejos, se lhe
+fechassemos o nosso coração! É d'elle que nos vem tudo o que temos; e é
+a elle, a quem devemos todos os nossos sentimentos, e todo o nosso amor.
+
+
+
+
+II
+
+O Mundo
+
+
+Declara-se pelo nome de Mundo ou Universo, tudo quanto existe desde o
+espaço dos Céos á Terra. Isto é, o sol, as estrellas, a terra, tudo o
+que a nossa vista apercebe nas profundidades do ar, da terra e das
+aguas, e o que está alem do que podemos alcançar com a vista. Ainda que
+a vossa vista é muito fraca e ainda sois mui pequenos, meus meninos,
+podeis admirar uma parte d'este immenso espectaculo. O sol, ao meio
+d'esses numerosos globos que brilham em todas as abobadas dos céos, é de
+todas as obras de Deus aquella, que se apresenta com mais brilhantismo,
+e magestade: é um facho, como, eternamente, posto no centro do mundo
+para derramar ondas de luz para todos os lados, e a uma distancia que
+nos não é permittido determinar: dir-se-hia que é o rei dos astros.
+Comecemos pois por elle no artigo seguinte.
+
+
+
+
+III
+
+O Sol
+
+
+O calor, e a luz que elle derrama no universo, nos fazem vêr que a sua
+materia está continuamente inflammada, e que elle é o proprio fogo. O
+sol, o qual nos parece tam pequeno por causa da sua extrema distancia, é
+(segundo os astronomos) um milhão e quatro centas vezes maior que a
+terra. A sua forma é a de um globo.
+
+Todas as manhãs o vêdes apparecer no oriente, elevar-se no céo até o
+meio dia, e depois descer, e desapparecer abaixo do horisonte ao
+occidente. Talvez vos persuadais que elle faz verdadeiramente esse
+movimento e que nasce d'um lado para ir pôr-se ao outro; mas seria um
+erro. Não é o sol que se volve á roda da terra, mas a terra que se volve
+sobre si mesma. O sol não muda de logar, está sempre no centro do mundo
+para alumiar tudo quanto o rodeia. Observaram-se por meio das lunetas
+manchas sobre este corpo tam brilhante, e por meio d'estas manchas,
+descobriu-se que elle se volvia sobre si mesmo, como se volveria uma
+bolla atravessada por um prego.
+
+Estas manchas veem-se em primeiro lugar n'uma extremidade d'este astro;
+avançam, vêem-se depois na outra extremidade; e emfim desapparecem para
+traz, para tornarem a apparecer, passado algum tempo. Observou-se que
+para voltar ao ponto, donde tinha partido, eram-lhe necessarios
+vinte e sete dias; e que por consequencia era necessario esse espaço
+para que o sol fizesse uma volta sobre o seu eixo. Julga-se que o sol
+dista de nós trinta e quatro milhões trezentas e cincoenta e sete mil
+quatro centas, e oitenta leguas.
+
+
+
+
+IV
+
+As Estrellas
+
+
+Distinguem-se estes astros tam numerosos em «estrellas fixas,» porque se
+não vêem mudar de lugar, e em «planetas,» ou «estrellas errantes» porque
+estas se volvem em mais ou menos tempo á roda do sol. Ha por ventura
+cousa magnifica, e que dê uma idêa maior de Deus do que esta multidão de
+estrellas que brilham no firmamento durante as trevas da noite?
+Vel-as-hiamos em igual numero durante o dia se o resplendor da luz as
+não fizesse desapparecer. Presume-se que as estrellas fixas são globos
+luminosos similhantes ao sol, os quaes allumiam outros mundos
+demasiadamente distantes para que a nossa vista possa percebêl-os. Se
+nos parecem mais pequenas do que o astro que nos alumia é porque estão
+infinitamente mais distantes de nós. Julgae da sua grandeza, e da sua
+immensa distancia pela que está mais proxima da terra, a que chamam
+«Sirio». Crê-se que esta estrella fixa está quatro centas vezes mais
+distante de nós do que o sol, e que o seu diametro, ou a sua largura, é
+de trinta e tres milhões de leguas. Isso porém, meus meninos, é
+superior á concepção da vossa idade; porém com as explicações que vossos
+paes ou mestres tiverem a complacencia de vos dar, heis de comprehender
+alguma cousa.
+
+
+
+
+V
+
+Os Planetas
+
+
+São (fóra os modernos que mais se tem descoberto ha poucos annos)
+_Mercurio_, _Venus_, _Terra_, _Marte_, _Jupiter_, _Herschell_ (ao todo
+7). Este ultimo só se conhece desde 1785; e foi descoberto por um sabio
+astronomo inglez do mesmo nome o qual tambem conservou.
+
+As estrellas fixas differem dos planetas, por quanto estes (e não
+aquellas) se volvem á roda do sol, e não tem luz por si mesmos; pois
+aquella, com que elles brilham lhes vem do mesmo sol. Presume-se que
+estes immensos globos são, como a terra, mundos habitados.
+
+O planeta mais pequeno é Mercurio, e o mais visinho do sol. Crê-se que é
+quinze vezes mais pequeno que a terra. Venus; á qual tambem chamam ora
+«estrella da manhã» (ou da «alva»), ora «vespera» (estrella da tarde,)
+vem depois, e tem uma nona parte menos que a terra. Volve-se sobre si
+mesma em vinte e tres horas, e vinte minutos. A terra a qual nos parece
+tam grande, por que nós somos pequenos, não é (como já vos disse) mais
+que um planeta, ou uma estrella errante. Se vós habitasseis Venus ou
+Mercurio, ve-la-hieis ao meio do céo, como as outras estrellas e não
+vos pareceria maior que a ponta de um dedo. Com algum detalhe, n'ella
+logo fallaremos. Marte, é muito menos que a terra; elle não tem mais que
+tres quintos do seu diametro. Jupiter, é muito maior. Os astronomos
+asseguram que tem treze vezes a grossura da terra. Volve-se sobre si
+mesmo em nove horas, e cincoenta e seis minutos. Tem em torno de si
+quatro luas. Saturno, é quasi mil vezes maior que a terra. Tem tambem
+cinco luas ou satellites. Está, alem d'isso, rodeado por um grande annel
+de luz que se descobre por meio das lunetas. Dista do sol trezentos e
+vinte e sete milhões, e setecentas mil leguas. Herschell está ainda mais
+distante. Parece affastado para a extremidade do mundo. São-lhe
+necessarios noventa annos, para se volver á roda do sol.
+
+
+
+
+VI
+
+A Terra
+
+
+A terra é redonda como uma bolla. Os seus vales, e montanhas, os quaes
+nos parecem tam consideraveis não são nada relativamente á sua grossura;
+podem-se apenas comparar com as desigualdades, que se observa sobre a
+casca de uma laranja, as quaes não impedem que este fructo tenha uma
+forma redonda. A terra tem nove mil leguas de circumferencia ou
+circuito. Já se disse que ella se volve sobre si mesma, como uma bolla
+que está atravessada por um prego de ferro. Este movimento, a que chamam
+«rotação», occasiona-lhe alternativamente o dia, e a noite, isto é,
+a parte que está virada para o sol gosa da luz, em quanto a parte
+opposta se acha na escuridão. Ora como a terra faz este movimento sobre
+si mesma em vinte e quatro horas, resulta d'ahi que n'esse mesmo espaço
+tem o dia e a noite. Quereis vós ter uma ideia bem clara do que vos
+digo? Pegai n'uma bolla e volvei-a entre vossos dedos diante d'uma luz:
+a bolla será a terra, e a luz o sol. Além d'este movimento quotidiano, a
+terra tem outro que se executa no espaço d'um anno: ella faz um circulo
+immenso á volta do sol. É este ultimo movimento o que produz as
+differentes estações do anno. Porém isto é demasiadamente superior á
+concepção da vossa idade; para agora vos dar a sua explicação, devo
+todavia fazer-vos uma facil observação sobre um effeito notavel
+produzido pelo movimento da terra. Como não é nenhuma das duas
+extremidades, sobre que ella se volve que se apresenta ao sol, mas sim o
+meio, segue-se que esse meio recebendo em toda a circumferencia os raios
+do sol, perpendicularmente, sente una calor consideravel, em quanto as
+duas extremidades, as quaes recebem os raios obliquamente (de lado)
+ficam em um inverno continuo e estão sempre cobertas de gello. Porém
+como a terra inclina um pouco para o sol durante seis mezes uma das suas
+extremidades, e durante os outros seis mezes a extremidade opposta,
+vê-se que cada uma d'ellas gosa alternativamente de um verão rapido, o
+qual não tem tempo para derreter aquelles enormes montões de gello.
+Estas duas differentes e successivas inclinações, produzem outro effeito
+muito extraordinario: é darem a estas tristes regiões dias e noites de
+seis mezes. Chama-se «Equador» a facha do meio, a qual se acha debaixo
+do sol; e «pólos» as extremidades sobre as quaes se volve a terra.
+Ha um polo do meio dia, e outro do Norte.
+
+N. B.--Advirta-se que em taes objectos é difficultoso fallar á
+intelligencia dos meninos; por isso dirigi-vos aos seus olhos; pegai
+n'uma bolla, e n'uma luz; e em um quarto d'hora, hade ficar sabendo mais
+com essa pequena demonstração, do que com tudo quanto poderieis dizer
+n'um mez. Por isso ainda quando a explicação que acabamos de dar, fosse
+mil vezes mais clara, e mais extensa, nem por isso deixaria de ser muito
+obscura, e muito incompleta para um menino.
+
+
+
+
+VII
+
+A Lua
+
+
+Ao reparar no sol de dia, não podereis de noite deixar de attender á sua
+rival a lua, que onde vêdes esse magnifico astro que de noite nos dá uma
+luz tam doce, e que é tam propicio, crêdes sem duvida, que é um rival do
+sol, e um globo mil vezes maior que as estrellas? Desenganai-vos mais
+esta vez. A lua parece-nos maior que as estrellas somente por que está
+mais perto de nós. Ella não dista da terra mais que oitenta e seis mil
+trezentas e vinte e quatro leguas; e o seu volume é quasi cinco mezes
+menor que o da terra. É mui pequena comparativamente a Saturno e a
+Jupiter, os quaes todavia não vos parecem maiores que a luz d'uma vella.
+A lua não faz como os outros planetas a sua revolução á roda do sol, mas
+sim, á roda da terra. É a esta que se referem os seus movimentos;
+acompanha-a na sua revolução annual á roda do sol; e n'esse espaço
+volve-se treze vezes em torno da terra. Em cada um d'estes circulos
+gasta vinte e sete dias sete horas e quarenta e tres minutos.
+
+Ella não tem luz alguma por si mesma, posto que com tudo vos pareça mui
+resplandecente de noite. Ella recebe o seu brilhantismo do sol; e por
+isso nunca vemos mais que a sua parte alumiada segundo estas differentes
+posições, parece-nos uma vez meia lua, um quarto etc. A parte que não
+podemos vêr se acha na escuridão. Como ella esclarece a terra com a luz
+que recebe, da mesma sorte a terra lhe envia a luz que lhe vem do sol,
+porém em muito maior quantidade vista sua grandeza. Ora, nas luas novas,
+o lado da terra alumiado está inteiramente virado para a lua, e por
+consequencia alumia a sua parte obscura: os habitantes da lua (se ella
+os tem) gosam então da terra cheia, como nós em uma posição similhante a
+esta gosamos da lua cheia. Não é preciso que eu vos diga que a lua é
+redonda; já vol-o disseram os vossos olhos. Notae porém que não é
+redonda plana, mas redonda espherica, ou como uma bolla.
+
+
+
+
+VIII
+
+Eclipses da Lua e do Sol
+
+
+Eclipse quer dizer privação da lua por meio d'um corpo intermedio. Ha
+circunstancias em que a terra priva a lua da luz do sol (a que
+chamamos «eclipse da lua»,) e em que a lua priva a terra da mesma luz
+solar, (a que chamamos «eclipse do sol»). O eclipse da lua (em que ella
+se eclipsa e desapparece aos nossos olhos) é causado pois pela passagem
+do corpo da terra directamente entre o sol e a lua. A terra intercepta
+então os raios do sol, e a lua fica algum tempo na sombra da terra
+privada da luz. O eclipse do sol (em que elle se eclipsa e desapparece
+aos nossos olhos) é da mesma sorte causado pela passagem do corpo da lua
+directamente entre o sol e a terra. A lua tira-nos então os raios do
+sol, e a terra fica algum tempo na sombra da lua, privada da luz.
+
+Quando a lua está eclipsada, está-o geralmente para todos os povos, que
+a podem ver, por que não tem luz por si mesma; porém não acontece o
+mesmo a respeito do sol; a lua só o pode occultar a certos povos, onde
+chega a sua sombra, e durante este tempo os outros gozam da sua luz, sem
+perceberem mudança alguma.
+
+
+
+
+IV
+
+Os Elementos
+
+
+Damos a antiga divisão dos elementos, como se fez até ás ultimas
+descobertas de chimica, pois é o unico meio de fazer comprehendel-os á
+infancia. Elemento, quer dizer constitutivo (ou reunião de forças,
+qualidades, ou objectos) que formam qualquer cousa ou parte de um todo
+(animado, inanimado, ou intellectual) os elementos, ou simplices, ou
+compostos, em geral reduzem-se a quatro principaes elementos todas as
+cousas, de tudo quanto existe com corpo; estes elementos são--«o fogo, o
+ar, a terra, e a agua.» O primeiro d'estes é unicamente simplicissimo:
+os outros tres restantes são compostos d'outros simplicissimos
+elementos; razão porque os chimicos reduzindo todo o numero dos
+elementos, á sua simplicidade, admittem muito maior numero d'elementos
+(ou elementos simplices.)
+
+
+
+
+X
+
+O Fogo
+
+
+Meus caros meninos, vós não conheceis outro fogo, que aquelle que
+resplandece no fogão, ou na lareira; porém o fogo, ainda que invisivel,
+está derramado por toda a natureza. Feri dois seixos e do seu choque
+resultará uma faisca; esfregai com força dois bocados de páo,
+aquentar-se-hão, e acabarão por allumiar-se; pondo ao sol uma lente,
+esta reunindo, e apertando os raios, dar-vos-ha fogo; a mesma luz é fogo
+(posto que tenuissimo.) O fogo é necessario á vida de tudo quanto existe
+corporeo; e o seu primeiro manancial parece vir do sol. Como o calor é
+sempre fraco no inverno tudo languece, tudo parece morto, e as aguas não
+podem correr: ellas tornam-se gelo; felizmente a primavera torna a
+animar tudo com um novo calor. Se pois o fogo não se fizesse mais sentir
+tudo pereceria, gelar-se-hia tudo.
+
+
+
+
+XI
+
+O Ar
+
+
+O ar é tam necessario á nossa existencia que se nos achassemos privados
+d'elle, morreriamos immediatamente. O ar é este fluido invisivel que
+respiramos, continuamente, e que sentimos á roda de nós. Quando é
+impellido com força, constitue o «vento». Está derramado em torno do
+globo da terra, até uma certa altura, e forma o que chamamos
+«atmosphera,» isto é, este espaço onde andam as nuvens.
+
+
+
+
+XII
+
+A Agua
+
+
+Todos os paizes, onde não se acha a agua, são estereis, desertos, e não
+apresentam mais que tristes planicies de areia. Levada pelo seu proprio
+pezo desce sempre, até ser retida nos abismos do mar. De ordinario é nos
+montes que se acham as nascentes dos rios. A agua cobre uma parte da
+terra, e circula por todos os lados. Vemol-a sahir debaixo da terra,
+formar ribeiras, e rios, e encher o immenso lago dos mares. Ella
+humecta as terras, alimenta os vegetaes, anima as paisagens e exaltera
+os homens, e os animaes.
+
+
+
+
+XIII
+
+As Nuvens
+
+
+Uma nuvem é absolutamente similhante aos nevoeiros, que se formam á
+noite sobre as margens das ribeiras, e nos sitios pantanosos; o que a
+distingue é ter-se formado no ar, e ser impellida pelos ventos até ao
+momento em que torna a cahir em chuva sobre a Terra. A agua não corre
+sómente sobre a Terra; tambem se alevanta aos ares, e se sustem alli
+debaixo da forma das nuvens. O calor do sol faz subir a agua para o céo
+em vapores invisiveis. Os rios, os lagos, e os mares fornecem
+continuamente (e mais no verão do que no inverno) esses vapores, os
+quaes vão reunir-se nos ares em forma de nuvens. Pondo ao sol um panno
+molhado, a humidade desapparecerá, e o panno seccará, collocae uma bacia
+cheia de agua ao ar, a agua desapparecerá insensivelmente, e não ficará
+nem uma só gotta. Que foi feito d'essa agua? Reduziu-se pelo calor em
+vapores, e estes elevaram-se até ás nuvens, que vêdes passar sobre
+vossas cabeças.
+
+Quereis ver uma prova mais clara? Examinae a agua, que ferve sobre o
+fogo; sahe d'ella um fumo espesso, e o vaso diminue cada vez mais.
+Porque rasão diminue esse vaso? É porque a agua se vai em fumo, ou (para
+melhor dizer) em vapores. Ponde por um instante a vossa mão sobre
+esse fumo, e tiral-a-heis toda molhada. As nuvens não andam muito alto:
+os cumes de differentes montanhas são-lhes sobranceiros. Quando se está
+sobre essas montanhas, vê-se por baixo as nuvens esclarecidas pelo sol,
+o qual as faz parecer brancas, como um montão confuso de algodão. Quando
+se passa pelo meio d'ellas, crê-se que se atravessa um nevoeiro, mais ou
+menos espesso.
+
+
+
+
+XIV
+
+A Chuva
+
+
+Já sabeis como se formam as nuvens; sabeis que se compõem de pequenas
+partes d'agua, tão leves, que se tomariam como um pouco de pó: o ar
+sustem-as em quanto estão n'este estado. Mas quando estas partes se
+approximam, e as unem, tornam-se em gotas, as quaes, sendo mais pesadas
+que o ar, que as sustem, começam a cahir, e eis ahi a chuva. Esta chuva
+rega os campos, penetra nas terras, e alimenta as nascentes; estas vão
+para os rios, e estes para o mar; o sol faz outra vez subir estas aguas
+ao ar, donde são restituidas á terra; de sorte que estão continuamente
+em movimento, e viajam em todas as partes do mundo, umas vezes
+impellidas pelos ventos, e outras vezes arrastadas pelo declive dos
+terrenos.
+
+
+
+
+XV
+
+A Neve e a Saraiva
+
+
+Deve-se advertir que existe a neve, e se forma quando os vapores humidos
+que cahem d'uma nuvem se trasformam na sua queda, pelo gelo que os
+penetra, em longos filamentos, os quaes constituem flocos
+differentemente arranjados. Se estes vapores tiveram tempo para formar
+gotas, que o frio condensa immediatamente, cahe, em logar de neve,
+saraiva. Esta saraiva tem, de ordinario, a forma, e a grossura das gotas
+da chuva; comtudo algumas cahem como grossos pedaços de gelo; mas
+pode-se observar, que esses pedaços, são, n'este caso, compostos de
+muitos grãos, que se reuniram na sua queda.
+
+
+
+
+XVI
+
+O Mar
+
+
+Chamamos com este nome de «Mar» todas essas immensas qualidades de agua,
+que cobrem uma grande parte da Terra. Os homens chegaram a ultrapassar
+(pela sua industria) esses abismos que pareciam abertos para os reter,
+construiram navios, e viajaram sobre as ondas, que podiam tragal-os,
+com mais commodidade, e mesmo com mais segurança do que sobre as terras.
+Não é doce, e boa para beber a agua do mar, como a das nascentes, e
+rios; ao contrario é acre, amarga e tão salgada, que excita nauseas
+violentas. É d'esta agua que se tira o sal, de que se usa na cosinha.
+Para isso faz-se entrar a agua do mar em grandes tanques, que tem
+sómente algumas polegadas de profundidade; o sol faz evaporar a agua, e
+o sal fica em secco no fundo do tanque.
+
+
+
+
+XVII
+
+O Homem
+
+
+Das creaturas mais perfeitas que Deus creou, é o Homem; ainda que vive
+como todos os animaes, e está sujeito ás mesmas necessidades é-lhes
+comtudo tão superior, que não se deve estabelecer comparação alguma
+entre elles e o homem. Elle é o chefe de tudo quanto abaixo de Deus,
+recebeu a existencia, e o dominador da Terra. E donde lhe vem a sua
+superioridade? Da alma; d'esta intelligencia celeste que Deus lhe deu.
+Os animaes pensam sómente em satisfazerem as suas necessidades; o homem
+é o unico que reflecte, e sabe elevar-se ao conhecimento da Divindade.
+Por isso chama-se Razão o sentimento, que dirige as suas acções; e dá-se
+somente o nome de «Instincto» ao que faz obrar os animaes; posto que
+esse instincto em varias cousas se torna superior ás nosas forças, e
+razão, com o proprio influxo e direcção das sabias determinações que
+ora coarctam ora dirigem as acções dos animaes. Porém se o homem recebeu
+uma prerogativa tão bella, é para se conduzir livremente com mais
+sabedoria; quando abusa dos seus meios, quando obra mal, sabe-o,
+torna-se culpado para Deus, o qual lhe deu luzes geraes para o
+esclarecer no caminho da vida.
+
+Os deveres dos homens para com Deus estão consignados na verdadeira
+Religião Natural ou Universal, a qual se tem dividido em tres idades
+«Religião Ante-Moysaica, Religião Moysaica» (ou escripta) «Religião e
+Christã» (ou Revelada). Em todas estas tres idades a Religião Natural é
+sempre a mesma: representando na 1.ª idade o verdadeiro culto á
+Divindade na esperança do Salvador; na 2.ª a confirmação, e mais
+magestosa ractificação d'esse culto; e na 3.ª o complemento final d'esse
+culto na pessoa do mesmo verdadeiro e esperado Messias, Nosso Senhor
+Jesus Christo. Os deveres da Religião em todas as suas idades basea-se
+em tres principaes deveres para com Deus, directa ou indirectamente.
+Deveres «directos» (para com Deus), «e indirectos» (para comnosco, ou
+nossos similhantes). Estes deveres são obrigatorios, ou prohibitivos,
+aos quaes se oppoem o crime de commissão para com os primeiros, ou de
+omissão para com os segundos. Em estes deveres se contam a celebração do
+Sacerdocio, e mais sacramentos da Igreja, e seus deveres; os mandamentos
+do Decalogo e da Igreja.
+
+A vida do homem divide-se em quatro epocas; a saber:--«A Infancia» até
+os 15 annos; «A Juventude» até os 35; «A Virilidade» (ou idade viril)
+até os 55; e «A Velhice» d'ahi por diante até o muito 100 annos.
+
+
+
+
+XVIII
+
+Homens de differentes cores
+
+
+Os homens variam de cor conforme os climas, ou regiões, e terras que
+diversamente habitam; por isso não são os homens todos brancos, como os
+vemos na Europa. Nos paizes quentes são trigueiros, e mesmo pretos. É
+principalmente em Africa que se acham povos inteiros, e numerosos, cuja
+pelle é tam preta como o carvão; chamamo-lhes «negros.» Os «Hotentotes,»
+os quaes habitam tambem esta parte do mundo, tem uma cor bronzeada. As
+differentes cores americanas são as de cobre, e laranja. Os homens de
+maior estatura são os «Patagoens,» os quaes habitam a extremidade da
+America Meridional: tem commumente seis pés, a seis e meio. Os
+«Laponios» são ao contrario os mais pequenos: não tem ordinariamente
+mais de quatro pés e meio, é esta a sua estatura ordinaria: porém são
+fortes e robustos. Habitam um paiz frio, e coberto quasi sempre de neve
+na extremidade septentrional da Europa.
+
+
+
+
+XIX
+
+Os Mineraes
+
+
+Dá-se o nome de _mineraes_ ás substancias que se tiram das minas,
+isto é, das excavacões que se fazem no seio da Terra. Entre estas
+substancias é necessario observar os metaes, que nos são de grandissima
+utilidade. Estes metaes são o _ferro, cobre, estanho, chumbo, ouro, e
+prata_. O homem não só tornou em vantagem sua tudo quanto a Terra produz
+na superficie; mas até o que ella tem occulto nas suas entranhas.
+
+
+
+
+XX
+
+O Ferro
+
+
+O homem não tem necessidade senão de purificar o ouro, e a prata; e
+é-lhe necessario, para assim dizer, crear o ferro. Este metal, tal qual
+a natureza nol-o dá, é mui differente d'aquelle de que as artes usam.
+Esta arte sobe á mais remota antiguidade, e pode-se crêr que o ente
+creador de todas as cousas o qual o faz nascer com tanta profusão por
+toda a terra, suggeriu elle mesmo ao homem os meios de o adoptar ás suas
+necessidades, e de o fazer gozar de todas as vantagens, que elle
+occulta; pois que este metal tão util apresenta-se debaixo de mil formas
+diversas na natureza; e o que vós nunca pensaveis, acha-se quasi em toda
+a parte; acham-se partes d'elle na combustão de muitos vegetaes, e
+pertende-se mesmo que o sangue que circula nas nossas veias, lhe deve
+este vermelho, que o cora. É por meio do fogo que se separa o ferro da
+terra com que está misturado; e é igualmente por meio do fogo que se
+trabalha, e que se fazem com elle vasos, alavancas, pregos, e mil outros
+instrumentos, que nos são de grande utilidade; sem o ferro nunca
+existiria um numero infinito d'objectos que augmentam as commodidades da
+vida.
+
+O ouro, que nós procuramos com tanta avidez, é muito menos precioso, que
+este metal, que nos parece tão grosseiro. O aço é um ferro refinado.
+
+
+
+
+XXI
+
+O Cobre
+
+
+De todos os metaes imperfeitos é o cobre o que mais se aproxima do ouro,
+e da prata; se o não tivessemos, haveria um grande vacuo nas producções
+as mais interessantes das artes. Porém as suas vantagens são bem
+compensadas pelas suas qualidades malfazejas: exposto ao ar, ou á
+humanidade, e muitas vezes por si mesmo, cobre-se d'esta ferrugem
+conhecida pelo nome de _Verdete_, a qual muitas vezes converte nos vasos
+da cosinha em um veneno extremamente perigoso os alimentos que contem. A
+estanhadura pallía o perigo, porem não o annulla inteiramente. O mais
+prudente é não usar d'este metal sem muito resguardo, e limpeza. O cobre
+derretido e purificado, chama-se _Cobre vermelho_. Ligando-o com o zinco
+que é outra substancia mineral, obtem-se o _Cobre amarello_, ou o
+_Latão_; misturando-lhe uma certa qualidade d'estanho produz-se o
+_Bronze_, ou o _Arame_.
+
+
+
+
+XXII
+
+O Estanho
+
+
+Emprega-se o estanho de mil maneiras: fazem-se com elle pratos,
+colheres, e vasos, usa-se d'elle misturando-o com o chumbo para a
+estanhadura; applica-se por traz dos espelhos para lhes dar este
+brilhantismo, que lhe faz reflectir as imagens de todos os objectos.
+
+
+
+
+XXIII
+
+O Chumbo
+
+
+As minas de chumbo são como as de ferro as mais communs em a Natureza.
+Elle é o menos precioso dos metaes. Como é molle e facil a derreter,
+fazem-se com elle os canos para conduzir as aguas, e outras obras
+semelhantes a esta; fazem-se tambem com elle as ballas de espingarda.
+
+
+
+
+XXIV
+
+A Prata
+
+
+As principaes minas da prata em França são as de Santa Maria nos Vosges;
+as de Baigóry nos Altos Pyreneus; e as de Chalanches perto de Allemont
+no Delphinado. As minas da Noruega são as mais importantes; porem as
+mais ricas do mundo são as que se acham no cume das cordilheiras; a
+Natureza derramou ahi este metal com uma verdadeira profusão; quasi
+todos os paizes da terra possuem minas d'este precioso metal, porem
+observa-se que quanto as minas de ouro abundam nos paizes quentes, tanto
+a prata parece amar as regiões frias.
+
+
+
+
+XXV
+
+O Ouro
+
+
+Não porque nos seja o mais util, mas porque o fizemos, como a prata,
+representativa de tudo quanto se pode comparar, eis aqui em fim o metal
+que nós estimamos mais. Com tudo é o ouro o mais perfeito, por si mesmo
+dos metaes, é o mais pezado, o mais denso, e o mais ductil. Podem-se-lhe
+dar todas as formas, pode-se applicar, e extender em folha sobre
+superficies, cuja grandeza comparada á pouca materia de que se usou,
+admira a imaginação. O fogo, menos que não seja excessivamente violento,
+não produz sobre elle impressão alguma. As minas mais abundantes de ouro
+são as do Mexico, e Peru, ultimamente as da California na America; bem
+como tambem na Austria, Siberia; e acha-se tambem na area de algum rio
+em forma de palhetas.
+
+
+
+
+XXVI
+
+Das cinco partes do Mundo
+
+
+A terra a qual já dissemos que era redonda divide-se em cinco partes, a
+saber: _Europa_, _Asia_, _Africa_, _America_, e novamente descoberta a
+Oceánia. A parte do mundo que nós habitamos é a Europa; é a menos
+extensa mas a mais povoada, é aquella onde as sciencias e artes são
+mais cultivadas. Os seus povos são brancos. A parte meridional é
+temperada, e a do norte é fria. A Asia é tres vezes maior que a Europa;
+mas não tem povoações proporcionaes. Os seus paizes meridionaes sentem
+calores muito grandes, os do norte estão cobertos pelo gelo do inverno
+nos tres quartos do anno. Esta parte do mundo é a mais rica em
+producções naturaes, pedras preciosas, perolas, especiarias, aromas, e
+animaes. A Africa cortada ao meio pelo Equador, isto é, achando-se
+directamente debaixo dos raios do sol offerece os climas mais quentes, e
+por consequencia mui desertos. Veem-se ahi espaços immensos sem arvores,
+e sem verdura onde cobre a terra uma areia secca. É n'ella onde se acham
+os homens mais pretos, e os animaes mais ferozes. A America é a
+parte maior do mundo. A Asia, a Africa, e a Europa não a conheceram
+durante muito tempo; os povos antigos nem ao menos suspeitaram a sua
+existencia. Foi somente no curso do decimo quinto seculo, isto é ha
+pouco mais de trezentos annos, que Christovão Colombo teve a gloria de
+fazer conhecer esta metade do mundo á outra. A America produz uma
+quantidade infinita de metaes, e mineraes; o oiro que os europeos tem
+tirado d'ella é incalculavel. Ha alli alguns paizes mui povoados, mas ha
+outros onde se acha mui pouca povoação. É n'esta parte do mundo que
+existem os maiores rios da terra; o maior de todos é o dos Amazonas, o
+qual tem mil leguas de curso.
+
+
+
+
+XXVII
+
+Divisão do Tempo
+
+
+Os homens sentiram a necessidade de estabelecer as divisões do tempo
+para regular os seus trabalhos, recordar os acontecimentos, e combinar,
+e designar os dias futuros. A propria natureza indica essas divisões. Já
+vos disse que a terra se volve sobre si mesma no espaço de vinte e
+quatro horas, e que é esse movimento quem nos dá alternativamente o dia,
+e a noite. Essas 24 horas fazem o que se chama um dia. Este achou-se
+naturalmente dividido em quatro partes: _a manhã, o meio dia, a tarde e
+a meia noite_. Inventaram-se outras divisões, para maior commodidade:
+são as _horas_. Contam-se 24 n'um dia, isto é, durante o tempo da luz, e
+das trevas; porém estas 24 horas estão divididas em duas vezes doze:
+eis de têl-o visto em todos os mostradores, os quaes não tem mais que
+esse numero de horas. A hora foi subdividida em 60 minutos, e o minuto
+em 60 segundos, etc.
+
+As 4 estações são: a _Primavera_, em que nascem a verdura e as flores; o
+_Estio_, em que se amadurecem os fructos da terra; o _Outono_, em que se
+fazem as colheitas; e o _Inverno_ tempo em o qual a terra em repouso
+toma novas forças soffrendo a intemperie dos ares (pelos ventos, frios,
+neves, gelos, e tempestades). Dividem-se estas estações mais
+simplesmente em duas partes, a saber: _Verão e Inverno_, cada uma com
+seis mezes; contando o verão desde o meio da primavera, todo o estio, e
+primeira parte do Outono (isto é, meio de Maio, a meio de Novembro,) e
+contando o inverno desde o meio de Novembro e todo e inverno
+propriamente dito, até meio de Maio.
+
+Além d'esta divisão natural divide-se o anno em doze mezes. O mez é um
+espaço de 30 a 31 dias (pouco mais ou menos;) o que se ve n'estes versos:
+
+ Trinta dias tem Novembro;
+ Abril, Junho e Setembro;
+ Vinte e oito, ou nove, um
+ e os demais trinta e um.
+
+Elles são, pois _Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho, Julho,
+Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, e Dezembro_.
+
+O inverno começa a vinte e tantos de Dezembro, acabando a vinte e tantos
+de Março. A primavera a vinte e tantos de Março a vinte tantos de Junho.
+O Estio a vinte e tantos de Junho a vinte e tantos de Setembro. O
+outono a vinte e tantos de Setembro até vinte, e tantos de Dezembro.
+
+Os mezes tambem se dividem em 4 semanas; as quaes não o completam porque
+dão somente 28 dias, e os mezes tem 30 a 31; excepto fevereiro _o_ qual
+tem 28, e nos annos bissextos, isto é, de 4 em 4, 29.
+
+A semana contém 7 dias que são: _Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta,
+Sabbado, e Domingo_. Os Christãos começam a sua semana pela segunda
+feira, e o domingo é o setimo dia de repouso. Os Judeus tomam o Sabbado
+por seu setimo dia de repouso, contando o domingo como seu primeiro dia
+da semana. Os mahometanos tomam o seu primeiro dia no sabbado e o seu
+ultimo e setimo na sexta.
+
+Temos dois equinoxios, e 2 solsticios: Os primeiros em que as noites são
+iguaes aos dias em doze horas: os segundos em que os dias e as noites
+entre si são ora maiores ora menores.
+
+De 21 a 22 de Março é o _equinoxio da primavera_.
+
+De 23 a 24 de Setembro o _equinoxio do Outono_.
+
+De 23 a 24 de Junho é o _solsticio do estio_, em que os dias são maiores
+do anno (isto é, perto das 3 até ás 9 da noite). De 20 a 23 de Dezembro
+é o _solsticio de inverno_, em que as noites são as maiores do anno
+(isto é, desde perto das 5 da tarde até perto das 7 da manhã).
+
+Entende-se por um _seculo_ o espaço de cem annos.
+
+Por lustre o espaço de 5. Por olympiada o espaço de 4.
+
+O nome, a epocha d'este ultimo, vem das festas que os gregos celebravam
+cada 4 annos junto d'Olympia na Grecia.
+
+
+
+
+XXVIII
+
+Principaes povos e cidades da Asia
+
+
+A Asia tem mil e setecentas leguas de comprido, e mil e quinhentas de
+largo. Seus principaes estados são: Turquia Asiatica, Arabia, Persia,
+India, Tartaria (chineza, independente, e russiana, na maior extensão e
+pouco povoada,) a China, e o Japão.
+
+A Turquia Asiatica, é consideravel; e tem a _Persia_ ao oriente; o
+Mediterraneo, e o Archipelago ao occidente; ao meio dia a _Arabia_, e ao
+norte o _Mar-negro e Persia_. Tem magnificos fragmentos do seu antigo
+esplendor.
+
+A Arabia é a maior peninsula do mundo, de norte a sul com quinhentas
+leguas, e de oriente a occidente quatrocentas, _Meca e Medina_ suas
+principaes cidades.
+
+O grande imperio da Persia, cuja capital é _Ispahan_. A India, cujos
+principaes estados são o _Indostão, Visapor, Golonda, Bisnagar, Ava,
+Pegu, Aracão, Sião, Camboje, Tunquim, Cochinchina._
+
+O mais bello poderoso e antigo imperio da China, com quinhentas leguas
+d'oriente a occidente; e tresentas e cincoenta de norte a sul. Tem como
+immensa povoação as principaes cidades de _Pekin e Nankin_.
+
+
+
+
+PROPHECIA
+
+
+De um Lavrador velho e cego, da freguezia da Maia, a qual foi achada
+debaixo do travesseiro, depois do seu fallecimento.
+
+
+ Cessem todos os estrondos
+ Para em bella harmonia
+ Ouçam todos mais attentos
+ Esta real prophecia.
+
+ De um authentico Soberano
+ Distincto e inspirado
+ Que alem de ser Monarcha
+ Tambem tem prophetisado.
+
+ Cujo Soberano escreveu
+ A qual me mandou lêr
+ Do que no futuro anno
+ N'este reino se ha de vêr.
+
+ Prophetisou que para o anno
+ Tudo o que fôr vegetal,
+ Causará terror e espanto
+ No reino de Portugal.
+
+ Toda a terra portugueza
+ Dará fructo desmarcado
+ Como nunca se tem visto
+ Desde que o mundo foi creado.
+
+ As nabiças darão grellos
+ Tão altos e engrumados,
+ Que dê mastros de navios,
+ E serrando-os taboados.
+
+ Cada nabo será tal
+ Que se o escavar por dentro
+ Possa dar casa bastante
+ Para córte d'um jumento.
+
+ Taes repolhos vereis creados
+ Em todos os repolhaes,
+ Que o menor seja bastante
+ P'ra pezar vinte quintaes.
+
+ Pois só as folhas de fóra
+ D'aquelles mais bem creados
+ Poderão servir de vellas
+ Para estender nos eirados.
+
+ As couveiras crearão
+ Tão altos pés e grossos;
+ Que d'elles se farão bombas
+ Para tirar agua dos poços.
+
+ Vereis cebollas como pipas
+ Batatas como toneis
+ Tomates como gigas
+ Alhos como canistreis.
+
+ Que só os dentes dos alhos
+ Tão volumosos serão,
+ Como que fossem quartos
+ De aboboras ou de melão.
+
+ As pereiras darão peras
+ Tão grandes e tão bastas
+ Que uma só pera aos pedaços
+ Encha bem sete canastras.
+
+ Taes limões vereis creados
+ Nos limoeiros azedos,
+ Que um limão seja bastante
+ P'ra carregar seis gallegos.
+
+ E que nozes tão grandes
+ Se hão de ver pelas Nogueiras,
+ Que das cascas d'uma só
+ Se farão duas maceiras.
+
+ E do que tiver por dentro
+ Gostosos doces farão,
+ E muitas se hão de moer
+ Que não hão de dar mau pão.
+
+ Tambem promette abundancia
+ De pão trigo e centeio
+ Porque só cada espiga
+ Dará alqueire e meio.
+
+ As mulheres farão fogueiras
+ Queimarão fuzos e rocas
+ Por que ha de nascer linho
+ Prompto já em maçarocas.
+
+ Pois só cada melancia
+ Tão grande ha de ser,
+ Que precisem de dez homens
+ Com pancas para a mover.
+
+ Da tona grossa e dura
+ Com talos tão bem creados
+ Que só possam ser partidos
+ Com alviões ou machados.
+
+ Cada videira do Douro
+ Tantos cachos ha de dar
+ Que de vinho e bagaço
+ Possa encher um lagar.
+
+ A cinco reis o almude
+ Quem quizer beberá vinho
+ Do melhor do Alto Douro
+ N'esta provincia do Minho.
+
+ No tempo que o vinho fôr
+ A cinco reis o almude
+ Muito ha de haver quem diga:
+ «Cá vae á sua saude.»
+
+ Velhos e velhas vereis
+ Dar saltinhos de contentes
+ Porque até terceira vez
+ Lhe hão de nascer novos dentes.
+
+ Até os brancos cabellos
+ Vereis tomar novas côres,
+ Iguaes ás d'aquelle tempo
+ Em que tinham seus amores.
+
+ Os que forem corcovados
+ A corcova hão de perder,
+ Até cegos vereis com vista,
+ Que já não esperavam vêr.
+
+ Tudo quanto tenho dito
+ Afianço e asseguro,
+ Que se nada fôr verdade
+ Ha de ser mentira tudo.
+
+ D'esta forma terminou
+ Esta real prophecia,
+ Só a todos desejo
+ Vida, paz e alegria.
+
+
+
+
+HORAS PLANETARIAS
+
+
+Nomes dos Planetas Saturno, Jupiter, Marte, Sol, Venus, Mercurio e Lua.
+
+_Domingo_
+
+A 1.ª hora é quando nasce o Sol, e é hora Solar.
+
+2.ª--de Venus.
+
+3.ª--de Mercurio.
+
+4.ª--de Lua.
+
+5.ª--de Saturno.
+
+6.ª--de Jupiter.
+
+7.ª--de Marte.
+
+8.ª--do Sol.
+
+9.ª--de Venus.
+
+10.ª--de Mercurio.
+
+11.ª--de Lua.
+
+12.ª--de Saturno.
+
+E assim continuará, segundo os nomes dos Planetas; isto é, conforme o
+que se segue pelos nomes acima indicados.
+
+_Segunda-feira_
+
+1.ª--esta primeira hora como se tem dito, é da Lua.
+
+2.ª--de Saturno.
+
+3.ª--de Jupiter.
+
+4.ª--de Marte.
+
+5.ª--do Sol.
+
+6.ª--de Venus.
+
+7.ª--de Mercurio.
+
+8.ª--da Lua.
+
+E assim se vai proseguindo até pôr-se o Sol.
+
+_Terça-feira_
+
+1.ª--de Marte.
+
+2.ª--do Sol.
+
+3.ª--de Venus.
+
+4.ª--de Mercurio.
+
+5.ª--da Lua.
+
+6.ª--de Saturno.
+
+7.ª--de Jupiter.
+
+8.ª--de Marte.
+
+_Quarta-feira_
+
+1.ª--de Mercurio.
+
+2.ª--da Lua.
+
+3.ª--de Saturno.
+
+4.ª--de Jupiter.
+
+5.ª--de Marte.
+
+6.ª--do Sol.
+
+7.ª--de Venus.
+
+8.ª--de Mercurio.
+
+_Quinta-feira_
+
+1.ª--de Jupiter.
+
+2.ª--de Marte.
+
+3.ª--do Sol.
+
+4.ª--de Venus.
+
+5.ª--de Mercurio.
+
+6.ª--da Lua.
+
+7.ª--de Saturno.
+
+8.ª--de Jupiter.
+
+_Sexta-feira_
+
+1.ª--de Venus.
+
+2.ª--de Mercurio.
+
+3.ª--da Lua.
+
+4.ª--de Saturno.
+
+5.ª--de Jupiter.
+
+6.ª--de Marte.
+
+7.ª--do Sol.
+
+8.ª--de Venus.
+
+_Sabbado_
+
+1.ª--de Saturno.
+
+2.ª--de Jupiter.
+
+3.ª--de Marte.
+
+4.ª--do Sol.
+
+5.ª--de Venus.
+
+6.ª--de Mercurio.
+
+7.ª--da Lua.
+
+8.ª--de Saturno.
+
+E assim vae proseguindo, dando á hora do nascer do Sol de cada dia o
+Planeta d'aquelle dia, assim como a oitava depois de ter nascido.
+
+
+
+
+CONHECIMENTOS UTEIS
+
+
+No Crescente da Lua é que se devem fazer as sementeiras e enxertias, pôr
+bacellos, transplantar arvores, e crestar colmeias, tudo em dias de bom
+tempo, antes que rebentem as arvores, e o que mais se deve escolher é a
+occasião da maré cheia. As sementeiras não só devem ser feitas no
+Crescente de Lua, mas é bom que sejam feitas nos dias em que a Lua anda
+ou faça conjunção nos signos de Tauro, Cancer, Virgo, Libra ou
+Capricornio e maré cheia.
+
+No Minguante da Lua devem cortar-se as madeiras na força do Sol, colher
+fructas para guardar, cavar e podar as vinhas; o melhor corte de
+madeiras é quando está a maré cheia.
+
+Os melhores dias de caça são um dia antes e outro depois de qualquer
+aspecto de Lua. Para caçar aves, lebres ou coelhos são bons os dias em
+que a Lua ande ou faça conjunção nos signos d'Aries, Tauro, Geminis,
+Leo, Virgo, Libra, Sagitario, Capricornio e Aquario. Para pescar é bom o
+quarto de Lua em Piscis, Cancer e Escorpio.
+
+
+_Nevoeiro._--São nuvens terrestes que se levantam de lugares humidos, e
+ficam espalhadas na atmosphera cuja transparencia toldam.
+
+
+_Nuvens._--São aggregados de vapores mais ou menos espessos e encamados
+na atmosphera aonde se condensam formando as nuvens e as chuvas.
+
+
+_Chuva._--As chuvas são nuvens grossas que se evaporam dos rios e do
+mar, as quaes são elevadas pelos ventos a uma distancia immensa,
+derramando sobre nossos campos a felicidade e a abundancia, quando os
+regam e alimentam as fontes.
+
+
+_Neve._--A neve forma-se quando os vapores que cahem das nuvens se
+congelam pelo frio que os surprehendem, e cahem então em flocos mui alvos.
+
+
+_Saraiva._--Se os vapores que cahem das nuvens teem tempo de formar
+pingas que o frio condensa, cahem então em granisos, ou pedras d'agua
+com a mesma configuração e grossura, que haviam de ter as pingas d'agua
+como chuva na sua queda.
+
+
+_Orvalhos._--É um vapor subtil que se observa durante as noites e manhãs
+da Primavera, Verão e Outomno, e não é mais do que um resfriamento que a
+terra experimenta quando cessa de estar exposta aos raios do Sol.
+
+
+_Relampagos._--Dá-se este nome ao clarão que precede o estampido dos
+trovões, e tem lugar todas as vezes que o fluido electrico passa d'um
+lugar para outro, ou que duas nuvens carregadas d'electricidade chegam a
+encontrar-se.
+
+
+_Trovão._--É o estrondo produzido pelo abalo que o ar recente no momento
+em que o fluido electrico se descarrega sobre uma nuvem ou sobre a
+terra. Pode ajuizar-se da distancia d'uma trovoada pelo espaço que ha
+entre o relampago, e o trovão ou por uma pulsação regular; porque se o
+pulso bate quatro vezes entre o relampago e o som do trovão, é signal de
+que a trovoada está a quatro mil pés de distancia, e se bate cinco
+vezes, está a cinco mil pés etc.
+
+
+_Raio._--É o fluido electrico espalhado na atmosphera, que sahe com o
+estrondo da trovoada sobre a forma de fogo da parte da atmosphera em que
+estava accumulado, e derruba, mata e polvorisa aquillo em que toca ou
+acha com resistencia. Recommenda-se para seu defensivo a pelle do lobo
+marinho, o loureiro, e o _agnus dei_.
+
+
+_Terra._--A Terra é um globo achatado nos dous polos, prova-se que é
+redonda por que navegando-se de E. para O. volta-se ao mesmo ponto. Tem
+a Terra 7200 leguas de circumferencia, e é 1,330,000 vezes mais pequena
+do que o Sol, e tem não obstante uma superficie de terras habitadas ou
+habitaveis, e aguas, que comprehende 24 milhões de leguas quadradas,
+julga-se que as aguas cobrem mais das duas terças partes da superficie
+da terra. Divide-se o globo em cinco partes, a saber: Europa, Asia,
+Africa, America e Oceania.
+
+Mr. Letrome, segundo um calculo assás exacto, pretende que em 700
+milhões d'homens, pouco mais ou menos, que povoam a terra, ha perto de
+230 milhões de christãos, 115 milhões de mahometanos, 5 milhões de
+judeus, e 350 milhões de politheistas, povos que admittem mais d'um
+Deus, e grande numero d'absurdos.
+
+
+_Atmosphera._--Dá-se este nome á massa d'ar que cerca a terra até á
+altura de 20 leguas pouco mais ou menos, e é aonde se formam varios
+phenomenos e se reunem os gazes e exalações seccas ou humidas, e aonde
+se condensam e precipitam, e é finalmente aonde se formam as chuvas,
+ventos, saraivas, trovões etc.
+
+
+_Anno Solar._--É o tempo que decorre desde um Equinocio até outro
+Equinocio, isto é, 365 dias, 5 horas e 49 minutos.
+
+
+_Anno Civil._--É aquelle de que usam quasi todas as nações, para
+contarem o tempo e as idades, é de 365 dias, e os bissextos de 366 dias.
+
+
+_Mez Lunar._--É o espaço de tempo que decorre d'uma Lua Nova até outra
+Lua Nova, e consta termo medio de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2
+segundos.
+
+
+_Cometas._--O numero de Cometas que se teem observado é de algumas
+centenas e consistem em uma massa luminosa em fórma de cabeça,
+acompanhada de um rasto luminoso, chamado cauda; o seu movimento é
+irregular e tudo o que a respeito d'elles se tem calculado é puramente
+hypothetico, ha comtudo cometas cuja apparição á nossa vista se acha
+calculada. Os antigos consideravam os cometas como presagio de alguma
+grande desgraça, hoje, porém, só algum ignorante poderá de tal
+presuadir-se.
+
+
+_Marés._--Ha dous fluxos e dous refluxos do mar no intervalo de cada 24
+horas e 49 minutos, estes 49 minutos é o que as marés tardam em subir,
+isto é, 24 minutos cada maré, juntando pois 24 minutos á hora de cada
+maré teremos a hora da maré.
+
+
+_Velocidade da luz do Sol._--Gasta a luz do Sol 8', para chegar á
+terra, isto é, para percorrer os 34 milhões de leguas que nos separam
+d'aquelle astro.
+
+
+_Norte._--Para se achar a estrella do Norte, prolonga-se em linha recta
+as duas estrellas a que chamam o leme e o prolongamento d'estas irá
+mostrar a estrella do Norte.
+
+
+_Methodo facil para observar os Eclipses do Sol._--Defuma-se em cima
+d'uma luz um pedaço de vidro de vidraça, até que se não veja nada por
+elle, faça-se-lhe depois um pequeno buraco no meio, descubrindo-lhe o
+fumo com a ponta do dedo pelo qual se pode observar o Eclipse sem que
+faça mal á vista.
+
+
+Sommar:--
+
+Signos, gráos e minutos
+ 9 24 38
+ 11 32 47
+ 9 27 25
+
+
+FIM DA SETIMA E ULTIMA PARTE
+
+
+
+
+
+End of the Project Gutenberg EBook of O Oraculo do Passado, do presente e do
+Futuro (7/7), by Bento Serrano
+
+*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O ORACULO DO PASSADO (7/7) ***
+
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+redistribution.
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+things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works
+even without complying with the full terms of this agreement. See
+paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project
+Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement
+and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic
+works. See paragraph 1.E below.
+
+1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation"
+or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project
+Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the
+collection are in the public domain in the United States. If an
+individual work is in the public domain in the United States and you are
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+are removed. Of course, we hope that you will support the Project
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+
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+or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm
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+
+Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
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+including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists
+because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
+people in all walks of life.
+
+Volunteers and financial support to provide volunteers with the
+assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's
+goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
+remain freely available for generations to come. In 2001, the Project
+Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
+and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
+To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
+and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
+and the Foundation web page at https://www.pglaf.org.
+
+
+Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive
+Foundation
+
+The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
+501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
+state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
+Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification
+number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at
+https://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
+permitted by U.S. federal laws and your state's laws.
+
+The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
+Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
+throughout numerous locations. Its business office is located at
+809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
+business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact
+information can be found at the Foundation's web site and official
+page at https://pglaf.org
+
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+ Dr. Gregory B. Newby
+ Chief Executive and Director
+ gbnewby@pglaf.org
+
+
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+Literary Archive Foundation
+
+Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
+spread public support and donations to carry out its mission of
+increasing the number of public domain and licensed works that can be
+freely distributed in machine readable form accessible by the widest
+array of equipment including outdated equipment. Many small donations
+($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
+status with the IRS.
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+The Foundation is committed to complying with the laws regulating
+charities and charitable donations in all 50 states of the United
+States. Compliance requirements are not uniform and it takes a
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+have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
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+any statements concerning tax treatment of donations received from
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+ways including including checks, online payments and credit card
+donations. To donate, please visit: https://pglaf.org/donate
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+works.
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+concept of a library of electronic works that could be freely shared
+with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project
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+<head>
+ <title>O Oráculo dos Astros</title>
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+<pre>
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+The Project Gutenberg EBook of O Oraculo do Passado, do presente e do
+Futuro (7/7), by Bento Serrano
+
+This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
+almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
+re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
+with this eBook or online at www.gutenberg.org
+
+
+Title: O Oraculo do Passado, do presente e do Futuro (7/7)
+ Parte Setima: O oraculo dos Astros
+
+Author: Bento Serrano
+
+Release Date: March 23, 2010 [EBook #31742]
+
+Language: Portuguese
+
+Character set encoding: ISO-8859-1
+
+*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O ORACULO DO PASSADO (7/7) ***
+
+
+
+
+Produced by Mike Silva (produced from scanned images of
+public domain material from Google Book Search)
+
+
+
+
+
+
+</pre>
+
+
+<div class="capa">
+<p style="font-size: 3em;">O ORACULO</p>
+
+<p>DO</p>
+
+<p style="font-size: 1.5em;">PASSADO, DO PRESENTE E DO FUTURO</p>
+
+<p style="font-size: 0.8em;">OU O</p>
+
+<p>Verdadeiro modo de aprender no passado a prevenir o presente, e a adivinhar
+o futuro</p>
+
+<p style="font-size: 0.8em;">POR</p>
+
+<p style="font-size: 1.5em;">BENTO SERRANO</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>ASTROLOGO DA SERRA DA ESTRELLA,</p>
+
+<p><i>Onde reside ha perto de trinta annos, sendo a sua habitação uma estreita
+gruta que lhe serve de gabinete dos seus assiduos estudos astronomicos</i></p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<div
+style="font-size: 0.9em;margin-left:20%; text-align: left; width: 60%; border: solid 2px #000000;padding: 0.5em;">
+<h4>OBRA DIVIDIDA EM SETE PARTES, CONTENDO CADA UMA O SEGUINTE:</h4>
+
+<p>Parte primeira&mdash;O ORACULO DA NOITE<br>
+Parte Segunda&mdash;O ORACULO DAS SALAS<br>
+Parte Terceira&mdash;O ORACULO DOS SEGREDOS<br>
+Parte Quarta&mdash;O ORACULO DAS FLORES<br>
+Parte Quinta&mdash;O ORACULO DAS SINAS<br>
+Parte Sexta&mdash;O ORACULO DA MAGICA<br>
+Parte Setima&mdash;O ORACULO DOS ASTROS</p>
+</div>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p style="font-size: 0.8em;">PORTO<br>
+LIVRARIA PORTUGUEZA&mdash;EDITORA<br>
+55, Largo dos Loyos, 56<br>
+1883</p>
+</div>
+
+<div style="text-align:center;">
+<p style="font-size: 1.5em;">PARTE SETIMA</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p style="font-size: 3em;">O ORACULO DOS ASTROS</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>OU</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p style="font-size: 1.5em;">A verdadeira arte de conhecer os segredos dos Astros pela regular rotação, e
+pelos signaes que se observam de noite e dia durante as quatro estações do anno</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p style="font-size: 0.8em;">PORTO</p>
+
+<p>LIVRARIA PORTUGUEZA&mdash;EDITORA<br>
+55, Largo dos Loyos, 56<br>
+1883</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p align="center">Porto: 1883&mdash;Imprensa Commercial&mdash;Lavadouros,
+16.</p>
+</div>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<div id="corpo">
+
+<h1><a name="SECTION0010000">O ORACULO DOS ASTROS</a></h1>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0011000">ASTRONOMIA POPULAR</a></h1>
+
+<p><em>A astronomia na antiguidade.</em>&mdash;É antiquissima esta sciencia e parece
+que aos pastores do Himalaya se devem as primeiras observações astronomicas,
+unicamente fundadas nos movimentos apparentes dos corpos celestes, e nos
+phenomenos que mais impressionavam a imaginação do homem, taes como a passagem
+dos planetas atravez das constellações, as estrellas cadentes, os cometas, os
+eclipses, etc. Como não podia deixar de ser, todas as theorias de então,
+fundadas em apparencias falsas, eram falsas tambem, tendo sido modificadas e
+corrigidas gradualmente, segundo o exigia o caminhar progressivo das outras
+sciencias. A primeira hypothese consistia em imaginar a Terra rodeada de agua
+por todos os lados, hypothese<span class="pn">{4}</span> que ainda existia no
+tempo de Homero, pois que então acreditava-se que o Sol <em>se apagava</em> ao
+mergulhar no Oceano, reaccendendo-se no dia seguinte depois de demorado banho.
+Os astronomos gregos, ha dois mil annos, julgavam que as estrellas eram chammas
+alimentadas pelas exhalações da Terra!</p>
+
+<p>Todavia, quando se observou que o Sol, a Lua, as estrellas e os planetas, se
+escondiam todos os dias no horizonte, surgindo no immediato do lado opposto,
+força foi admittir que passavam sob a Terra,&mdash;e d'aqui uma revolução immensa,
+completa, na maneira de considerar o nosso planeta, que até então o homem tinha
+como solidamente assente debaixo dos pés, prolongando-se até ao infinito. Para
+explicar aquella passagem, inventaram-se hypotheses sobre hypotheses, qual
+d'ellas mais extraordinaria, qual d'ellas mais absurda. Um deu á Terra a forma
+de meza circular sustentada por doze columnas, outro a de uma cupula
+descançando em cima de quatro gigantescos elephantes de bronze, etc., etc.; mas
+nada d'isto satisfazia o espirito. Columnas e elephantes, a seu turno, sobre
+que é que descançavam? Sendo impossivel responder satisfactoriamente a tal
+pergunta, aquellas theorias foram completamente abandonadas, admittindo-se por
+fim que a Terra se mantinha livre no espaço. Era um passo para o descobrimento
+da verdade, mas o erro subsistia ainda. Segundo a nova doutrina, o nosso
+planeta conservar-se-ia quieto no espaço, occupando o centro de todos os corpos
+celestes, que giravam em torno d'elle. Isto, que só tinha de bom explicar a
+rotação das estrellas chamadas fixas, deixava sem explicação os movimentos dos
+planetas por entre as constellações, e foi alterado, ou antes substituido, pelo
+systema de Ptolomeu, o qual consistia em imaginar o universo composto<span
+class="pn">{5}</span> de globos uns dentro dos outros. O exterior era o
+Empyreo, isto é, o logar para onde iam as almas dos bemaventurados. Ao
+immediato estavam presas as estrellas fixas, e a cada um dos sete seguintes, os
+sete planetas então conhecidos, no numero dos quaes entravam (erradamente, como
+veremos mais adeante) o Sol e a Lua. No centro d'esta machina complicadissima,
+a Terra! Tão prodigioso edificio era construido do mais fino crystal, para que
+o brilho dos corpos celestes podesse chegar até cá. O espirito humano, uma vez
+no caminho do absurdo e do maravilhoso, não pára facilmente. Assim, houve quem
+asseverasse com a maior seriedade que os aerolithos eram pedaços de algumas das
+espheras, que, de velhas, cahiam sobre a Terra; que o movimento dos planetas
+era mais vagaroso quando se achavam mais distantes do Sol, porque não
+<em>viam</em> tão bem o caminho! etc. etc.</p>
+
+<p>Á medida, porém, que as observações astronomicas se tornaram mais
+frequentes, e que as outras sciencias se foram aperfeiçoando, fornecendo novos
+meios de comparação, o systema de Ptolomeu era a cada passo alterado, para dar
+a explicação de um novo phenomeno descoberto; e por fim tornou-se de tal fórma
+complicado, que já nem os proprios astronomos se entendiam com elle, o que não
+o impediu de encontrar defensores exaltados e de ser conservado muito tempo nas
+escolas superiores.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Systema de Copernico.</em>&mdash;Foi nos seculos <small>XV</small> e
+<small>XVI</small> que se estabeleceram as verdadeiras bases da astronomia. O
+espirito humano começou então a libertar-se das falsas theorias a que um
+fanatismo barbaro o trazia acorrentado, succedendo-se uns após outros os mais
+bellos emprehendimentos e as empresas mais arrojadas.<span
+class="pn">{6}</span> Copernico lança então corajosamente por terra as falsas
+doutrinas de Ptolomeu e apresenta aos olhos maravilhados do homem, tal qual é,
+o principio fundamental da astronomia; quasi ao mesmo tempo o nosso compatriota
+Fernão de Magalhães, effectuando a primeira viagem de circum-navegação, prova
+praticamente, aos que ainda duvidavam, a espheroicidade do planeta que
+habitamos.</p>
+
+<p>Uma vez conhecida a verdadeira posição da Terra em relação aos outros
+planetas e ao Sol, as descobertas succederam-se umas após outras. A Copernico
+demonstrando que todos os planetas se moviam em torno do Sol, seguiu-se Képler
+descobrindo as tres leis que regem os movimentos dos corpos celestes,&mdash;Galileu
+inventando o telescopio,&mdash;Halley calculando a volta de um cometa e Newton
+descobrindo a força que mantem em equilibrio todos os astros.</p>
+
+<p>Actualmente a sciencia póde vangloriar-se de conhecer não só a posição de
+cada um dos corpos que constitue o systema solar, mas de saber qual a distancia
+de uns aos outros, quaes os seus volumes, e até o peso de cada um.</p>
+
+<p>A relação das distancias de uns aos outros planetas está feita na razão de 1
+millimetro para 10 milhões de leguas. Não ha, porém, proporção alguma no que
+respeita ás suas dimensões; se quizessemos conservar á Terra o tamanho, aliás
+pequenissimo, que alli tem, haveriamos de representar o Sol por uma esphera do
+tamanho approximado de uma pequena laranja e de distanciar proporcionalmente os
+planetas uns dos outros.</p>
+
+<p>O caminho percorrido por cada astro, isto é, a sua orbita, acha-se indicado
+por traços e os planetas e satellites por pequenos pontos.<span
+class="pn">{7}</span> </p>
+
+<p>Partindo do Sol, vemos que o primeiro planeta que lhe gira em torno é
+Mercurio, em seguida Venus e depois a Terra. Em volta do nosso planeta,
+acompanhando-o fielmente, gira um outro globo ou satellite, a Lua. Segue-se
+depois Marte com dois satellites. Estes quatro primeiros planetas, Mercurio,
+Venus, Terra e Marte, são chamados por alguns astronomos planetas medios em
+razão do seu tamanho. Segue-se depois uma infinidade de planetas de pequenas
+dimensões, cuja orbita media se acha tambem alli indicada. São os pequenos
+planetas que, segundo a hypothese mais geralmente acceita, constituem os
+despojos de um grande planeta que uma causa desconhecida haja despedaçado.
+Contam-se actualmente cerca de 220 d'estes astros, mas é provavel que o seu
+numero seja muito maior. Aos pequenos planetas seguem-se os
+grandes:&mdash;primeiramente Jupiter tendo em torno quatro satellites; depois
+Saturno com oito satellites; Urano com quatro, e finalmente Neptuno com um só.
+Além dos planetas, que giram quasi circularmente em torno do Sol, no mesmo
+sentido e em planos não muito differente uns dos outros, e dos salellites que
+acompanham os planetas,&mdash;outros corpos, cuja quantidade é impossivel calcular,
+caminham tambem em volta do Sol seguindo orbitas muito alongadas e movendo-se
+em todos os sentidos e em planos variadissimos: são os cometas.</p>
+
+<p>Independentemente dos planetas, satelliles e cometas, o systema solar é
+povoado ainda por myriades de outros corpos muito mais pequenos e que viajam em
+diversas regiões do céu, umas vezes isolados, outras aos enxames, voltando
+periodicamente ao mesmo ponto, e dos quaes só temos conhecimento quando por
+acaso atravessam a atmosphera terrestre, ao contacto<span class="pn">{8}</span>
+da qual se tornam incandescentes, ou quando mesmo são attrahidos pelo nosso
+planeta, onde caem. São as estrellas cadentes, os aerolithos, etc.</p>
+
+<p>Finalmente um immenso annel luminoso, composto provavelmente de milhões de
+milhões d'estes pequenos corpos illuminados pelo Sol, rodeia este astro, extendendo-se muito além da orbita da Terra. Vê-se n'algumas epochas do anno
+elevar-se acima do horisonte, ao pôr ou ao nascer do Sol. É a luz zodiacal.</p>
+
+<p>Reunindo, temos o systema solar composto de:&mdash;1.º um corpo central, muito
+maior que todos os outros, e relativamente immovel, o Sol;&mdash;2.º diversos corpos
+girando todos no mesmo sentido, e quasi circularmente em torno d'aquelle astro
+(são os planetas);&mdash;3.º varios corpos mais pequenos caminhando em volta de
+alguns planetas (os satellites);&mdash;4.º os cometas, que teem orbita muito
+alongada, e caminham em todas as direcções;&mdash;5.º as estrellas cadentes,
+aerolithos, etc., myriades de pequenas aggregações percorrendo todos os pontos
+do espaço;&mdash;6.º a luz zodiacal (reunião em volta do Sol de pequenos corpos,
+illuminados por elle).<span class="pn">{9}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0012000">I</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION0012100">Do Creador</a> </h2>
+
+<p>Nós não vemos o Creador; mas sentimos, e reconhecemos o seu poder até ao
+menor insecto perdido no pó. Tudo nos mostra um Deus Creador, o céo, a terra,
+as aguas, o homem, os animaes, as plantas, e os mineraes; em fim toda a
+Natureza. Foi elle quem formou todas as maravilhas, que se offerecem á nossa
+vista.</p>
+
+<p>Meus caros meninos, escutai com attenção o seguinte: Se vós achasseis em uma
+planicie, uma casa bonita, de uma architectura regular com quartos dispostos
+commodamente, e decorados com magnificencia, dirieis logo: Esta casa foi
+construida pelos homens; foram elles quem a mobilou e decorou.</p>
+
+<p>Foi um relojoeiro que fez este relogio, é impossivel que elle se fizesse a
+si mesmo, dirieis vós se da mesma maneira visseis um relogio indicando
+regularmente os minutos, e as horas. Pois assim, meus meninos, olhando para o
+céo, as estrellas, o sol, que brilha com tanto resplendor, e a terra que está
+coberta de prodigios, dizei vós da mesma maneira: Estas cousas não poderam
+produzir-se a si mesmas, o homem não pôde fazel-as. Ha pois, um ente todo
+Poderoso que as creou: este ente é Deus, author de tudo quanto existe, Deus é
+um Pae terno e vigilante o qual nos não abandona, nem um só momento. Envia-nos
+todos os dias a luz que nos alumia, e o pão que nos sustenta.<span
+class="pn">{10}</span> E que nos pede elle por tantos beneficios? Quer que o
+amemos. Ah! meus caros meninos, quanto seriamos ingratos, e culpados, se não
+obedecessemos aos seus desejos, se lhe fechassemos o nosso coração! É d'elle
+que nos vem tudo o que temos; e é a elle, a quem devemos todos os nossos
+sentimentos, e todo o nosso amor.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0013000">II</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION0013100">O Mundo</a> </h2>
+
+<p>Declara-se pelo nome de Mundo ou Universo, tudo quanto existe desde o espaço
+dos Céos á Terra. Isto é, o sol, as estrellas, a terra, tudo o que a nossa
+vista apercebe nas profundidades do ar, da terra e das aguas, e o que está alem
+do que podemos alcançar com a vista. Ainda que a vossa vista é muito fraca e
+ainda sois mui pequenos, meus meninos, podeis admirar uma parte d'este immenso
+espectaculo. O sol, ao meio d'esses numerosos globos que brilham em todas as
+abobadas dos céos, é de todas as obras de Deus aquella, que se apresenta com
+mais brilhantismo, e magestade: é um facho, como, eternamente, posto no centro
+do mundo para derramar ondas de luz para todos os lados, e a uma distancia que
+nos não é permittido determinar: dir-se-hia que é o rei dos astros. Comecemos
+pois por elle no artigo seguinte.<span class="pn">{11}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0014000">III</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION0014100">O Sol</a> </h2>
+
+<p>O calor, e a luz que elle derrama no universo, nos fazem vêr que a sua
+materia está continuamente inflammada, e que elle é o proprio fogo. O sol, o
+qual nos parece tam pequeno por causa da sua extrema distancia, é (segundo os
+astronomos) um milhão e quatro centas vezes maior que a terra. A sua forma é a
+de um globo.</p>
+
+<p>Todas as manhãs o vêdes apparecer no oriente, elevar-se no céo até o meio
+dia, e depois descer, e desapparecer abaixo do horisonte ao occidente. Talvez
+vos persuadais que elle faz verdadeiramente esse movimento e que nasce d'um
+lado para ir pôr-se ao outro; mas seria um erro. Não é o sol que se volve á
+roda da terra, mas a terra que se volve sobre si mesma. O sol não muda de
+logar, está sempre no centro do mundo para alumiar tudo quanto o rodeia.
+Observaram-se por meio das lunetas manchas sobre este corpo tam brilhante, e
+por meio d'estas manchas, descobriu-se que elle se volvia sobre si mesmo, como
+se volveria uma bolla atravessada por um prego.</p>
+
+<p>Estas manchas veem-se em primeiro lugar n'uma extremidade d'este astro;
+avançam, vêem-se depois na outra extremidade; e emfim desapparecem para traz,
+para tornarem a apparecer, passado algum tempo. Observou-se que para voltar ao
+ponto, donde tinha<span class="pn">{12}</span> partido, eram-lhe necessarios
+vinte e sete dias; e que por consequencia era necessario esse espaço para que o
+sol fizesse uma volta sobre o seu eixo. Julga-se que o sol dista de nós trinta
+e quatro milhões trezentas e cincoenta e sete mil quatro centas, e oitenta
+leguas.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0015000">IV</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION0015100">As Estrellas</a> </h2>
+
+<p>Distinguem-se estes astros tam numerosos em «estrellas fixas,» porque se não
+vêem mudar de lugar, e em «planetas,» ou «estrellas errantes» porque estas se
+volvem em mais ou menos tempo á roda do sol. Ha por ventura cousa magnifica, e
+que dê uma idêa maior de Deus do que esta multidão de estrellas que brilham no
+firmamento durante as trevas da noite? Vel-as-hiamos em igual numero durante o
+dia se o resplendor da luz as não fizesse desapparecer. Presume-se que as
+estrellas fixas são globos luminosos similhantes ao sol, os quaes allumiam
+outros mundos demasiadamente distantes para que a nossa vista possa
+percebêl-os. Se nos parecem mais pequenas do que o astro que nos alumia é
+porque estão infinitamente mais distantes de nós. Julgae da sua grandeza, e da
+sua immensa distancia pela que está mais proxima da terra, a que chamam
+«Sirio». Crê-se que esta estrella fixa está quatro centas vezes mais distante
+de nós do que o sol, e que o seu diametro, ou a sua largura, é de trinta e tres
+milhões de leguas. Isso porém, meus meninos,<span class="pn">{13}</span> é
+superior á concepção da vossa idade; porém com as explicações que vossos paes
+ou mestres tiverem a complacencia de vos dar, heis de comprehender alguma
+cousa.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0016000">V</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION0016100">Os Planetas</a> </h2>
+
+<p>São (fóra os modernos que mais se tem descoberto ha poucos annos)
+<em>Mercurio</em>, <em>Venus</em>, <em>Terra</em>, <em>Marte</em>,
+<em>Jupiter</em>, <em>Herschell</em> (ao todo 7). Este ultimo só se conhece
+desde 1785; e foi descoberto por um sabio astronomo inglez do mesmo nome o qual
+tambem conservou.</p>
+
+<p>As estrellas fixas differem dos planetas, por quanto estes (e não aquellas)
+se volvem á roda do sol, e não tem luz por si mesmos; pois aquella, com que
+elles brilham lhes vem do mesmo sol. Presume-se que estes immensos globos são,
+como a terra, mundos habitados.</p>
+
+<p>O planeta mais pequeno é Mercurio, e o mais visinho do sol. Crê-se que é
+quinze vezes mais pequeno que a terra. Venus; á qual tambem chamam ora
+«estrella da manhã» (ou da «alva»), ora «vespera» (estrella da tarde,) vem
+depois, e tem uma nona parte menos que a terra. Volve-se sobre si mesma em
+vinte e tres horas, e vinte minutos. A terra a qual nos parece tam grande, por
+que nós somos pequenos, não é (como já vos disse) mais que um planeta, ou uma
+estrella errante. Se vós habitasseis Venus ou Mercurio, ve-la-hieis ao meio do
+céo, como<span class="pn">{14}</span> as outras estrellas e não vos pareceria
+maior que a ponta de um dedo. Com algum detalhe, n'ella logo fallaremos. Marte,
+é muito menos que a terra; elle não tem mais que tres quintos do seu diametro.
+Jupiter, é muito maior. Os astronomos asseguram que tem treze vezes a grossura
+da terra. Volve-se sobre si mesmo em nove horas, e cincoenta e seis minutos.
+Tem em torno de si quatro luas. Saturno, é quasi mil vezes maior que a terra.
+Tem tambem cinco luas ou satellites. Está, alem d'isso, rodeado por um grande
+annel de luz que se descobre por meio das lunetas. Dista do sol trezentos e
+vinte e sete milhões, e setecentas mil leguas. Herschell está ainda mais
+distante. Parece affastado para a extremidade do mundo. São-lhe necessarios
+noventa annos, para se volver á roda do sol.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0017000">VI</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION0017100">A Terra</a> </h2>
+
+<p>A terra é redonda como uma bolla. Os seus vales, e montanhas, os quaes nos
+parecem tam consideraveis não são nada relativamente á sua grossura; podem-se
+apenas comparar com as desigualdades, que se observa sobre a casca de uma
+laranja, as quaes não impedem que este fructo tenha uma forma redonda. A terra
+tem nove mil leguas de circumferencia ou circuito. Já se disse que ella se
+volve sobre si mesma, como uma bolla que está atravessada por um prego de
+ferro. Este movimento, a que chamam «rotação»,<span class="pn">{15}</span>
+occasiona-lhe alternativamente o dia, e a noite, isto é, a parte que está
+virada para o sol gosa da luz, em quanto a parte opposta se acha na escuridão.
+Ora como a terra faz este movimento sobre si mesma em vinte e quatro horas,
+resulta d'ahi que n'esse mesmo espaço tem o dia e a noite. Quereis vós ter uma
+ideia bem clara do que vos digo? Pegai n'uma bolla e volvei-a entre vossos
+dedos diante d'uma luz: a bolla será a terra, e a luz o sol. Além d'este
+movimento quotidiano, a terra tem outro que se executa no espaço d'um anno:
+ella faz um circulo immenso á volta do sol. É este ultimo movimento o que
+produz as differentes estações do anno. Porém isto é demasiadamente superior á
+concepção da vossa idade; para agora vos dar a sua explicação, devo todavia
+fazer-vos uma facil observação sobre um effeito notavel produzido pelo
+movimento da terra. Como não é nenhuma das duas extremidades, sobre que ella se
+volve que se apresenta ao sol, mas sim o meio, segue-se que esse meio recebendo
+em toda a circumferencia os raios do sol, perpendicularmente, sente una calor
+consideravel, em quanto as duas extremidades, as quaes recebem os raios
+obliquamente (de lado) ficam em um inverno continuo e estão sempre cobertas de
+gello. Porém como a terra inclina um pouco para o sol durante seis mezes uma
+das suas extremidades, e durante os outros seis mezes a extremidade opposta,
+vê-se que cada uma d'ellas gosa alternativamente de um verão rapido, o qual não
+tem tempo para derreter aquelles enormes montões de gello. Estas duas
+differentes e successivas inclinações, produzem outro effeito muito
+extraordinario: é darem a estas tristes regiões dias e noites de seis mezes.
+Chama-se «Equador» a facha do meio, a qual se acha debaixo do sol; e «pólos»
+as<span class="pn">{16}</span> extremidades sobre as quaes se volve a terra. Ha
+um polo do meio dia, e outro do Norte.</p>
+
+<p>N. B.&mdash;Advirta-se que em taes objectos é difficultoso fallar á intelligencia
+dos meninos; por isso dirigi-vos aos seus olhos; pegai n'uma bolla, e n'uma
+luz; e em um quarto d'hora, hade ficar sabendo mais com essa pequena
+demonstração, do que com tudo quanto poderieis dizer n'um mez. Por isso ainda
+quando a explicação que acabamos de dar, fosse mil vezes mais clara, e mais
+extensa, nem por isso deixaria de ser muito obscura, e muito incompleta para um
+menino.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0018000">VII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION0018100">A Lua</a> </h2>
+
+<p>Ao reparar no sol de dia, não podereis de noite deixar de attender á sua
+rival a lua, que onde vêdes esse magnifico astro que de noite nos dá uma luz
+tam doce, e que é tam propicio, crêdes sem duvida, que é um rival do sol, e um
+globo mil vezes maior que as estrellas? Desenganai-vos mais esta vez. A lua
+parece-nos maior que as estrellas somente por que está mais perto de nós. Ella
+não dista da terra mais que oitenta e seis mil trezentas e vinte e quatro
+leguas; e o seu volume é quasi cinco mezes menor que o da terra. É mui pequena
+comparativamente a Saturno e a Jupiter, os quaes todavia não vos parecem
+maiores que a luz d'uma vella. A lua não faz como os outros planetas a sua
+revolução á roda do sol, mas sim, á<span class="pn">{17}</span> roda da terra.
+É a esta que se referem os seus movimentos; acompanha-a na sua revolução annual
+á roda do sol; e n'esse espaço volve-se treze vezes em torno da terra. Em cada
+um d'estes circulos gasta vinte e sete dias sete horas e quarenta e tres
+minutos. </p>
+
+<p>Ella não tem luz alguma por si mesma, posto que com tudo vos pareça mui
+resplandecente de noite. Ella recebe o seu brilhantismo do sol; e por isso
+nunca vemos mais que a sua parte alumiada segundo estas differentes posições,
+parece-nos uma vez meia lua, um quarto etc. A parte que não podemos vêr se acha
+na escuridão. Como ella esclarece a terra com a luz que recebe, da mesma sorte
+a terra lhe envia a luz que lhe vem do sol, porém em muito maior quantidade
+vista sua grandeza. Ora, nas luas novas, o lado da terra alumiado está
+inteiramente virado para a lua, e por consequencia alumia a sua parte obscura:
+os habitantes da lua (se ella os tem) gosam então da terra cheia, como nós em
+uma posição similhante a esta gosamos da lua cheia. Não é preciso que eu vos
+diga que a lua é redonda; já vol-o disseram os vossos olhos. Notae porém que
+não é redonda plana, mas redonda espherica, ou como uma bolla.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0019000">VIII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION0019100">Eclipses da Lua e do Sol</a> </h2>
+
+<p>Eclipse quer dizer privação da lua por meio d'um corpo intermedio. Ha
+circunstancias em que a terra<span class="pn">{18}</span> priva a lua da luz do
+sol (a que chamamos «eclipse da lua»,) e em que a lua priva a terra da mesma
+luz solar, (a que chamamos «eclipse do sol»). O eclipse da lua (em que ella se
+eclipsa e desapparece aos nossos olhos) é causado pois pela passagem do corpo
+da terra directamente entre o sol e a lua. A terra intercepta então os raios do
+sol, e a lua fica algum tempo na sombra da terra privada da luz. O eclipse do
+sol (em que elle se eclipsa e desapparece aos nossos olhos) é da mesma sorte
+causado pela passagem do corpo da lua directamente entre o sol e a terra. A lua
+tira-nos então os raios do sol, e a terra fica algum tempo na sombra da lua,
+privada da luz.</p>
+
+<p>Quando a lua está eclipsada, está-o geralmente para todos os povos, que a
+podem ver, por que não tem luz por si mesma; porém não acontece o mesmo a
+respeito do sol; a lua só o pode occultar a certos povos, onde chega a sua
+sombra, e durante este tempo os outros gozam da sua luz, sem perceberem mudança
+alguma.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00110000">IV</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00110100">Os Elementos</a> </h2>
+
+<p>Damos a antiga divisão dos elementos, como se fez até ás ultimas descobertas
+de chimica, pois é o unico meio de fazer comprehendel-os á infancia. Elemento,
+quer dizer constitutivo (ou reunião de forças, qualidades, ou objectos) que
+formam qualquer cousa ou parte de um todo (animado, inanimado, ou<span
+class="pn">{19}</span> intellectual) os elementos, ou simplices, ou compostos,
+em geral reduzem-se a quatro principaes elementos todas as cousas, de tudo
+quanto existe com corpo; estes elementos são&mdash;«o fogo, o ar, a terra, e a
+agua.» O primeiro d'estes é unicamente simplicissimo: os outros tres restantes
+são compostos d'outros simplicissimos elementos; razão porque os chimicos
+reduzindo todo o numero dos elementos, á sua simplicidade, admittem muito maior
+numero d'elementos (ou elementos simplices.)</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00111000">X</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00111100">O Fogo</a> </h2>
+
+<p>Meus caros meninos, vós não conheceis outro fogo, que aquelle que
+resplandece no fogão, ou na lareira; porém o fogo, ainda que invisivel, está
+derramado por toda a natureza. Feri dois seixos e do seu choque resultará uma
+faisca; esfregai com força dois bocados de páo, aquentar-se-hão, e acabarão por
+allumiar-se; pondo ao sol uma lente, esta reunindo, e apertando os raios,
+dar-vos-ha fogo; a mesma luz é fogo (posto que tenuissimo.) O fogo é necessario
+á vida de tudo quanto existe corporeo; e o seu primeiro manancial parece vir do
+sol. Como o calor é sempre fraco no inverno tudo languece, tudo parece morto, e
+as aguas não podem correr: ellas tornam-se gelo; felizmente a primavera torna a
+animar tudo com um novo calor. Se pois o fogo não se fizesse mais sentir tudo
+pereceria, gelar-se-hia tudo.<span class="pn">{20}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00112000">XI</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00112100">O Ar</a> </h2>
+
+<p>O ar é tam necessario á nossa existencia que se nos achassemos privados
+d'elle, morreriamos immediatamente. O ar é este fluido invisivel que
+respiramos, continuamente, e que sentimos á roda de nós. Quando é impellido com
+força, constitue o «vento». Está derramado em torno do globo da terra, até uma
+certa altura, e forma o que chamamos «atmosphera,» isto é, este espaço onde
+andam as nuvens.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00113000">XII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00113100">A Agua</a> </h2>
+
+<p>Todos os paizes, onde não se acha a agua, são estereis, desertos, e não
+apresentam mais que tristes planicies de areia. Levada pelo seu proprio pezo
+desce sempre, até ser retida nos abismos do mar. De ordinario é nos montes que
+se acham as nascentes dos rios. A agua cobre uma parte da terra, e circula por
+todos os lados. Vemol-a sahir debaixo da terra, formar ribeiras, e rios, e
+encher o immenso lago dos mares.<span class="pn">{21}</span> Ella humecta as
+terras, alimenta os vegetaes, anima as paisagens e exaltera os homens, e os
+animaes. </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00114000">XIII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00114100">As Nuvens</a> </h2>
+
+<p>Uma nuvem é absolutamente similhante aos nevoeiros, que se formam á noite
+sobre as margens das ribeiras, e nos sitios pantanosos; o que a distingue é
+ter-se formado no ar, e ser impellida pelos ventos até ao momento em que torna
+a cahir em chuva sobre a Terra. A agua não corre sómente sobre a Terra; tambem
+se alevanta aos ares, e se sustem alli debaixo da forma das nuvens. O calor do
+sol faz subir a agua para o céo em vapores invisiveis. Os rios, os lagos, e os
+mares fornecem continuamente (e mais no verão do que no inverno) esses vapores,
+os quaes vão reunir-se nos ares em forma de nuvens. Pondo ao sol um panno
+molhado, a humidade desapparecerá, e o panno seccará, collocae uma bacia cheia
+de agua ao ar, a agua desapparecerá insensivelmente, e não ficará nem uma só
+gotta. Que foi feito d'essa agua? Reduziu-se pelo calor em vapores, e estes
+elevaram-se até ás nuvens, que vêdes passar sobre vossas cabeças.</p>
+
+<p>Quereis ver uma prova mais clara? Examinae a agua, que ferve sobre o fogo;
+sahe d'ella um fumo espesso, e o vaso diminue cada vez mais. Porque rasão
+diminue esse vaso? É porque a agua se vai em fumo, ou (para melhor dizer) em
+vapores. Ponde por um instante<span class="pn">{22}</span> a vossa mão sobre
+esse fumo, e tiral-a-heis toda molhada. As nuvens não andam muito alto: os
+cumes de differentes montanhas são-lhes sobranceiros. Quando se está sobre
+essas montanhas, vê-se por baixo as nuvens esclarecidas pelo sol, o qual as faz
+parecer brancas, como um montão confuso de algodão. Quando se passa pelo meio
+d'ellas, crê-se que se atravessa um nevoeiro, mais ou menos espesso.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00115000">XIV</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00115100">A Chuva</a> </h2>
+
+<p>Já sabeis como se formam as nuvens; sabeis que se compõem de pequenas partes
+d'agua, tão leves, que se tomariam como um pouco de pó: o ar sustem-as em
+quanto estão n'este estado. Mas quando estas partes se approximam, e as unem,
+tornam-se em gotas, as quaes, sendo mais pesadas que o ar, que as sustem,
+começam a cahir, e eis ahi a chuva. Esta chuva rega os campos, penetra nas
+terras, e alimenta as nascentes; estas vão para os rios, e estes para o mar; o
+sol faz outra vez subir estas aguas ao ar, donde são restituidas á terra; de
+sorte que estão continuamente em movimento, e viajam em todas as partes do
+mundo, umas vezes impellidas pelos ventos, e outras vezes arrastadas pelo
+declive dos terrenos.<span class="pn">{23}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00116000">XV</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00116100">A Neve e a Saraiva</a> </h2>
+
+<p>Deve-se advertir que existe a neve, e se forma quando os vapores humidos que
+cahem d'uma nuvem se trasformam na sua queda, pelo gelo que os penetra, em
+longos filamentos, os quaes constituem flocos differentemente arranjados. Se
+estes vapores tiveram tempo para formar gotas, que o frio condensa
+immediatamente, cahe, em logar de neve, saraiva. Esta saraiva tem, de
+ordinario, a forma, e a grossura das gotas da chuva; comtudo algumas cahem como
+grossos pedaços de gelo; mas pode-se observar, que esses pedaços, são, n'este
+caso, compostos de muitos grãos, que se reuniram na sua queda.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00117000">XVI</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00117100">O Mar</a> </h2>
+
+<p>Chamamos com este nome de «Mar» todas essas immensas qualidades de agua, que
+cobrem uma grande parte da Terra. Os homens chegaram a ultrapassar (pela sua
+industria) esses abismos que pareciam abertos para os reter, construiram
+navios, e viajaram sobre<span class="pn">{24}</span> as ondas, que podiam
+tragal-os, com mais commodidade, e mesmo com mais segurança do que sobre as
+terras. Não é doce, e boa para beber a agua do mar, como a das nascentes, e
+rios; ao contrario é acre, amarga e tão salgada, que excita nauseas violentas.
+É d'esta agua que se tira o sal, de que se usa na cosinha. Para isso faz-se
+entrar a agua do mar em grandes tanques, que tem sómente algumas polegadas de
+profundidade; o sol faz evaporar a agua, e o sal fica em secco no fundo do
+tanque.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00118000">XVII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00118100">O Homem</a> </h2>
+
+<p>Das creaturas mais perfeitas que Deus creou, é o Homem; ainda que vive como
+todos os animaes, e está sujeito ás mesmas necessidades é-lhes comtudo tão
+superior, que não se deve estabelecer comparação alguma entre elles e o homem.
+Elle é o chefe de tudo quanto abaixo de Deus, recebeu a existencia, e o
+dominador da Terra. E donde lhe vem a sua superioridade? Da alma; d'esta
+intelligencia celeste que Deus lhe deu. Os animaes pensam sómente em
+satisfazerem as suas necessidades; o homem é o unico que reflecte, e sabe
+elevar-se ao conhecimento da Divindade. Por isso chama-se Razão o sentimento,
+que dirige as suas acções; e dá-se somente o nome de «Instincto» ao que faz
+obrar os animaes; posto que esse instincto em varias cousas se torna superior
+ás nosas forças, e razão, com<span class="pn">{25}</span> o proprio influxo e
+direcção das sabias determinações que ora coarctam ora dirigem as acções dos
+animaes. Porém se o homem recebeu uma prerogativa tão bella, é para se conduzir
+livremente com mais sabedoria; quando abusa dos seus meios, quando obra mal,
+sabe-o, torna-se culpado para Deus, o qual lhe deu luzes geraes para o
+esclarecer no caminho da vida.</p>
+
+<p>Os deveres dos homens para com Deus estão consignados na verdadeira Religião
+Natural ou Universal, a qual se tem dividido em tres idades «Religião
+Ante-Moysaica, Religião Moysaica» (ou escripta) «Religião e Christã» (ou
+Revelada). Em todas estas tres idades a Religião Natural é sempre a mesma:
+representando na 1.ª idade o verdadeiro culto á Divindade na esperança do
+Salvador; na 2.ª a confirmação, e mais magestosa ractificação d'esse culto; e
+na 3.ª o complemento final d'esse culto na pessoa do mesmo verdadeiro e
+esperado Messias, Nosso Senhor Jesus Christo. Os deveres da Religião em todas
+as suas idades basea-se em tres principaes deveres para com Deus, directa ou
+indirectamente. Deveres «directos» (para com Deus), «e indirectos» (para
+comnosco, ou nossos similhantes). Estes deveres são obrigatorios, ou
+prohibitivos, aos quaes se oppoem o crime de commissão para com os primeiros,
+ou de omissão para com os segundos. Em estes deveres se contam a celebração do
+Sacerdocio, e mais sacramentos da Igreja, e seus deveres; os mandamentos do
+Decalogo e da Igreja.</p>
+
+<p>A vida do homem divide-se em quatro epocas; a saber:&mdash;«A Infancia» até os 15
+annos; «A Juventude» até os 35; «A Virilidade» (ou idade viril) até os 55; e «A
+Velhice» d'ahi por diante até o muito 100 annos.<span class="pn">{26}</span>
+</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00119000">XVIII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00119100">Homens de differentes cores</a> </h2>
+
+<p>Os homens variam de cor conforme os climas, ou regiões, e terras que
+diversamente habitam; por isso não são os homens todos brancos, como os vemos
+na Europa. Nos paizes quentes são trigueiros, e mesmo pretos. É principalmente
+em Africa que se acham povos inteiros, e numerosos, cuja pelle é tam preta como
+o carvão; chamamo-lhes «negros.» Os «Hotentotes,» os quaes habitam tambem esta
+parte do mundo, tem uma cor bronzeada. As differentes cores americanas são as
+de cobre, e laranja. Os homens de maior estatura são os «Patagoens,» os quaes
+habitam a extremidade da America Meridional: tem commumente seis pés, a seis e
+meio. Os «Laponios» são ao contrario os mais pequenos: não tem ordinariamente
+mais de quatro pés e meio, é esta a sua estatura ordinaria: porém são fortes e
+robustos. Habitam um paiz frio, e coberto quasi sempre de neve na extremidade
+septentrional da Europa.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00120000">XIX</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00120100">Os Mineraes</a> </h2>
+
+<p>Dá-se o nome de <em>mineraes</em> ás substancias que se tiram das minas, isto
+é, das excavacões que se fazem<span class="pn">{27}</span> no seio da Terra.
+Entre estas substancias é necessario observar os metaes, que nos são de
+grandissima utilidade. Estes metaes são o <em>ferro, cobre, estanho, chumbo,
+ouro, e prata</em>. O homem não só tornou em vantagem sua tudo quanto a Terra
+produz na superficie; mas até o que ella tem occulto nas suas entranhas.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00121000">XX</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00121100">O Ferro</a> </h2>
+
+<p>O homem não tem necessidade senão de purificar o ouro, e a prata; e é-lhe
+necessario, para assim dizer, crear o ferro. Este metal, tal qual a natureza
+nol-o dá, é mui differente d'aquelle de que as artes usam. Esta arte sobe á
+mais remota antiguidade, e pode-se crêr que o ente creador de todas as cousas o
+qual o faz nascer com tanta profusão por toda a terra, suggeriu elle mesmo ao
+homem os meios de o adoptar ás suas necessidades, e de o fazer gozar de todas
+as vantagens, que elle occulta; pois que este metal tão util apresenta-se
+debaixo de mil formas diversas na natureza; e o que vós nunca pensaveis,
+acha-se quasi em toda a parte; acham-se partes d'elle na combustão de muitos
+vegetaes, e pertende-se mesmo que o sangue que circula nas nossas veias, lhe
+deve este vermelho, que o cora. É por meio do fogo que se separa o ferro da
+terra com que está misturado; e é igualmente por meio do fogo que se trabalha,
+e que se fazem com elle vasos, alavancas, pregos, e mil outros
+instrumentos,<span class="pn">{28}</span> que nos são de grande utilidade; sem
+o ferro nunca existiria um numero infinito d'objectos que augmentam as
+commodidades da vida.</p>
+
+<p>O ouro, que nós procuramos com tanta avidez, é muito menos precioso, que
+este metal, que nos parece tão grosseiro. O aço é um ferro refinado.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00122000">XXI</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00122100">O Cobre</a> </h2>
+
+<p>De todos os metaes imperfeitos é o cobre o que mais se aproxima do ouro, e
+da prata; se o não tivessemos, haveria um grande vacuo nas producções as mais
+interessantes das artes. Porém as suas vantagens são bem compensadas pelas suas
+qualidades malfazejas: exposto ao ar, ou á humanidade, e muitas vezes por si
+mesmo, cobre-se d'esta ferrugem conhecida pelo nome de <em>Verdete</em>, a qual
+muitas vezes converte nos vasos da cosinha em um veneno extremamente perigoso
+os alimentos que contem. A estanhadura pallía o perigo, porem não o annulla
+inteiramente. O mais prudente é não usar d'este metal sem muito resguardo, e
+limpeza. O cobre derretido e purificado, chama-se <em>Cobre vermelho</em>.
+Ligando-o com o zinco que é outra substancia mineral, obtem-se o <em>Cobre
+amarello</em>, ou o <em>Latão</em>; misturando-lhe uma certa qualidade
+d'estanho produz-se o <em>Bronze</em>, ou o <em>Arame</em>.<span
+class="pn">{29}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00123000">XXII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00123100">O Estanho</a> </h2>
+
+<p>Emprega-se o estanho de mil maneiras: fazem-se com elle pratos, colheres, e
+vasos, usa-se d'elle misturando-o com o chumbo para a estanhadura; applica-se
+por traz dos espelhos para lhes dar este brilhantismo, que lhe faz reflectir as
+imagens de todos os objectos.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00124000">XXIII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00124100">O Chumbo</a> </h2>
+
+<p>As minas de chumbo são como as de ferro as mais communs em a Natureza. Elle
+é o menos precioso dos metaes. Como é molle e facil a derreter, fazem-se com
+elle os canos para conduzir as aguas, e outras obras semelhantes a esta;
+fazem-se tambem com elle as ballas de espingarda.<span class="pn">{30}</span>
+</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00125000">XXIV</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00125100">A Prata </a> </h2>
+
+<p>As principaes minas da prata em França são as de Santa Maria nos Vosges; as
+de Baigóry nos Altos Pyreneus; e as de Chalanches perto de Allemont no
+Delphinado. As minas da Noruega são as mais importantes; porem as mais ricas do
+mundo são as que se acham no cume das cordilheiras; a Natureza derramou ahi
+este metal com uma verdadeira profusão; quasi todos os paizes da terra possuem
+minas d'este precioso metal, porem observa-se que quanto as minas de ouro
+abundam nos paizes quentes, tanto a prata parece amar as regiões frias.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00126000">XXV</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00126100">O Ouro</a> </h2>
+
+<p>Não porque nos seja o mais util, mas porque o fizemos, como a prata,
+representativa de tudo quanto se pode comparar, eis aqui em fim o metal que nós
+estimamos mais. Com tudo é o ouro o mais perfeito, por si mesmo dos metaes, é o
+mais pezado, o mais denso, e o mais ductil. Podem-se-lhe dar todas as formas,
+pode-se applicar, e extender em folha sobre superficies, cuja grandeza
+comparada á pouca materia<span class="pn">{31}</span> de que se usou, admira a
+imaginação. O fogo, menos que não seja excessivamente violento, não produz
+sobre elle impressão alguma. As minas mais abundantes de ouro são as do Mexico,
+e Peru, ultimamente as da California na America; bem como tambem na Austria,
+Siberia; e acha-se tambem na area de algum rio em forma de palhetas.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00127000">XXVI</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00127100">Das cinco partes do Mundo</a> </h2>
+
+<p>A terra a qual já dissemos que era redonda divide-se em cinco partes, a
+saber: <em>Europa</em>, <em>Asia</em>, <em>Africa</em>, <em>America</em>, e
+novamente descoberta a Oceánia. A parte do mundo que nós habitamos é a Europa;
+é a menos extensa mas a mais povoada, é aquella onde as sciencias e artes são
+mais cultivadas. Os seus povos são brancos. A parte meridional é temperada, e a
+do norte é fria. A Asia é tres vezes maior que a Europa; mas não tem povoações
+proporcionaes. Os seus paizes meridionaes sentem calores muito grandes, os do
+norte estão cobertos pelo gelo do inverno nos tres quartos do anno. Esta parte
+do mundo é a mais rica em producções naturaes, pedras preciosas, perolas,
+especiarias, aromas, e animaes. A Africa cortada ao meio pelo Equador, isto é,
+achando-se directamente debaixo dos raios do sol offerece os climas mais
+quentes, e por consequencia mui desertos. Veem-se ahi espaços immensos sem
+arvores, e sem verdura onde cobre a terra uma areia secca. É n'ella onde se
+acham os homens mais pretos, e os animaes mais ferozes. A America é a
+parte<span class="pn">{32}</span> maior do mundo. A Asia, a Africa, e a Europa
+não a conheceram durante muito tempo; os povos antigos nem ao menos suspeitaram
+a sua existencia. Foi somente no curso do decimo quinto seculo, isto é ha pouco
+mais de trezentos annos, que Christovão Colombo teve a gloria de fazer conhecer
+esta metade do mundo á outra. A America produz uma quantidade infinita de
+metaes, e mineraes; o oiro que os europeos tem tirado d'ella é incalculavel. Ha
+alli alguns paizes mui povoados, mas ha outros onde se acha mui pouca povoação.
+É n'esta parte do mundo que existem os maiores rios da terra; o maior de todos
+é o dos Amazonas, o qual tem mil leguas de curso.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00128000">XXVII</a> </h1>
+
+<h2><a name="SECTION00128100">Divisão do Tempo </a> </h2>
+
+<p>Os homens sentiram a necessidade de estabelecer as divisões do tempo para
+regular os seus trabalhos, recordar os acontecimentos, e combinar, e designar
+os dias futuros. A propria natureza indica essas divisões. Já vos disse que a
+terra se volve sobre si mesma no espaço de vinte e quatro horas, e que é esse
+movimento quem nos dá alternativamente o dia, e a noite. Essas 24 horas fazem o
+que se chama um dia. Este achou-se naturalmente dividido em quatro partes:
+<em>a manhã, o meio dia, a tarde e a meia noite</em>. Inventaram-se outras
+divisões, para maior commodidade: são as <em>horas</em>. Contam-se 24 n'um dia,
+isto é, durante o tempo da luz, e das trevas; porém estas 24 horas estão
+divididas<span class="pn">{33}</span> em duas vezes doze: eis de têl-o visto em
+todos os mostradores, os quaes não tem mais que esse numero de horas. A hora
+foi subdividida em 60 minutos, e o minuto em 60 segundos, etc.</p>
+
+<p>As 4 estações são: a <em>Primavera</em>, em que nascem a verdura e as
+flores; o <em>Estio</em>, em que se amadurecem os fructos da terra; o
+<em>Outono</em>, em que se fazem as colheitas; e o <em>Inverno</em> tempo em o
+qual a terra em repouso toma novas forças soffrendo a intemperie dos ares
+(pelos ventos, frios, neves, gelos, e tempestades). Dividem-se estas estações
+mais simplesmente em duas partes, a saber: <em>Verão e Inverno</em>, cada uma
+com seis mezes; contando o verão desde o meio da primavera, todo o estio, e
+primeira parte do Outono (isto é, meio de Maio, a meio de Novembro,) e contando
+o inverno desde o meio de Novembro e todo e inverno propriamente dito, até meio
+de Maio.</p>
+
+<p>Além d'esta divisão natural divide-se o anno em doze mezes. O mez é um
+espaço de 30 a 31 dias (pouco mais ou menos;) o que se ve n'estes versos:</p>
+
+
+<blockquote>
+ Trinta dias tem Novembro; <br>
+ Abril, Junho e Setembro; <br>
+ Vinte e oito, ou nove, um <br>
+ e os demais trinta e um. </blockquote>
+
+
+<p>Elles são, pois <em>Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho, Julho,
+Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, e Dezembro</em>.</p>
+
+<p>O inverno começa a vinte e tantos de Dezembro, acabando a vinte e tantos de
+Março. A primavera a vinte e tantos de Março a vinte tantos de Junho. O Estio a
+vinte e tantos de Junho a vinte e tantos de<span class="pn">{34}</span>
+Setembro. O outono a vinte e tantos de Setembro até vinte, e tantos de
+Dezembro.</p>
+
+<p>Os mezes tambem se dividem em 4 semanas; as quaes não o completam porque dão
+somente 28 dias, e os mezes tem 30 a 31; excepto fevereiro <em>o</em> qual tem
+28, e nos annos bissextos, isto é, de 4 em 4, 29.</p>
+
+<p>A semana contém 7 dias que são: <em>Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta,
+Sabbado, e Domingo</em>. Os Christãos começam a sua semana pela segunda feira,
+e o domingo é o setimo dia de repouso. Os Judeus tomam o Sabbado por seu setimo
+dia de repouso, contando o domingo como seu primeiro dia da semana. Os
+mahometanos tomam o seu primeiro dia no sabbado e o seu ultimo e setimo na
+sexta.</p>
+
+<p>Temos dois equinoxios, e 2 solsticios: Os primeiros em que as noites são
+iguaes aos dias em doze horas: os segundos em que os dias e as noites entre si
+são ora maiores ora menores.</p>
+
+<p>De 21 a 22 de Março é o <em>equinoxio da primavera</em>.</p>
+
+<p>De 23 a 24 de Setembro o <em>equinoxio do Outono</em>.</p>
+
+<p>De 23 a 24 de Junho é o <em>solsticio do estio</em>, em que os dias são
+maiores do anno (isto é, perto das 3 até ás 9 da noite). De 20 a 23 de Dezembro
+é o <em>solsticio de inverno</em>, em que as noites são as maiores do anno
+(isto é, desde perto das 5 da tarde até perto das 7 da manhã).</p>
+
+<p>Entende-se por um <em>seculo</em> o espaço de cem annos.</p>
+
+<p>Por lustre o espaço de 5. Por olympiada o espaço de 4.</p>
+
+<p>O nome, a epocha d'este ultimo, vem das festas que os gregos celebravam cada
+4 annos junto d'Olympia na Grecia.<span class="pn">{35}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION00129000">XXVIII</a> </h1>
+
+
+<h2><a name="SECTION00129100">Principaes povos e cidades da Asia</a> </h2>
+
+<p>A Asia tem mil e setecentas leguas de comprido, e mil e quinhentas de largo.
+Seus principaes estados são: Turquia Asiatica, Arabia, Persia, India, Tartaria
+(chineza, independente, e russiana, na maior extensão e pouco povoada,) a
+China, e o Japão.</p>
+
+<p>A Turquia Asiatica, é consideravel; e tem a <em>Persia</em> ao oriente; o
+Mediterraneo, e o Archipelago ao occidente; ao meio dia a <em>Arabia</em>, e ao
+norte o <em>Mar-negro e Persia</em>. Tem magnificos fragmentos do seu antigo
+esplendor.</p>
+
+<p>A Arabia é a maior peninsula do mundo, de norte a sul com quinhentas leguas,
+e de oriente a occidente quatrocentas, <em>Meca e Medina</em> suas principaes
+cidades.</p>
+
+<p>O grande imperio da Persia, cuja capital é <em>Ispahan</em>. A India, cujos
+principaes estados são o <em>Indostão, Visapor, Golonda, Bisnagar, Ava, Pegu,
+Aracão, Sião, Camboje, Tunquim, Cochinchina.</em></p>
+
+<p>O mais bello poderoso e antigo imperio da China, com quinhentas leguas
+d'oriente a occidente; e tresentas e cincoenta de norte a sul. Tem como immensa
+povoação as principaes cidades de <em>Pekin e Nankin</em>.<span
+class="pn">{36}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0020000">PROPHECIA</a> </h1>
+
+<p>De um Lavrador velho e cego, da freguezia da Maia, a qual foi achada debaixo
+do travesseiro, depois do seu fallecimento.</p>
+
+
+<blockquote>
+ Cessem todos os estrondos <br>
+ Para em bella harmonia <br>
+ Ouçam todos mais attentos <br>
+ Esta real prophecia. <br>
+   <br>
+ De um authentico Soberano <br>
+ Distincto e inspirado <br>
+ Que alem de ser Monarcha <br>
+ Tambem tem prophetisado. <br>
+   <br>
+ Cujo Soberano escreveu <br>
+ A qual me mandou lêr <br>
+ Do que no futuro anno <br>
+ N'este reino se ha de vêr.<span class="pn">{37}</span> <br>
+ <br>
+Prophetisou que para o anno <br>
+Tudo o que fôr vegetal, <br>
+Causará terror e espanto <br>
+No reino de Portugal. <br>
+ <br>
+ Toda a terra portugueza <br>
+Dará fructo desmarcado <br>
+Como nunca se tem visto <br>
+Desde que o mundo foi creado. <br>
+  <br>
+As nabiças darão grellos <br>
+Tão altos e engrumados, <br>
+Que dê mastros de navios, <br>
+E serrando-os taboados. <br>
+  <br>
+Cada nabo será tal <br>
+Que se o escavar por dentro <br>
+Possa dar casa bastante <br>
+Para córte d'um jumento. <br>
+  <br>
+Taes repolhos vereis creados <br>
+Em todos os repolhaes, <br>
+Que o menor seja bastante <br>
+P'ra pezar vinte quintaes. <br>
+  <br>
+Pois só as folhas de fóra <br>
+D'aquelles mais bem creados <br>
+Poderão servir de vellas <br>
+Para estender nos eirados. <br>
+  <br>
+As couveiras crearão <br>
+Tão altos pés e grossos; <br>
+Que d'elles se farão bombas <br>
+Para tirar agua dos poços.<span class="pn">{38}</span> <br>
+  <br>
+Vereis cebollas como pipas <br>
+Batatas como toneis <br>
+Tomates como gigas <br>
+Alhos como canistreis. <br>
+  <br>
+Que só os dentes dos alhos <br>
+Tão volumosos serão, <br>
+Como que fossem quartos <br>
+De aboboras ou de melão. <br>
+  <br>
+As pereiras darão peras <br>
+Tão grandes e tão bastas <br>
+Que uma só pera aos pedaços <br>
+Encha bem sete canastras. <br>
+  <br>
+Taes limões vereis creados <br>
+Nos limoeiros azedos, <br>
+Que um limão seja bastante <br>
+P'ra carregar seis gallegos. <br>
+  <br>
+E que nozes tão grandes <br>
+Se hão de ver pelas Nogueiras, <br>
+Que das cascas d'uma só <br>
+Se farão duas maceiras. <br>
+ <br>
+E do que tiver por dentro <br>
+Gostosos doces farão, <br>
+E muitas se hão de moer <br>
+Que não hão de dar mau pão. <br>
+  <br>
+Tambem promette abundancia <br>
+De pão trigo e centeio <br>
+Porque só cada espiga <br>
+Dará alqueire e meio.<span class="pn">{39}</span> <br>
+  <br>
+As mulheres farão fogueiras <br>
+Queimarão fuzos e rocas <br>
+Por que ha de nascer linho <br>
+Prompto já em maçarocas. <br>
+  <br>
+Pois só cada melancia <br>
+Tão grande ha de ser, <br>
+Que precisem de dez homens <br>
+Com pancas para a mover. <br>
+  <br>
+Da tona grossa e dura <br>
+Com talos tão bem creados <br>
+Que só possam ser partidos <br>
+Com alviões ou machados. <br>
+  <br>
+Cada videira do Douro <br>
+Tantos cachos ha de dar <br>
+Que de vinho e bagaço <br>
+Possa encher um lagar. <br>
+  <br>
+A cinco reis o almude <br>
+Quem quizer beberá vinho <br>
+Do melhor do Alto Douro <br>
+N'esta provincia do Minho. <br>
+  <br>
+No tempo que o vinho fôr <br>
+A cinco reis o almude <br>
+Muito ha de haver quem diga: <br>
+«Cá vae á sua saude.» <br>
+  <br>
+Velhos e velhas vereis <br>
+Dar saltinhos de contentes <br>
+Porque até terceira vez <br>
+Lhe hão de nascer novos dentes.<span class="pn">{40}</span> <br>
+  <br>
+Até os brancos cabellos <br>
+Vereis tomar novas côres, <br>
+Iguaes ás d'aquelle tempo <br>
+Em que tinham seus amores. <br>
+  <br>
+Os que forem corcovados <br>
+A corcova hão de perder, <br>
+Até cegos vereis com vista, <br>
+Que já não esperavam vêr. <br>
+  <br>
+Tudo quanto tenho dito <br>
+Afianço e asseguro, <br>
+Que se nada fôr verdade <br>
+Ha de ser mentira tudo. <br>
+  <br>
+D'esta forma terminou <br>
+Esta real prophecia, <br>
+Só a todos desejo <br>
+Vida, paz e alegria.<span class="pn">{41}</span></blockquote>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0021000">HORAS PLANETARIAS</a> </h1>
+
+<p>Nomes dos Planetas Saturno, Jupiter, Marte, Sol, Venus, Mercurio e Lua.</p>
+
+<p style="text-align: center;"><em>Domingo</em></p>
+
+<p>A 1.ª hora é quando nasce o Sol, e é hora Solar.</p>
+
+<p>2.ª&mdash;de Venus.</p>
+
+<p>3.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p>4.ª&mdash;de Lua.</p>
+
+<p>5.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>6.ª&mdash;de Jupiter.</p>
+
+<p>7.ª&mdash;de Marte.</p>
+
+<p>8.ª&mdash;do Sol.</p>
+
+<p>9.ª&mdash;de Venus.</p>
+
+<p>10.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p>11.ª&mdash;de Lua.</p>
+
+<p>12.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>E assim continuará, segundo os nomes dos Planetas; isto é, conforme o que se
+segue pelos nomes acima indicados.</p>
+
+<p style="text-align: center;"><em>Segunda-feira</em></p>
+
+<p>1.ª&mdash;esta primeira hora como se tem dito, é da Lua.</p>
+
+<p>2.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>3.ª&mdash;de Jupiter.<span class="pn">{42}</span> </p>
+
+<p>4.ª&mdash;de Marte.</p>
+
+<p>5.ª&mdash;do Sol.</p>
+
+<p>6.ª&mdash;de Venus.</p>
+
+<p>7.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p>8.ª&mdash;da Lua.</p>
+
+<p>E assim se vai proseguindo até pôr-se o Sol.</p>
+
+<p style="text-align: center;"><em>Terça-feira</em></p>
+
+<p>1.ª&mdash;de Marte.</p>
+
+<p>2.ª&mdash;do Sol.</p>
+
+<p>3.ª&mdash;de Venus.</p>
+
+<p>4.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p>5.ª&mdash;da Lua.</p>
+
+<p>6.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>7.ª&mdash;de Jupiter.</p>
+
+<p>8.ª&mdash;de Marte.</p>
+
+<p style="text-align: center;"><em>Quarta-feira</em></p>
+
+<p>1.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p>2.ª&mdash;da Lua.</p>
+
+<p>3.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>4.ª&mdash;de Jupiter.</p>
+
+<p>5.ª&mdash;de Marte.</p>
+
+<p>6.ª&mdash;do Sol.</p>
+
+<p>7.ª&mdash;de Venus.</p>
+
+<p>8.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p style="text-align: center;"><em>Quinta-feira</em></p>
+
+<p>1.ª&mdash;de Jupiter.</p>
+
+<p>2.ª&mdash;de Marte.</p>
+
+<p>3.ª&mdash;do Sol.</p>
+
+<p>4.ª&mdash;de Venus.<span class="pn">{43}</span> </p>
+
+<p>5.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p>6.ª&mdash;da Lua.</p>
+
+<p>7.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>8.ª&mdash;de Jupiter.</p>
+
+<p style="text-align: center;"><em>Sexta-feira</em></p>
+
+<p>1.ª&mdash;de Venus.</p>
+
+<p>2.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p>3.ª&mdash;da Lua.</p>
+
+<p>4.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>5.ª&mdash;de Jupiter.</p>
+
+<p>6.ª&mdash;de Marte.</p>
+
+<p>7.ª&mdash;do Sol.</p>
+
+<p>8.ª&mdash;de Venus.</p>
+
+<p style="text-align: center;"><em>Sabbado</em></p>
+
+<p>1.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>2.ª&mdash;de Jupiter.</p>
+
+<p>3.ª&mdash;de Marte.</p>
+
+<p>4.ª&mdash;do Sol.</p>
+
+<p>5.ª&mdash;de Venus.</p>
+
+<p>6.ª&mdash;de Mercurio.</p>
+
+<p>7.ª&mdash;da Lua.</p>
+
+<p>8.ª&mdash;de Saturno.</p>
+
+<p>E assim vae proseguindo, dando á hora do nascer do Sol de cada dia o Planeta
+d'aquelle dia, assim como a oitava depois de ter nascido.<span
+class="pn">{44}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<h1><a name="SECTION0022000">CONHECIMENTOS UTEIS</a> </h1>
+
+<p>No Crescente da Lua é que se devem fazer as sementeiras e enxertias, pôr
+bacellos, transplantar arvores, e crestar colmeias, tudo em dias de bom tempo,
+antes que rebentem as arvores, e o que mais se deve escolher é a occasião da
+maré cheia. As sementeiras não só devem ser feitas no Crescente de Lua, mas é
+bom que sejam feitas nos dias em que a Lua anda ou faça conjunção nos signos de
+Tauro, Cancer, Virgo, Libra ou Capricornio e maré cheia.</p>
+
+<p>No Minguante da Lua devem cortar-se as madeiras na força do Sol, colher
+fructas para guardar, cavar e podar as vinhas; o melhor corte de madeiras é
+quando está a maré cheia.</p>
+
+<p>Os melhores dias de caça são um dia antes e outro depois de qualquer aspecto
+de Lua. Para caçar aves, lebres ou coelhos são bons os dias em que a Lua ande
+ou faça conjunção nos signos d'Aries, Tauro, Geminis, Leo, Virgo, Libra,
+Sagitario, Capricornio e Aquario. Para pescar é bom o quarto de Lua em Piscis,
+Cancer e Escorpio.<span class="pn">{45}</span> </p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Nevoeiro.</em>&mdash;São nuvens terrestes que se levantam de lugares humidos,
+e ficam espalhadas na atmosphera cuja transparencia toldam.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Nuvens.</em>&mdash;São aggregados de vapores mais ou menos espessos e
+encamados na atmosphera aonde se condensam formando as nuvens e as chuvas.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Chuva.</em>&mdash;As chuvas são nuvens grossas que se evaporam dos rios e do
+mar, as quaes são elevadas pelos ventos a uma distancia immensa, derramando
+sobre nossos campos a felicidade e a abundancia, quando os regam e alimentam as
+fontes.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Neve.</em>&mdash;A neve forma-se quando os vapores que cahem das nuvens se
+congelam pelo frio que os surprehendem, e cahem então em flocos mui alvos.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Saraiva.</em>&mdash;Se os vapores que cahem das nuvens teem tempo de formar
+pingas que o frio condensa, cahem então em granisos, ou pedras d'agua com a
+mesma configuração e grossura, que haviam de ter as pingas d'agua como chuva na
+sua queda.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Orvalhos.</em>&mdash;É um vapor subtil que se observa durante as noites e
+manhãs da Primavera, Verão e Outomno, e não é mais do que um resfriamento que a
+terra experimenta quando cessa de estar exposta aos raios do Sol.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Relampagos.</em>&mdash;Dá-se este nome ao clarão que precede o estampido dos
+trovões, e tem lugar todas as vezes que o fluido electrico passa d'um lugar
+para outro, ou que duas nuvens carregadas d'electricidade chegam a
+encontrar-se.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Trovão.</em>&mdash;É o estrondo produzido pelo abalo que o ar recente no
+momento em que o fluido electrico se<span class="pn">{46}</span> descarrega
+sobre uma nuvem ou sobre a terra. Pode ajuizar-se da distancia d'uma trovoada
+pelo espaço que ha entre o relampago, e o trovão ou por uma pulsação regular;
+porque se o pulso bate quatro vezes entre o relampago e o som do trovão, é
+signal de que a trovoada está a quatro mil pés de distancia, e se bate cinco
+vezes, está a cinco mil pés etc.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p><em>Raio.</em>&mdash;É o fluido electrico espalhado na atmosphera, que sahe com o
+estrondo da trovoada sobre a forma de fogo da parte da atmosphera em que estava
+accumulado, e derruba, mata e polvorisa aquillo em que toca ou acha com
+resistencia. Recommenda-se para seu defensivo a pelle do lobo marinho, o
+loureiro, e o <em>agnus dei</em>.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Terra.</em>&mdash;A Terra é um globo achatado nos dous polos, prova-se que é
+redonda por que navegando-se de E. para O. volta-se ao mesmo ponto. Tem a Terra
+7200 leguas de circumferencia, e é 1,330,000 vezes mais pequena do que o Sol, e
+tem não obstante uma superficie de terras habitadas ou habitaveis, e aguas, que
+comprehende 24 milhões de leguas quadradas, julga-se que as aguas cobrem mais
+das duas terças partes da superficie da terra. Divide-se o globo em cinco
+partes, a saber: Europa, Asia, Africa, America e Oceania.</p>
+
+<p>Mr. Letrome, segundo um calculo assás exacto, pretende que em 700 milhões
+d'homens, pouco mais ou menos, que povoam a terra, ha perto de 230 milhões de
+christãos, 115 milhões de mahometanos, 5 milhões de judeus, e 350 milhões de
+politheistas, povos que admittem mais d'um Deus, e grande numero d'absurdos.
+</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Atmosphera.</em>&mdash;Dá-se este nome á massa d'ar que<span
+class="pn">{47}</span> cerca a terra até á altura de 20 leguas pouco mais ou
+menos, e é aonde se formam varios phenomenos e se reunem os gazes e exalações
+seccas ou humidas, e aonde se condensam e precipitam, e é finalmente aonde se
+formam as chuvas, ventos, saraivas, trovões etc.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Anno Solar.</em>&mdash;É o tempo que decorre desde um Equinocio até outro
+Equinocio, isto é, 365 dias, 5 horas e 49 minutos.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Anno Civil.</em>&mdash;É aquelle de que usam quasi todas as nações, para
+contarem o tempo e as idades, é de 365 dias, e os bissextos de 366 dias.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Mez Lunar.</em>&mdash;É o espaço de tempo que decorre d'uma Lua Nova até
+outra Lua Nova, e consta termo medio de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2
+segundos.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Cometas.</em>&mdash;O numero de Cometas que se teem observado é de algumas
+centenas e consistem em uma massa luminosa em fórma de cabeça, acompanhada de
+um rasto luminoso, chamado cauda; o seu movimento é irregular e tudo o que a
+respeito d'elles se tem calculado é puramente hypothetico, ha comtudo cometas
+cuja apparição á nossa vista se acha calculada. Os antigos consideravam os
+cometas como presagio de alguma grande desgraça, hoje, porém, só algum
+ignorante poderá de tal presuadir-se.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Marés.</em>&mdash;Ha dous fluxos e dous refluxos do mar no intervalo de cada
+24 horas e 49 minutos, estes 49 minutos é o que as marés tardam em subir, isto
+é, 24 minutos cada maré, juntando pois 24 minutos á hora de cada maré teremos a
+hora da maré.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Velocidade da luz do Sol.</em>&mdash;Gasta a luz do Sol 8',<span
+class="pn">{48}</span> para chegar á terra, isto é, para percorrer os 34
+milhões de leguas que nos separam d'aquelle astro.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Norte.</em>&mdash;Para se achar a estrella do Norte, prolonga-se em linha
+recta as duas estrellas a que chamam o leme e o prolongamento d'estas irá
+mostrar a estrella do Norte.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p><em>Methodo facil para observar os Eclipses do Sol.</em>&mdash;Defuma-se em cima
+d'uma luz um pedaço de vidro de vidraça, até que se não veja nada por elle,
+faça-se-lhe depois um pequeno buraco no meio, descubrindo-lhe o fumo com a
+ponta do dedo pelo qual se pode observar o Eclipse sem que faça mal á vista.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p>Sommar:&mdash;</p>
+
+<table cellpadding="3" border="1" cellspacing="0" summary="Tabela de Calculo" align="center">
+ <tbody>
+ <tr style="text-align: center;">
+ <td align="center">Signos,</td>
+ <td align="center">gráos</td>
+ <td align="center">e minutos</td>
+ </tr>
+ <tr style="text-align: center;">
+ <td>9</td>
+ <td>24</td>
+ <td>38</td>
+ </tr>
+ <tr style="text-align: center;">
+ <td>11</td>
+ <td>32</td>
+ <td>47</td>
+ </tr>
+ <tr style="text-align: center;">
+ <td>9</td>
+ <td>27</td>
+ <td>25</td>
+ </tr>
+ </tbody>
+</table>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+
+<p style="text-align: center;">FIM DA SETIMA E ULTIMA PARTE</p>
+
+</div>
+
+
+
+
+
+
+
+
+<pre>
+
+
+
+
+
+End of the Project Gutenberg EBook of O Oraculo do Passado, do presente e do
+Futuro (7/7), by Bento Serrano
+
+*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O ORACULO DO PASSADO (7/7) ***
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+work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any
+Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause.
+
+
+Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm
+
+Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
+electronic works in formats readable by the widest variety of computers
+including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists
+because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
+people in all walks of life.
+
+Volunteers and financial support to provide volunteers with the
+assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's
+goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
+remain freely available for generations to come. In 2001, the Project
+Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
+and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
+To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
+and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
+and the Foundation web page at https://www.pglaf.org.
+
+
+Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive
+Foundation
+
+The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
+501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
+state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
+Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification
+number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at
+https://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
+permitted by U.S. federal laws and your state's laws.
+
+The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
+Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
+throughout numerous locations. Its business office is located at
+809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
+business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact
+information can be found at the Foundation's web site and official
+page at https://pglaf.org
+
+For additional contact information:
+ Dr. Gregory B. Newby
+ Chief Executive and Director
+ gbnewby@pglaf.org
+
+
+Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation
+
+Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
+spread public support and donations to carry out its mission of
+increasing the number of public domain and licensed works that can be
+freely distributed in machine readable form accessible by the widest
+array of equipment including outdated equipment. Many small donations
+($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
+status with the IRS.
+
+The Foundation is committed to complying with the laws regulating
+charities and charitable donations in all 50 states of the United
+States. Compliance requirements are not uniform and it takes a
+considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
+with these requirements. We do not solicit donations in locations
+where we have not received written confirmation of compliance. To
+SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any
+particular state visit https://pglaf.org
+
+While we cannot and do not solicit contributions from states where we
+have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
+against accepting unsolicited donations from donors in such states who
+approach us with offers to donate.
+
+International donations are gratefully accepted, but we cannot make
+any statements concerning tax treatment of donations received from
+outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff.
+
+Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
+methods and addresses. Donations are accepted in a number of other
+ways including including checks, online payments and credit card
+donations. To donate, please visit: https://pglaf.org/donate
+
+
+Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic
+works.
+
+Professor Michael S. Hart was the originator of the Project Gutenberg-tm
+concept of a library of electronic works that could be freely shared
+with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project
+Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support.
+
+
+Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
+editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S.
+unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily
+keep eBooks in compliance with any particular paper edition.
+
+
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+
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+
+This Web site includes information about Project Gutenberg-tm,
+including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
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