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+The Project Gutenberg EBook of A Situação Política, by Alfredo Pimenta
+
+This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
+almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
+re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
+with this eBook or online at www.gutenberg.org
+
+
+Title: A Situação Política
+
+Author: Alfredo Pimenta
+
+Release Date: November 12, 2010 [EBook #34290]
+
+Language: Portuguese
+
+Character set encoding: ISO-8859-1
+
+*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK A SITUAÇÃO POLÍTICA ***
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+
+Produced by Mike Silva
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+
+ ALFREDO PIMENTA
+
+ A SITUAÇÃO
+ POLITICA
+
+ Conferência realizada
+ no Salão Nobre da Liga Naval Portuguesa,
+ na noite de 26 Fevereiro de 1918
+
+
+
+
+ 1918
+ LIVRARIA FERREIRA
+ FERREIRA Lda., Editores
+ _132, 134, Rua Áurea, 136, 138_
+ LISBOA
+
+
+
+
+ A SITUAÇÃO POLITICA
+
+
+ Imprensa Libânio da Silva--Trav. do Fala-Só, 24, Lisboa
+
+
+
+
+ ALFREDO PIMENTA
+
+ A SITUAÇÃO
+ POLITICA
+
+ Conferência realizada
+ no Salão Nobre da Liga Naval Portuguesa,
+ na noite de 26 Fevereiro de 1918
+
+
+
+
+ 1918
+ LIVRARIA FERREIRA
+ FERREIRA Lda., Editores
+ _132, 134, Rua Áurea, 136, 138_
+ LISBOA
+
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+
+
+_A Revolução de 5 de Dezembro encontrou a sua sanção legal nas eleições
+gerais de 28 de Abril do corrente ano. Não tiveram essas eleições o
+carácter plebiscitário, nem visaram a resolução do que continuo
+chamando, cada vez com mais fortes razões, o Equívoco Nacional: foram,
+sim, a consagração do principio da Ordem, encarnado, pessoalmente, no
+sr. Sidónio Pais. Dar um outro significado a essas eleições é afirmar
+uma deplorável má-fé ou uma lastimável ignorância da psicologia
+nacional. As palavras da nossa conferencia que hoje se publica não
+perderam da sua virtual oportunidade. O sr. Sidónio Pais tem ao seu lado
+a Nação inteira, enquanto representar o principio da Ordem. É a sua
+pessoa que nos dá garantias de que esse principio é respeitado:
+constatar isto, é reconhecer os inabaláveis sentimentos conservadores da
+Nação. E como o regímen republicano que é diferente da pessoa do sr.
+Sidónio Pais, não merece confiança à Nação, esta, nas eleições de 28 de
+Abril, manifestando-se como se manifestou, deu provas evidentes do seu
+sentir monárquico, cercando os deputados e senadores monárquicos de uma
+votação bem significativa._
+
+_A situação política só se esclarecerá definitivamente no dia em que a
+Nação puder responder livremente à pergunta que se lhe faça sobre as
+instituições políticas que prefere. Por ora, sabemos isto apenas: a
+Nação é conservadora, e aclama quem lhe garantir, eficazmente e
+honradamente, o principio da Autoridade. Nada mais._
+
+
+_10 de Maio de 1918._
+
+
+
+
+ SR. PRESIDENTE!
+ MINHAS SENHORAS!
+ MEUS SENHORES!
+
+Escolhi para assunto desta conferencia a situação política, porque,
+contrariamente ao que pensa o maior numero das pessoas, entendo que a
+situação política em Portugal, longe de se ter esclarecido, está a
+tornar-se cada vez mais confusa; e entendo também que todos aqueles que
+têm responsabilidades mentais e podem contribuir de alguma maneira para
+orientar a opinião pública, devem vir às tribunas das conferencias dizer
+da sua razão. Não bastam os artigos dos jornais e as notas oficiosas do
+governo para se compreender a situação, e a apresentar à opinião
+pública como ela deve ser apresentada.
+
+É preciso, pois, repito, que aqueles que tem o orgulho legítimo ou a
+vaidade, se quiserem, de pensar por si próprios, e não pela cabeça dos
+outros, venham, junto da opinião pública, ilustrá-la, oriental-a e
+indicar-lhe o caminho que deve ser seguido.
+
+
+
+
+A Revolução de 5 de Dezembro
+
+
+a) FACTORES POSITIVOS E NEGATIVOS
+
+A situação política, criada com a revolução de 5 de Dezembro, é
+absolutamente diversa da que existia antes. Vivia-se numa tirania de
+mediocretes. Muitas vezes se fala em ditadura tirana. Mas o que então
+verdadeiramente existia era uma mediocracia mesquinha dominando cinco
+milhões de habitantes, o que era indigno de uma nação com um passado
+como o nosso. Podíamos ter um César dominador e forte. Mas não era
+isso o que tínhamos. Havia, apenas, pequeninos poderes anónimos e
+ocultos que desapareciam à mais simples análise, que se furtavam à
+crítica séria que sobre eles quiséssemos exercer. Era qualquer coisa de
+incómodo e de irritante, mas que não provocava momentos de cólera, pois
+apenas provocava o tédio. Fora dos partidos republicanos, não havia
+ímpetos de raiva: sentia-se aborrecimento. Bocejava-se.
+
+O 5 de Dezembro representa assim uma tentativa de salvar o regímen
+republicano. Esse acontecimento teve factores positivos e negativos. Os
+factores positivos foram o Sr. Sidónio Pais, com a mocidade da Escola de
+Guerra e os elementos que a esta se juntaram; os negativos foram os
+constituídos pela atmosfera em que se vivia e pela repulsa que o regímen
+republicano, em sete anos de demagogia impune, soube criar-se.
+
+Por parte dos partidos monárquicos, existia a expectativa, não só em
+obediência às ordens de El-Rei, mas também porque assim o exigiam os
+superiores e sagrados interesses da Causa monárquica--à qual convém
+que o regímen republicano liquide inteiramente as responsabilidades dos
+compromissos que contraiu.
+
+Se, antes de 5 de Dezembro, eu dissesse aos que me escutam neste momento
+que se ia tentar resolver o problema da ordem e que seria o Sr. Sidónio
+Pais que dirigiria tal tentativa, ninguém me acreditaria, porque ninguém
+o categorizava, ninguém o conhecendo.
+
+Mas o 5 de Dezembro apareceu, e quando, na tarde desse dia, correu a boa
+nova de que o Triunvirato tiranete encontrara alguém--que lhe fazia
+frente, houve uma esperança como aquela que acolheu a tentativa do
+governo de Pimenta de Castro.
+
+E na hora em que o Sr. Leote de Rego (que tanto se louva de ter feito
+arrear a bandeira alemã dos navios mercantes) teve de arrear a sua
+bandeira de Comandante da Divisão Naval, o país respirou,--porque viu
+dominada a demagogia, ou por que viu efectivar-se o seu ideal e a sua
+aspiração?
+
+A Nação viu, com agrado, que se caminhava para uma coisa melhor do que a
+que estava, que se caminhava para a resolução do problema da ordem
+pública, problema que há cinquenta anos está sem solução e tem
+pervertido a alma da nação, inutilizando-lhe todas as suas forças. Esse
+problema que se espalhou por todos os países, nuns mais cedo, noutros
+mais tarde, surgiu para nós, quando quisemos adaptar a este país, uma
+nova constituição de vida política, que nunca chegou a aclimatar-se e a
+vingar.
+
+A situação que tínhamos em Portugal, em 5 de Dezembro de 1917, era
+lógica e era a conclusão matemática de tudo o que se tinha feito desde
+que se implantou entre nós o constitucionalismo. Essa situação tem
+raízes profundas, tem enormes raízes no passado, mas começou a
+manifestar-se acentuadamente, quando quisemos adaptar à Nação Portuguesa
+um regímen para que a sua alma nunca esteve preparada. E a prova disto
+está em que todos nós respiramos mais tranquilamente neste regímen
+ditatorial, porque, em Portugal, nunca se têm tão garantidas as
+liberdades mais comezinhas como quando há suspensão de liberdades...
+
+Por mais que queiramos iludir-nos, por mais que queiramos falar nos
+imortais princípios, todos sentimos isto, todos preferimos o Sr. Sidónio
+Pais, tendo na mão todos os poderes do Estado, dos quais não tem
+abusado, antes, talvez, não tenha sabido usar inteiramente,--a termos a
+centena de legisladores no Parlamento e na Liberdade, porque neste caso,
+nunca sabemos quem toma a responsabilidade de um acto que se pratica ou
+de uma medida que se adopta, porque tudo foge e desaparece diante do
+anonimato da chamada Soberania Nacional. Se a inteligência lúcida de um
+homem fez com que se arregimentasse a seu lado a mocidade da Escola de
+Guerra e se disciplinasse, debaixo do seu comando, uma determinada força
+do exército, e eis os factores positivos, o resto estava feito: era o
+ambiente que o regímen republicano criou desde 5 de Outubro de 1910. Já
+antes os republicanos se tinham incompatibilizado com o sentimento
+nacional, sancionando, se não directamente, pelo menos indirectamente, o
+regicídio, premiando um regicida nas pessoas de sua família, e
+fazendo uma apoteose monstruosa, impossível em qualquer país civilizado
+de Europa.
+
+
+b) SUA FUNÇÃO NORMAL
+
+Quando o triunvirato Afonso Costa, António José de Almeida e Norton de
+Matos foi vencido, e o Sr. Sidónio Pais se encontrou senhor deste país,
+uma função, principalmente, tinha o triunfador a executar: constituir-se
+em ditadura militar, necessária neste país em que a disciplina e a ordem
+são vocábulos sem sentido.
+
+Somos um país absolutamente apaizanado. Cada um de nós é um rebelde
+contra as leis e contra a disciplina; nos mais pequenos actos da nossa
+vida, só estamos bem quando afirmamos o que julgamos ser a nossa
+independência. A concepção da Pátria é meramente negativa, provisória, e
+material. A colectividade apenas existe para nos servir. Sob o ponto de
+vista do regímen republicano, cada um dos republicanos é-o à sua
+maneira, de modo que a república de um não é a república dos outros.
+E é preciso, digamo-lo entre parênteses, que entre os monárquicos não
+suceda o mesmo...
+
+Era necessária, pois, a ditadura militar que não devia ter por fim fazer
+uma reforma da Constituição, mas sim, exclusivamente, pôr termo ao que
+eu chamo o Equívoco nacional. Porque nós temos vivido, estamos vivendo
+num grande e perigoso equívoco.
+
+Há muito tempo que de um e outro lado ouço dizer: «_A Nação está
+comigo_»; mas não há maneira de se saber com quem a Nação está. Quando
+aparece um triunfador, a Nação aclama-o. Mas o que significa isso, se as
+turbas, as multidões, em Portugal, são mais mutáveis, nos seus
+movimentos e expansões, de que a superfície do mar na sua cor?
+
+Eu não me deixo comover pelas manifestações das ruas e pelos vivas; o
+que quero é ver levantadas as forças vivas da nação. Não são os lenços
+das senhoras flutuando nas janelas, não são as palmas e os bravos que se
+dão nas salas ou nas ruas, que dão força ao governo no poder. Isso
+pode até perturbar o espírito dos governos ou dos triunfadores, e
+inutilizar-lhes a acção.
+
+A resolução do Equívoco nacional a que me referi é a chave do problema
+português. Enquanto não for resolvido, o problema da ordem está de pé.
+Resolvê-lo militarmente era a função normal da revolução de 5 de Dezembro.
+
+
+c) SUAS CONSEQUÊNCIAS PRATICAS
+
+A revolução de 5 de Dezembro, no entretanto, deu um governo heterogéneo,
+mesclado, que não se sabe se está integrado no pensamento do seu
+presidente, nem se sabe se tem ligação com este ou aquele partido; deu
+um governo indeciso e incaracterístico, sem unidade de vistas e parece
+que sem unidade de finalidade.
+
+As ligações políticas de alguns dos membros do governo tiram-lhe toda a
+força e homogeneidade, e a singeleza de direcção e de objectivo que
+devia ter, e mais do que nunca é necessária.
+
+
+
+
+A Nação e a Revolução de 5 de Dezembro
+
+
+APOIO TEÓRICO E MESSIANISMO.
+
+A atitude da Nação perante os resultados da revolução de 5 de Dezembro
+não é nem podia ser aquilo que sonharam os seus autores.
+
+A Nação, perante a revolução de 5 de Dezembro, fez o que é muito próprio
+do povo português: deitou foguetes, pôs bandeiras nas janelas, deu
+palmas, veio para a rua dizer coisas bonitas,--toda a expansão do
+meridional satisfeito. Por toda a parte, a pessoa do Presidente da
+República foi festejada. Estabeleceu-se uma alegria tão grande, como se
+El-Rei D. Sebastião tivesse voltado...
+
+Eu nunca fui homem que acompanhasse as aclamações da multidão; todavia,
+quando o Sr. Sidónio Pais regressou da sua viagem ao norte, fui ver a
+sua chegada.
+
+Quando o vi entrar no Rossio, e assisti às aclamações que lhe faziam, eu
+senti que era muito melhor que lhas não fizessem, porque o colocavam
+tão alto que eu temo pela boa conclusão da sua obra. Não era um simples
+oficial de artilharia, comandante de forças revolucionárias, que
+chegava: era mais alguém, era personalidade mais majestosa; era quase um
+César, faltando-lhe só trazer Afonso Costa preso por uma cadeia, como na
+antiga Roma se fazia aos escravos...
+
+Esta altura em que puseram o Sr. Sidónio Pais dá bem a nota do estado de
+alma da Nação, da facilidade com que o país se desvaria, e eu receio
+muito pelas perturbações nervosas causadas pelas alturas naqueles a quem
+as multidões tão alto erguem...
+
+Esse entusiasmo indescritível era meramente teórico e não passou disso;
+mas, repito, não é só de aclamações, vivas, lenços e flores, que os
+governos necessitam para realizarem a sua obra com energia e decisão.
+
+A Nação deve pensar bem que não é desta forma que se resolvem as
+questões pendentes, não é desta forma que se resolve o problema da
+nacionalidade a que logo me referirei.
+
+Longe de mim a intenção de empanar a obra gloriosa de 5 de Dezembro,
+tanto mais que nunca será suficientemente grande a gratidão que possamos
+e devemos afirmar ao homem que conseguiu fazer uma coisa que até ali
+ninguém tivera a coragem de realizar: arrostar com Afonso Costa.
+
+A situação era assim parecida com a que nos oferece uma larga praça onde
+numerosa garotada se apedrejasse e apedrejasse os transeuntes pacíficos
+e indefesos. Não podíamos atravessar essa praça sem correr o risco de
+sermos atingidos pelas pedras. Havia, é certo, uma esquadra de polícia;
+mas os seus agentes não se arriscavam a pacificar a praça e a garantir a
+integridade da cabeça aos que passavam. Por fim, aparece um mantenedor
+da ordem com seus agentes: é o Sr. Sidónio Pais: corre, afasta, domina a
+garotada. Ela, porém, existe ainda, embora longe, para lá das
+embocaduras das ruas... Só quando ela desaparecer, se poderá então dizer
+que a ordem está completamente mantida.
+
+O prestigio do Sr. Sidónio Pais apoia-se num facto puramente negativo: o
+terror do democratismo. A sua situação por ora é apenas a de um
+mantenedor da ordem que nos guarda, e a quem defendemos para que nos
+guarde.
+
+Ora não há só o problema da ordem a resolver: há o problema financeiro,
+o problema económico e o problema internacional que é gravíssimo. Pode o
+Sr. Sidónio Pais resolvê-los ou resolver algum deles? Não sei; mas só a
+resolução certa de todos eles ou de alguns lhe dará a categoria de
+estadista, e colocará legitimamente num alto pedestal a quem o
+conseguir. Para esse desiderato, devemos reservar todas as nossas energias.
+
+Somos um povo messiânico... Mas porque não pôde ainda ser outro o apoio
+da Nação? Porquê? Vamos vê-lo.
+
+
+
+
+O regímen republicano português
+
+
+a) A SUA ACÇÃO COMO ELEMENTO DE DISSOLUÇÃO NACIONAL
+
+O regímen republicano português cavou um grande abismo entre si e a
+nação; tem sido sempre, infatigavelmente, um elemento de dissolução
+nacional, porque, ao proclamar-se, olhou para a nação e perguntou: qual
+é o principal problema a resolver? A ordem pública?, o pão?, a situação
+internacional?, o ensino?, o trabalho? Não! O primeiro problema, o
+fundamental, aquele em que todos têm os olhos, aquele que representa a
+aspiração colectiva e a máxima urgência,--é o da expulsão dos Jesuítas!
+E começou-se por aí. Andavam todos os lares domésticos portugueses
+desassossegados, inquietos; todas as famílias estavam oprimidas, vivendo
+sob pesadelos enormes, por falta de uma lei que estabelecesse o
+divórcio. E veio a lei do divórcio. A seguir, surge a _lei da separação_
+e atrás disto, a república nada mais nos deu que constitua seu
+património e sua glória, porque para mais não chegou o seu conhecimento
+da vida pública... O resto é a multidão dos pequeninos expedientes,
+daquelas pequeninas providências que vieram atrás da lei do divórcio, da
+expulsão dos Jesuítas e da lei da separação.
+
+Nos centros, nos comícios, nas batuques partidários, onde se planeiam
+ataques e ódios contra os monárquicos, foram esses os problemas que
+unicamente preocuparam toda a atenção dos grandes estadistas e dos
+grandes legisladores de 1910. Não se fez uma obra positiva; e até o que
+podia ser bom por acaso, até isso nunca o fizeram senão por mal...
+
+No meu bairro está a construir-se um edifício que é destinado à
+_Maternidade_. Imaginam que esta Maternidade se está erguendo por amor à
+mãe? Não; pois o lugar é impróprio e detestável; mas porque se estava
+levantando ali uma capela ao Sagrado Coração de Jesus, vá de fazer a
+maldade, de pregar a partidinha, de pôr a nota mesquinha e irritante:
+arrasam-se os alicerces da capela e ergue-se a Maternidade. Não há
+uma só medida que possamos dizer que seja ampla, genérica e
+absolutamente boa; todas tem um fundo antipático de maldade; em todas
+elas, há um bico de alfinete envenenado... O país olhou o regímen
+republicano, um pouco convencido de que chegara a hora de viver
+tranquilo. Estava cansado de lutas civis, de lutas políticas, de
+campanhas de descrédito; e o novo regímen, em vez de procurar aproveitar
+a aura que o bafejava, começou a provocar represálias, ódios, invejas e
+más vontades, incompatibilizando-se de tal maneira com a Nação, que,
+perante o movimento de 5 de Dezembro, ela limitou-se às palmas, aos
+vivas e aos apoiados, a isso que eu chamo o apoio teórico.
+
+
+b) O SEU NEGATIVISMO SISTEMÁTICO
+
+O regímen republicano é essencialmente negativo. Para ele, só há um
+facto permanente: o perigo monárquico. Os republicanos dizem, repetem e
+decretam que a Monarquia jamais volta a Portugal; mas desde manhã
+até à noite e de noite até pela manhã, não pensam noutra coisa senão na
+volta da Monarquia a Portugal. Se ela nunca mais volta, se a República é
+amada por toda a Nação, se a Nação quer a República, se a Nação é
+republicana, onde está o perigo monárquico? Eles bem sentem que tudo
+lhes é provisório, a começar pelo chefe do Estado cujas funções são
+constitucionalmente provisórias...
+
+Se um pobre campónio, um dia, no meio das suas terras, ignorando ainda
+que já está a República, solta um viva à Monarquia, logo no dia seguinte
+os jornais republicanos publicam telegramas em normando, afirmando
+desconsoladamente que a Monarquia foi proclamada na aldeia de tal, e que
+a República está em perigo... Se os partidos republicanos tivessem a
+consciência tranquila e a certeza de que a Nação estava contente com a
+República, não andavam tão preocupados e aterrados com o fantasma da
+Monarquia! De resto, todos eles sabem que ela voltará.
+
+Um dos chefes republicanos mais célebres e que tem a vantagem de ser
+um veemente homem de bem, disse-me por mais de uma vez, que a República
+era inadaptável a Portugal. Mas disse-mo a mim, e não o diz em público,
+por falta de coragem e honradez cívica.
+
+A falta de sinceridade e a negação sistemática da evidente verdade
+afastam o regímen republicano da Nação, e fazem com que esse regímen,
+ainda mesmo sob a modalidade especial e simpática que lhe dá o Sr.
+Sidónio Pais não possa encontrar já, hoje, outro apoio que não seja o
+apoio meramente teórico que está tendo.
+
+
+c) A FALÊNCIA DA SUA MENTALIDADE
+
+E a que é devida toda esta situação que se criou o regímen republicano?
+É devida aos maus instintos ingénitos dos homens que a servem? Não,
+porque a maior parte deles apesar da aguarrás e das forcas que prometem
+são incapazes de matar uma mosca. O motivo é outro: é a falência da
+mentalidade dos seus dirigentes. Ao olharmos os seus espíritos, o que
+sentimos é a impressão de que são espíritos fechados, curtos, sem
+horizontes e janelas. Sentimos que há uma urgente e absoluta necessidade
+de os naftalinizarmos, de abrirmos as suas janelas e deixarmos entrar
+neles o sol, a luz e o ar...
+
+Leram um dia Rousseau, Lamartine, Louis Blanc, Guizot, e ficaram por aí.
+E no entretanto, quanto se tem andado já!
+
+Entre a mentalidade deles e a da Europa há um abismo!
+
+O estrangeiro, estudando e analisando o nosso país, no momento actual,
+fica espantado de ver estes pequeninos, estes microscópicos indivíduos
+manejando cinco milhões de homens, e não compreende que possa ser assim.
+
+E chamam-nos reaccionários, atrasados. Mas nós, os monárquicos, andamos
+a par das modernas doutrinas sociais, não desconhecemos os modernos
+processos científicos, e não ignoramos as sucessivas transformações
+doutrinárias e práticas da Política; conhecemos a lição dos factos dos
+últimos tempos; e aproveitamos com a lição da guerra; enquanto que eles,
+os espíritos republicanos, paralíticos, fechados em 89, nada mais
+sabem, nada mais vêm, nada mais aprendem.
+
+Até já houve um chefe de partido que chegou a dizer que ele, paisano,
+com um exército disciplinado, venceria os alemães! São espíritos
+_arriérés_, incultos, primitivos, inadaptáveis à vida moderna.
+
+Não há maneira de os fazermos compreender que os povos têm que se
+adaptar a necessidades superiores às suas teorias fantasistas; não há
+maneira de convencer esses espíritos, imbecilizados alguns, de que devem
+parar na sua experiência nefasta, de que devem parar na sua teimosia
+criminosa, de que devem parar na sua birra indigna, e de que não devem
+cavar mais fundo a sepultura da Nação!
+
+Nós tivemos uma serie de reis que, quaisquer que fossem os seus defeitos
+e os seus erros, fizeram a Nação, engrandeceram a Nação, alargaram os
+seus domínios, acrescentaram à glória do passado nova glória. Não há
+maneira de convencer os espíritos republicanos de que essa serie de reis
+nos merece respeito e amor, e que a Nação inteira aspira e quer
+voltar às suas instituições tradicionais.
+
+Quando Portugal, pequeno como é, sem exército e sem marinha, vivia no
+regímen monárquico, tinha uma situação internacional invejável
+demonstrada pelas atenções que nos dispensavam, com a sua presença, os
+soberanos das mais fortes nações estrangeiras; e hoje, se queremos
+vencer a antipatia europeia, temos que praticar actos que não nos
+dignificam nem impõem.
+
+A República... a República... Temos agora um governo digno de nós todos,
+porque digno de todos nós se apresenta o Sr. Sidónio Pais. Mas esta
+situação não é eterna. Quando cair, será a ocasião de se restaurar a
+Monarquia, para não termos de voltar ao demagogismo...
+
+
+
+
+A República nova
+
+
+Há hoje uma forma republicana a que o Sr. Sidónio Pais chama _República
+nova_. Quer dizer: existe hoje o contrário do que existia, há alguma
+coisa que nós ainda não tínhamos visto.
+
+Quero acreditar que estejamos numa nova República e, pela minha parte,
+confesso que contra esta nova República não senti ainda a mais pequena
+animosidade ou oposição.
+
+Há quem se queixe. E julgo mesmo que certas restrições atingem certos
+jornais. Eu aplaudo. Não são doutrinários os jornais que querem sair.
+São folhas impressas, órgãos de insulto, de calúnia ou de infâmia. O
+governo não deixa que elas saiam? Acho que o governo faz muito bem! Isso
+não pode magoar o meu liberalismo. Porque eu recordo-me muito bem de que
+quando foi do governo Pimenta de Castro, esse governo mole e
+bonacheirão, manso e lunático, honesto mas inexperiente, _O Mundo_,
+esse saudoso órgão do republicanismo puro, não se cansou de acusar o
+governo de estar vendido à Espanha. E o general Pimenta de Castro com
+cuja amizade me honrei e, me honro, como eu lhe chamasse a atenção para
+a calúnia, não quis ler, não quis saber, como não quis saber de muitas
+outras coisas. As consequências foram o 14 de Maio! Não deixa o actual
+governo preparar-se uma situação igual, proibindo estas gazetas de
+aparecer em público? Faz muito bem! Mas o governo tem uma tríplice
+função a desempenhar. Além da função superiormente política e importante
+para ele e para o regímen, de alterar as bases do actual sistema
+político republicano, tem ainda a função penal e moral: penal, mandando
+para a África, como o tem feito, os incorrigíveis, os reincidentes do
+crime comum, sejam ou não sócios do democratismo; e moral, castigando os
+abusos e os erros do partido democrático e do governo transacto. Se
+puder desempenhar estas funções, é caso para o felicitarmos...
+
+Quanto ao aspecto político da sua missão, levanta-se, actualmente,
+uma celeuma enorme sobre se deve continuar o regímen parlamentar ou deve
+adoptar-se o regímen presidencialista. Como observador e crítico, acho
+interessante o assunto.
+
+Entendo que nós, como monárquicos, temos de nos manter alheios a essa
+questão. Somos o partido dos monárquicos,--não somos ainda partido
+monárquico. Não temos organização definida, embora tenhamos a chave
+dela, que é o Rei.
+
+O partido monárquico lançar na urna, como monárquico, o seu voto, para a
+eleição presidencial, é fazer uma afirmação de princípio republicano, e
+revogar a base fundamental do seu doutrinarismo monárquico. Mas se é
+preciso, para se evitar um mal maior, impedir que o Sr. Sidónio Pais
+saia do Poder, concorramos individualmente a dar-lhe a força precisa.
+
+Neste caso, não é um partido monárquico que intervém, são os indivíduos
+monárquicos que o fazem. É uma ficção necessária.
+
+Esta questão que se formula sobre regímen parlamentar e regímen
+presidencialista é salutar, porque vai acostumando o país a pôr de parte
+o regímen parlamentar, e ensina a opinião pública a reconhecer a
+possibilidade da existência de um governo responsável e independente das
+tricas e habilidades parlamentares. Eu compreendo a relutância dos
+republicanos pelo presidencialismo.
+
+Os republicanos, verdadeiramente, não podem ser presidencialistas, e por
+isso, faz bem o Sr. Afonso Costa, do fundo do seu exílio de Elvas, em
+protestar contra o presidencialismo, como o Sr. António José de Almeida
+que não sabe o que seja isso, ou o Sr. Brito Camacho a quem o
+presidencialismo não convém. A República ou é parlamentar, caminhando a
+passos largos para o anarquismo, ou é presidencialista e, então, deixa
+de ser autêntica república. Os presidencialistas não são republicanos
+puros, são republicanos monarquizados.
+
+Oxalá triunfe o principio presidencialista!
+
+Quando fui evolucionista, nesse tempo em que andei quatro anos a malhar
+em ferro frio, eu pedia uma república presidencialista com poderes
+vitalícios para o chefe do Estado. Isso dá-me um tal ou qual desejo de
+assistir à experiência.
+
+Faço pois votos por que a nação se habitue à diminuição das funções e
+atribuições do parlamento, e entendo que os monárquicos devem,
+individualmente dar todo o apoio e aplauso, escrito e falado, ao
+princípio presidencialista, que é o mais benéfico e salutar dentro das
+doutrinas republicanas.
+
+Esta República nova tem um ambiente conservador e tem por cooperadores
+os elementos monárquicos. É, por consequência, uma república de carácter
+paradoxal, contra a qual os verdadeiros republicanos se apresentam em
+acto de hostilidade, não tendo ainda entrado no caminho das violências,
+porque têm medo; mas fá-lo-hão, quando virem que o sr. Sidónio Pais
+enfraquece. Mas como os povos não se governam com instituições
+paradoxais, esta situação tem que se esclarecer. Quando se esclarecerá?
+Não sabemos. Ninguém o sabe.
+
+
+
+
+Os monárquicos e a Republica nova
+
+
+Qual deve ser a atitude dos monárquicos perante a republica nova?
+
+Antes de 5 de Dezembro, havia duas correntes caracterizadas: a corrente
+conservadora e a corrente demagógica.
+
+Agora, aparece-nos em campo uma terceira corrente que cria uma situação
+complicada porque isto que está já não é República, não sendo ainda a
+Monarquia. Já não é República, porque lhe falta Afonso Costa. Ainda não
+é a Monarquia, porque lhe falta o Rei. Ora a nossa atitude é clara.
+
+Antes de 5 de Dezembro, diziam os republicanos que os monárquicos
+desobedeciam às ordens do Rei, porque este lhes ordenava se colocassem
+ao lado dos governos no que respeita à guerra, e os monárquicos não o
+faziam,--acusação caluniosa, aliás, como é sabido.
+
+Mudou-se de situação, e veio um governo que não nos insulta, que não
+nos maltrata e que mantém a ordem, e nós com muito mais facilidade,
+agora, cumprimos as ordens do Rei, e damos apoio a esse governo. Se
+antes da revolução de 5 de Dezembro, fervia pancadaria rija nos
+monárquicos porque estes não apoiavam os governos democráticos e da
+sacrílega união sagrada, agora, ferve a mesma rija pancadaria porque
+apoiam um governo honesto e de honradas intenções.
+
+Os republicanos são curiosos: dão aos monárquicos, em Portugal, direito
+de cidade e de existência, com a condição de serem ou afonsistas, ou
+almeidistas, ou camachistas; simplesmente monárquicos, monárquicos _tout
+court_, monárquicos puros, não os admitem, os republicanos.
+
+Neste país, dão-se coisas que só neste país são possíveis!
+
+Ora nós não podíamos e não devíamos adoptar diante do actual governo
+outra atitude que não fosse a que adoptamos, porque nós não somos
+desordeiros, e perderíamos todo o nosso prestígio político, dando uma
+prova de falta de senso e falta de patriotismo, se nos colocássemos
+numa situação anarquista e destruidora, perante o Sr. Sidónio Pais. As
+forças vivas da nação diriam que éramos anarquistas, porque estávamos
+contra todos os poderes. Apoiamos francamente e dedicadamente este
+governo, porque este é um governo diferente de todos os outros. Apoiar
+este governo, e neste momento, é nosso dever, não porque ele nos traga a
+Monarquia, mas porque nos traz a Ordem.
+
+Fazer a Monarquia...
+
+Se dependesse de eu abrir a minha mão o proclamar-se, agora, a
+Monarquia, eu fechal-a-ia e pediria a toda a gente que ma apertasse bem,
+a fim de que, nesta ocasião, a Monarquia se não fizesse, pois que,
+actualmente, não nos convém. Ela há de vir no momento oportuno, porque
+não depende da vontade deste ou daquele, a evolução de acontecimentos
+políticos e sociais dessa natureza.
+
+O apoio ao Sr. Sidónio Pais é lógico e legítimo, porque ele está
+cumprindo com os nossos deveres internacionais, com aqueles deveres a
+que nos ligam tratados seculares, obra dos Reis e do Passado; e
+ainda porque o Sr. Sidónio Pais está restabelecendo a ordem dentro das
+condições que lhe são possíveis com a existência das instituições
+republicanas. Mas este apoio que nós lhe damos, e a que eu chamo
+meramente teórico e aplauditivo, não pode ir além, porque não poderá o
+Sr. Sidónio Pais nem ninguém, seja quem for! fazer esquecer aos
+monárquicos o que o regímen republicano tem feito em Portugal, e lhes
+tem feito a eles, como eu nunca poderei esquecer o que me fizeram os
+democráticos--em insultos, em agravos, em ofensas e agressões. Receios
+de uma consolidação republicana, só os terão os espíritos superficiais.
+
+É preciso levar ao espírito dos monárquicos a convicção de que a
+Monarquia não pode e não deve vir somente pelos erros dos republicanos;
+deve vir e há-de vir, sim, pela força da sua própria constituição,
+porque o organismo da nacionalidade se integrou na forma monárquica e só
+a ela se adapta. A Monarquia há de vir porque é uma conclusão lógica
+dos acontecimentos, e não está no poder dos demagógicos afasta-los,
+como não está no poder contrário apressa-los. Eu prefiro que ela venha
+depois de um grande período de paz, de ordem, de sossego e de progresso,
+dentro da República, a que venha sobre os ódios fomentados pelos
+democráticos. Eu prefiro que a Monarquia venha quando a situação social
+portuguesa esteja mais ou menos regulada, a que venha neste momento em
+que se encontram ainda vivas todas as questões difíceis que uma longa
+indisciplina impune agravou. Nós todos que amamos a nação devemos
+estimar e desejar que, dentro da forma republicana, se aplanem todas as
+dificuldades, de modo que a Monarquia possa receber o país no melhor
+estado possível.
+
+Se devemos apoio ao Sr. Sidónio Pais, no problema da ordem pública, é
+porque não temos outro caminho a seguir, porque esse é o problema
+fundamental português, sem a resolução do qual todas as tentativas de
+resolver os outros são estéreis. Sobre o problema da ordem, sempre assim
+pensei.
+
+Eu nunca tenho de me arrepender do que a este respeito preguei
+noutros tempos, porque, por muitos que fossem os meus exageros e
+desvios, uma coisa nunca fiz: foi defender actos de desordem, de
+violência, ou de anarquia; coloquei-me sempre no ponto de vista de um
+homem com responsabilidades de governo. Acima de tudo, primeiro que
+tudo, a ordem--que se baseia na educação.
+
+Eu não quero só instrução, não; o que quero é educação. Não ensinem o
+povo a ler, enquanto não estiver bem educado, porque se sabe ler, sem
+ser educado, começa a disparatar.
+
+O povo que não está educado, se sabe ler, aprende a fazer ingredientes e
+máquinas explosivas, praticando todas as tolices possíveis e
+imagináveis, querendo imitar os lunáticos e fantasistas que aparecem
+pela Europa a propagar desordens e tolices. Quando o povo tiver bem
+profundo o sentimento da ordem, então que aprenda a ler à vontade. É
+preciso que o povo não deixe de ser criminoso somente por medo ao código
+ou à polícia. Cada vez que se funda uma escola, ergo as mãos ao céu,
+porque nós só sabemos deseducar, só sabemos fomentar a indisciplina e a
+desordem, só sabemos ensinar ler o que não deve ser lido, e se não sabe
+compreender.
+
+Nós temos partidos anarquistas, sindicalistas e socialistas que ignoram
+o que são essas doutrinas e que, com a sua falta de educação, ao lerem
+Kropotkine, um pobre príncipe exilado que está agora na Rússia a ver a
+prática dos seus dizeres, dão no roubo e no assassinato.
+
+Eu assisti a alguns dos desvairamentos e aos excessos e aos roubos que
+ultimamente se deram nas ruas da cidade.
+
+Querem saber o que vi os assaltantes roubar e usar? Não era só o
+bacalhau, o feijão ou a batata que lhes pudessem servir para a
+alimentação; eram serpentinas e máscaras de Carnaval que espatifavam,
+garrafas de Champanhe e de licores que não podiam beber, porque o seu
+paladar não está preparado para tais bebidas, eram botas de luxo,
+sapatos de luxo que não podiam calçar,--enfim a exibição do crime, na
+sua forma mais hedionda.
+
+E até ouvi que merceeiros houve que tendo tirado das suas lojas os
+géneros que tinham, fingindo-se roubados, iam depois, comprar aos
+desgraçados das ruas os géneros saqueados para os venderem por alto
+preço! Aqui têm o que é a falta de educação!
+
+Apesar das falsas ideias dos tribunos inflamados que advogam a
+instrução, eu continuo pois a pedir para este povo educação, educação e
+educação; e só depois, é que pedirei a instrução.
+
+Trata-se de um povo em que cada um quer ser independente, em que cada um
+só pensa em mandar e não obedecer, porque ninguém pensa em que é muito
+mais nobre obedecer do que mandar, exorbitando, ou sem capacidade para o
+mando.
+
+Apoiado o governo no problema da ordem, temos que lhe dar apoio também
+no problema da guerra. A entrada de Portugal na guerra, para mim, é
+ainda hoje um mistério e se não é um _bluff_, é, pelo menos, um problema
+que precisava ser muito esclarecido. Convenço-me disso pela relutância
+que tem havido na publicação de certos documentos, e na apresentação
+de certas condições. Mas, houvesse o que houvesse, a verdade é que
+estamos ligados à Gran-Bretanha, por efeito de tratados antigos e que
+não datam, se não estou em erro, do regímen republicano, e temos que
+cumprir aquilo a que nos comprometemos. No problema da guerra há, pois,
+que dar força ao governo para que ele continue a obra estabelecida pelas
+condições especiaes em que se encontrava a nação.
+
+Mas o problema de que fundamentalmente nos separamos do governo, e
+perante o qual nos encontramos, portanto, em campos opostos, é o que eu
+chamo o problema da Nacionalidade.
+
+O Sr. Sidónio Pais demonstrou pelas suas palavras, e o seu governo
+também o demonstrou por actos, que se deixa embalar muito pelas quimeras
+impossíveis, pois quer normalizar a vida política da nação fazendo
+ingressar os monárquicos na República. Não pode ser! Diante das palavras
+proclamadas pelo chefe do Estado, devemo-nos manter na maior reserva e
+na mais firme expectativa.
+
+E a conhecida reforma da lei da Separação destruiu as ilusões que
+pudéssemos ter alimentado.
+
+Não nos é possível ingressar na República, porque somos monárquicos,
+porque a República não se adapta ao sentimento nacional, porque a nação
+tem oito séculos de tradições monárquicas, porque os ensinamentos da
+política europeia nos indicam que as nações são tanto mais fortes quanto
+mais forte é o seu regímen monárquico, e porque na Europa (a guerra o
+mostra) o principio democrático está sendo vencido pelo principio
+monárquico. A Rússia é o exemplo vivo.
+
+Por outro lado, a reforma da lei da Separação não foi feita em homenagem
+à Igreja, mas sim, como o próprio relatório confessa, para fazer
+desaparecer uma arma que se manejava contra a República!
+
+Sempre a defesa egoísta da República!
+
+Em homenagem à Igreja e ao sentimento católico da nação, o regímen
+republicano devia rasgar completamente a lei da Separação. Não
+compreendo como o regímen republicano quer resolver a questão
+religiosa, sem ouvir a Igreja.
+
+Em 1910, havia algum conflito entre o Estado e a Igreja? Não. Havia um
+regímen concordatário bom ou mau, não o discuto. Se não havia conflito,
+porque foi o regímen republicano levantá-lo? Podia decretar que não
+reconhecia a religião católica, e o Estado passava a viver independente
+dela, como vive independente de quaisquer academias ou associações.
+Queria o Estado alterar as suas relações com a Igreja? Entendia-se com
+as suas autoridades superiores. O que não se compreende é que um regímen
+que não é católico se disponha a reformar as coisas da Igreja.
+
+A reforma da lei da Separação restabeleceu a permissão do uso de hábitos
+talares e deu aos seminários liberdade para regularem e dirigirem o seu
+ensino interno; mas dizer que isso resolve o problema religioso em
+Portugal não é verdade. Só se resolverá inteiramente o problema
+religioso, quando à Igreja católica forem dadas regalias e privilégios
+especiais em face das outras religiões, porque seria de uma
+ingratidão profunda esquecer os múltiplos serviços que se devem à Igreja
+católica. De resto, isto está mais ou menos no espírito público.
+
+Logo depois de 5 de Outubro, houve muitos aplausos à propaganda
+anti-clerical, mas a nação, hoje, está convencida de que o perigo
+clerical é uma lenda, e que a Igreja é um elemento insubstituível de
+ponderação e ordem.
+
+
+
+
+Conclusões.
+
+
+A nossa aspiração é a Monarquia e, por isso, temos que estar preparados
+para ela. Não sou revolucionário nem conspirador. O sentido das minhas
+palavras é muito outro. Não tenhamos ilusões, nem esquecimentos: a
+situação do Sr. Sidónio Pais não é eterna e, quando ela findar, ou
+regressa Afonso Costa ou temos uma Monarquia.
+
+Os monárquicos têm pois que estar preparados, não para colocarem nas
+janelas as bandeiras azuis e brancas, mas para estabelecerem nas suas
+fileiras uma disciplina segura e uma obediência plena e absoluta ao Rei.
+
+A Monarquia só pode ser eficaz, só pode trazer a normalidade e a
+tranquilidade ao país, quando não houver no pensamento de cada um de
+nós, resíduos republicanos, preocupações liberalistas, aspirações
+democráticas ou fantasias e quimeras de 1789; só pode ser eficaz e
+trazer a normalidade, quando olharmos para o símbolo da nossa causa e
+dos nossos princípios, e lhe obedecermos inteiramente; quando formos
+como que um exército que só é perfeito quando obedece ao seu general;
+quando pusermos o Rei acima das nossas dissensões pessoais, e tão alto
+que só o vejamos pelas suas altas qualidades de majestade perfeita, e de
+supremo e legítimo representante da nação; tão alto como ele nunca
+esteve durante os oitenta anos de constitucionalismo. A Monarquia só
+pode ser eficaz e trazer normalidade, quando o Rei se não veja obrigado
+a tirar o poder a um para contentar outro, a dar o poder àquele para
+contentar aqueloutro; quando não fizermos chegar aos ouvidos do Rei, e
+nem mesmo aos últimos degraus do seu trono, as nossas questões pessoais,
+as nossas birras e os nossos despeitos e quando fizermos com que não
+haja outra coisa senão servidores da nação. É para isto que entendo que
+todos nos devemos preparar.
+
+Os novos, que não têm ainda a inteligência estragada pelos vícios
+doutros tempos, que não viram directamente tudo quanto se passou antes
+do advento da República, devem levar ao espírito dos monárquicos a
+consciência da necessidade desta orientação. Os velhos que assistiram, e
+muitos foram cúmplices, ao que se passou, e os que não são nem velhos
+nem novos, todos esses devem seguir os novos.
+
+Foi com os novos que o Sr. Sidónio Pais se encontrou e é também com os
+novos que a Monarquia se há de encontrar.
+
+Eu pertenço a uma geração de sacrifícios, a uma geração de vítimas, que
+nasceu ouvindo as maiores acusações sem provas, e bebeu essas
+campanhas negativas e difamatórias como bebemos a água que nos dão ou
+recebemos o ar que respiramos. Os novos têm de se agrupar e fazer deste
+país, uma nação com um poder político que seja legítimo e autêntico,
+cuja força, disciplinada, se estenda do exército à indústria e do
+operariado às academias, na orientação que eu levo e que levam os meus
+amigos integralistas.
+
+Só quando a nação atingir esse período encontrará a sua hora de salvação
+e nova grandeza.
+
+Não se seduzam pelas velhas teorias da Liberdade, Igualdade e
+Fraternidade que seduziram os nossos pais e com que nos embalaram na
+infância. Estudem, pensem e reflictam, não se deixando levar por
+quimeras risonhas de outros tempos. Olhem para o que se passa por essa
+Europa fora, vejam o que é a disciplina, a organização, a submissão ao
+poder, o que é o respeito ao mando, o que são as forças organizadas
+diante de forças improvisadas. Vejam tudo isso e aprendam em tudo isso.
+
+Quando a Nação Portuguesa concentrar em si o máximo de energia e o
+máximo de disciplina, a nação se salvará. Contribuamos todos para que
+esse momento não tarde.
+
+
+Tenho dito.
+
+
+
+
+
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+
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+works. See paragraph 1.E below.
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+ <title>A Situação Política, por Alfredo Pimenta</title>
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+The Project Gutenberg EBook of A Situação Política, by Alfredo Pimenta
+
+This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
+almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
+re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
+with this eBook or online at www.gutenberg.org
+
+
+Title: A Situação Política
+
+Author: Alfredo Pimenta
+
+Release Date: November 12, 2010 [EBook #34290]
+
+Language: Portuguese
+
+Character set encoding: ISO-8859-1
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+*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK A SITUAÇÃO POLÍTICA ***
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+
+Produced by Mike Silva
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+</pre>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<div style="text-align: center; padding: 1em; border:solid 2px #000;">
+<p style="font-size: 1.6em;"><u>ALFREDO PIMENTA</u></p>
+
+<p style="font-size: 2.5em;">A SITUAÇÃO<br>
+POLITICA</p>
+
+<p style="font-size: 1.2em;">Conferência realizada<br>
+no Salão Nobre da Liga Naval Portuguesa,<br>
+na noite de 26 Fevereiro de 1918</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p><small>1918</small><br>
+<span style="font-size: 1.2em;">L<small>IVRARIA </small>F<small>ERREIRA</small></span><br>
+<small>FERREIRA L.<sup>da</sup>, Editores <br>
+<i>132, 134, Rua Áurea, 136, 138</i> <br>
+LISBOA</small></p>
+</div>
+
+
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+
+<div style="text-align: center;">
+
+<p style="font-size: 1.6em;">A SITUAÇÃO POLITICA</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+
+<hr>
+<p style="font-size:small;">Imprensa Libânio da Silva--Trav. do Fala-Só, 24, Lisboa</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p style="font-size: 1.6em;"><u>ALFREDO PIMENTA</u></p>
+
+<p style="font-size: 2.5em;">A SITUAÇÃO<br>
+POLITICA</p>
+
+<p style="font-size: 1.2em;">Conferência realizada<br>
+no Salão Nobre da Liga Naval Portuguesa,<br>
+na noite de 26 Fevereiro de 1918</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p><small>1918</small><br>
+<span style="font-size: 1.2em;">L<small>IVRARIA </small>F<small>ERREIRA</small></span><br>
+<small>FERREIRA L.<sup>da</sup>, Editores <br>
+<i>132, 134, Rua Áurea, 136, 138</i> <br>
+LISBOA</small></p>
+</div>
+
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+<p>&nbsp;</p>
+
+<div id="corpo">
+
+<p> <span class="pn">{5}</span></p>
+
+
+<p><i>A Revolução de 5 de Dezembro encontrou a sua sanção legal nas eleições
+gerais de 28 de Abril do corrente ano. Não tiveram essas eleições o carácter
+plebiscitário, nem visaram a resolução do que continuo chamando, cada vez com
+mais fortes razões, o Equívoco Nacional: foram, sim, a consagração do principio
+da Ordem, encarnado, pessoalmente, no sr. Sidónio Pais. Dar um outro
+significado a essas eleições é afirmar uma deplorável má-fé ou uma lastimável
+ignorância da psicologia nacional. As palavras da nossa conferencia que hoje se
+publica<span class="pn">{6}</span> não perderam da sua virtual oportunidade. O sr. Sidónio Pais tem
+ao seu lado a Nação inteira, enquanto representar o principio da Ordem. É a sua
+pessoa que nos dá garantias de que esse principio é respeitado: constatar isto,
+é reconhecer os inabaláveis sentimentos conservadores da Nação. E como o
+regímen republicano que é diferente da pessoa do sr. Sidónio Pais, não merece
+confiança à Nação, esta, nas eleições de 28 de Abril, manifestando-se como se
+manifestou, deu provas evidentes do seu sentir monárquico, cercando os
+deputados e senadores monárquicos de uma votação bem significativa.</i></p>
+
+<p><i>A situação política só se esclarecerá definitivamente no dia em que a
+Nação puder responder livremente à pergunta que se lhe faça sobre as
+instituições políticas que prefere. Por ora, sabemos isto apenas: a Nação é
+conservadora, e aclama quem lhe garantir, eficazmente e honradamente, o
+principio da Autoridade. Nada mais.</i></p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p><i>10 de Maio de 1918.</i></p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p> <span class="pn">{7}</span></p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<div style="margin-left: 40%;">
+<p style="margin: 0;">S<small>R. </small>P<small>RESIDENTE!</small></p>
+
+<p style="margin: 0;">M<small>INHAS </small>S<small>ENHORAS!</small></p>
+
+<p style="margin: 0;">M<small>EUS </small>S<small>ENHORES!</small></p>
+</div>
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>Escolhi para assunto desta conferencia a situação política, porque,
+contrariamente ao que pensa o maior numero das pessoas, entendo que a situação
+política em Portugal, longe de se ter esclarecido, está a tornar-se cada vez
+mais confusa; e entendo também que todos aqueles que têm responsabilidades
+mentais e podem contribuir de alguma maneira para orientar a opinião pública,
+devem vir às tribunas das conferencias dizer da sua razão. Não bastam os
+artigos dos jornais e as notas oficiosas do governo para se compreender<span class="pn">{8}</span> a
+situação, e a apresentar à opinião pública como ela deve ser apresentada.</p>
+
+<p>É preciso, pois, repito, que aqueles que tem o orgulho legítimo ou a
+vaidade, se quiserem, de pensar por si próprios, e não pela cabeça dos outros,
+venham, junto da opinião pública, ilustrá-la, oriental-a e indicar-lhe o
+caminho que deve ser seguido.</p>
+
+<h1>A Revolução de 5 de Dezembro</h1>
+
+<h2>a) <small>FACTORES POSITIVOS E NEGATIVOS</small></h2>
+
+<p>A situação política, criada com a revolução de 5 de Dezembro, é
+absolutamente diversa da que existia antes. Vivia-se numa tirania de
+mediocretes. Muitas vezes se fala em ditadura tirana. Mas o que então
+verdadeiramente existia era uma mediocracia mesquinha dominando cinco milhões
+de habitantes, o que era indigno de uma nação com um passado como o nosso.
+Podíamos ter um César dominador e forte. Mas<span class="pn">{9}</span> não era isso o que tínhamos.
+Havia, apenas, pequeninos poderes anónimos e ocultos que desapareciam à mais
+simples análise, que se furtavam à crítica séria que sobre eles quiséssemos
+exercer. Era qualquer coisa de incómodo e de irritante, mas que não provocava
+momentos de cólera, pois apenas provocava o tédio. Fora dos partidos
+republicanos, não havia ímpetos de raiva: sentia-se aborrecimento. Bocejava-se.
+</p>
+
+<p>O 5 de Dezembro representa assim uma tentativa de salvar o regímen
+republicano. Esse acontecimento teve factores positivos e negativos. Os
+factores positivos foram o Sr. Sidónio Pais, com a mocidade da Escola de Guerra
+e os elementos que a esta se juntaram; os negativos foram os constituídos pela
+atmosfera em que se vivia e pela repulsa que o regímen republicano, em sete
+anos de demagogia impune, soube criar-se.</p>
+
+<p>Por parte dos partidos monárquicos, existia a expectativa, não só em
+obediência às ordens de El-Rei, mas também porque assim o exigiam os superiores
+e sagrados interesses da Causa monárquica--à qual convém<span class="pn">{10}</span> que o regímen
+republicano liquide inteiramente as responsabilidades dos compromissos que
+contraiu.</p>
+
+<p>Se, antes de 5 de Dezembro, eu dissesse aos que me escutam neste momento que
+se ia tentar resolver o problema da ordem e que seria o Sr. Sidónio Pais que
+dirigiria tal tentativa, ninguém me acreditaria, porque ninguém o categorizava,
+ninguém o conhecendo.</p>
+
+<p>Mas o 5 de Dezembro apareceu, e quando, na tarde desse dia, correu a boa
+nova de que o Triunvirato tiranete encontrara alguém--que lhe fazia frente,
+houve uma esperança como aquela que acolheu a tentativa do governo de Pimenta
+de Castro.</p>
+
+<p>E na hora em que o Sr. Leote de Rego (que tanto se louva de ter feito arrear
+a bandeira alemã dos navios mercantes) teve de arrear a sua bandeira de
+Comandante da Divisão Naval, o país respirou,--porque viu dominada a demagogia,
+ou por que viu efectivar-se o seu ideal e a sua aspiração?</p>
+
+<p>A Nação viu, com agrado, que se caminhava para uma coisa melhor do que a que
+estava, que se caminhava para a resolução<span class="pn">{11}</span> do problema da ordem pública,
+problema que há cinquenta anos está sem solução e tem pervertido a alma da
+nação, inutilizando-lhe todas as suas forças. Esse problema que se espalhou por
+todos os países, nuns mais cedo, noutros mais tarde, surgiu para nós, quando
+quisemos adaptar a este país, uma nova constituição de vida política, que nunca
+chegou a aclimatar-se e a vingar.</p>
+
+<p>A situação que tínhamos em Portugal, em 5 de Dezembro de 1917, era lógica e
+era a conclusão matemática de tudo o que se tinha feito desde que se implantou
+entre nós o constitucionalismo. Essa situação tem raízes profundas, tem enormes
+raízes no passado, mas começou a manifestar-se acentuadamente, quando quisemos
+adaptar à Nação Portuguesa um regímen para que a sua alma nunca esteve
+preparada. E a prova disto está em que todos nós respiramos mais tranquilamente
+neste regímen ditatorial, porque, em Portugal, nunca se têm tão garantidas as
+liberdades mais comezinhas como quando há suspensão de liberdades...<span class="pn">{12}</span></p>
+
+<p>Por mais que queiramos iludir-nos, por mais que queiramos falar nos imortais
+princípios, todos sentimos isto, todos preferimos o Sr. Sidónio Pais, tendo na
+mão todos os poderes do Estado, dos quais não tem abusado, antes, talvez, não
+tenha sabido usar inteiramente,--a termos a centena de legisladores no
+Parlamento e na Liberdade, porque neste caso, nunca sabemos quem toma a
+responsabilidade de um acto que se pratica ou de uma medida que se adopta,
+porque tudo foge e desaparece diante do anonimato da chamada Soberania
+Nacional. Se a inteligência lúcida de um homem fez com que se arregimentasse a
+seu lado a mocidade da Escola de Guerra e se disciplinasse, debaixo do seu
+comando, uma determinada força do exército, e eis os factores positivos, o
+resto estava feito: era o ambiente que o regímen republicano criou desde 5 de
+Outubro de 1910. Já antes os republicanos se tinham incompatibilizado com o
+sentimento nacional, sancionando, se não directamente, pelo menos
+indirectamente, o regicídio, premiando um regicida nas<span class="pn">{13}</span> pessoas de sua
+família, e fazendo uma apoteose monstruosa, impossível em qualquer país
+civilizado de Europa.</p>
+
+<h2>b) <small>SUA FUNÇÃO NORMAL</small></h2>
+
+<p>Quando o triunvirato Afonso Costa, António José de Almeida e Norton de Matos
+foi vencido, e o Sr. Sidónio Pais se encontrou senhor deste país, uma função,
+principalmente, tinha o triunfador a executar: constituir-se em ditadura
+militar, necessária neste país em que a disciplina e a ordem são vocábulos sem
+sentido.</p>
+
+<p>Somos um país absolutamente apaizanado. Cada um de nós é um rebelde contra
+as leis e contra a disciplina; nos mais pequenos actos da nossa vida, só
+estamos bem quando afirmamos o que julgamos ser a nossa independência. A
+concepção da Pátria é meramente negativa, provisória, e material. A
+colectividade apenas existe para nos servir. Sob o ponto de vista do regímen
+republicano, cada um dos republicanos é-o à sua maneira, de modo que a
+república de um não é a república<span class="pn">{14}</span> dos outros. E é preciso, digamo-lo
+entre parênteses, que entre os monárquicos não suceda o mesmo...</p>
+
+<p>Era necessária, pois, a ditadura militar que não devia ter por fim fazer uma
+reforma da Constituição, mas sim, exclusivamente, pôr termo ao que eu chamo o
+Equívoco nacional. Porque nós temos vivido, estamos vivendo num grande e
+perigoso equívoco.</p>
+
+<p>Há muito tempo que de um e outro lado ouço dizer: «<i>A Nação está
+comigo</i>»; mas não há maneira de se saber com quem a Nação está. Quando
+aparece um triunfador, a Nação aclama-o. Mas o que significa isso, se as
+turbas, as multidões, em Portugal, são mais mutáveis, nos seus movimentos e
+expansões, de que a superfície do mar na sua cor?</p>
+
+<p>Eu não me deixo comover pelas manifestações das ruas e pelos vivas; o que
+quero é ver levantadas as forças vivas da nação. Não são os lenços das senhoras
+flutuando nas janelas, não são as palmas e os bravos que se dão nas salas ou
+nas ruas, que dão força ao governo no poder.<span class="pn">{15}</span> Isso pode até perturbar o
+espírito dos governos ou dos triunfadores, e inutilizar-lhes a acção.</p>
+
+<p>A resolução do Equívoco nacional a que me referi é a chave do problema
+português. Enquanto não for resolvido, o problema da ordem está de pé.
+Resolvê-lo militarmente era a função normal da revolução de 5 de Dezembro.</p>
+
+<h2>c) <small>SUAS CONSEQUÊNCIAS PRATICAS</small></h2>
+
+<p>A revolução de 5 de Dezembro, no entretanto, deu um governo heterogéneo,
+mesclado, que não se sabe se está integrado no pensamento do seu presidente,
+nem se sabe se tem ligação com este ou aquele partido; deu um governo indeciso
+e incaracterístico, sem unidade de vistas e parece que sem unidade de
+finalidade.</p>
+
+<p>As ligações políticas de alguns dos membros do governo tiram-lhe toda a
+força e homogeneidade, e a singeleza de direcção e de objectivo que devia ter,
+e mais do que nunca é necessária.<span class="pn">{16}</span></p>
+
+<h1>A Nação e a Revolução de 5 de Dezembro</h1>
+
+<h2><small>APOIO TEÓRICO E MESSIANISMO.</small></h2>
+
+<p>A atitude da Nação perante os resultados da revolução de 5 de Dezembro não é
+nem podia ser aquilo que sonharam os seus autores.</p>
+
+<p>A Nação, perante a revolução de 5 de Dezembro, fez o que é muito próprio do
+povo português: deitou foguetes, pôs bandeiras nas janelas, deu palmas, veio
+para a rua dizer coisas bonitas,--toda a expansão do meridional satisfeito. Por
+toda a parte, a pessoa do Presidente da República foi festejada. Estabeleceu-se
+uma alegria tão grande, como se El-Rei D. Sebastião tivesse voltado...</p>
+
+<p>Eu nunca fui homem que acompanhasse as aclamações da multidão; todavia,
+quando o Sr. Sidónio Pais regressou da sua viagem ao norte, fui ver a sua
+chegada.</p>
+
+<p>Quando o vi entrar no Rossio, e assisti às aclamações que lhe faziam, eu
+senti que<span class="pn">{17}</span> era muito melhor que lhas não fizessem, porque o colocavam tão
+alto que eu temo pela boa conclusão da sua obra. Não era um simples oficial de
+artilharia, comandante de forças revolucionárias, que chegava: era mais alguém,
+era personalidade mais majestosa; era quase um César, faltando-lhe só trazer
+Afonso Costa preso por uma cadeia, como na antiga Roma se fazia aos escravos...
+</p>
+
+<p>Esta altura em que puseram o Sr. Sidónio Pais dá bem a nota do estado de
+alma da Nação, da facilidade com que o país se desvaria, e eu receio muito
+pelas perturbações nervosas causadas pelas alturas naqueles a quem as multidões
+tão alto erguem...</p>
+
+<p>Esse entusiasmo indescritível era meramente teórico e não passou disso; mas,
+repito, não é só de aclamações, vivas, lenços e flores, que os governos
+necessitam para realizarem a sua obra com energia e decisão.</p>
+
+<p>A Nação deve pensar bem que não é desta forma que se resolvem as questões
+pendentes, não é desta forma que se resolve<span class="pn">{18}</span> o problema da nacionalidade a
+que logo me referirei.</p>
+
+<p>Longe de mim a intenção de empanar a obra gloriosa de 5 de Dezembro, tanto
+mais que nunca será suficientemente grande a gratidão que possamos e devemos
+afirmar ao homem que conseguiu fazer uma coisa que até ali ninguém tivera a
+coragem de realizar: arrostar com Afonso Costa.</p>
+
+<p>A situação era assim parecida com a que nos oferece uma larga praça onde
+numerosa garotada se apedrejasse e apedrejasse os transeuntes pacíficos e
+indefesos. Não podíamos atravessar essa praça sem correr o risco de sermos
+atingidos pelas pedras. Havia, é certo, uma esquadra de polícia; mas os seus
+agentes não se arriscavam a pacificar a praça e a garantir a integridade da
+cabeça aos que passavam. Por fim, aparece um mantenedor da ordem com seus
+agentes: é o Sr. Sidónio Pais: corre, afasta, domina a garotada. Ela, porém,
+existe ainda, embora longe, para lá das embocaduras das ruas... Só quando ela
+desaparecer, se poderá então dizer que a ordem está completamente
+mantida.<span class="pn">{19}</span></p>
+
+<p>O prestigio do Sr. Sidónio Pais apoia-se num facto puramente negativo: o
+terror do democratismo. A sua situação por ora é apenas a de um mantenedor da
+ordem que nos guarda, e a quem defendemos para que nos guarde.</p>
+
+<p>Ora não há só o problema da ordem a resolver: há o problema financeiro, o
+problema económico e o problema internacional que é gravíssimo. Pode o Sr.
+Sidónio Pais resolvê-los ou resolver algum deles? Não sei; mas só a resolução
+certa de todos eles ou de alguns lhe dará a categoria de estadista, e colocará
+legitimamente num alto pedestal a quem o conseguir. Para esse desiderato,
+devemos reservar todas as nossas energias.</p>
+
+<p>Somos um povo messiânico... Mas porque não pôde ainda ser outro o apoio da
+Nação? Porquê? Vamos vê-lo.<span class="pn">{20}</span></p>
+
+<h1>O regímen republicano português</h1>
+
+<h2>a) <small>A SUA ACÇÃO COMO ELEMENTO DE DISSOLUÇÃO NACIONAL</small></h2>
+
+<p>O regímen republicano português cavou um grande abismo entre si e a nação;
+tem sido sempre, infatigavelmente, um elemento de dissolução nacional, porque,
+ao proclamar-se, olhou para a nação e perguntou: qual é o principal problema a
+resolver? A ordem pública?, o pão?, a situação internacional?, o ensino?, o
+trabalho? Não! O primeiro problema, o fundamental, aquele em que todos têm os
+olhos, aquele que representa a aspiração colectiva e a máxima urgência,--é o da
+expulsão dos Jesuítas! E começou-se por aí. Andavam todos os lares domésticos
+portugueses desassossegados, inquietos; todas as famílias estavam oprimidas,
+vivendo sob pesadelos enormes, por falta de uma lei que estabelecesse o
+divórcio. E veio a lei do divórcio. A seguir, surge a <i>lei da separação</i> e
+atrás<span class="pn">{21}</span> disto, a república nada mais nos deu que constitua seu património e
+sua glória, porque para mais não chegou o seu conhecimento da vida pública... O
+resto é a multidão dos pequeninos expedientes, daquelas pequeninas providências
+que vieram atrás da lei do divórcio, da expulsão dos Jesuítas e da lei da
+separação.</p>
+
+<p>Nos centros, nos comícios, nas batuques partidários, onde se planeiam
+ataques e ódios contra os monárquicos, foram esses os problemas que unicamente
+preocuparam toda a atenção dos grandes estadistas e dos grandes legisladores de
+1910. Não se fez uma obra positiva; e até o que podia ser bom por acaso, até
+isso nunca o fizeram senão por mal...</p>
+
+<p>No meu bairro está a construir-se um edifício que é destinado à
+<i>Maternidade</i>. Imaginam que esta Maternidade se está erguendo por amor à
+mãe? Não; pois o lugar é impróprio e detestável; mas porque se estava
+levantando ali uma capela ao Sagrado Coração de Jesus, vá de fazer a maldade,
+de pregar a partidinha, de pôr a nota mesquinha e irritante: arrasam-se<span class="pn">{22}</span>
+os alicerces da capela e ergue-se a Maternidade. Não há uma só medida que
+possamos dizer que seja ampla, genérica e absolutamente boa; todas tem um fundo
+antipático de maldade; em todas elas, há um bico de alfinete envenenado... O
+país olhou o regímen republicano, um pouco convencido de que chegara a hora de
+viver tranquilo. Estava cansado de lutas civis, de lutas políticas, de
+campanhas de descrédito; e o novo regímen, em vez de procurar aproveitar a aura
+que o bafejava, começou a provocar represálias, ódios, invejas e más vontades,
+incompatibilizando-se de tal maneira com a Nação, que, perante o movimento de 5
+de Dezembro, ela limitou-se às palmas, aos vivas e aos apoiados, a isso que eu
+chamo o apoio teórico.</p>
+
+<h2>b) <small>O SEU NEGATIVISMO SISTEMÁTICO</small></h2>
+
+<p>O regímen republicano é essencialmente negativo. Para ele, só há um facto
+permanente: o perigo monárquico. Os republicanos dizem, repetem e decretam que
+a<span class="pn">{23}</span> Monarquia jamais volta a Portugal; mas desde manhã até à noite e de
+noite até pela manhã, não pensam noutra coisa senão na volta da Monarquia a
+Portugal. Se ela nunca mais volta, se a República é amada por toda a Nação, se
+a Nação quer a República, se a Nação é republicana, onde está o perigo
+monárquico? Eles bem sentem que tudo lhes é provisório, a começar pelo chefe do
+Estado cujas funções são constitucionalmente provisórias...</p>
+
+<p>Se um pobre campónio, um dia, no meio das suas terras, ignorando ainda que
+já está a República, solta um viva à Monarquia, logo no dia seguinte os jornais
+republicanos publicam telegramas em normando, afirmando desconsoladamente que a
+Monarquia foi proclamada na aldeia de tal, e que a República está em perigo...
+Se os partidos republicanos tivessem a consciência tranquila e a certeza de que
+a Nação estava contente com a República, não andavam tão preocupados e
+aterrados com o fantasma da Monarquia! De resto, todos eles sabem que ela
+voltará.</p>
+
+<p>Um dos chefes republicanos mais célebres<span class="pn">{24}</span> e que tem a vantagem de ser
+um veemente homem de bem, disse-me por mais de uma vez, que a República era
+inadaptável a Portugal. Mas disse-mo a mim, e não o diz em público, por falta
+de coragem e honradez cívica.</p>
+
+<p>A falta de sinceridade e a negação sistemática da evidente verdade afastam o
+regímen republicano da Nação, e fazem com que esse regímen, ainda mesmo sob a
+modalidade especial e simpática que lhe dá o Sr. Sidónio Pais não possa
+encontrar já, hoje, outro apoio que não seja o apoio meramente teórico que está
+tendo.</p>
+
+<h2>c) <small>A FALÊNCIA DA SUA MENTALIDADE</small></h2>
+
+<p>E a que é devida toda esta situação que se criou o regímen republicano? É
+devida aos maus instintos ingénitos dos homens que a servem? Não, porque a
+maior parte deles apesar da aguarrás e das forcas que prometem são incapazes de
+matar uma mosca. O motivo é outro: é a falência da mentalidade dos seus
+dirigentes. Ao olharmos os seus espíritos, o que sentimos é a<span class="pn">{25}</span> impressão
+de que são espíritos fechados, curtos, sem horizontes e janelas. Sentimos que
+há uma urgente e absoluta necessidade de os naftalinizarmos, de abrirmos as
+suas janelas e deixarmos entrar neles o sol, a luz e o ar...</p>
+
+<p>Leram um dia Rousseau, Lamartine, Louis Blanc, Guizot, e ficaram por aí. E
+no entretanto, quanto se tem andado já!</p>
+
+<p>Entre a mentalidade deles e a da Europa há um abismo!</p>
+
+<p>O estrangeiro, estudando e analisando o nosso país, no momento actual, fica
+espantado de ver estes pequeninos, estes microscópicos indivíduos manejando
+cinco milhões de homens, e não compreende que possa ser assim.</p>
+
+<p>E chamam-nos reaccionários, atrasados. Mas nós, os monárquicos, andamos a
+par das modernas doutrinas sociais, não desconhecemos os modernos processos
+científicos, e não ignoramos as sucessivas transformações doutrinárias e
+práticas da Política; conhecemos a lição dos factos dos últimos tempos; e
+aproveitamos com a lição da guerra; enquanto que eles, os<span class="pn">{26}</span> espíritos
+republicanos, paralíticos, fechados em 89, nada mais sabem, nada mais vêm, nada
+mais aprendem.</p>
+
+<p>Até já houve um chefe de partido que chegou a dizer que ele, paisano, com um
+exército disciplinado, venceria os alemães! São espíritos <i>arriérés</i>,
+incultos, primitivos, inadaptáveis à vida moderna.</p>
+
+<p>Não há maneira de os fazermos compreender que os povos têm que se adaptar a
+necessidades superiores às suas teorias fantasistas; não há maneira de
+convencer esses espíritos, imbecilizados alguns, de que devem parar na sua
+experiência nefasta, de que devem parar na sua teimosia criminosa, de que devem
+parar na sua birra indigna, e de que não devem cavar mais fundo a sepultura da
+Nação!</p>
+
+<p>Nós tivemos uma serie de reis que, quaisquer que fossem os seus defeitos e
+os seus erros, fizeram a Nação, engrandeceram a Nação, alargaram os seus
+domínios, acrescentaram à glória do passado nova glória. Não há maneira de
+convencer os espíritos republicanos de que essa serie de reis nos merece
+respeito e amor, e que a Nação inteira<span class="pn">{27}</span> aspira e quer voltar às suas
+instituições tradicionais.</p>
+
+<p>Quando Portugal, pequeno como é, sem exército e sem marinha, vivia no
+regímen monárquico, tinha uma situação internacional invejável demonstrada
+pelas atenções que nos dispensavam, com a sua presença, os soberanos das mais
+fortes nações estrangeiras; e hoje, se queremos vencer a antipatia europeia,
+temos que praticar actos que não nos dignificam nem impõem.</p>
+
+<p>A República... a República... Temos agora um governo digno de nós todos,
+porque digno de todos nós se apresenta o Sr. Sidónio Pais. Mas esta situação
+não é eterna. Quando cair, será a ocasião de se restaurar a Monarquia, para não
+termos de voltar ao demagogismo...<span class="pn">{28}</span></p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<h1>A República nova</h1>
+
+<p>Há hoje uma forma republicana a que o Sr. Sidónio Pais chama <i>República
+nova</i>. Quer dizer: existe hoje o contrário do que existia, há alguma coisa
+que nós ainda não tínhamos visto.</p>
+
+<p>Quero acreditar que estejamos numa nova República e, pela minha parte,
+confesso que contra esta nova República não senti ainda a mais pequena
+animosidade ou oposição.</p>
+
+<p>Há quem se queixe. E julgo mesmo que certas restrições atingem certos
+jornais. Eu aplaudo. Não são doutrinários os jornais que querem sair. São
+folhas impressas, órgãos de insulto, de calúnia ou de infâmia. O governo não
+deixa que elas saiam? Acho que o governo faz muito bem! Isso não pode magoar o
+meu liberalismo. Porque eu recordo-me muito bem de que quando foi do governo
+Pimenta de Castro, esse governo mole e bonacheirão, manso e lunático, honesto
+mas inexperiente, <i>O Mundo</i>, esse<span class="pn">{29}</span> saudoso órgão do republicanismo
+puro, não se cansou de acusar o governo de estar vendido à Espanha. E o general
+Pimenta de Castro com cuja amizade me honrei e, me honro, como eu lhe chamasse
+a atenção para a calúnia, não quis ler, não quis saber, como não quis saber de
+muitas outras coisas. As consequências foram o 14 de Maio! Não deixa o actual
+governo preparar-se uma situação igual, proibindo estas gazetas de aparecer em
+público? Faz muito bem! Mas o governo tem uma tríplice função a desempenhar.
+Além da função superiormente política e importante para ele e para o regímen,
+de alterar as bases do actual sistema político republicano, tem ainda a função
+penal e moral: penal, mandando para a África, como o tem feito, os
+incorrigíveis, os reincidentes do crime comum, sejam ou não sócios do
+democratismo; e moral, castigando os abusos e os erros do partido democrático e
+do governo transacto. Se puder desempenhar estas funções, é caso para o
+felicitarmos...</p>
+
+<p>Quanto ao aspecto político da sua missão,<span class="pn">{30}</span> levanta-se, actualmente, uma
+celeuma enorme sobre se deve continuar o regímen parlamentar ou deve adoptar-se
+o regímen presidencialista. Como observador e crítico, acho interessante o
+assunto.</p>
+
+<p>Entendo que nós, como monárquicos, temos de nos manter alheios a essa
+questão. Somos o partido dos monárquicos,--não somos ainda partido monárquico.
+Não temos organização definida, embora tenhamos a chave dela, que é o Rei.</p>
+
+<p>O partido monárquico lançar na urna, como monárquico, o seu voto, para a
+eleição presidencial, é fazer uma afirmação de princípio republicano, e revogar
+a base fundamental do seu doutrinarismo monárquico. Mas se é preciso, para se
+evitar um mal maior, impedir que o Sr. Sidónio Pais saia do Poder, concorramos
+individualmente a dar-lhe a força precisa.</p>
+
+<p>Neste caso, não é um partido monárquico que intervém, são os indivíduos
+monárquicos que o fazem. É uma ficção necessária.</p>
+
+<p>Esta questão que se formula sobre regímen<span class="pn">{31}</span> parlamentar e regímen
+presidencialista é salutar, porque vai acostumando o país a pôr de parte o
+regímen parlamentar, e ensina a opinião pública a reconhecer a possibilidade da
+existência de um governo responsável e independente das tricas e habilidades
+parlamentares. Eu compreendo a relutância dos republicanos pelo
+presidencialismo.</p>
+
+<p>Os republicanos, verdadeiramente, não podem ser presidencialistas, e por
+isso, faz bem o Sr. Afonso Costa, do fundo do seu exílio de Elvas, em protestar
+contra o presidencialismo, como o Sr. António José de Almeida que não sabe o
+que seja isso, ou o Sr. Brito Camacho a quem o presidencialismo não convém. A
+República ou é parlamentar, caminhando a passos largos para o anarquismo, ou é
+presidencialista e, então, deixa de ser autêntica república. Os
+presidencialistas não são republicanos puros, são republicanos monarquizados.
+</p>
+
+<p>Oxalá triunfe o principio presidencialista!</p>
+
+<p>Quando fui evolucionista, nesse tempo em que andei quatro anos a malhar
+em<span class="pn">{32}</span> ferro frio, eu pedia uma república presidencialista com poderes
+vitalícios para o chefe do Estado. Isso dá-me um tal ou qual desejo de assistir
+à experiência.</p>
+
+<p>Faço pois votos por que a nação se habitue à diminuição das funções e
+atribuições do parlamento, e entendo que os monárquicos devem, individualmente
+dar todo o apoio e aplauso, escrito e falado, ao princípio presidencialista,
+que é o mais benéfico e salutar dentro das doutrinas republicanas.</p>
+
+<p>Esta República nova tem um ambiente conservador e tem por cooperadores os
+elementos monárquicos. É, por consequência, uma república de carácter
+paradoxal, contra a qual os verdadeiros republicanos se apresentam em acto de
+hostilidade, não tendo ainda entrado no caminho das violências, porque têm
+medo; mas fá-lo-hão, quando virem que o sr. Sidónio Pais enfraquece. Mas como
+os povos não se governam com instituições paradoxais, esta situação tem que se
+esclarecer. Quando se esclarecerá? Não sabemos. Ninguém o sabe.<span class="pn">{33}</span></p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<h1>Os monárquicos e a Republica nova</h1>
+
+<p>Qual deve ser a atitude dos monárquicos perante a republica nova?</p>
+
+<p>Antes de 5 de Dezembro, havia duas correntes caracterizadas: a corrente
+conservadora e a corrente demagógica.</p>
+
+<p>Agora, aparece-nos em campo uma terceira corrente que cria uma situação
+complicada porque isto que está já não é República, não sendo ainda a
+Monarquia. Já não é República, porque lhe falta Afonso Costa. Ainda não é a
+Monarquia, porque lhe falta o Rei. Ora a nossa atitude é clara.</p>
+
+<p>Antes de 5 de Dezembro, diziam os republicanos que os monárquicos
+desobedeciam às ordens do Rei, porque este lhes ordenava se colocassem ao lado
+dos governos no que respeita à guerra, e os monárquicos não o faziam,--acusação
+caluniosa, aliás, como é sabido.</p>
+
+<p>Mudou-se de situação, e veio um governo<span class="pn">{34}</span> que não nos insulta, que não
+nos maltrata e que mantém a ordem, e nós com muito mais facilidade, agora,
+cumprimos as ordens do Rei, e damos apoio a esse governo. Se antes da revolução
+de 5 de Dezembro, fervia pancadaria rija nos monárquicos porque estes não
+apoiavam os governos democráticos e da sacrílega união sagrada, agora, ferve a
+mesma rija pancadaria porque apoiam um governo honesto e de honradas intenções.
+</p>
+
+<p>Os republicanos são curiosos: dão aos monárquicos, em Portugal, direito de
+cidade e de existência, com a condição de serem ou afonsistas, ou almeidistas,
+ou camachistas; simplesmente monárquicos, monárquicos <i>tout court</i>,
+monárquicos puros, não os admitem, os republicanos.</p>
+
+<p>Neste país, dão-se coisas que só neste país são possíveis!</p>
+
+<p>Ora nós não podíamos e não devíamos adoptar diante do actual governo outra
+atitude que não fosse a que adoptamos, porque nós não somos desordeiros, e
+perderíamos todo o nosso prestígio político, dando uma prova de falta de senso
+e falta<span class="pn">{35}</span> de patriotismo, se nos colocássemos numa situação anarquista e
+destruidora, perante o Sr. Sidónio Pais. As forças vivas da nação diriam que
+éramos anarquistas, porque estávamos contra todos os poderes. Apoiamos
+francamente e dedicadamente este governo, porque este é um governo diferente de
+todos os outros. Apoiar este governo, e neste momento, é nosso dever, não
+porque ele nos traga a Monarquia, mas porque nos traz a Ordem.</p>
+
+<p>Fazer a Monarquia...</p>
+
+<p>Se dependesse de eu abrir a minha mão o proclamar-se, agora, a Monarquia, eu
+fechal-a-ia e pediria a toda a gente que ma apertasse bem, a fim de que, nesta
+ocasião, a Monarquia se não fizesse, pois que, actualmente, não nos convém. Ela
+há de vir no momento oportuno, porque não depende da vontade deste ou daquele,
+a evolução de acontecimentos políticos e sociais dessa natureza.</p>
+
+<p>O apoio ao Sr. Sidónio Pais é lógico e legítimo, porque ele está cumprindo
+com os nossos deveres internacionais, com aqueles deveres a que nos ligam
+tratados<span class="pn">{36}</span> seculares, obra dos Reis e do Passado; e ainda porque o Sr.
+Sidónio Pais está restabelecendo a ordem dentro das condições que lhe são
+possíveis com a existência das instituições republicanas. Mas este apoio que
+nós lhe damos, e a que eu chamo meramente teórico e aplauditivo, não pode ir
+além, porque não poderá o Sr. Sidónio Pais nem ninguém, seja quem for! fazer
+esquecer aos monárquicos o que o regímen republicano tem feito em Portugal, e
+lhes tem feito a eles, como eu nunca poderei esquecer o que me fizeram os
+democráticos--em insultos, em agravos, em ofensas e agressões. Receios de uma
+consolidação republicana, só os terão os espíritos superficiais.</p>
+
+<p>É preciso levar ao espírito dos monárquicos a convicção de que a Monarquia
+não pode e não deve vir somente pelos erros dos republicanos; deve vir e há-de
+vir, sim, pela força da sua própria constituição, porque o organismo da
+nacionalidade se integrou na forma monárquica e só a ela se adapta. A Monarquia
+há de vir porque é uma conclusão lógica dos<span class="pn">{37}</span> acontecimentos, e não está no
+poder dos demagógicos afasta-los, como não está no poder contrário apressa-los.
+Eu prefiro que ela venha depois de um grande período de paz, de ordem, de
+sossego e de progresso, dentro da República, a que venha sobre os ódios
+fomentados pelos democráticos. Eu prefiro que a Monarquia venha quando a
+situação social portuguesa esteja mais ou menos regulada, a que venha neste
+momento em que se encontram ainda vivas todas as questões difíceis que uma
+longa indisciplina impune agravou. Nós todos que amamos a nação devemos estimar
+e desejar que, dentro da forma republicana, se aplanem todas as dificuldades,
+de modo que a Monarquia possa receber o país no melhor estado possível.</p>
+
+<p>Se devemos apoio ao Sr. Sidónio Pais, no problema da ordem pública, é porque
+não temos outro caminho a seguir, porque esse é o problema fundamental
+português, sem a resolução do qual todas as tentativas de resolver os outros
+são estéreis. Sobre o problema da ordem, sempre assim pensei.</p>
+
+<p>Eu nunca tenho de me arrepender do<span class="pn">{38}</span> que a este respeito preguei noutros
+tempos, porque, por muitos que fossem os meus exageros e desvios, uma coisa
+nunca fiz: foi defender actos de desordem, de violência, ou de anarquia;
+coloquei-me sempre no ponto de vista de um homem com responsabilidades de
+governo. Acima de tudo, primeiro que tudo, a ordem--que se baseia na educação.
+</p>
+
+<p>Eu não quero só instrução, não; o que quero é educação. Não ensinem o povo a
+ler, enquanto não estiver bem educado, porque se sabe ler, sem ser educado,
+começa a disparatar.</p>
+
+<p>O povo que não está educado, se sabe ler, aprende a fazer ingredientes e
+máquinas explosivas, praticando todas as tolices possíveis e imagináveis,
+querendo imitar os lunáticos e fantasistas que aparecem pela Europa a propagar
+desordens e tolices. Quando o povo tiver bem profundo o sentimento da ordem,
+então que aprenda a ler à vontade. É preciso que o povo não deixe de ser
+criminoso somente por medo ao código ou à polícia. Cada vez que se funda uma
+escola, ergo as mãos ao<span class="pn">{39}</span> céu, porque nós só sabemos deseducar, só sabemos
+fomentar a indisciplina e a desordem, só sabemos ensinar ler o que não deve ser
+lido, e se não sabe compreender.</p>
+
+<p>Nós temos partidos anarquistas, sindicalistas e socialistas que ignoram o
+que são essas doutrinas e que, com a sua falta de educação, ao lerem
+Kropotkine, um pobre príncipe exilado que está agora na Rússia a ver a prática
+dos seus dizeres, dão no roubo e no assassinato.</p>
+
+<p>Eu assisti a alguns dos desvairamentos e aos excessos e aos roubos que
+ultimamente se deram nas ruas da cidade.</p>
+
+<p>Querem saber o que vi os assaltantes roubar e usar? Não era só o bacalhau, o
+feijão ou a batata que lhes pudessem servir para a alimentação; eram
+serpentinas e máscaras de Carnaval que espatifavam, garrafas de Champanhe e de
+licores que não podiam beber, porque o seu paladar não está preparado para tais
+bebidas, eram botas de luxo, sapatos de luxo que não podiam calçar,--enfim a
+exibição do crime, na sua forma mais hedionda.<span class="pn">{40}</span></p>
+
+<p>E até ouvi que merceeiros houve que tendo tirado das suas lojas os géneros
+que tinham, fingindo-se roubados, iam depois, comprar aos desgraçados das ruas
+os géneros saqueados para os venderem por alto preço! Aqui têm o que é a falta
+de educação!</p>
+
+<p>Apesar das falsas ideias dos tribunos inflamados que advogam a instrução, eu
+continuo pois a pedir para este povo educação, educação e educação; e só
+depois, é que pedirei a instrução.</p>
+
+<p>Trata-se de um povo em que cada um quer ser independente, em que cada um só
+pensa em mandar e não obedecer, porque ninguém pensa em que é muito mais nobre
+obedecer do que mandar, exorbitando, ou sem capacidade para o mando.</p>
+
+<p>Apoiado o governo no problema da ordem, temos que lhe dar apoio também no
+problema da guerra. A entrada de Portugal na guerra, para mim, é ainda hoje um
+mistério e se não é um <i>bluff</i>, é, pelo menos, um problema que precisava
+ser muito esclarecido. Convenço-me disso pela relutância que tem havido na
+publicação de<span class="pn">{41}</span> certos documentos, e na apresentação de certas condições.
+Mas, houvesse o que houvesse, a verdade é que estamos ligados à Gran-Bretanha,
+por efeito de tratados antigos e que não datam, se não estou em erro, do
+regímen republicano, e temos que cumprir aquilo a que nos comprometemos. No
+problema da guerra há, pois, que dar força ao governo para que ele continue a
+obra estabelecida pelas condições especiaes em que se encontrava a nação.</p>
+
+<p>Mas o problema de que fundamentalmente nos separamos do governo, e perante o
+qual nos encontramos, portanto, em campos opostos, é o que eu chamo o problema
+da Nacionalidade.</p>
+
+<p>O Sr. Sidónio Pais demonstrou pelas suas palavras, e o seu governo também o
+demonstrou por actos, que se deixa embalar muito pelas quimeras impossíveis,
+pois quer normalizar a vida política da nação fazendo ingressar os monárquicos
+na República. Não pode ser! Diante das palavras proclamadas pelo chefe do
+Estado, devemo-nos manter na maior reserva e na mais firme expectativa.<span class="pn">{42}</span>
+</p>
+
+<p>E a conhecida reforma da lei da Separação destruiu as ilusões que pudéssemos
+ter alimentado.</p>
+
+<p>Não nos é possível ingressar na República, porque somos monárquicos, porque
+a República não se adapta ao sentimento nacional, porque a nação tem oito
+séculos de tradições monárquicas, porque os ensinamentos da política europeia
+nos indicam que as nações são tanto mais fortes quanto mais forte é o seu
+regímen monárquico, e porque na Europa (a guerra o mostra) o principio
+democrático está sendo vencido pelo principio monárquico. A Rússia é o exemplo
+vivo.</p>
+
+<p>Por outro lado, a reforma da lei da Separação não foi feita em homenagem à
+Igreja, mas sim, como o próprio relatório confessa, para fazer desaparecer uma
+arma que se manejava contra a República!</p>
+
+<p>Sempre a defesa egoísta da República!</p>
+
+<p>Em homenagem à Igreja e ao sentimento católico da nação, o regímen
+republicano devia rasgar completamente a lei da Separação. Não compreendo como
+o regímen<span class="pn">{43}</span> republicano quer resolver a questão religiosa, sem ouvir a
+Igreja.</p>
+
+<p>Em 1910, havia algum conflito entre o Estado e a Igreja? Não. Havia um
+regímen concordatário bom ou mau, não o discuto. Se não havia conflito, porque
+foi o regímen republicano levantá-lo? Podia decretar que não reconhecia a
+religião católica, e o Estado passava a viver independente dela, como vive
+independente de quaisquer academias ou associações. Queria o Estado alterar as
+suas relações com a Igreja? Entendia-se com as suas autoridades superiores. O
+que não se compreende é que um regímen que não é católico se disponha a
+reformar as coisas da Igreja.</p>
+
+<p>A reforma da lei da Separação restabeleceu a permissão do uso de hábitos
+talares e deu aos seminários liberdade para regularem e dirigirem o seu ensino
+interno; mas dizer que isso resolve o problema religioso em Portugal não é
+verdade. Só se resolverá inteiramente o problema religioso, quando à Igreja
+católica forem dadas regalias e privilégios especiais em face<span class="pn">{44}</span> das outras
+religiões, porque seria de uma ingratidão profunda esquecer os múltiplos
+serviços que se devem à Igreja católica. De resto, isto está mais ou menos no
+espírito público.</p>
+
+<p>Logo depois de 5 de Outubro, houve muitos aplausos à propaganda
+anti-clerical, mas a nação, hoje, está convencida de que o perigo clerical é
+uma lenda, e que a Igreja é um elemento insubstituível de ponderação e ordem.
+</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<h1>Conclusões.</h1>
+
+<p>A nossa aspiração é a Monarquia e, por isso, temos que estar preparados para
+ela. Não sou revolucionário nem conspirador. O sentido das minhas palavras é
+muito outro. Não tenhamos ilusões, nem esquecimentos: a situação do Sr. Sidónio
+Pais não é eterna e, quando ela findar, ou regressa Afonso Costa ou temos uma
+Monarquia.</p>
+
+<p>Os monárquicos têm pois que estar preparados,<span class="pn">{45}</span> não para colocarem nas
+janelas as bandeiras azuis e brancas, mas para estabelecerem nas suas fileiras
+uma disciplina segura e uma obediência plena e absoluta ao Rei.</p>
+
+<p>A Monarquia só pode ser eficaz, só pode trazer a normalidade e a
+tranquilidade ao país, quando não houver no pensamento de cada um de nós,
+resíduos republicanos, preocupações liberalistas, aspirações democráticas ou
+fantasias e quimeras de 1789; só pode ser eficaz e trazer a normalidade, quando
+olharmos para o símbolo da nossa causa e dos nossos princípios, e lhe
+obedecermos inteiramente; quando formos como que um exército que só é perfeito
+quando obedece ao seu general; quando pusermos o Rei acima das nossas
+dissensões pessoais, e tão alto que só o vejamos pelas suas altas qualidades de
+majestade perfeita, e de supremo e legítimo representante da nação; tão alto
+como ele nunca esteve durante os oitenta anos de constitucionalismo. A
+Monarquia só pode ser eficaz e trazer normalidade, quando o Rei se não veja
+obrigado a tirar o<span class="pn">{46}</span> poder a um para contentar outro, a dar o poder àquele
+para contentar aqueloutro; quando não fizermos chegar aos ouvidos do Rei, e nem
+mesmo aos últimos degraus do seu trono, as nossas questões pessoais, as nossas
+birras e os nossos despeitos e quando fizermos com que não haja outra coisa
+senão servidores da nação. É para isto que entendo que todos nos devemos
+preparar.</p>
+
+<p>Os novos, que não têm ainda a inteligência estragada pelos vícios doutros
+tempos, que não viram directamente tudo quanto se passou antes do advento da
+República, devem levar ao espírito dos monárquicos a consciência da necessidade
+desta orientação. Os velhos que assistiram, e muitos foram cúmplices, ao que se
+passou, e os que não são nem velhos nem novos, todos esses devem seguir os
+novos.</p>
+
+<p>Foi com os novos que o Sr. Sidónio Pais se encontrou e é também com os novos
+que a Monarquia se há de encontrar.</p>
+
+<p>Eu pertenço a uma geração de sacrifícios, a uma geração de vítimas, que
+nasceu<span class="pn">{47}</span> ouvindo as maiores acusações sem provas, e bebeu essas campanhas
+negativas e difamatórias como bebemos a água que nos dão ou recebemos o ar que
+respiramos. Os novos têm de se agrupar e fazer deste país, uma nação com um
+poder político que seja legítimo e autêntico, cuja força, disciplinada, se
+estenda do exército à indústria e do operariado às academias, na orientação que
+eu levo e que levam os meus amigos integralistas.</p>
+
+<p>Só quando a nação atingir esse período encontrará a sua hora de salvação e
+nova grandeza.</p>
+
+<p>Não se seduzam pelas velhas teorias da Liberdade, Igualdade e Fraternidade
+que seduziram os nossos pais e com que nos embalaram na infância. Estudem,
+pensem e reflictam, não se deixando levar por quimeras risonhas de outros
+tempos. Olhem para o que se passa por essa Europa fora, vejam o que é a
+disciplina, a organização, a submissão ao poder, o que é o respeito ao mando, o
+que são as forças organizadas diante de forças improvisadas. Vejam tudo isso e
+aprendam em tudo isso.<span class="pn">{48}</span></p>
+
+<p>Quando a Nação Portuguesa concentrar em si o máximo de energia e o máximo de
+disciplina, a nação se salvará. Contribuamos todos para que esse momento não
+tarde.</p>
+
+<p>&nbsp;</p>
+
+<p>Tenho dito.</p>
+
+</div>
+
+
+
+
+
+
+
+<pre>
+
+
+
+
+
+End of the Project Gutenberg EBook of A Situação Política, by Alfredo Pimenta
+
+*** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK A SITUAÇÃO POLÍTICA ***
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+Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement
+and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic
+works. See paragraph 1.E below.
+
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+or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project
+Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the
+collection are in the public domain in the United States. If an
+individual work is in the public domain in the United States and you are
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+
+Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
+electronic works in formats readable by the widest variety of computers
+including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists
+because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
+people in all walks of life.
+
+Volunteers and financial support to provide volunteers with the
+assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's
+goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
+remain freely available for generations to come. In 2001, the Project
+Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
+and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
+To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
+and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
+and the Foundation web page at https://www.pglaf.org.
+
+
+Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive
+Foundation
+
+The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
+501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
+state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
+Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification
+number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at
+https://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
+permitted by U.S. federal laws and your state's laws.
+
+The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
+Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
+throughout numerous locations. Its business office is located at
+809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
+business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact
+information can be found at the Foundation's web site and official
+page at https://pglaf.org
+
+For additional contact information:
+ Dr. Gregory B. Newby
+ Chief Executive and Director
+ gbnewby@pglaf.org
+
+
+Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg
+Literary Archive Foundation
+
+Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
+spread public support and donations to carry out its mission of
+increasing the number of public domain and licensed works that can be
+freely distributed in machine readable form accessible by the widest
+array of equipment including outdated equipment. Many small donations
+($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
+status with the IRS.
+
+The Foundation is committed to complying with the laws regulating
+charities and charitable donations in all 50 states of the United
+States. Compliance requirements are not uniform and it takes a
+considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
+with these requirements. We do not solicit donations in locations
+where we have not received written confirmation of compliance. To
+SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any
+particular state visit https://pglaf.org
+
+While we cannot and do not solicit contributions from states where we
+have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
+against accepting unsolicited donations from donors in such states who
+approach us with offers to donate.
+
+International donations are gratefully accepted, but we cannot make
+any statements concerning tax treatment of donations received from
+outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff.
+
+Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
+methods and addresses. Donations are accepted in a number of other
+ways including including checks, online payments and credit card
+donations. To donate, please visit: https://pglaf.org/donate
+
+
+Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic
+works.
+
+Professor Michael S. Hart was the originator of the Project Gutenberg-tm
+concept of a library of electronic works that could be freely shared
+with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project
+Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support.
+
+
+Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
+editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S.
+unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily
+keep eBooks in compliance with any particular paper edition.
+
+
+Most people start at our Web site which has the main PG search facility:
+
+ https://www.gutenberg.org
+
+This Web site includes information about Project Gutenberg-tm,
+including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
+Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to
+subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.
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+this eBook outside of the United States should confirm copyright
+status under the laws that apply to them.
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